A TRANSFORMAÇÃO DO MÉDIO ORIENTE E A DECADÊNCIA DO OCIDENTE POLITICO POR PAULO RAMIRES
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sexta-feira, 17 de maio de 2013

A TRANSFORMAÇÃO DO MÉDIO ORIENTE E A DECADÊNCIA DO OCIDENTE POLITICO POR PAULO RAMIRES

A TRANSFORMAÇÃO DO MÉDIO ORIENTE E A DECADÊNCIA DO OCIDENTE POLITICO POR PAULO RAMIRES


Os vários interesses estratégicos na região são disputados por dois cartéis antagónicos que desejam o controlo dos recursos energéticos do petróleo cada vez mais escassos e novas explorações do gás nomeadamente a partir do irão e que irá para a Europa ou para outras zonas como Paquistão e China. A aumentar a estes problemas também há a outra disputa - a água - com Israel no topo. A alteração do mapa do Médio Oriente em função desses interesses energéticos mas também da geopolítica dos "players" que não é de modo alguma pacífica. A descoberta no campo de gás da bacia Levanthine no oriente mediterrânico, que afinal tinha mais 70% de gás do que inicialmente previsto, só veio piorar a situação. Só na síria já morreram cerca de 80 000 pessoas.

Por Paulo Ramires

Quando os EUA e aliados invadiram o Iraque, sobre o pretexto de Saddan Hussein possuir armamento químico que ameaçava o mundo, no mesmo dia da invasão esse mesmo pretexto mudou imediatamente para outro, a implementação da "democracia" e da "freedom" no estado iraquiano, 8 anos depois, o Iraque transformou-se num território semi-anarquico onde as potencias ocidentais [e não só] recrutam e treinam elementos terroristas que depois se vão juntar aos mais diversos grupos terroristas da Al-Qaeda ou de outras organizações similares para cumprir os mais diversos objectivos de acordo com as ambições de potencias e "players" do Médio Oriente como é o caso da guerra da Síria - uma guerra por proxies - que se faz pelo uso destes grupos terroristas, o problema é que esta situação está indo para uma situação sem controlo, havendo outros estados como a Arábia Saudita, Qatar a fazer o mesmo e muitas vezes com objectivos divergentes dos do ocidente, como é o caso dos movimentos salafistas do Paquistão ou sunitas radicais da Arábia Saudita que enviam jihadistas para o Mali e norte de África - um problema ainda para ser revelado em toda a sua dimensão. Muitos especialistas em defesa europeia temem esta situação. A situação é de tal forma confusa e assustadora que o próprio numero dois, agora numero um da Al-qaeda, Ayman Al Zawahiri está a sustentar, e a financiar também o Jahbat al-Nusra, em paralelo com os EUA e Israel. Ou seja a politica dos EUA e Reino Unido é convergente com os objectivos políticos da Al-Qaeda [se bem que a Al-Qaeda se tornou nos últimos anos numa coisa extraordinariamente monstruosa em que todos participam - Ayman Al Zawahiri foi o homem para lidar esta federação de organizações terroristas - um autentico politico que faz as pontes entre vários interesses]. Mas toda a zona está a ferro e fogo, toda a região está envolvida dirigindo-se também para a Turquia. E porquê tudo isto ? Pelos vários interesses estratégicos na região onde está em disputa o controlo dos recursos energéticos do petróleo cada vez mais escassos e novas explorações do gás nomeadamente a partir do irão e que irá para a Europa ou para outras zonas como Paquistão e China. A aumentar estes problemas também há a outra disputa pela água com Israel no topo. Assim tudo vale, não há lei, valores. princípios, apenas a ambição de poder e controlo de uma parte significativa da economia mundial através desses mesmos recursos energéticos mas também uma região altamente geopolítica e com interesse paras as potencias interessadas em explorar esta região. O que está agora a acontecer, na verdade resulta de uma planificação continuada que se tem vindo a evoluir em termos de ajustamento da geografia, que se vem fazendo há muito tempo e que a administração Bush Jr. acelerou, isto não é nem mais nem menos que a alteração do mapa do Médio Oriente em função desses interesses energéticos mas também da geopolítica dos "players" que não é de modo alguma pacífica. Está em causa muita coisa como por exemplo a existência de vários países que arrastarão outros numa infernal espiral de terror e caos, a Síria é um deles - já morreram cerca de 80 mil pessoas [o número