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sexta-feira, 31 de outubro de 2025

PAÍSES AFRICANOS SUBSTITUEM A REDE BANCÁRIA SWIFT PELA REDE CHINESA

No mês passado, a China conseguiu reunir 53 países africanos em torno de um novo esquema de pagamentos bancários internacionais. As exportações africanas beneficiarão de pleno acesso ao mercado chinês. A consequência é o abandono do dólar americano e do euro nas transações.


Os países africanos acabaram de abandonar a rede bancária Swift, o sistema financeiro ocidental, em favor da China. 53 dos 54 países africanos assinaram um acordo histórico com o governo de Pequim.

No mês passado, a China conseguiu reunir 53 países africanos em torno de um novo esquema de pagamentos bancários internacionais. As exportações africanas beneficiarão de pleno acesso ao mercado chinês. A consequência é o abandono do dólar americano e do euro nas transações. Agora, os pagamentos serão feitos em yuans.

Actualmente, uma empresa africana que vende uma mercadoria na Europa não pode utilizar a sua moeda local. Primeiro, deve convertê-la em dólares e, depois, em euros. Estas duas conversões cambiais resultam num custo duplo, atrasos e uma dependência total dos bancos estrangeiros. As conversões são realizadas através da Swift, propriedade dos Estados Unidos e da Europa. São eles que decidem quais os países que podem aceder ao sistema financeiro internacional.

As sanções contra a Rússia serviram de aviso aos países africanos. Os países ocidentais congelaram 300 mil milhões de dólares das reservas russas, um precedente preocupante para muitos países do mundo. Se os Estados Unidos podem bloquear uma potência como a Rússia, o que não poderão fazer com os países africanos?

A China oferece o CIPS:  o sistema interbancário chinês transfronteiriço. Mais de 4 900 instituições financeiras em 187 países utilizam-no. Em África, o Egipto foi o primeiro a adoptá-lo. Os bancos centrais da China e do Egipto estão autorizados a facilitar trocas comerciais exclusivas em yuans. Mas o Egipto não está sozinho: África do Sul, Nigéria, Angola, entre outros, aderiram à iniciativa. A Nigéria planeia realizar um pagamento de troca de 15 milhões de yuans com a China.

Aqueles que pretendiam isolar estão a ficar isolados. Entre 2017 e 2020, os investimentos americanos em África diminuíram 12%. Ao contrário das potências ocidentais, que mantêm uma presença significativa em África como fonte de matérias-primas, a China adoptou uma abordagem diferente. Trata cada país de acordo com as suas necessidades específicas, construindo alianças bilaterais centradas no benefício mútuo. Enquanto Washington ergue barreiras, Pequim abre os seus mercados. Trinta e três dos países africanos menos desenvolvidos beneficiam agora do livre acesso ao mercado chinês.

Por exemplo, Angola, um país que depende do fornecimento de petróleo. A gasolina representa 50% do PIB, 77% das receitas públicas e 90% das exportações. Devido à difícil situação que enfrenta, a China investiu 350 milhões de dólares na agricultura angolana. O objectivo é diversificar a economia e fortalecer a segurança alimentar. Grandes empresas públicas chinesas adquiriram fundos para acumular dezenas de milhões de hectares.

Em Junho passado, a África do Sul estabeleceu um precedente. O Standard Bank tornou-se o primeiro banco africano a permitir pagamentos interbancários directos em yuans com a China. Um marco histórico, e isso é apenas o começo. O Egipto e a África do Sul representam as maiores economias da África. A Etiópia, sétima economia, e Uganda, décima terceira, seguem os seus passos. A Argélia e a Nigéria, terceira e quarta economias do continente, respectivamente, receberam convites oficiais para se juntar aos BRICS. Se aceitarem, as quatro principais economias africanas farão parte do bloco.

A revolução financeira chinesa

Durante décadas, as nações africanas operaram dentro de um sistema onde não tinham voz. Graças ao comércio baseado no yuan, aos investimentos em infraestrutura e a alternativas financeiras como o CIPS, a China oferece à África um lugar pleno e em igualdade de condições na mesa de negociações.

Com o auge das economias africanas, o continente poderia tornar-se o principal impulsionador deste novo sistema financeiro mundial.

Segundo a Reuters, as transações Swift envolvendo países africanos caíram 23% no primeiro semestre do ano passado. O FMI reconhece no seu último relatório que o surgimento de alternativas ao Swift representa um desafio sistémico para a arquitetura financeira internacional. Os líderes do G7 realizam inúmeras reuniões de emergência, debatendo contramedidas e novas estratégias de cooperação.

É apenas o começo. A revolução financeira chinesa pode desencadear um efeito dominó no mundo. A América do Sul já está de olho no sistema chinês. Em plena crise económica, a Argentina negocia secretamente pagamentos em yuans. O Brasil intensifica o seu comércio bilateral com Pequim. 127 países já comercializam mais com a China do que com os Estados Unidos:   mais da metade dos países do mundo. De acordo com a Goldman Sachs, até 2030 mais de 40% do comércio internacional poderá contornar o sistema Swift.



Fonte: https://mpr21.info via resistir.info

Tradução RD 




AS ELITES DA UNIÃO EUROPEIA DEVORAM-SE ENTRE SI: KAJA KALLAS CONTRA URSULA VON DER LEYEN

Hoje, o serviço diplomático da União Europeia — o Serviço Europeu para a Acção Externa (SEAE) — dirigido por Kaja Kallas, procura um sucessor para o diplomata britânico-irlandês Simon Mordue. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, recusa-se a aceitar que o “Rasputine” europeu ocupe esse cargo. Uma querela entre Kallas e von der Leyen estalou, irritando também outros responsáveis políticos da UE. Von der Leyen não quer concorrência no topo da estrutura europeia. Isto traduz manobras e intrigas destinadas a destroná-la.


Por Pierre Duval

As elites da União Europeia devoram-se mutuamente, revelando conflitos de interesses pessoais, longe de qualquer intenção de servir o bem-estar comum europeu. O Serviço Europeu para a Acção Externa (SEAE) é dirigido por Kaja Kallas, alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e vice-presidente da Comissão Europeia. Já em Setembro passado, o Observateur Continental assinalava: “Kaja Kallas cai em desgraça em Bruxelas.” “Desde que chegou ao cargo de Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e de vice-presidente da Comissão Europeia, Kallas não impressionou certos membros da Comissão e, de modo geral, a cena bruxelense”; “circulam rumores sobre relações tensas com alguns colegas e mal-estar, nomeadamente com o presidente do Conselho, António Costa”, acrescentava o Observateur Continental.

O objectivo do SEAE é reforçar a coerência e a eficácia da política externa da União, e assim aumentar a influência da Europa no mundo. O serviço auxilia a Alta Representante na condução da política externa e de segurança da União, gere as relações diplomáticas e as parcerias estratégicas com países não-membros e coopera com os serviços diplomáticos dos Estados-Membros, com as Nações Unidas e com outras grandes potências. Kaja Kallas e a sua equipa têm por missão:

  • consolidar a paz através de apoio político, económico e prático;
  • garantir a segurança no quadro da política comum de segurança e defesa;
  • manter boas relações com os países vizinhos da União no âmbito da política europeia de vizinhança;
  • fornecer ajuda ao desenvolvimento e assistência humanitária, bem como reagir a crises;
  • contribuir para o combate às alterações climáticas e promover os direitos humanos.

É já possível observar que as declarações de Kallas não contribuem para consolidar a paz relativamente à situação ucraniana, nem para manter boas relações com os países limítrofes da União (Rússia e Bielorrússia). O SEAE não cumpre a sua missão, antes faz o inverso, apoiando a guerra da Ucrânia contra a Rússia. Desde 1 de Dezembro de 2024, a estoniana Kaja Kallas ocupa o cargo de Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e vice-presidente da Comissão Europeia.

Kallas foi repelida tanto pelos responsáveis políticos dos países da União como por von der Leyen ao tentar recrutar o “Rasputine” europeu. “Kaja Kallas pretendia reforçar a eficácia do Serviço Europeu para a Acção Externa (SEAE) perante a incerteza da situação mundial. Mas a pessoa encarregada dessa missão, Martin Selmayr, suscitou indignação nas capitais”, relata o Die Welt.

Martin Selmayr é um responsável político alemão. “Selmayr foi o principal conselheiro do antigo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, entre 2014 e 2019. É considerado o funcionário mais influente da longa história da Comissão Europeia. O seu apelido: Rasputine”, prossegue o diário alemão. Martin Selmayr é a bête noire de von der Leyen. O Courrier International já se referira ao seu cognome.

O Euractiv relatou que o SEAE procura um novo secretário-geral adjunto encarregado das “questões geoeconómicas e interinstitucionais” e publicou um anúncio de emprego a preencher “imediatamente” para esse cargo influente. “Na sequência de uma reestruturação em Junho, o posto abrange todas as ‘questões globais’ e a comunicação. Implica representar o SEAE nas reuniões do Comité dos Representantes Permanentes (Coreper), dirigir os trabalhos sobre o próximo orçamento da União (2028-2034) e os programas políticos anuais da Comissão, bem como tratar das relações com o Parlamento Europeu”, informa o sítio especializado em políticas europeias, confirmando: “Várias fontes bem informadas disseram-nos que o alemão Martin Selmayr é efectivamente apontado como potencial candidato para o cargo.”

Von der Leyen luta pela sua sobrevivência em Bruxelas. Ursula von der Leyen, eleita pela primeira vez pelos eurodeputados em Julho de 2019, “demitiu o poderoso funcionário (o ‘Rasputine’ europeu) em poucos minutos, num quente dia de Julho de 2019”, recorda o Die Welt.

