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O director do Serviço de Inteligência Estrangeiro (SRE) russo, Sergei Narishkin, afirmou esta quarta-feira, durante uma reunião do Conselho de Chefes de Agências de Segurança dos estados membros da Comunidade de Estados Independentes (CEI), que a OTAN está a acelerar os preparativos para um conflito militar com a Rússia.
"Podemos ver inegavelmente que os nossos aliados europeus da OTAN se preparam para a guerra contra o nosso país", declarou Narishkin, citado pela agência oficial RIA Novosti. "Foi criada uma missão para equipar rapidamente a Força de Resposta Aliada da OTAN com todos os recursos necessários. Foi lançado um processo para aumentar consideravelmente a produção militar-industrial europeia. Os exercícios de mobilização e a propaganda que anuncia a inevitável agressão de Moscovo tornaram-se comuns."
Contexto de Tensão Crescente
As declarações do chefe dos serviços secretos russos surgem num momento de relações particularmente deterioradas entre Moscovo e a aliança ocidental, consideradas as mais tensas desde o final da Guerra Fria. Esta deterioração, que se vem a acentuar há vários anos, atingiu o seu ponto crítico após a invasão russa da Ucrânia em 2022.
Na Cimeira de Madrid desse mesmo ano, a OTAN classificou oficialmente a Rússia como "a ameaça mais directa à segurança euro-atlântica". Como resposta, a aliança activou planos para colocar mais de 300.000 soldados em alto estado de prontidão e iniciou a elaboração dos seus primeiros planos de defesa de larga escala desde o final da Guerra Fria - exactamente os mesmos preparativos que Narishkin agora denuncia publicamente.
Planos Regionais Secretos da OTAN
Segundo informações de inteligência citadas pelo director do SRE, a OTAN está a desenvolver "planos regionais" secretos que representam uma mudança fundamental na sua postura defensiva. Estes planos, que estão a ser elaborados em resposta directa ao conflito na Ucrânia, detalham pela primeira vez em décadas como a aliança responderia a um ataque russo.
As novas directrizes designam forças específicas para a defesa de regiões particulares, permitindo que os aliados saibam "exactamente quais forças e capacidades são necessárias, incluindo onde, o quê e como implantar", segundo fontes familiarizadas com o processo de planeamento. Ao contrário dos planos da era da Guerra Fria, que previam um conflito total, os novos documentos são mais flexíveis, focando-se na contenção de conflitos regionalizados e considerando ameaças modernas como ciber-ataques e veículos aéreos não tripulados.
Preparativos Industriais e Logísticos
Narishkin destacou igualmente o esforço em curso para aumentar a produção militar-industrial europeia. Vários estados-membros da OTAN têm vindo a aumentar significativamente os seus orçamentos de defesa e a acelerar a produção de munições, sistemas de armas e equipamento militar, numa tentativa de repor stocks esgotados pelo apoio militar à Ucrânia e preparar-se para um possível conflito de maior escala.
Esta mobilização industrial inclui a reactivação de linhas de produção que estavam encerradas há décadas e a celebração de contratos de longo prazo com empresas de defesa para garantir um fornecimento sustentado de material militar.
Exercícios e Propaganda
O director do SRE referiu ainda que os exercícios de mobilização da OTAN "tornaram-se comuns", numa aparente referência às manobras militares de larga escala que a aliança tem conduzido ao longo das suas fronteiras orientais. Estas operações incluem o destacamento permanente de tropas em países bálticos e na Europa Oriental, bem como exercícios navais no Mar Báltico e no Mar Negro.
Paralelamente, Narishkin acusou a OTAN de conduzir campanhas de propaganda que retratam a "inevitável agressão de Moscovo", reflectindo a percepção russa de que o ocidente está a usar os media para preparar a opinião pública para um eventual conflito armado.
Tentativas de Desestabilização da CEI
Noutro ponto da sua intervenção, o director da inteligência russa reiterou acusações anteriores de que existem "tentativas comprovadas de vários países ocidentais de provocar processos de desintegração dentro da Comunidade de Estados Independentes". Estas alegações reflectem a preocupação de Moscovo com a possível expansão da influência ocidental no que considera o seu "estrangeiro próximo".
Narishkin não forneceu detalhes concretos sobre estas alegadas tentativas de desestabilização, mas as suas declarações enquadram-se na narrativa frequentemente avançada pelo Kremlin de que os serviços de inteligência ocidentais trabalham activamente para minar a influência russa na região.
Conclusão Pessimista
O director do SRE concluiu as suas observações com uma nota pessimista sobre as perspectivas de diplomacia. "A capacidade de se comprometer e aceitar a responsabilidade é essencial para evitar um novo conflito armado global", afirmou, acrescentando que "essas qualidades desapareceram no Ocidente".
Estas declarações surgem numa altura em que as tentativas de negociação para pôr termo ao conflito na Ucrânia permanecem bloqueadas, com ambas as partes a acusarem mutuamente a outra de falta de seriedade nas intenções de paz.
A situação é ainda mais complexa pela recente adesão da Finlândia e da Suécia à OTAN, que duplicou a extensão da fronteira terrestre entre a aliança e a Rússia, criando novos desafios logísticos e de segurança para ambos os lados.
Várias fontes:
Fontes Oficiais e Institucionais:
"Declarações oficiais do Serviço de Inteligência Estrangeiro russo (SRE), citadas pela agência estatal RIA Novosti""Documentos de planeamento da OTAN obtidos pela Reuters""Comunicado do Secretariado-Geral da NATO (2023) sobre reforço da prontidão militar"
Fontes Académicas e Analíticas:
"Análise do International Institute for Strategic Studies (IISS) sobre orçamentos de defesa""Relatório do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) sobre produção militar""Estudo do Center for Strategic and International Studies (CSIS) sobre exercícios militares"
Fontes Mediáticas Internacionais:
"Investigações do Die Zeit sobre documentos internos da NATO""Reportagem do Le Monde sobre a indústria de defesa europeia""Análise da BBC sobre as declarações de Sergei Narishkin"
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