poderá ser mais elevado]. A questão da Síria é a ambição do controlo do espaço geográfico terrestre, marítimo (também tem acesso ao mar) e aéreo, por lá passam muitas das condutas de petróleo e gás altamente estratégico e vital para muitos países, assim é pretendida a dissolução deste estado em vários pequenos estados (segundo o desenho decidido por Israel e EUA serão 4 estados) sem qualquer independência ou autonomia, apenas controlados pelos "players", (EUA e Israel) para melhor se lidar com estes interesses no Médio Oriente, e ainda há o corredor curdo proposto também por Israel e EUA que está a desnortear por completo Erdogan envolvido em teias de interesses complexas[ a favor: PKK-PYD, Barzani, o presidente Gül e FM Davutoğlu do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), o primeiro ministro da Turquia, Tayyip Erdoğan do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), Syrian Opposition (instável), Free Syrian Army(FSA) / Plunderers e Saudi Arabia / Qatar. Mas em oposição a este projecto liderado pelos EUA e Israel, está Bashar Hafez al-Assad e que é apoiado pelo Irão, Rússia, China, Libano, Iraque e Forças Nacionais da Turquia (que participam em manifestações anti-AKP) com visões completamente diferentes[o que aqui está também em causa é a criação de um segundo Israel por intermédio da criação de estados fantoches estendidos pelo Médio Oriente, e o domínio sobre a Turquia que se arisca a ser desmembrada pela NATO [o PKK teria um importante papel nisto tudo]], assim o que os primeiros estados decidiram ?  Simplesmente fabricar justamente conflitos sectários e a destruição do estado laico representado na pessoa de Bashar Hafez al-Assad. O ideal até seria um governo islâmico que pudesse fazer uma ponte com o Egipto e isolar mais o Irão. Mas isto é muito perigoso, o que se está a produzir são estados islâmicos profundamente radicais e sectários com base na Sharia islâmica, ora será para ai que vai o Iraque ? O Iraque está fora de controlo, e este vídeo não aparece por acaso, é também uma mensagem. Pelas imagens do vídeo abaixo parece que já é factual o aparente controlo do islamismo xiita radical, o que é surpreendente pois é a credibilidade ocidental que já não existe há muito tempo. [Na verdade se não houver surpresas e golpes de rins, isto poderá ser um duro golpe para os EUA]. Algumas pessoas na Europa ligadas à segurança, têm receio desta situação e com razão pois o islamismo radical tem capacidade para se expandir e irá se expandir. Se isto está acontecer muito se deve aos EUA e RU e Israel, afinal não era a democracia que eles criam ? Claro que não. Ora como é que eles poderiam crer a democracia em estados falhados não sendo eles próprios países democráticos como muita gente pensa que são ? Mas eles não criam a democracia para o Iraque, na verdade eles querem retalhar o Iraque em pedaços, consciente disto o governo iraquiano afastou-se de Washington, ora isto poderá estar relacionado com o fim do Conselho Nacional Sírio. No vídeo vemos o resultado das politicas do ocidente lideradas pelos EUA e o modelo que estes países criaram no Iraque e que agora exportam para a Líbia e todo lado. Um festim para a Al-Qaeda. Mas há mais gente envolvida nesta politica de alteração do Médio Oriente que tem causado centenas de milhares de mortos e milhões de pessoas feridas afectadas das mais diversas formas, aliás armas químicas têm sido usadas por todo o lado, particularmente por Israel na Palestina, e EUA no Iraque e Afeganistão e Paquistão (?), isto não esquecendo os drones americanos e israelitas que são responsáveis pela morte de milhares de pessoas inocentes.  Kadafi era um estadista mais democrático que muitos estadistas europeus, e deu provas disso para os que quisessem ver estas questões com seriedade. Hoje a Líbia está na mão de terroristas com interesses petrolíferos, e o seu sistema bancário nas mãos de grandes grupos financeiros, a população está a sofrer quando antes tinha carros e apartamentos oferecidos pelo estado e era um pais em desenvolvimento a par do Brasil por exemplo. O plano é de tal forma visionário e de loucura sem limites que 10 anos antes Wesley Clark e o Departamento de Defesa dos EUA discutiram planos de guerra a partir da "Primavera Árabe"[uma fabricação dos EUA].