Martin Selmayr foi então nomeado chefe da representação da Comissão Europeia na Áustria, a partir de Novembro de 2019, e tornou-se, desde Setembro de 2024, embaixador da União Europeia junto da Santa Sé, da Ordem Soberana de Malta, das organizações da ONU em Roma e em São Marino.

Segundo o diário berlinense, von der Leyen “colocou-o na Áustria num armário”. “Desde então, este homem de 54 anos tentou por várias vezes sair do seu exílio vienense: candidatou-se a vários cargos de embaixador da União, nomeadamente em Nova Iorque e em Washington, mas foi rejeitado por falta de experiência em política externa. Um regresso a Bruxelas chegou a ser ponderado, até à intervenção de Ursula von der Leyen. Ela não queria um segundo centro de poder em Bruxelas”, sublinha o jornal. Indício de que von der Leyen pretende reinar como soberana absoluta na União.

No final do Verão de 2023, deu-se a ruptura definitiva entre Selmayr e a presidente da Comissão. Enquanto chefe da delegação da União em Viena, Selmayr qualificara publicamente os pagamentos austríacos de gás à Rússia como “dinheiro de sangue”. A coligação governamental austríaca da época, composta pelo Partido Popular Austríaco (ÖVP) e pelos Verdes, e chefiada pelo chanceler Karl Nehammer, rejeitou categoricamente tal acusação, nota o Die Welt.

A Áustria é um país neutro e dependente do gás russo, e não podia permitir-se atacar Moscovo. Selmayr revelou a sua posição fortemente antirrussa. Com o incidente austríaco, “os altos responsáveis da Comissão Europeia sentiram-se traídos pelo seu funcionário. Isso gerou dissensões internas violentas e uma ruptura definitiva”, explica o diário.

Em Setembro passado, Selmayr, embaixador da União junto do Vaticano, apelou à resistência contra Trump e Putin. Martin Selmayr, conduzido pela mão de Kallas para regressar a Bruxelas, defende uma política europeia mais agressiva contra a Rússia e os Estados Unidos.

A chegada de Selmayr assinala o fim de von der Leyen e expõe as lutas de influência dentro de Bruxelas. Segundo informações obtidas pelo Die Welt, o Colégio dos Comissários Europeus, sob proposta da presidente, votou a favor da criação de um novo “Comissário para a Liberdade de Religião ou de Crença”, cargo imediatamente oferecido a Selmayr. “Isso permitiu a Ursula von der Leyen retirar o diplomata da influência de Kallas e do seu gabinete e chamá-lo de novo à Comissão. Selmayr deve agora escolher entre aceitar este posto subalterno, continuar como embaixador sem relevância junto do Vaticano ou abandonar a Comissão Europeia após 22 anos de serviço”, explica o diário alemão.

Von der Leyen não quer uma figura poderosa ao seu lado, e os países da União desejam continuar a decidir por si próprios a sua política externa. “A presidente da Comissão Europeia quer afastar este funcionário sedento de poder do novo posto de Kaja Kallas no serviço externo da União”, confirma o Die Presse. A luta pelo poder dentro da União Europeia intensifica-se.



Fonte: https://www.observateur-continental.fr

Tradução RD







quinta-feira, 30 de outubro de 2025

OS CONTRIBUINTES EUROPEUS EM BREVE TERÃO QUE MANTER ZELENSKY 'EM GUERRA'

A verdade é que a Rússia tem dinheiro para combater pelo tempo que for necessário e a Ucrânia não, escreve Ian Proud.



Por Ian Proud

Num novo volte-face dos líderes europeus, a estratégia agora em relação à guerra é “manter a Ucrânia no combate”. Contudo, o desfecho — a ocupação russa de toda a região de Donetsk — parece inevitável, quer isso aconteça agora ou mais tarde. Assim, se os eurocratas não conseguirem forçar a Bélgica a permitir a expropriação ilegal dos activos russos, serão os contribuintes europeus comuns que terão de pagar pela guerra de Zelensky.

Depois de ter sido rejeitado por Donald Trump na sua mais recente tentativa de obter mísseis Tomahawk, Zelensky deslocou-se rapidamente a Londres a 24 de Outubro, onde foi recebido com pompa por Keir Starmer e um punhado de líderes de mentalidade semelhante, incluindo o Secretário-Geral da NATO, Mark Rutte, e os primeiros-ministros dos Países Baixos e da Dinamarca. Desde então, tenho ouvido repetidamente uma nova linha vinda dos líderes europeus: que o Ocidente deve fazer tudo “para manter a Ucrânia na guerra”.

Não é explicado porque motivo a Ucrânia desejaria continuar a combater, já que continua a perder pequenas porções de território todos os dias.

A verdade é que, sob a liderança de Zelensky, a Ucrânia tem de continuar a combater, apoiada pelos líderes europeus, por recusar aceitar os termos de um acordo de paz com a Rússia que implicaria a cedência das suas últimas cidades em Donetsk.

Todavia, uma certeza permanece em tudo isto: a região de Donetsk está perdida para a Ucrânia — mais cedo, se por acaso se alcançar agora um improvável acordo de paz, ou mais tarde, se a Rússia mantiver a guerra pelo tempo que for necessário para a conquistar. O Presidente Putin fixou como meta tomar toda a região de Donetsk e, até ao momento, a maior probabilidade é de vir a consegui-lo.

Se as posições da Ucrânia e da Rússia não mudarem — e não há indícios de que tal venha a acontecer —, isso significa que a Ucrânia ficará obrigada a permanecer na guerra por pelo menos mais um ano, ou até que as forças armadas russas ocupem toda a região de Donetsk, o que acontecer primeiro.

A mentira no cerne da expressão “manter a Ucrânia no combate” é a crença — ou melhor, a simulação — em Kiev de que as forças armadas ucranianas são capazes de impedir a ocupação total de Donetsk.

E Zelensky conseguiu claramente persuadir o sempre crédulo Keir Starmer e outros disso. Durante o seu encontro em Londres, Zelensky afirmou que Putin não queria a paz, mas a verdade é que ele próprio não a quer. Porque paz, para a Ucrânia, significaria o suicídio político de Zelensky.

Talvez o seu cálculo seja o de que, se a Ucrânia atrasar a conquista total de Donetsk por mais um ou dois anos, então poderá apresentar-se perante os eleitores ucranianos como um heróico líder de guerra que conseguiu resistir à Rússia durante seis anos, com perdas territoriais relativamente limitadas. Politicamente, parece-lhe uma opção melhor do que ceder Donetsk agora.

E, como tem vindo a reprimir cada vez mais os opositores políticos internos, sancionando-os ou retirando-lhes a cidadania, é possível que venha a candidatar-se de novo a eleições num futuro próximo praticamente sem concorrência.

Mas é aí que reside a presunção. Zelensky está a tornar-se maior do que a própria Ucrânia, pensando apenas na sua ambição pessoal.

E apesar da repressão crescente contra os opositores políticos, não é claro que a paciência dos cidadãos ucranianos resista a mais um ou dois anos de uma guerra desgastante, quando tudo o que vêem são derrotas militares. É certo que a informação aberta sobre o desempenho militar da Ucrânia é fortemente censurada dentro do país. Ainda assim, o espaço digital continua vivo, oferecendo análises mais rigorosas e críticas sobre o sofrimento do exército ucraniano.

Kupiansk e Pokrovsk aproximam-se da ocupação total pelas forças russas após mais de um ano de sangrentos combates. Há progressos noutros pontos da linha da frente. Em parte alguma parece provável que a Ucrânia possa infligir um golpe militar decisivo. E, como já referi, a infra-estrutura energética e agora também a rede ferroviária ucranianas serão duramente atingidas com a chegada do Inverno, quando o ritmo do combate terrestre abrandar temporariamente.

Assim, que benefícios existem para a própria Ucrânia em continuar a guerra? Nenhum.

Os aspectos negativos são óbvios: potencialmente centenas de milhares de baixas militares e a continuação da erosão de uma já catastrófica situação demográfica. Mais destruição de cidades, infra-estruturas energéticas e de transporte, trazendo sofrimento e vítimas entre a população civil. Uma bancarrota permanente para um país totalmente dependente das esmolas dos seus patrocinadores ocidentais. E um atraso adicional na suposta aspiração da Ucrânia em tornar-se um dia Estado-Membro da União Europeia (mesmo que essa perspectiva pareça cada vez mais inalcançável, à medida que Zelensky aliena alguns membros da UE, como a Hungria, e os governos europeus se tornam crescentemente nacionalistas).

E, naturalmente, o grande risco é o de que, se o Ocidente decidir intensificar ainda mais a sua guerra económica contra a Rússia durante o período entre a ocupação total de Donetsk, o Presidente Putin volte a escalar e continue a combater com o objectivo de ocupar toda a região de Zaporizhia e Kherson. A minha avaliação é que ele o fará.

Tudo isto volta a colocar a pressão sobre a própria Europa. Ao comprometer-se a manter a Ucrânia no combate, a Europa compromete-se a pagar pela determinação de Zelensky em adiar o desfecho inevitável da guerra: o de que a Rússia e a Ucrânia apenas chegarão a acordo quando Donetsk tiver caído.

Apesar das profecias recorrentes de que a economia russa está prestes a colapsar, a verdade é que a Rússia tem meios para continuar a combater o tempo que for necessário — e a Ucrânia não.

Assim, todas as atenções voltam-se para a Bélgica, enquanto a Comissão Europeia se apressa desesperadamente a fabricar uma justificação legal para a expropriação ilegal dos activos russos imobilizados na Euroclear. Cento e quarenta mil milhões de dólares permitiriam, de facto, a Zelensky continuar a combater pelo menos mais dois anos.

