
A China “exorta os Estados Unidos a não comprometerem a segurança da navegação, a liberdade e os interesses da Venezuela de acordo com o direito internacional.
Por Al-Manar
Pela primeira vez na história recente, a China decidiu enviar uma frota militar para proteger directamente a Venezuela contra uma ofensiva anunciada pelos Estados Unidos, revelou o site Capital da Economia. De acordo com este último, este acontecimento marca um confronto frontal entre duas superpotências mundiais e pode muito bem abrir caminho a uma nova Guerra Fria.
O site recorda que Pequim, que já investiu mais de 70 mil milhões de dólares no país, pretende defender o seu aliado estratégico, os seus interesses energéticos e, acima de tudo, a sua imagem como uma nova potência global capaz de desafiar os Estados Unidos mesmo na sua zona directa de influência.
Este conflito não é uma crise como qualquer outra. O que está em jogo hoje na Venezuela ultrapassa as fronteiras da América Latina. Trata-se de um cabo de guerra global entre Washington e Pequim que pode remodelar a geopolítica do século XXI.
Implantação americana e o pretexto da luta contra as drogas
A China criticou a implantação, por parte de Washington, dos destróieres da Marinha USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson perto da costa da Venezuela no final de Agosto.
Sublinhando que tal “prejudica seriamente” a paz regional, Pequim advertiu Washington para não interferir nos assuntos internos deste país latino-americano.
Expressando dúvidas sobre as alegações americanas para justificar este destacamento, o porta-voz do seu Ministério de Estado acusou os Estados Unidos de, sob o “pretexto da luta contra a droga”, terem implantado forças militares perto da Venezuela, afundado navios e detido barcos de pesca venezuelanos, o que “causou tensões na região”.
A China “exorta os Estados Unidos a não comprometerem a segurança da navegação, a liberdade e os interesses da Venezuela de acordo com o direito internacional, de modo a estabilizar a paz e a segurança”, acrescentou.
Desde o governo de Hugo Chávez, a Venezuela forjou laços militares estreitos com Pequim. Foi um dos primeiros países da ALC a comprar equipamento militar chinês. Os seus militares foram treinados na China e participaram em exercícios militares chineses. Actualmente, a China é o principal fornecedor de armas a Caracas, de acordo com a Direcção-Geral das Relações Internacionais e da Estratégia do Ministério das Forças Armadas de França.
Segundo o Capital de l’Économie, uma questão crucial domina todos os debates: os Estados Unidos atrever-se-ão a confrontar directamente a China no seu próprio “quintal” estratégico? Ou conseguirá Pequim impor um mundo multipolar, protegendo Caracas das ameaças americanas?
Nos últimos anos, a República Popular da China (RPC) reforçou significativamente a sua presença na América Latina e nas Caraíbas (ALC).
Tem concentrado os seus esforços em determinados sectores estratégicos de importância económica e geopolítica. Essa presença crescente na ALC é impulsionada pela busca de recursos naturais, pelo desejo de expandir a sua influência económica e pela intenção de contrabalançar a dos Estados Unidos na região, dado que alguns países latino-americanos procuram usar essa rivalidade em seu benefício.
Navios entre a Austrália e a Nova Zelândia
Em Fevereiro passado, três navios chineses cruzaram o Mar da Tasmânia, que separa a Austrália da Nova Zelândia. “Nunca vimos navios com esta capacidade tão perto das nossas costas – navios equipados para combate aéreo, terrestre e marítimo”, escreveram oficiais militares da Nova Zelândia, segundo a AFP.
Entre essa frota encontrava-se um destróier da classe Renhai, um dos navios de guerra mais avançados do mundo e o “caça de superfície mais capaz” de Pequim, de acordo com a mesma fonte.
Navios chineses entre duas ilhas japonesas
Em Setembro passado, um porta-aviões chinês e dois navios de guerra navegaram entre duas ilhas japonesas, perto de Taiwan.
Segundo o Ministério da Defesa japonês, “é a primeira vez que foi confirmado que um porta-aviões pertencente à Marinha chinesa navegou nas águas entre Yonaguni e Iriomote [ilhas]”.
O Japão relatou, no início deste mês, a violação do seu espaço aéreo por aeronaves militares chinesas, bem como movimentos de navios de guerra chineses e outras embarcações.
Construção naval chinesa: 200 vezes maior que a dos EUA
A BBC observa que, nas últimas duas décadas, a China intensificou o investimento na construção naval, relatando que mais de 60% das encomendas globais deste ano foram feitas a estaleiros chineses.
Segundo a emissora britânica, a China constrói mais navios do que qualquer outro país porque consegue fazê-lo mais rapidamente do que qualquer outro.
“A capacidade de construção naval da China é cerca de 200 vezes maior do que a dos Estados Unidos”, afirma Nick Childs, especialista marítimo do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, sediado em Londres.
Este avanço considerável aplica-se igualmente à sua marinha. A China possui agora a maior marinha do mundo, com 234 navios de guerra em serviço, contra 219 da Marinha dos EUA.
Fonte: Al-Manar
Tradução RD
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