A ORIGEM DA CRISE DA EUROPA NO RESULTADO DO CENTRALISMO AUSTERO ALEMÃO
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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A ORIGEM DA CRISE DA EUROPA NO RESULTADO DO CENTRALISMO AUSTERO ALEMÃO

A ORIGEM DA CRISE DA EUROPA NO RESULTADO DO CENTRALISMO AUSTERO ALEMÃO

Por Paulo Ramires

Angela Merkel e o seu ministro das finanças Wolfgang Schäuble tem insistido numa política de cortes nas despesas públicas, cortes esses que aprofundaram a crise económica nos países do sul da Europa anteriormente beneficiados com créditos de bancos alemães.

A explicação para a crise europeia, nomeadamente a que afecta principalmente os países do sul como a Grécia, Portugal, Itália, Espanha, Chipre como também a Irlanda tiveram distintas origem, uma delas foram as políticas irresponsáveis dos governos que contraíram empréstimos a bancos alemãs sem pensarem como os poderiam pagar e as suas consequências na divida pública, isto apesar das restrições que os critérios de Maastricht impunham, os governos simplesmente pediam dinheiro deixando a divida e o défice crescerem de forma critica, hipotecando o futuro dos respectivos povos. Esse dinheiro era simplesmente aplicado em obras públicas muito duvidosas para a importância do desenvolvimento económico dos países e pouco transparente na forma como esses dinheiros foram geridos, mas não só, esses dinheiros foram antes da crise canalizados também para o sector privado que adquiria com eles bens e serviços de empresas alemãs. Esta situação deu um enorme estímulo à economia alemã que se encontrava em prolongada crise desde os anos 2000 dado ao esforço de financiamento feito com a reunificação da Alemanha. Enquanto a procura interna estagnava, tanto os bancos alemães e a industria alemã estavam felizes da vida em emprestar dinheiro e exportar bens que produziam. Os lucros de grandes companhias atingem níveis records mas quando a crise explodiu estes bancos viram-se a braços com níveis de risco elevado e não tiveram outro remédio se não reduzir dramaticamente o crédito aos países do sul. Como resultado da escassês de crédito para emprestar, a Industria alemã por seu lado viu-se em dificuldades para vender e exportar os seus produtos. Cerca de 40% das exportações alemãs têm como destino outros países da zona euro. Exportações para Espanha, Itália, Portugal e Grécia têm estado a cair já dramaticamente e a perspectiva de declínio económico para o resto da zona Euro ameaça a Industria exportadora germânica. Mas em vez de a Alemanha ajudar os seus parceiros comerciais no que toca á dívida destes e manter as importações, as políticas alemãs colocaram tanto os seus bancos como a sua Industria em sérios riscos. Angela Merkel e o seu ministro das finanças Wolfgang Schäuble tem insistido numa política de cortes nas despesas públicas, cortes esses que aprofundaram a crise económica nos países do sul da Europa anteriormente beneficiados com créditos de bancos alemães, assim os países do sul da Europa deixaram e perderam a capacidade de importar bens e serviços alemães, limitando assim as dívidas, o que é particularmente estranho em relação à corrente situação, é que a Alemanha enfrentou uma situação similar em 2008. Nessa altura quando a bolha imobiliária americana rebentou causou uma crise económica global, a descida dramática das exportações conduziu à mais profunda descida do PIB desde 1945. Muitos bancos alemães tiveram de ser resgatados devido aos seus maus em investimentos em instrumentos hipotecários estruturados norte americanos, ora estes bancos que realizaram maus investimentos ameaçaram a estabilidade financeira. No entanto a recuperação destes bancos em simultâneo em que se aplicou um enorme estímulo fiscal, aumentou significativamente a taxa da dívida do governo alemão. Mesmo assim, ao contrário de 2008, a presente política alemã, não é ajudar as vítimas do risco da globalização, é antes influenciar directamente o futuro da zona euro e dos seus membros, e aí há muita coisa que a Alemanha pode e deveria fazer: ajudar os países em crise incentivando-os a cortarem menos nas despesas públicas, estimular o crescimento alemão de maneira a aumentar as importações de outros membros da zona euro e incentivando o BCE a emprestar e a comprar divida pública. Infelizmente isto não irá acontecer, os economistas alemães e o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann têm criticado bastante o BCE por comprar a divida soberana dos estados do sul da Europa e da zona Euro, acreditam eles que este determinado comportamento do BCE pode minar o Euro com o aumento dos títulos da dívida pública soberana dos estados membros. Esta visão por parte dos alemães é consensual, mostrando o quanto egoísmo existe hoje na Alemanha. Além disso difundiu-se também a ideia na Alemanha que os países em crise que se sobre-endividaram devem sofrer pelos seus pecados do passado esquecendo (ou ignorando) eles - os alemães - que a economia da Alemanha foi e tem sido financiada justamente devido a esses pecados do passado.

Paulo Ramires, Licenciado

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