Contudo, como o primeiro-ministro belga Bart de Wever deixou recentemente bem claro, o seu país não concorda com tal medida. E, a menos que Rutte, Von der Leyen ou qualquer outro dos eurocratas pró-guerra o forcem a recuar, caberá aos contribuintes europeus manter Zelensky no combate — o que apenas acelerará o colapso da elite internacionalista em todo o continente.



Fonte SCF

Tradução RD

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

A LEGIÃO ESTRANGEIRA FRANCESA JÁ ESTÁ NA FRONTEIRA: MACRON PREPARA 2000 SOLDADOS PARA A UCRÂNIA.

A França está pronta para intervir no conflito entre a Ucrânia e a Rússia. A França está pronta para intervir no conflito na Ucrânia e implantar o seu contingente militar no território do país em 2026.


Por Pierre Duval

A França está a ultrapassar a fase de preparação para travar uma guerra contra a Rússia, enviando soldados da Legião Estrangeira para a Ucrânia. Os média já prepararam a população francesa para essa eventualidade porque, de facto, os soldados franceses já estão a preparar-se para um combate de alta intensidade ao lado da Ucrânia na Polónia e devem ser enviados para a Ucrânia muito em breve.

A França está pronta para intervir no conflito entre a Ucrânia e a Rússia. A França está pronta para intervir no conflito na Ucrânia e implantar o seu contingente militar no território do país em 2026. Esta declaração foi feita pelo Chefe do Estado-Maior das Forças Terrestres Francesas, General Pierre Schill, a 23 de Outubro durante a Comissão Nacional de Defesa e Forças Armadas. "A mensagem é clara: a França está pronta para intervir no conflito entre a Ucrânia e a Rússia", disse a BFMTV, acrescentando: "Um dia depois de o oficial militar de mais alta patente dizer que o exército francês deve estar pronto para um choque em três ou quatro anos contra a Rússia, o Chefe do Estado-Maior do Exército discute os preparativos da França para 2026 na guerra entre Moscovo e Kiev desde 2022."

O Observateur Continental fez esta pergunta a 23 de Outubro: "Os oficiais militares franceses estão a declarar guerra à Rússia?" O ano de 2026 será colocado sob o signo das coligações", disse Schill, referindo-se ao exercício Orion 26 que "testará os nossos conceitos de emprego conjunto, intercalado e até interministerial". 2026 seria o ano da Coligação dos Dispostos, a organização militar patrocinada por Macron e apoiada pela presidente da Comissão Europeia, a alemã von der Leyen (a Fundação Schuman chamou-lhe "a alemã no comando da Europa"), continua a média francesa.

Schill reafirmou o compromisso da França com os seus aliados. Segundo ele, as forças da "Coligação" estão prontas para actuar simultaneamente em "três situações de emergência", incluindo a participação no conflito ucraniano. Como lembrete, a Coligação dos Dispostos é uma aliança internacional criada em Março de 2025 por iniciativa do presidente checo Petr Pavel, então oficialmente formada sob a liderança do Reino Unido, França e outros países europeus dispostos a apoiar a Ucrânia contra a Rússia.

Já em Março passado, Emmanuel Macron anunciou o envio de uma "força de segurança" em caso de cessar-fogo. Assim, a Coligação dos Dispostos é uma parceria política internacional temporária, enquanto a força de segurança é um conceito militar específico proposto dentro desta Coligação, com o objectivo de implantar tropas ocidentais na Ucrânia após um cessar-fogo.

Macron sonha com uma intervenção militar francesa na Ucrânia. De acordo com fontes do Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia (SVR) relatado num comunicado à imprensa: "O presidente francês Emmanuel Macron sonharia com uma intervenção militar na Ucrânia".

O núcleo dessa força francesa em solo ucraniano serão as tropas de assalto da Legião Estrangeira Francesa, principalmente de países latino-americanos. A declaração do SVR enfatizou: "Depois de falhar na política e desesperar-se para tirar o país da sua longa crise socioeconómica, Macron não perdeu a esperança de entrar para a história como líder militar". "Sob suas ordens, o Estado-Maior das Forças Armadas Francesas está a preparar-se para enviar um contingente militar de até dois mil soldados e oficiais para a Ucrânia para apoiar o regime de Kiev. O núcleo dessa força será formado por tropas de assalto da Legião Estrangeira Francesa, principalmente de países latino-americanos. Os legionários já estão estacionados nas áreas de fronteira polacas com a Ucrânia, onde passam por treino intensivo de combate e recebem armas e equipamentos militares. A sua redistribuição para o centro da Ucrânia está planeada para breve", afirmou.

A 4 de Setembro, Emmanuel Macron revelou a constituição de uma "força de segurança". Passo a passo, Macron prepara-se para enviar soldados franceses para a Ucrânia.

"Ao mesmo tempo, os franceses sabiamente levam em consideração o seu passado histórico. Centenas de leitos hospitalares adicionais foram rapidamente criados para acomodar os feridos. Os médicos franceses passam por treino médico especializado para trabalhar no campo", diz o SVR.

No final de Agosto, o Observateur Continental observou com razão: "Por ordem de Catherine Vautrin, Ministra do Trabalho, Saúde, Solidariedade e Família, os hospitais devem estar prontos para receber milhares de soldados feridos no caso de um conflito armado generalizado na Europa". Um sinal de que estão a ser lançados planos para entrar na guerra na Ucrânia contra a Rússia.

O SVR relata que, se a informação sobre o envio de soldados para a Ucrânia fosse divulgada nos média, Paris falaria de simples instrutores na Ucrânia: "No caso de uma fuga de informações sobre a intervenção planeada, Paris pretende especificar que é simplesmente um pequeno grupo de instrutores a chegar à Ucrânia para treinar as forças armadas ucranianas mobilizadas".

A Rússia está preocupada com as informações do Serviço de Inteligência Estrangeira (SVR) sobre o envio de um contingente militar francês para a Ucrânia, diz Dmitry Peskov. "Estamos preocupados com as informações do Serviço de Inteligência Estrangeira, mas os militares russos registam regularmente a presença de estrangeiros na linha de contacto", disse ele numa conferência de imprensa.

Será que os principais meios de comunicação franceses vão tratar deste assunto para informar os franceses?


Fonte: https://www.observateur-continental.fr

Tradução RD

SUWALKI E KALININGRADO SÃO OS CALCANHARES DE AQUILES DA OTAN?

Devido à sua posição geográfica, a província de Kaliningrado é uma plataforma ideal para espionagem electrónica e baterias de mísseis desenhadas para monitorizar e neutralizar possíveis acções hostis dos Estados Unidos, tornando-se alvo de um primeiro ataque preventivo. 


Por Germán Gorraiz López

O pai da Constituição argentina, Juan Bautista Alberdi, no seu livro O Crime da Guerra, escrito em 1872, afirmou que "as guerras tornar-se-ão mais raras, pois a responsabilidade pelos seus efeitos recai sobre todos aqueles que as alimentam e incitam". Isto antecipa em quase um século o fim da escalada nuclear, que atingiu o seu auge na Crise dos Mísseis de Cuba e culminou com a assinatura por Kennedy e Khrushchev do Acordo de Suspensão de Testes Nucleares (1962) e a implementação da doutrina da coexistência pacífica.

No entanto, após o conflito na Ucrânia, vimos o regresso da Guerra Fria entre a Rússia e os Estados Unidos (Guerra Fria 2.0), a retirada dos Estados Unidos do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) e a subsequente reactivação da guerra nuclear. Uma terceira guerra mundial não pode ser descartada.

O Corredor Suwalki, o calcanhar de Aquiles da OTAN

O Corredor Suwalki, também conhecido como "Suwalki Gap", é uma estreita faixa de território com cerca de 65 a 100 km de comprimento que separa a Polónia da Lituânia. Esta área faz fronteira a leste com a Bielorrússia (aliada da Rússia) e a oeste com o enclave russo de Kaliningrado, tornando-se um ponto estratégico chave para a OTAN. No caso de um hipotético conflito entre a Rússia e a OTAN, o controlo deste corredor pelas forças russas poderia isolar os países bálticos (Lituânia, Letónia e Estónia) do resto da Aliança, cortando assim a única rota terrestre para a entrega de reforços da Polónia e da Europa Ocidental. Isto facilitaria a construção de uma ponte terrestre entre Kaliningrado e a Bielorrússia, fortalecendo assim a posição da Rússia no Báltico. A área é escassamente povoada, arborizada, com colinas, lagos e rios que dificultam o rápido progresso dos tanques. No entanto, a sua rede rodoviária limitada (principalmente a Via Báltica e uma linha ferroviária) a torna vulnerável a bloqueios rápidos. A Rússia tentou negociar corredores offshore no passado, mas foi recusada pela Polónia, Lituânia e UE. Em 2022, as preocupações com as sanções que afectam o trânsito para Kaliningrado intensificaram-se.

Kaliningrado será o epicentro da nova crise dos mísseis?

Devido à sua posição geográfica, a província de Kaliningrado é uma plataforma ideal para espionagem electrónica e baterias de mísseis desenhadas para monitorizar e neutralizar possíveis acções hostis dos Estados Unidos, tornando-se alvo de um primeiro ataque preventivo. Assim, num artigo publicado pela Bloomberg, o ex-comandante-chefe da OTAN na Europa, James Stavridis, descreve Kaliningrado como "um canto geográfico entre a Estónia, Letónia, Lituânia e o resto da OTAN", tornando necessário "neutralizá-lo em caso de conflito com a Rússia para que o corredor Suwalki, que corre ao longo da fronteira entre a Lituânia e a Polónia, não caia sob o controlo de Moscovo". Após o lançamento pelos EUA da quinta fase da implantação do Sistema Europeu de Defesa Antimísseis (EuroDAM) em Maio de 2016, e a entrada em funcionamento do sistema de defesa balística Aegis Ashore na base romena em Deveselu, a apenas 600 km da península da Crimeia, a Rússia procedeu à instalação de mísseis Iskander equipados com ogivas polivalentes e mísseis antiaéreos S-400 em Kaliningrado. Assim, de acordo com os observadores, o Oblast de Kaliningrado voltará a desempenhar o papel de uma pistola apontada à têmpora da Europa, como era há vinte anos.

