
A especialista em direitos humanos da ONU, Francesca Albanese, criticou na quarta-feira um plano de cessar-fogo mediado pelos EUA em Gaza como insuficiente para lidar com o que ela chamou de "genocídio" do povo palestiniano pelos Estados Unidos e Israel.
Por AFP
Uma frágil trégua está em vigor como parte de um acordo para encerrar dois anos da guerra Israel-Hamas, que também envolve a recuperação de reféns, a entrega de mais ajuda a Gaza e a eventual reconstrução do território palestiniano devastado.
O plano é "absolutamente inadequado e não está em conformidade com o direito internacional", declarou Francesca Albanese, relatora especial da ONU sobre direitos humanos nos territórios palestinianos ocupados.
É preciso haver compromisso de "acabar com a ocupação, acabar com a exploração dos recursos palestinianos, acabar com a colonização", afirmou Albanese a jornalistas. As tropas israelitas controlam actualmente cerca de metade do território palestiniano costeiro.
"Não é uma guerra, é um genocídio onde há uma determinação de destruir um povo como tal", declarou Albanese, que é mandatada pelas Nações Unidas, mas não fala em seu nome.
Investigadores da ONU e vários grupos de direitos humanos, entre eles a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, acusam Israel de cometer genocídio em Gaza. Israel negou essa acusação como "distorcida e falsa", enquanto acusava os autores de antissemitismo.
Colapso do sistema multilateral
Albanese encontrava-se na África do Sul - que apresentou um caso de genocídio contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça - para proferir a palestra anual Nelson Mandela a 25 de Outubro.
Sob sanções dos EUA desde Julho por suas críticas abertas a Israel, ela também apresentará seu próximo relatório da África do Sul às Nações Unidas nos próximos dias.
"Os Estados Unidos e Israel estão a liderar não apenas o genocídio em Gaza", afirmou Albanese. "Estão a levar à erosão, ao colapso do sistema multilateral, ameaçando todos que tentam promover a justiça e a responsabilização", acusou ela, mencionando quatro juízes do TPI também sob sanções norte-americanas.
Discussões renovadas nos últimos meses sobre uma solução de dois Estados para o conflito israelita-palestiniano "têm sido um pretexto para fazer algo enquanto a emergência era discutir ... como paramos o genocídio", declarou.
A advogada italiana afirmou que os Estados-membros da ONU deveriam desvincular-se de Israel porque são "obrigados a não ajudar um Estado que comete actos ilícitos".
Aqueles "que ainda têm laços com Israel, diplomáticos, mas especialmente económicos, políticos e militares, são todos responsáveis em alguma medida", sublinhou.
© 2025 AFP
Tradução RD
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