 O mesmo general na página do seu livro "Vencendo Guerras Modernas" escrevia o seguinte na página 130 do livro: "Quando eu regressei ao Pentágono em Novembro de 2001, um oficial sénior do staff militar, teve tempo para falar. Sim, estamos a caminho para ir contra o Iraque, disse ele. Mas havia mais. Isto tinha sido discutido como parte de um plano de uma campanha de cinco anos, disse ele, e eram um total de sete países, começando pelo Iraque, então Síria, Líbano, Líbia, Irão, Somália e Sudão.
 ... ele disse isto com descrédito - com quase descrença - num suspiro de uma visão. Afastei-me da conversa, por isto ser algo que não me agradaria ouvir. E isto não era algo que eu queria que também fosse para a frente ...Deixei o Pentágono naquela tarde profundamente perturbado."

Mas em 2007 o quadro estratégico do Médio Oriente ganha uma nova relevância, era nem mais nem menos do que descobertas no campo de gás da bacia Levanthine no oriente mediterrânico, afinal tinha mais 70% de gás do que inicialmente previsto. As implicações geopolíticas e a segurança energética para estas descobertas de recursos energéticos, levaram à competição de cartéis que estão na origem e causa do conflito sírio. Mas isto revela-se muito mais complicado do que possa parecer, o controlo destas reservas por parte do cartel apoiado pela Rússia e Irão é de facto uma séria ameaça ao já bastante contestado acordo de Bretton Woods que criou o actual sistema monetário com base no dólar, e que agora estará já praticamente perto do seu fim.

Para continuar...

E como ficará a Europa neste quadro de um novo cenário bastante diferente ? Vai ser afectada ? Já está a ser afectada ? E o problema de politica económica ?


No caso de os estados Unidos e aliados imporem uma zona de exclusão aérea á Síria responderá com os mísseis Yakhont de defesa de fabrico russo, agora com um "upgrade". Os misseis Yakhont têm a capacidade de atacar o seu alvo a uma velocidade supersónica, voando a um baixo nível, deixando pouca margem de reacção ao adversário para reagir, mesmo assim as defesas da frota naval têm vindo a fazer um longo percurso desde os sistemas da guerra electrónica.

5 comentários :

  1. Impõe-se uma mudança de valores !

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  2. Meu Caro,
    Gostei de ler, está bem apresentado e concordo com quase tudo, pois que conheço vários dos tópicos por os ter acompanhado através das décadas e estudado alguns mais que outros, como o da água, que acompanho desde a década de 1980. Os EUA tornaram-se o maior mal mundial após a Seg. Guerra Mundial com as destruições de nações, ajudas e formação de ditaduras, apoio ao sistema sionista, o pai do do nazismo, segundo rabis, etc. Como os EUA operam globalmente, são eles «uma das coisas mais terríveis que a humanidade já criou» e não a Al-Qaeda, limitada a poucas zonas, mesmo que com aspirações maiores. Os ingleses também lá têm drones e até houve uma grande manifestação contra, em Londres, há cerca de uma semana.

    Quase tudo muito certo, não obstante o extenso número de erros ortográficos elementares e o exagero de barbarismos em injustificável substituição de termos vernáculos. Esclareça-nos, porém, onde está o Próximo Oriente, já que chama Médio ao que está pegado à Europa? Será um desvio de modernismo como o de assassinar os verbos reflexos e pronominais, por exemplo, entre tantos outros semelhantes? O imenso número que dificultam a leitura sugere uma falta de revisão do texto antes da publicação.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote
    (89 anos),digo que gostei de ler o artigo de Paulo Ramires e é pena que o Povo não seja informado de todas estas tramóias do anglo-saxão Imperialismo,pois nem toda a gente tem computadores para poder ler nêste Blog.Aqui também na Holanda, os Noticiários,no que respeita ao que se passa na Síria, são de apoio à Política do Tio Sam mafioso e flibusteiro que é o Capitão General da Horda mercenária da NATO de que a Holanda faz parte assim como Portugal.

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  5. Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote
    (89 anos),digo que gostei de ler o artigo de Paulo Ramires e é pena que o Povo não seja informado de todas estas tramóias do anglo-saxão Imperialismo,pois nem toda a gente tem computadores para poder ler nêste Blog.Aqui também na Holanda, os Noticiários,no que respeita ao que se passa na Síria, são de apoio à Política do Tio Sam mafioso e flibusteiro que é o Capitão General da Horda mercenária da NATO de que a Holanda faz parte assim como Portugal.

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