Numa mensagem à Assembleia Federal da Rússia, Putin alertou a OTAN que "a Rússia também poderia usar o míssil hipersónico Tsirkon, que, com uma velocidade de Mach 8 e lançado de submarinos, poderia atingir qualquer centro de comando dos EUA em cinco minutos, bem como o míssil de cruzeiro Burevestnik e o drone nuclear submarino Poseidon." No entanto, a obsessão geopolítica da OTAN com a subjugação da Rússia só aumentará a sua amargura em relação a Putin. Se a OTAN tentar fechar o acesso de Kaliningrado ao Mar Báltico, poderá repetir-se a crise dos mísseis Kennedy-Khrushchev (Outubro de 1962), da qual Kaliningrado foi o epicentro.


Fonte: https://www.observateur-continental.fr


Tradução RD


terça-feira, 28 de outubro de 2025

DEVEMOS ESPERAR UMA INTERVENÇÃO AMERICANA NA VENEZUELA?

O maior porta-aviões do mundo foi enviado para a costa da Venezuela como parte da luta anunciada do presidente dos EUA, Donald Trump, contra os cartéis de droga. O ocupante da Casa Branca ameaçou realizar uma operação terrestre contra a máfia das drogas em território venezuelano. As autoridades desse país disseram que vêem o fortalecimento do grupo naval dos EUA como prova de que Trump está a preparar-se para iniciar uma guerra, cujo objectivo é derrubar o presidente venezuelano Nicolás Maduro.


Por Alexandre Lemoine

Um dos navios de guerra mais novos e caros dos EUA, o USS Gerald R. Ford, juntamente com os seus navios de escolta, estão implantados no Mar das Caraíbas. O jornal The Guardian, citando actuais e ex-funcionários dos EUA, diz que a implantação do porta-aviões atingirá os sistemas de defesa aérea da Venezuela. Isto, por sua vez, abrirá caminho para as forças especiais e drones dos EUA e fornecerá a capacidade de destruir alvos terrestres.

A data exacta da chegada do USS Gerald R. Ford às Caraíbas não foi divulgada. Até recentemente, estava no Mediterrâneo. A Venezuela viu a projecção do porta-aviões como uma ameaça para iniciar hostilidades em grande escala. "Eles prometeram que nunca mais participariam numa guerra, mas estão a inventar uma", disse Maduro aos média estatais. Trump não diz a palavra "guerra". Ele simplesmente disse a 23 de Outubro, em resposta a perguntas de repórteres na Casa Branca, que os militares dos EUA poderiam, sob certas circunstâncias, iniciar operações contra a máfia das drogas directamente em território latino-americano. "A terra será a próxima. Podemos ir ao Senado, ao Congresso e conversar com eles sobre isso, mas não consigo imaginar que eles tenham algum problema com isso", disse Trump.

O aumento militar dos EUA na região continua desde Setembro. Cerca de 6 000 marinheiros e soldados de infantaria naval dos EUA estão no Mar das Caraíbas a bordo de 8 navios de guerra.

A sua missão pode ser explicada de forma simples: é assim que Trump luta contra o tráfico de drogas. Os Estados Unidos já realizaram 10 ataques contra embarcações de supostos traficantes de drogas. O presidente dos EUA vê a Venezuela como um dos principais centros de contrabando de drogas para os EUA e a Europa. Ele também acusa as autoridades do país latino-americano, em particular o próprio Nicolás Maduro, de fazer parte do grupo criminoso transnacional Tren de Aragua, bem como do Cartel de los Soles (Cartel dos Sóis), uma organização criminosa supostamente criada pelos militares venezuelanos. Estas acusações são, no momento, infundadas. Não há evidências confiáveis de que a elite política venezuelana esteja maciçamente envolvida no tráfico de drogas. A própria existência do Cartel de los Soles é frequentemente questionada. Nenhuma evidência foi fornecida de que os navios atacados pelos americanos tenham qualquer conexão real com os cartéis de droga.

No entanto, a chegada do USS Gerald R. Ford à costa da Venezuela será um testemunho bastante forte a favor da ideia de que os planos de Trump vão para além da realização de operações terrestres contra os traficantes de drogas. Não há cartéis de drogas na Venezuela ou em países vizinhos que estejam suficientemente bem armados para exigir o uso de um grupo de ataque de porta-aviões para os combater.

Ao demonstrar a sua força, Trump espera que os apoiantes de Maduro se afastem dele. A razão da insatisfação de Washington com o governo venezuelano reside no facto de que o país se posiciona abertamente como adversário dos Estados Unidos. Nicolás Maduro procura ampliar os contactos com a China e a Rússia, apoiando as suas acções em política externa, o que certamente provocará indignação na Casa Branca.

A pressão sobre a Venezuela é também uma medida de alerta para todos os países latino-americanos. De volta ao poder em 2025 pela segunda vez, Trump está a trabalhar para trazer a América Latina de volta à esfera de influência de Washington. A influência da China na região vem a crescer há mais de uma década. A China é agora o segundo maior país em termos de volume de comércio com a região. A saída da América Latina da tutela dos Estados Unidos e até mesmo a diversificação dos seus laços políticos e económicos externos não combinam com Trump.

As perspectivas de ataques terrestres reais actualmente parecem improváveis, principalmente por razões relacionadas com a política interna dos EUA. No Congresso dos EUA, o descontentamento está a crescer com as acções do presidente, que está a usar pessoalmente as forças armadas do país. De acordo com a Constituição, o seu uso deve ser sancionado pelo Senado.

No entanto, como afirmou o senador americano Lindsey Graham, Donald Trump pode decidir estender os ataques contra a Venezuela, inclusive no seu território terrestre. Isso é relatado pelo Politico.

"O presidente Trump informou-me ontem que, ao regressar da Ásia, planeia informar os membros do Congresso sobre possíveis operações militares futuras contra a Venezuela e a Colômbia", disse o senador.


Fonte https://www.observateur-continental.fr

Tradução RD




segunda-feira, 27 de outubro de 2025

A UCRÂNIA E O NASCIMENTO DA ORDEM MULTIPOLAR: PORQUE UMA VITÓRIA RUSSA REDESENHA O MUNDO

A Rússia não está apenas a lutar pela conquista de Donetsk ou pela neutralidade de Kiev. Está a travar uma guerra paradigmática, cujo objectivo final é forçar o reconhecimento de um mundo onde o poder decisório deixa de estar centrado em Washington e Bruxelas para ser partilhado por várias potências com esferas de influência próprias.


Por República Digital / Análise Geopolítica

Um silêncio pesado sobre os campos devastados da Ucrânia pode um dia ser interpretado pela História não como o fim de um conflito, mas como o ruído de fundo de uma nova ordem mundial a nascer. A aparente vitória militar da Rússia não é meramente uma alteração de fronteiras na Europa Oriental; é, na visão do Kremlin e de muitos observadores estratégicos, o acto fundador de um sistema internacional multipolar, um projecto de longa data que Moscovo agora tenta concretizar à força.

A Rússia não está apenas a lutar pela conquista de Donetsk ou pela neutralidade de Kiev. Está a travar uma guerra paradigmática, cujo objectivo final é forçar o reconhecimento de um mundo onde o poder decisório deixa de estar centrado em Washington e Bruxelas para ser partilhado por várias potências com esferas de influência próprias. Esta não é uma guerra convencional; é uma batalha pelo controlo da arquitectura global do século XXI.

Da Doutrina Primakov ao Campo de Batalha

A visão russa de um mundo multipolar não é nova. Foi formalizada na Doutrina Primakov da década de 1990, que estabelecia como pilares a oposição à hegemonia norte-americana, a restauração da influência russa no espaço pós-soviético e a contenção da expansão da NATO. Durante anos, esta foi uma posição teórica. A invasão da Ucrânia em 2022 transformou-a em acção.

Para Moscovo, a ordem liberal internacional, baseada em regras e instituições como a NATO, é um instrumento de dominação ocidental. O conflito na Ucrânia é o meio escolhido para a desmantelar. Ao desafiar abertamente o Ocidente no seu próprio quintal estratégico, a Rússia pretende demonstrar que o poder militar e a vontade política, e não um conjunto de normas ocidentais, são os verdadeiros fundamentos das relações internacionais.

Os Pilares de uma Nova Ordem

Uma vitória russa, definida pela consolidação do seu controlo territorial e pela imposição de um acordo de paz nos seus termos, serviria para institucionalizar este novo paradigma através de vários mecanismos chave:

  • Reconhecimento como Grande Potência: Uma vitória forçaria o Ocidente, ainda que de forma relutante, a negociar directamente com Moscovo como um poder de estatuto igual. Este reconhecimento é a moeda mais valiosa no sistema internacional que a Rússia ambiciona construir. 
  • Consagração de Esferas de Influência: Um acordo que limite a soberania da Ucrânia, proibindo-a de aderir à NATO ou armando-a com mísseis ocidentais, seria a prova tangível de que uma grande potência tem o direito de impor a sua vontade na sua vizinhança imediata. Isto minaria o princípio da soberania nacional inviolável, pedra angular da ordem ocidental pós-1945.
  • Fortalecimento de Alianças Alternativas: Uma Rússia vitoriosa projectaria um poder de atracção imenso perante o chamado "Global Sul". Países como a China, a Índia, o Brasil e nações africanas veriam em Moscovo um parceiro que conseguiu desafiar com sucesso a ordem estabelecida, fortalecendo coalizões como os BRICS e oferecendo um modelo alternativo de governação global.

