SERÁ QUE O EURO TEM FUTURO ?
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quarta-feira, 2 de julho de 2014

SERÁ QUE O EURO TEM FUTURO ?

SERÁ QUE O EURO TEM FUTURO ?



Por Tatiana Golovanova

Por outro lado, a utilização do dólar significava apoio político a Washington. Passadas décadas, a Europa formou a sua própria união e o dólar obteve uma alternativa em forma do euro. Mas esta moeda também demostrou seus lados fracos.
 
Há muito tempo que os países europeus tentavam criar algo que pudesse substituir o dólar em transacções. A primeira andorinha foi o ECU (European Currency Unit – Unidade de Conta Europeia). Mas a divisa não apoiada económica, geográfica e politicamente não conseguiu ganhar grande envergadura. Ao mesmo tempo, no pano de fundo da unificação da Europa, o surgimento do euro em vez de moedas nacionais, parecia um passo lógico. A União Europeia constituiu também o Banco Central Europeu, estrutura semelhante à Reserva Federal dos EUA, que passou a controlar a vida do euro.

As primeiras moedas da alternativa europeia apareceram em 2002. Actualmente, 18 países da Europa fazem parte da zona do euro. Em Novembro de 2013, circulavam 951 bilhões de euros em dinheiro físico, fazendo com que esta moeda tivesse o maior valor sumário de dinheiro de contado na circulação, superando por este indicador até o dólar americano. Andrei Gritsenko, economista profissional, aponta prós e contras da divisa única:

“A própria divisa permite em primeiro lugar simplificar e regularizar as relações comerciais dentro da Europa. Um dos vários problemas característicos para todos os países da União Europeia, é que o euro é nivelado pela moeda mais forte da zona euro”.

Contudo, o principal problema do euro reside neste último aspecto. Todos os defeitos do sistema financeiro europeu e da divisa europeia única se revelaram na fase crítica da crise do euro. Quando países meridionais da União Europeia ficaram à beira da falência, foi preciso salvá-los envidando também esforços conjuntos. A Alemanha teve de pagar mais que os restantes países, enquanto economia mais forte da Europa. O país foi obrigado a conceder biliões de euros e a perdoar uma parte de dívidas de vários Estados, inclusive de Portugal, Grécia, Espanha e Chipre.

A passagem para o euro dividiu a zona euro em dois campos. Os países ricos tornaram-se ainda mais ricos e os pobres, ainda mais pobres. Comenta o analista Roman Tkachuk:

“Por que razão aconteceu isto? Por exemplo, um país passa da sua moeda para o euro, o que automaticamente encarece a sua produção interna, ou seja os pagamentos aos trabalhadores, os salários e o preço de custo cresce, a rentabilidade cai e o país torna-se ainda mais pobre. Na Alemanha, a locomotiva da economia europeia, tudo acontece ao contrário, a divisa comum permite atrair trabalhadores estrangeiros, torna mais barata a produção, reforçando em resultados a economia alemã”.

Será que o euro conseguiu substituir o dólar em 12 anos da existência? A moeda, sem dúvida, simplificou a vida dos europeus comuns que trabalham num país da zona euro e vivem num outro. Mas a maioria das operações financeiras internacionais da zona do euro continua a ser efectuada em dólares. Contudo, é indiscutível o fato de o euro ter afastado o seu concorrente na posição de liderança, bastando para isso ver a tabela de cotação das divisas, diz Roman Tkachuk:

“É difícil comparar duas divisas. Repare-se contudo que quando surgiu o euro, existiu uma paridade: a cotação do euro foi igual à do dólar. A seguir, a cotação do euro cresceu, chegando até a 1,5 dólares. Por que razão se formou tal cotação? Porque os participantes do mercado e investidores avaliam exactamente assim a economia da União Europeia em relação à economia dos Estados Unidos. Consideramos que esta é uma avaliação objectiva, porque o mercado considera todos os novos pormenores”.

A partir do próximo ano, a zona euro terá um novo membro – a Lituânia. Apesar de os lituanos desaprovarem tal passo, as autoridades do país preparam a passagem para o euro e as lojas terão novas listas de preços.

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