
Está em circulação o número 5, relativo ao primeiro semestre de 2025, da revista “Academia”, publicação da Academia Angolana de Letras (AAL). Com o tema de capa “Literaturas Africanas em Língua Portuguesa”, desde logo é de destacar a Nota do Editor, assinada pelo académico António Fonseca, que considera que a não subscrição por Angola do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 “talvez tenha sido um dos principais factos culturais que marcaram os 50 anos da nossa Independência”..
O Editor da revista “Academia” salienta que a não subscrição do Acordo “tratou-se, obviamente, de um acto de soberania em defesa da Língua Portuguesa, nosso património comum, que visou evitar os equívocos que decorrem dos alicerces em que aparentemente, basicamente tal acordo foi elaborado, o que pode levar a uma deriva da Língua Portuguesa”.
Num contexto em que a República de Angola celebra os 50 anos da sua Independência sob o signo da Independência Cultural, segundo António Fonseca, “talvez seja oportuno que os países que têm o português como língua oficial voltem a sentar-se e assumam a necessidade de revisão do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, isto para o bem de todos os nossos países e da própria Língua Portuguesa, na qual os erros decorrentes das alterações introduzidas no Acordo são inúmeros”. O académico e Editor do órgão oficial da Academia Angolana de Letras acrescenta que “importa dizer que cada um dos países que tem a Língua Portuguesa como sua língua oficial, tem as suas especificidades a que é preciso atender e respeitar”.
Entretanto, a Nota do Editor lembra que, dado que “se Angola soberanamente não subscreveu o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de 1990 (…), outros países membros da CPLP, subscreveram-no igualmente soberanamente”, isto para justificar o uso na revista de duas grafias, de acordo com a norma dos países de onde os autores colaboradores enviaram os seus artigos “e onde, portanto, estão sujeitos a cumprir as regras do Acordo que esteja em vigor”. Logo, o leitor encontrará na revista “textos escritos de harmonia com o Acordo de 1945 e textos de harmonia com o Acordo de 1990, alguns dos quais com variações brasileiras”.
Eis um apanhado dos títulos dos artigos, e respectivos autores, insertos nas várias secções temáticas da revista: “O contributo das mulheres anónimas na luta pela independência de Angola: nome, rosto e voz às protagonistas”, por Anabela Francisca do Nascimento Cunha; “A História de África na perspectiva dos ancestrais”, Vieira Mário Mauelele; “Angola e Brasil: irmãos d’além mar”, Dagoberto José Fonseca; “Ecos do luso-tropicalismo em Angola. O artigo de José Redinha sobre o 15 de Agosto de 1648”, João Ngola Trindade; “Dos grupos de carnaval ao Semba: um passeio pela história da música em Luanda na primeira metade do século XX”, Washington Nascimento; “Espaço e pobreza em bairros de Luanda”, Gilson Lázaro; “O papel da psicologia na formação e actuação dos docentes do ensino superior angolano: uma revisão bibliográfica sobre práticas, desafios e implicações pedagógicas”, Maria Adelina Lima do Nascimento Alberto; “Os comportamentos do líder como preditores de liderança: impactos positivos e negativos sobre o potencial criativo das pessoas nas organizações”, Fátima Tomás Dias dos Santos Gama.
“Literaturas africanas em língua portuguesa: o caso dos predecessores da literatura angolana”, Aníbal Simões; “Traduzimos o quê, para quem e para quê?”, Bento Sitoe; “A cidade de Luanda: uma viagem urbana e descolonial, na obra de Manuel”, Rui Luís Gaivão; “Verosimilhança em a Revolta da Casa dos Ídolos”, Adelino J. Mavinga; “Luandino Vieira e as vidas verdadeiras que ele inventa”, Rita Chaves; “Antropocentrismo, poéticas culturais e a crítica ao antropoceno na literatura angolana: uma leitura a partir de Luandino Vieira”, Abreu Paxe.
Fonte: Jornal de Angola
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