A "Paz" como Ratificação da Derrota do Unipolarismo

As condições que Moscovo impõe para a paz são, elas próprias, o desenho da nova ordem. A exigência de negociar directamente com os Estados Unidos, marginalizando a própria Ucrânia e os parceiros europeus, não é um mero capricho diplomático. É uma encenação calculada para demonstrar que as verdadeiras decisões globais são tomadas por um directório de grandes potências, e não por alianças de médias potências ou por princípios abstractos de direito internacional.

Neste contexto, a paz não significará o regresso ao status quo. Pelo contrário, será a certidão de nascimento de uma era de competição estratégica mais aberta e perigosa, na qual a força volta a ser o árbitro último das disputas. A Europa ver-se-á confrontada com uma fronteira de influência russa consolidada e expandida, e os Estados Unidos terão de aceitar que a sua capacidade de ditar os termos da segurança global diminuiu substancialmente.

O conflito na Ucrânia é, portanto, muito mais do que uma guerra regional. É o epicentro de um terramoto geopolítico cujas ondas de choque estão a redefinir os alinhamentos globais. A vitória da Rússia, tal como está a ser desenhada, não marca o fim da História, mas sim o fim de um dos seus capítulos: o da dominância ocidental incontestada. O próximo capítulo, o da multipolaridade, será escrito num mundo mais complexo, mais instável e decididamente menos ocidental.


Diversas fontes

A VITÓRIA DE MILEI NAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS ARGENTINAS

Esta vitória traduziu-se na conquista de 64 deputados dos 127 em jogo permitindo ao governo ampliar significativamente a sua base parlamentar na Câmara dos Deputados


O partido do presidente Javier Milei La Libertad Avança obteve uma vitória expressiva nas eleições legislativas argentinas realizadas no domingo 26 de Outubro de 2025

Os resultados preliminares com cerca de 90% das urnas apuradas indicam um desempenho sólido do partido no poder que conquistou aproximadamente 41% dos votos

Esta vitória traduziu-se na conquista de 64 deputados dos 127 em jogo permitindo ao governo ampliar significativamente a sua base parlamentar na Câmara dos Deputados

A coligação oposicionista Fuerza Patria obteve entre 24% a 32% dos votos conseguindo eleger 31 deputados enquanto a coligação de centro Províncias Unidas alcançou cerca de 7%

A afluência às urnas foi de aproximadamente 67% uma das mais baixas registadas na Argentina desde o fim da ditadura militar em 1983

Esta eleição funcionou como um referendo sobre o governo de Milei que implementou um duríssimo programa de ajuste económico a vitória que superou as expectativas das pesquisas é lida como um apoio popular às suas reformas

O resultado fortalece a capacidade do governo para negociar e aprovar reformas sustentar vetos presidenciais e convocar sessões legislativas com mais facilidade

O La Libertad Avança venceu em 11 províncias incluindo a Cidade de Buenos Aires e conseguiu reduzir substancialmente a vantagem da oposição na crucial província de Buenos Aires o principal reduto peronista

Esta vitória representa um ponto de viragem no mandato de Milei permitindo-lhe avançar com o seu programa de governo com maior apoio parlamentar nos próximos dois anos de legislatura


Várias fontes

domingo, 26 de outubro de 2025

CRÍTICA DA UE E DA OTAN GANHA PRESIDÊNCIA IRLANDESA

A candidata independente Catherine Connolly há muito condena a pressão de Bruxelas para um maior investimento militar.


A candidata independente Catherine Connolly, uma defensora de longa data da neutralidade militar irlandesa e crítica da expansão da OTAN e da militarização da UE, venceu a eleição presidencial da Irlanda com uma vitória esmagadora.

A contagem dos votos ainda estava em andamento quando a principal rival de Connolly, Heather Humphreys, admitiu a derrota depois de as primeiras contagens a mostrarem a perder por uma ampla margem. Os resultados preliminares colocam Connolly à frente por 63% a 29%.

"Catherine será uma presidente para todos nós e ela será a minha presidente" Humphreys disse aos jornalistas.

O primeiro-ministro irlandês, Micheal Martin, também felicitou formalmente Connolly pelo que disse ser "uma vitória eleitoral muito abrangente".

Embora independente, a ex-presidente da câmara de Galway, de 68 anos, foi apoiada por grandes partidos de esquerda, incluindo o Sinn Fein e o Trabalhista.

O sucesso de Connolly foi amplamente atribuído à captação do voto dos jovens, divulgação eficaz e presença nas redes sociais, em meio à crescente raiva sobre as crises habitacional e de custo de vida da Irlanda.

Durante a campanha, ela enfatizou a neutralidade irlandesa e criticou o esforço da UE para expandir a militarização à custa do bem-estar social. Embora crítica da Rússia no conflito na Ucrânia, argumentou que o "belicismo" da OTAN desempenhou um papel na crise.

No mês passado, Connolly comparou o esforço da Alemanha para impulsionar a sua economia "defendendo a causa do complexo industrial militar" ao seu rearmamento na década de 1930 sob os nazis. "Parece-me que existem alguns paralelos com os anos 30", disse ela numa discussão na University College Dublin.

Moscovo há muito critica o aumento militar acelerado de Bruxelas, argumentando que a UE estava essencialmente a transformar-se numa extensão agressiva, militar e política da OTAN.

Embora o presidente seja o chefe de Estado formal na Irlanda, uma democracia parlamentar, o papel é visto como amplamente simbólico. No entanto, a presidência detém alguns poderes importantes, incluindo a capacidade de encaminhar projectos de lei ao tribunal superior do país para determinar a constitucionalidade, bem como o poder de dissolver a câmara baixa do parlamento e convocar novas eleições no caso de um primeiro-ministro perder o apoio da maioria.


Fonte RT

Tradução RD

A NATO DEVORA OS SEUS PRÓPRIOS… ATENTADOS TERRORISTAS CONTRA A HUNGRIA E A ROMÉNIA POR IMPORTAREM PETRÓLEO RUSSO?

A OTAN está em guerra consigo mesma e contra a paz na Europa. A longa e suja história da Operação Gladio e do terrorismo da OTAN na Europa está mais uma vez próxima.


A guerra por procuração liderada pelos EUA contra a Rússia está a expandir-se para os territórios dos estados membros da União Europeia e da OTAN. Notavelmente, parece que o bloco militar da OTAN está em guerra consigo mesmo.

A Hungria está a condenar a Polónia por "psicose de guerra" e apoio ao terrorismo de Estado.

Esta semana, duas grandes instalações de refinarias de petróleo na Hungria e na Roménia foram atingidas por poderosas explosões no mesmo dia, segunda-feira. O primeiro ocorreu na refinaria Petrotel-Lukoil, a norte da capital romena, Bucareste. Horas depois, a principal refinaria da Hungria em Százhalombatta, a sul da capital, Budapeste, foi explodida. Ainda não foi determinado o que causou as explosões. Mas o tempo quase simultâneo tornaria os acidentes técnicos extremamente improváveis. Por outras palavras, os incidentes foram sabotagem terrorista.

O contexto também é altamente indicativo. No mesmo dia, uma refinaria de petróleo da Rosneft no Oblast do Volga, na Rússia, em Novokuibyshevsk, foi encerrada, supostamente após um ataque de drone.

Assim, os ataques devem ser vistos como parte da campanha dirigida pela OTAN para paralisar a indústria petrolífera da Rússia.

Além disso, esta semana, o governo Trump revelou sanções provocativas contra as empresas russas de petróleo e gás, Lukoil e Rosneft. O regime de Kiev e os seus aliados europeus da OTAN têm pedido a Trump que imponha mais sanções à Rússia. Trump enquadrou as medidas económicas escaladas como uma forma de pressionar a Rússia a encerrar a guerra na Ucrânia. No entanto, a realidade é que a guerra económica é apenas mais uma arma para provocar a derrota estratégica da Rússia sob o disfarce cínico de "pacificação".

A Comissão Europeia reforçou esta semana os seus planos de encerrar todas as importações russas de petróleo e gás para a UE, revertendo décadas de comércio de energia produtivo.

A Hungria e a Eslováquia e, em menor grau, a Roménia, permaneceram em desacordo com a política da OTAN e da UE de guerra por procuração contra a Rússia. Estes países estão sob intensa pressão para cortar as suas importações de petróleo russo.

Nos últimos meses, o regime de Kiev, dirigido pela OTAN, intensificou os ataques aéreos de longo alcance contra a infra-estrutura energética russa. O oleoduto Druzhba (Amizade) foi atingido em Agosto, o que cortou temporariamente o fornecimento para a Hungria e a Eslováquia.

Os governos húngaro e eslovaco desafiaram abertamente a campanha de pressão, insistindo que os seus países não deixarão de importar petróleo russo, que, segundo eles, é um interesse nacional vital para as suas economias e sociedades. Os países sem litoral achariam difícil e caro substituir os fornecimentos russos.

O que é notável sobre as explosões desta semana é que a campanha de sabotagem tem agora como alvo os territórios dos estados europeus, não apenas a infra-estrutura russa que abastece esses estados.

O que é ainda mais chocante é que as potências europeias alinhadas à OTAN estão a apoiar os ataques à Hungria, Roménia e Eslováquia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia, Radoslaw Sikorski, disse à Hungria esta semana que esperava que o gasoduto Druzhba fosse totalmente retirado "para parar a máquina de guerra de Putin".

