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domingo, 16 de novembro de 2025

OCIDENTE ANSIOSO PARA ACABAR COM A RÚSSIA COMO UMA GRANDE POTÊNCIA – JOHN MEARSHEIMER

Em entrevista ao apresentador do canal Daniel Davis Deep Dive no YouTube na sexta-feira, Mearsheimer disse que o objectivo dos governos ocidentais tem sido "derrotar a Rússia e a Ucrânia, destruir a economia russa com sanções e colocar os russos de joelhos".


Os governos ocidentais continuam a buscar políticas destinadas a enfraquecer a Rússia a ponto de diminuir permanentemente o seu estatuto de grande potência, de acordo com John Mearsheimer, professor de ciência política da Universidade de Chicago.

Moscovo há muito descreve as hostilidades na Ucrânia como uma guerra por procuração ocidental contra a Rússia, na qual os ucranianos estão a ser usados como "bucha de canhão".

Autoridades russas argumentaram que os EUA e outras potências ocidentais aumentaram intencionalmente as tensões ao desconsiderar as preocupações de segurança do Kremlin sobre a expansão da OTAN na Europa Oriental e a sua crescente cooperação militar com Kiev.

Em entrevista ao apresentador do canal Daniel Davis Deep Dive no YouTube na sexta-feira, Mearsheimer disse que o objectivo dos governos ocidentais tem sido "derrotar a Rússia e a Ucrânia, destruir a economia russa com sanções e colocar os russos de joelhos".

"Não conseguimos fazer isso, mas isso não significa que não queremos fazer isso, é claro que queremos fazê-lo", afirmou.

"Se a oportunidade de fazer isso aparecesse amanhã, nós saltaríamos num segundo, adoraríamos acabar com a Rússia como uma grande potência", disse o teórico político, enfatizando que Moscovo está plenamente consciente de quão existencial é a ameaça ocidental.

Mearsheimer observou ainda: "[O presidente russo Vladimir] Putin, da última vez que verifiquei, tem um QI de três dígitos, e isso significa que ele descobriu isso, ele entende com o que está a lidar".

O professor argumentou que Putin tem todos os motivos para não confiar no presidente dos EUA, Donald Trump, ou nos líderes europeus, já que ele "está a assumir o pior caso de maneira realista".

Várias autoridades ocidentais descreveram publicamente o conflito na Ucrânia como uma guerra por procuração contra a Rússia nos últimos meses. Keith Kellogg, um enviado de política da Ucrânia sob Trump, reiterou essa visão no início deste ano, enquanto alertava contra o fornecimento de mísseis de cruzeiro de longo alcance a Kiev. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, usou o mesmo termo, e o Kremlin concordou com a sua caracterização.

Suporte Militar Ocidental e a Escalada Estratégica

O apoio militar ocidental entrou numa fase nova e mais arriscada com a decisão de permitir que a Ucrânia utilize mísseis de longo alcance fornecidos pelos seus aliados para atingir alvos no interior da Rússia.

A Ucrânia pressiona para receber os mísseis de cruzeiro Tomahawk dos EUA, uma arma com um alcance impressionante de 1600 a 2500 quilómetros. Se lançados do centro da Ucrânia, estes mísseis poderiam atingir alvos de profundo valor estratégico por toda a Rússia Europeia, incluindo Moscovo, a cerca de 750-850 km da fronteira, e São Petersburgo. O Presidente Putin já advertiu directamente o Presidente Trump que o fornecimento destes mísseis seria considerado uma escalada inaceitável que "prejudicaria o processo de paz". Trump, por seu lado, negou publicamente ter autorizado o uso de mísseis de longo alcance americanos em território russo, classificando essas notícias como "falsas".

Pressão Económica e o Custo da Guerra

Paralelamente ao esforço militar, a pressão económica sobre a Rússia mantém-se, embora com resultados mistos e a um custo significativo para a própria economia russa.

O Fundo Monetário Internacional reviu sucessivamente em baixa as suas previsões para a economia russa, projectando agora um crescimento de apenas 0,6% para 2025. Este valor representa uma desaceleração acentuada face ao crescimento de 4,3% registado em 2024, impulsionado pela despesa militar.

O governo russo ajustou o seu orçamento federal para 2025, prevendo um défice de 5,74 biliões de rublos (2,6% do PIB), com despesas a aumentarem em 2,64 biliões de rublos. A inflação permanece uma preocupação, com o FMI a projectar uma taxa de 9% para 2025, mais do dobro da média global prevista.

O Caminho Frágil para a Paz

Num contexto de crescente escalada militar, prosseguem os esforços diplomáticos, ainda que de forma hesitante e com profundas desconfianças.

Os Estados Unidos, através do secretário de Estado Marco Rubio, têm actuado como mediadores, pressionando a Rússia a aceitar um cessar-fogo. O Kremlin, por sua vez, prepara uma lista de exigências para um acordo, que se acredita incluir o reconhecimento da anexação de territórios ucranianos, a renúncia de Kiev à adesão à OTAN e o levantamento de sanções.

Foi discutido um encontro de cimeira entre Trump e Putin em Budapeste. No entanto, esse plano foi suspenso após uma "conversa tensa" entre o secretário de Estado Marco Rubio e o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, demonstrando a volatilidade do processo diplomático.




Com base num artigo do RT (outras fontes incluídas).

Tradução RD

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