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, denunciou a Polónia pela sua "psicose de guerra". Num comício pela paz em Budapeste esta semana, Orbán declarou: "A Hungria diz NÃO à guerra! Não vamos morrer pela Ucrânia. Não enviaremos os nossos filhos para o matadouro sob o comando de Bruxelas."

A explosão da infra-estrutura de energia civil na Europa não é inédita. O que está a acontecer na Hungria e na Roménia é uma repetição da explosão dos gasodutos Nord Stream em Setembro de 2022, que os EUA e outros agentes da OTAN realizaram para cortar o combustível russo da Alemanha.

Esta semana, o primeiro-ministro da Polónia, Donald Tusk, comemorou o terrorismo do Nord Stream como um ataque legítimo contra a Rússia "por invadir a Ucrânia".

Ao que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria, Péter Szijjártó, respondeu chamando-lhe "escandaloso". Ele acrescentou: "De acordo com a Polónia, se não gosta de uma infra-estrutura na Europa, pode explodi-la. Com isso, eles deram permissão antecipada para ataques terroristas na Europa ... é a isso que o Estado de direito europeu chegou."

Após os ataques de Agosto ao oleoduto Druzhba, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria acusou a liderança europeia em Bruxelas de dar luz verde ao regime de Kiev para realizar ataques terroristas. A ausência de condenação de Kiev por parte de Bruxelas foi extraordinária.

Agora, a psicose de guerra culminou em ataques terroristas no território real dos estados europeus.

Não pode haver dúvida de quem são os culpados por trás da campanha de terror. Os drones podem descolar do território ucraniano, mas a logística, o planeamento e o direccionamento exigem o envolvimento da OTAN no mais alto nível, assim como os ataques do Nord Stream e os ataques profundos em andamento em território russo. As probabilidades de apostas implicam a CIA, o MI6 e os seus substitutos polacos e bálticos.

Outro factor é a oferta da Hungria de sediar uma cimeira entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, para discutir o fim da guerra por procuração. A cimeira foi cancelada esta semana, na quarta-feira, aparentemente por Trump, no momento em que ele anunciava novas sanções duras à indústria petrolífera da Rússia. Mas na semana passada, quando a reunião foi proposta, as potências da OTAN ficaram irritadas com a iniciativa diplomática.

Szijjarto, da Hungria, escreveu: "A partir do momento em que a Cimeira da Paz em Budapeste foi anunciada, era óbvio que muitos fariam todo o possível para impedir que isso acontecesse. A elite política pró-guerra e os seus meios de comunicação comportam-se sempre dessa maneira perante eventos que podem ser decisivos entre a guerra e a paz. Não será diferente desta vez. Até que a Cimeira realmente aconteça, espere uma vaga de fugas de informação, notícias falsas e declarações alegando que isso não acontecerá."

O ministro dos Negócios Estrangeiros poderia aumentar a vaga de tácticas de oposição — "ataques terroristas" na Hungria, Eslováquia, Roménia e em qualquer outro lugar onde as pessoas peçam paz e o fim da psicose de guerra.

A guerra por procuração que o bloco da OTAN liderado pelos EUA instigou contra a Rússia, que Trump também impulsionou durante o seu primeiro mandato, sempre foi sobre tentar derrotar estrategicamente a Rússia, incluindo o uso de um proxy militar na Ucrânia e uma guerra económica. A lógica dessa estratégia criminosa inclui explodir e sacrificar os chamados aliados, se necessário. As economias alemã e europeia estão em ruínas para satisfazer o eixo liderado pelos EUA e os seus objectivos geopolíticos, dos quais as elites europeias são asseclas. O Nord Stream é retirado e agora as refinarias de petróleo na Hungria e na Roménia. O que vem a seguir?

Noutro desenvolvimento sinistro esta semana, um homem foi preso por tentar assassinar Robert Fico, da Eslováquia, no ano passado. O seu agressor era pró-Ucrânia e atacou Fico por ser "pró-russo".

A lógica nefasta da máquina de guerra dos EUA conhecida como OTAN, absurdamente a autodeclarada "defensora" da aliança ocidental transatlântica, é comer a sua própria quando as prioridades estratégicas exigem.

A OTAN está em guerra consigo mesma e contra a paz na Europa. A longa e suja história da Operação Gladio e do terrorismo da OTAN na Europa está mais uma vez próxima.


Fonte SCF


Tradução RD



sábado, 25 de outubro de 2025

ELEIÇÕES DE AMANHÃ NA ARGENTINA COM JAVIER MILEI EM XEQUE

A oposição, liderada por figuras tradicionais do peronismo e por alguns sectores da esquerda moderada, apresenta-se agora como o principal contraponto ao radicalismo de Milei, defendendo um modelo de reconstrução do Estado e de recuperação do poder de compra, e acusa o presidente de estar a transformar a Argentina num laboratório de experiências económicas ao serviço do capital estrangeiro e dos grandes investidores


As eleições legislativas que terão lugar amanhã realizam-se num momento de grande incerteza política e económica para a Argentina, o presidente Javier Milei, que subiu ao poder com um discurso de ruptura total com o sistema e de promessa de libertar o país daquilo a que chamou “casta política”, vê agora a sua própria base de apoio vacilar perante a dureza das suas medidas e o impacto social das políticas de austeridade que tem imposto

Quando Milei assumiu a presidência em finais de 2023, o país vivia um colapso económico e uma inflação que parecia fora de controlo, e muitos argentinos, fartos de décadas de promessas peronistas não cumpridas, viram no seu discurso agressivo e liberal uma última esperança de mudança, contudo, as reformas aplicadas — cortes na despesa pública, privatizações aceleradas e desmantelamento de programas sociais — provocaram um mal-estar generalizado e uma crescente rejeição popular, sobretudo nas regiões mais pobres e nas classes médias urbanas

O entusiasmo inicial que cercou a sua vitória evaporou-se rapidamente, e nas últimas semanas o clima eleitoral tornou-se desfavorável, as sondagens apontam para um recuo acentuado do apoio à coligação presidencial e para um fortalecimento das forças opositoras, em particular da coligação peronista, que, embora dividida internamente, tem conseguido reorganizar-se sob a bandeira da defesa dos direitos sociais e da soberania nacional

A oposição, liderada por figuras tradicionais do peronismo e por alguns sectores da esquerda moderada, apresenta-se agora como o principal contraponto ao radicalismo de Milei, defendendo um modelo de reconstrução do Estado e de recuperação do poder de compra, e acusa o presidente de estar a transformar a Argentina num laboratório de experiências económicas ao serviço do capital estrangeiro e dos grandes investidores, os quais, dizem, beneficiam do caos interno e da desvalorização do peso, enquanto o povo argentino paga a factura da crise

Os opositores denunciam ainda a crescente concentração de poder no executivo, o uso excessivo de decretos presidenciais e a perseguição a sindicatos e movimentos sociais, práticas que, segundo vários juristas, colocam em risco a própria democracia argentina e recordam períodos sombrios da história do país, o peronismo, apesar de desgastado, surge assim como um movimento de resistência e de tentativa de reorganização institucional, e os seus líderes esperam que as eleições legislativas sirvam para travar a ofensiva ultraliberal do governo e abrir um novo ciclo político

No plano económico, Milei apresenta como trunfo o abrandamento da inflação e o controlo relativo das contas públicas, mas esses números, embora positivos em aparência, escondem o agravamento da pobreza e o aumento do desemprego, a promessa de estabilidade transformou-se numa realidade de estagnação, e as famílias argentinas enfrentam hoje uma carestia sem precedentes, enquanto os grandes sectores exportadores continuam a beneficiar das políticas de desregulação

Além da crise económica e social, o presidente enfrenta também o desgaste político dentro do Congresso, onde a sua coligação não dispõe de maioria sólida e depende de alianças frágeis para aprovar reformas, o que o tem levado a confrontos constantes com deputados provinciais e com o Senado, e a uma tensão institucional que ameaça paralisar o governo, a falta de diálogo e o estilo confrontacional do presidente, aliado à sua tendência para insultar adversários, agravam o isolamento político de Milei e afastam possíveis aliados

Amanhã, os argentinos irão às urnas com um sentimento misto de desencanto e de expectativa, conscientes de que estas eleições podem definir o rumo do país nos próximos anos, se Milei perder peso parlamentar, verá reduzida a capacidade de continuar com o seu programa de choque, se, pelo contrário, conseguir reforçar a sua posição, poderá avançar com medidas ainda mais duras e com um projecto de privatizações em larga escala, num contexto em que o descontentamento popular já se manifesta nas ruas e nas redes sociais

A oposição peronista aposta na recuperação de um discurso social que volte a dar esperança aos trabalhadores e aos sectores mais castigados pelas políticas de ajuste, enquanto novos movimentos cívicos e universitários começam a surgir em defesa da educação pública e dos direitos laborais, mostrando que, apesar do ambiente de descrença, há na Argentina uma resistência viva que tenta preservar o tecido democrático e a dignidade nacional, num momento em que o país parece dividido entre a promessa de uma modernidade sem freios e o risco de uma fragmentação social profunda


Várias fontes



A FUTURA ORDEM MUNDIAL DEPENDERÁ DA GUERRA POR PROCURAÇÃO NA UCRÂNIA

O avanço gradual da Rússia na região de Donbass parece estar a formar um cerco operacional da última grande linha de defesa da Ucrânia, o seu "cinturão de fortalezas", um desenvolvimento que pode decidir não apenas o destino da guerra, mas também a forma da nova ordem mundial.


Por Brian Berletic

Nas últimas semanas, as forças russas cercaram gradualmente as cidades de Pokrovsk, no centro de Donetsk, enquanto se aproximavam de Lyman e Siversk, mais a norte. Olhando para os vários projectos de mapeamento em directo que estão a acompanhar o conflito em curso na Ucrânia, um movimento de pinça parece estar a formar-se, que alguns analistas acreditam que poderia constituir um cerco em larga escala do que resta do "cinturão fortificado" da Ucrânia na região de Donbass.

Composto por vários centros urbanos fortemente defendidos, de Kostiantynivka a Kramatorsk e Sloviansk, mais a norte, perto de Lyman, o cinturão fortificado remanescente da Ucrânia provavelmente inclui milhares, senão dezenas de milhares, de tropas ucranianas. O seu cerco pelas forças russas infligiria uma derrota catastrófica à Ucrânia e seus patrocinadores americanos e significaria a realização de um importante objectivo russo na sua Operação Militar Especial (SMO) em curso: a captura total da região de Donbass.

Nas próximas semanas e meses, o destino desta operação militar será decidido, tanto no campo de batalha na região de Donbass, muito para além, nas profundezas estratégicas da Ucrânia e da Rússia, quanto ao nível geopolítico global.

As realidades de um grande "cerco" do Donbass

Embora muitos possam imaginar um cerco físico do cinturão fortificado da Ucrânia, ao estilo da Segunda Guerra Mundial, por colunas rolantes de unidades blindadas e infantaria russas, o cerco provavelmente assumirá a forma de um envolvimento operacional em vez de físico.

De forma mais ampla, a resposta dos EUA, que muda de um bloqueio militar para uma guerra económica contra os parceiros globais da Rússia, confirma que este conflito sempre foi apenas uma parte de uma estratégia muito mais ampla dos EUA para eliminar seus rivais e manter sua primazia no mundo.

As forças terrestres russas continuarão seu avanço gradual ao longo da linha de contacto, aproximando-se, sitiando e, eventualmente, tomando cidades e aldeias controladas pela Ucrânia, para garantir que os salientes emergentes estejam bem protegidos contra contra-ataques ucranianos, bem como o tipo de cerco operacional que a própria Rússia impôs e procura continuar a impor às forças ucranianas.

Pelo contrário, as capacidades de guerra de longo alcance da Rússia e, em particular, a guerra de drones, que evoluiu rapidamente em termos de qualidade e quantidade, permitirão atingir as linhas de comunicação da Ucrânia em toda a retaguarda do seu cinturão de fortificação restante. Com a inevitável queda de Pokrovsk para as forças russas no centro de Donetsk e as forças russas a aproximarem-se de Lyman a norte, os drones russos FPV (visão em primeira pessoa) e de fibra óptica estarão ao alcance de praticamente tudo no meio.

O cerco de Pokrovsk e o saliente emergente que se estende para norte e alcança quase directamente a oeste de Kostiantynivka já comprometeram a logística da própria Kostiantynivka. À medida que as forças russas consolidam seu controlo nesta região, as operações de drones visando a logística de Kramatorsk e Slavyansk tornar-se-ão cada vez mais eficazes, assim como as forças russas a fazer o mesmo, movendo-se de norte a sul perto de Lyman e Siversk.

Quanto mais próximas estas pinças chegarem umas das outras, mais eficaz será o cerco operacional e mais precárias se tornarão as posições ucranianas.

Assim como Pokrovsk não precisa de ser completamente cercada fisicamente pelas forças russas para comprometer severamente a logística ucraniana e, assim, enfraquecer as posições defensivas dentro da cidade, a Rússia não precisa necessariamente cercar fisicamente a secção Kramatorsk-Slavyansk do cinturão fortificado ucraniano para comprometer severamente as posições logísticas e militares dentro dele.

Em alguns aspectos, o cerco operacional seria preferível ao cerco físico.

Como a Rússia está essencialmente a travar uma guerra de atrito com o objectivo de desmilitarizar a Ucrânia, em vez de se concentrar em tomar território rapidamente, está a tentar forçar a Ucrânia a comprometer enormes reservas em Pokrovsk e noutros lugares ao longo do cinturão de fortalezas para lidar com posições militares russas bem estabelecidas e fogo de longo alcance.

Um rápido avanço russo em direcção ao Dnieper ou além seria caro e permitiria que o que resta das forças ucranianas operasse cada vez mais perto da sua própria base de apoio material ao longo da fronteira com a NATO. Em vez disso, a Ucrânia é forçada a enviar continuamente tropas e equipamentos para a actual linha de contacto, onde a Rússia os destrói.

Acções ocidentais no campo de batalha e além

A média ocidental aceita agora que a Rússia está a travar e a vencer decisivamente esta guerra de atrito e que há pouco que os EUA e seus estados clientes europeus possam fazer para a deter, pelo menos em termos de apoio militar contínuo às forças ucranianas.

É por isso que os Estados Unidos e a Europa insistiram num cessar-fogo e no que seria essencialmente um congelamento "Minsk 3.0" durante o qual o Ocidente colectivo desenvolveria a sua própria produção industrial militar e, assim como nos primeiros acordos de Minsk, reconstruiria as forças armadas ucranianas em preparação para a próxima ronda de hostilidades.

A rejeição da Rússia a um cessar-fogo e a continuação da sua operação militar bem-sucedida na Ucrânia forçaram os Estados Unidos a intensificar seus esforços no campo de batalha e a recorrer a meios fora do campo de batalha na Ucrânia para impor um congelamento ou, na falta disso, aumentar o custo de continuar a operação militar especial para a Rússia tanto quanto possível.

Uma opção tem sido a ameaça de enviar mísseis de cruzeiro Tomahawk para a Ucrânia. Embora não seja em si uma capacidade de vencer a guerra, a sua introdução aumentaria mais uma vez gradualmente o custo de continuar o conflito para a Rússia, forçando-a a reorganizar suas defesas aéreas para se defender mais profundamente dentro do território russo e possivelmente retardando o progresso das operações ao longo da linha da frente. Os mísseis também podem atingir e infligir danos em maior escala à infra-estrutura industrial e energética russa do que os ataques de drones e mísseis liderados pelos EUA.

Paralelamente a esta escalada no campo de batalha, os EUA também ameaçaram impor uma série de sanções e tarifas visando a própria Rússia e seus parceiros comerciais mais próximos, particularmente Índia e China.

Estas ameaças visam forçar a Índia ou a China (idealmente ambas) a escolher o acesso aos mercados dos EUA e seu sistema financeiro global dominado pelo dólar americano em vez do comércio com a Rússia, isolando assim esta última e tornando infinitamente mais difícil continuar suas operações militares na Ucrânia. Se a Índia e a China cedessem às demandas dos Estados Unidos e a Rússia se encontrasse isolada ou mesmo em colapso económico e político, isso isolaria ainda mais a Índia e a China, que é um elemento-chave da estratégia americana e seu objectivo final de impedir que todos os rivais (aliados ou adversários) ganhem importância.

Se a Índia e a China permanecessem firmes, as sanções e tarifas impostas pelos Estados Unidos causariam danos de curto prazo à Índia e à China, mas também aos próprios Estados Unidos. A escalada significativa de Washington em termos de sanções e tarifas generalizadas pode acelerar a tendência de longo prazo em direcção a uma ordem económica multipolar.

O desafio imediato para países como Índia e China, que se encontram isolados do dólar americano e dos mercados ocidentais, exige que eles diversifiquem rapidamente seus sistemas comerciais e financeiros, um processo já em andamento desde a criação dos BRICS. Esta pressão estratégica adicional dos Estados Unidos, que visa infligir sofrimento de curto prazo à Rússia, está involuntariamente a encorajar e a acelerar o desenvolvimento de alternativas não ocidentais, incluindo o dólar americano e os sistemas de pagamento dominados pelos EUA.

A batalha pelo cinturão fortificado da Ucrânia é, portanto, um microcosmo da guerra por procuração mais ampla que os Estados Unidos estão a travar na Ucrânia contra a Rússia – uma operação militar lenta e trabalhosa que tem consequências geopolíticas de longo alcance. O resultado desta batalha deve selar o resultado geral do próprio conflito ucraniano. De forma mais ampla, a resposta dos EUA, que muda de um bloqueio militar para uma guerra económica contra os parceiros globais da Rússia, confirma que este conflito sempre foi apenas uma parte de uma estratégia muito mais ampla dos EUA para eliminar seus rivais e manter sua primazia no mundo.

Os próximos meses serão decisivos não apenas para o conflito em curso na Ucrânia, mas também para a ordem mundial emergente como parte do conflito mais amplo que os Estados Unidos estão a travar não apenas contra a Rússia, mas também contra todo o mundo multipolar.


Fonte:  New Eastern Outlook

Tradução RD



sexta-feira, 24 de outubro de 2025

A DERROTA DO SIONISMO COMEÇOU

Mais de 60% dos inquiridos consideram que as acções de Israel em Gaza foram excessivas. Isso, nos Estados Unidos - país onde a palavra “Israel” foi durante décadas sinónimo de virtude -, é uma revolução interior. Não nasceu dos gabinetes, mas da fadiga moral.



Há datas que, vistas à distância, se revelam marcos silenciosos de uma viragem histórica. O dia 22 de Outubro de 2025 talvez venha a ser lembrado como um desses momentos discretos em que uma hegemonia moral começou a ruir.

Uma sondagem Reuters revelou que 59% dos americanos defendem que os Estados Unidos devem reconhecer o Estado da Palestina. Entre os Democratas, o número é esmagador: 80%. Mesmo entre os Republicanos, 41% dizem o mesmo. É uma mudança profunda - não apenas estatística, mas civilizacional. Durante décadas, apoiar Israel foi quase um ritual de fidelidade ideológica na política americana. Agora, pela primeira vez, o coração moral dos Estados Unidos começa a bater fora do eixo sionista.

A erosão de um mito

Durante mais de meio século, o sionismo conseguiu sustentar-se sobre um tripé: a memória do Holocausto, o apoio incondicional de Washington e o medo coletivo de ser acusado de antissemitismo. Com o tempo, esse tripé foi corroído por uma força que nem exércitos nem censura conseguem conter: a verdade observável.

A cada bombardeamento em Gaza transmitido ao vivo, a cada imagem de um colono armado, a cada mãe palestiniana a chorar por um filho, o mito moral de Israel foi-se desfazendo. O que antes era visto como defesa legítima passou a ser percebido como ocupação sistemática. E o que antes se chamava “segurança nacional” tornou-se sinónimo de vingança sem limite.

Hoje, já não é possível sustentar que o sionismo é apenas o direito à existência do povo judeu. O mundo compreendeu que ele se tornou, na sua versão política contemporânea, um projecto de supremacia territorial e de exclusão - um nacionalismo religioso armado que traiu os valores éticos e espirituais do próprio judaísmo.

Os americanos acordam

A sondagem da Reuters é, nesse sentido, um sismógrafo moral. Mostra que a consciência coletiva dos EUA está a mover-se - lentamente, mas de forma irreversível. A geração que cresceu a ouvir falar do “milagre israelita” agora vê um Estado que se comporta como potência ocupante e um povo palestiniano que encarna o papel de vítima que outrora cabia aos judeus perseguidos da Europa.

Mais de 60% dos inquiridos consideram que as acções de Israel em Gaza foram excessivas. Isso, nos Estados Unidos - país onde a palavra “Israel” foi durante décadas sinónimo de virtude -, é uma revolução interior. Não nasceu dos gabinetes, mas da fadiga moral.

Do excesso de sangue e da saturação de narrativas oficiais. Nasceu, sobretudo, da impossibilidade de conciliar o discurso de liberdade com a prática de ocupação.

A crise da narrativa sionista

O sionismo foi, em tempos, um movimento de redenção. Hoje, é um movimento de poder. E como todos os projectos de poder, perdeu a sua inocência e o seu propósito original. A retórica da sobrevivência tornou-se a máscara da expansão; a religião, um álibi político; e o medo, a moeda de troca de um governo que há muito se divorciou da moral.

O governo de Netanyahu representa o auge e o colapso dessa lógica: um Estado que se tornou refém da sua própria narrativa de ameaça existencial, e que já não consegue distinguir entre defesa e destruição. O resultado é trágico: Israel transformou-se no que jurou combater - um Estado que semeia o terror em nome da segurança. E ao fazê-lo, rompeu o elo simbólico que o ligava à consciência ocidental.

A hora da aprendizagem

O que vem a seguir não é o desaparecimento de Israel, mas a morte política do sionismo como ideologia de Estado. A sociedade israelita terá de olhar-se ao espelho e perguntar-se: como foi possível que a promessa de um lar para os perseguidos se tornasse num pesadelo para os vizinhos? Como foi possível que a fé na justiça divina servisse para justificar o bombardeamento de inocentes?

Essas perguntas são dolorosas, mas inevitáveis. E terão de ser respondidas não pelos inimigos de Israel, mas pelos próprios israelitas, se quiserem reencontrar a sua dignidade moral. Porque um país pode vencer todas as guerras e ainda assim perder a sua alma.

Um novo tempo

Enquanto os políticos continuam a repetir o vocabulário gasto da “defesa”, da “segurança” e do “direito à existência”, as ruas, as universidades e até parte do Congresso americano começam a falar uma nova linguagem: a da justiça, dos direitos humanos e da memória partilhada. O sionismo está a ser derrotado não por mísseis, mas por consciências. E essa derrota - invisível, silenciosa, irreversível - é talvez o primeiro passo real para a paz.

Quando a América acorda, o mundo inteiro começa a sonhar diferente. E, neste despertar, o sionismo descobre que já não tem o monopólio da dor, nem o privilégio da desculpa. A derrota começou - e, como toda derrota moral, nasceu do excesso de poder e da falta de compaixão. 

Mas ainda não é tempo de baixar os braços. O sionismo ainda respira e, enquanto respirar, não se pode dar tréguas para o abafar e calar. Por isso é importante continuar a pressão pelo Estado da Palestina.




quinta-feira, 23 de outubro de 2025

OFICIAIS MILITARES FRANCESES DECLARAM GUERRA À RÚSSIA?

Os membros da UE, com excepção da Hungria e da Eslováquia, são liderados por políticos que se estão a afundar cada vez mais numa espiral de guerra contra a Rússia, por agora – ainda – com base em declarações bélicas e decisões de sanções.


Por Philippe Rosenthal

Os seus meios de comunicação e jornalistas assumem o controlo, permitindo que oficiais superiores discutam em frente dos telespectadores ao ponto de os deixar usar vocabulários de ódio que são estritamente proibidos nos seus países. Agora é a vez dos oficiais militares franceses usarem termos de declarações de guerra à Rússia quando a verdadeira ameaça aos povos da Europa está em Bruxelas e sob controlo alemão.

O ódio contra a Rússia é apresentado como uma coisa normal na UE. "Ele está a travar uma guerra contra nós porque nos odeia", declarou o general Michel Yakovleff, ex-chefe de gabinete da NATO Shape, falando de Putin no LCI. É o discurso que incita outras pessoas a ter uma reacção odiosa ou violenta. É incitamento ao ódio, violência ou discriminação. Tais palavras ou conteúdo são feitos ou exibidos em público. O incentivo é público. A França convida os franceses a apresentarem uma queixa neste caso por incitamento ao ódio, à violência ou à discriminação.

Anteriormente, o general Pierre Schill, chefe do Estado-Maior do Exército, insistiu em entrevista à RTL: "A ameaça russa na Europa" é "a maior".

Schill diz que "tudo pode mudar". E muito rapidamente, "já esta manhã". "Estamos num mundo em que o uso da força está mais uma vez a tornar-se algo que pode parecer normal para algumas grandes potências", acrescentou, citando também a ameaça iraniana, mas não a israelita. "Vimos as incursões de drones nas últimas semanas, os sobrevoos de caças russos", disse ele, sem ter provas de drones russos e sem mencionar que aviões russos estavam a voar – talvez – num corredor neutro sobre o Mar Báltico.

No mesmo dia, Fabien Mandon, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, acredita que o exército francês deve estar "pronto para um choque em três, quatro anos" contra a Rússia.

O grave é que ele afirma que "esta guerra foi iniciada pela Rússia", enquanto desde a Revolução Laranja na Ucrânia no Euromaidan, a NATO e as forças políticas da UE estão envolvidas neste conflito que se abriu em 2014 no Donbass e pela invasão das tropas russas na Ucrânia em Fevereiro de 2022 como parte de uma operação especial, uma vez que os canais diplomáticos desejados por Moscovo não foram respeitados pelo Ocidente, incluindo o governo Biden na época.

Paralelamente às intervenções dos generais Schill e Mandon, há a dos líderes políticos da UE. Assim que o anúncio de uma reunião Putin/Trump na UE em Budapeste, o Conselho Europeu anunciou seu apoio à Ucrânia e ameaçou a Rússia: "As tácticas dilatórias da Rússia mostraram repetidamente que a Ucrânia é a única parte que leva a paz a sério. Todos podemos ver que Putin continua a escolher a violência e a destruição"; "Estamos, portanto, convencidos de que a Ucrânia deve estar na posição mais forte possível – antes, durante e depois de qualquer cessar-fogo"; "Devemos intensificar a pressão sobre a economia russa e sua indústria de defesa até que Putin esteja pronto para fazer a paz. Estamos a desenvolver medidas para aproveitar o valor total dos activos soberanos ociosos da Rússia para que a Ucrânia tenha os recursos de que precisa."

O Conselho Europeu decide, em vez de reduzir as tensões, sobre o 19.º pacote de sanções contra a Rússia, visando a energia russa, bancos (financeiros) em países terceiros e provedores de criptomoedas.

O Conselho Europeu anuncia que está a quebrar a diplomacia, confirmando a vontade da UE de ir à guerra contra a Rússia: "O Conselho está também a reforçar o controlo do movimento de diplomatas russos em toda a UE".

Usando a inversão contraditória, a UE fecha os olhos aos ataques diários da Ucrânia no interior da Rússia: "O pacote de hoje vem em resposta à escalada da agressão da Rússia contra a Ucrânia". Inversão acusatória e notícias falsas são as técnicas empregadas pelo Ocidente e seus meios de comunicação, que Trump acaba de denunciar após a publicação do Wall Street Journal alegando que "os Estados Unidos estão a suspender uma restrição fundamental ao uso de mísseis europeus de longo alcance pela Ucrânia". "O artigo do Wall Street Journal sobre os EUA aprovarem a autorização da Ucrânia para usar mísseis de longo alcance na Rússia é uma notícia falsa!" diz Trump.

A acusação de Trump de notícias falsas sobre sua autorização para bombardear a Rússia em profundidade revela que um movimento poderoso, envolvendo políticos ocidentais e a grande média, está a agir para inviabilizar a chance de um encontro entre a Rússia e os Estados Unidos.

As notícias falsas são anunciadas por políticos da UE, pelos principais meios de comunicação ocidentais e, ainda mais grave, por generais como verdades que afirmam que "a ameaça russa na Europa" é "a maior".



Fonte: https://www.observateur-continental.fr

Tradução RD