agosto 2025
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sexta-feira, 22 de agosto de 2025

ESTADOS UNIDOS ENVIAM TRÊS NAVIOS LANÇA-MÍSSEIS PARA ÁGUAS AO LARGO DA VENEZUELA

O USS Gravely, o USS Jason Dunham e o USS Sampson devem chegar em breve, disse o funcionário, que não estava autorizado a comentar e falou na terça-feira sob condição de anonimato.


Por Mike Pesoli, Aamer Madhani E Jorge Rueda



Os Estados Unidos estão a enviar três contratorpedeiros de mísseis guiados Aegis para as águas da Venezuela como parte do esforço do Presidente Donald Trump para combater as ameaças dos cartéis de drogas latino-americanos, de acordo com uma autoridade dos EUA com conhecimento sobre o planeamento.

O USS Gravely, o USS Jason Dunham e o USS Sampson devem chegar em breve, disse o funcionário, que não estava autorizado a comentar e falou na terça-feira sob condição de anonimato.

Um funcionário do Departamento de Defesa confirmou que os recursos militares foram designados para a região em apoio aos esforços anti-narcóticos. O funcionário, que não estava autorizado a comentar sobre o planeamento militar, disse que os navios seriam implantados "ao longo de vários meses".

A implantação de contratorpedeiros e pessoal dos EUA ocorre no momento em que Trump pressiona pelo uso das Forças Armadas dos EUA para frustrar os cartéis que ele culpa pelo fluxo de fentanil e outras drogas ilícitas para as comunidades norte-americanas e por perpetuar a violência em algumas cidades dos EUA.

Trump também pressionou a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, a cooperar mais em segurança do que o seu antecessor, sendo especificamente mais agressiva na perseguição aos cartéis mexicanos. Mas ela traçou uma linha clara quando se trata da soberania do México, rejeitando sugestões de Trump e outros de intervenção dos militares dos EUA.

Em Fevereiro, Trump designou o Tren de Aragua da Venezuela, o MS-13 em El Salvador e seis grupos baseados no México como organizações terroristas estrangeiras. O seu governo republicano também intensificou a fiscalização da imigração contra supostos membros de bandos.

A designação é normalmente reservada para grupos como a Al-Qaeda ou o grupo Estado Islâmico, que usam a violência para fins políticos - não para redes criminosas focadas em dinheiro, como os cartéis latino-americanos.

Mas o governo Trump argumenta que as conexões e operações internacionais dos grupos - incluindo tráfico de drogas, contrabando de migrantes e esforços violentos para estender o seu território - justificam a designação.

No início deste mês, o governo Trump anunciou que estava a duplicar para US$ 50 milhões a recompensa pela detenção do Presidente venezuelano Nicolás Maduro, acusando-o de ser um dos maiores narcotraficantes do mundo e de trabalhar com cartéis para inundar os EUA com cocaína com fentanil.

A assessoria de imprensa do governo da Venezuela não respondeu a um pedido de comentário da AP sobre a implantação dos contratorpedeiros. Mas sem mencionar os navios, o ministro das Relações Exteriores, Yvan Gil, num comunicado na terça-feira, caracterizou as acusações de tráfico de drogas do governo dos EUA contra a Venezuela.

"O facto de Washington acusar a Venezuela de tráfico de drogas revela a sua falta de credibilidade e o fracasso das suas políticas na região", disse Gil. "Enquanto Washington ameaça, a Venezuela avança firmemente em paz e soberania, demonstrando que a verdadeira eficácia contra o crime é alcançada respeitando a independência dos seus povos. Cada declaração agressiva confirma a incapacidade do imperialismo de subjugar um povo livre e soberano."

A declaração foi seguida pela decisão do governo de proibir temporariamente a compra, venda e operação de drones no espaço aéreo da Venezuela. Em 2018, drones armados com explosivos detonaram perto de Maduro numa aparente tentativa de assassinato enquanto ele fazia um discurso para centenas de soldados transmitido em directo pela televisão.

Na segunda-feira, Maduro disse que os EUA aumentaram as suas ameaças contra a Venezuela e anunciou o envio planeado de mais de 4,5 milhões de membros da milícia em todo o país. As milícias foram criadas pelo então presidente Hugo Chávez para incorporar voluntários que pudessem ajudar as forças armadas na defesa de ataques externos e domésticos.

"O império enlouqueceu e renovou as suas ameaças à paz e tranquilidade da Venezuela", disse Maduro num evento em Caracas, sem mencionar nenhuma acção específica.

Maduro foi indiciado num tribunal federal de Nova Iorque em 2020, durante a primeira presidência de Trump, junto com vários aliados próximos por acusações federais de narcoterrorismo e conspiração para importar cocaína. Naquela altura, os EUA ofereceram uma recompensa de US$ 15 milhões pela sua detenção.



Fonte: AP

Tradução: RD

CRÔNICAS DO DONBASS DE BRUNO AMARAL DE CARVALHO-2

 



Em conversa com amigos de Donetsk, a principal cidade do Donbass, onde mais tempo passei como jornalista, perguntei-lhes sobre como estavam a ver os encontros sobre o conflito nos Estados Unidos. Recordaram-me que para eles a guerra dura já há 11 anos e que tal como olharam com baixas expectativas para os Acordos de Minsk, que a Ucrânia nunca cumpriu, fazem a mesma coisa agora. 

Ouvem o zumbido diário dos drones ucranianas sobre as suas cabeças e ainda há poucos dias morreu uma idosa na cidade depois de um ataque de Kiev. Porque é que não há jornalistas ocidentais a reportar o que acontece no Donbass, controlado maioritariamente pelas forças russas? O desequilíbrio na cobertura jornalística permanece. Não há cidade alguma controlada pelas forças ucranianas longe da linha da frente que viva aquilo que esta gente vive e é, sobretudo, nestas que os jornalistas ocidentais se concentram.

Até ao momento, não comentei as conversações em curso sobre a guerra na Ucrânia e parece-me cada vez mais claro que os aliados europeus de Zelensky só aceitarão um acordo se tal for imposto por Washington. Como tenho sublinhado várias vezes, parece-me óbvio que nem Kiev nem os seus aliados querem parar a guerra. A Rússia tampouco tem pressa, uma vez que está em vantagem no teatro das operações. 

Dizia Emmanuelle Macron que Vladimir Putin é um predador e que está às portas da Europa. Há que recordar uma e outra vez, independentemente da nossa simpatia ou antipatia pelo presidente russo, que Moscovo é uma capital europeia e que a Rússia é também parte da cultura do nosso continente. Dostoievski, Gorki, Gogol, Kadinski, Chagall, Tchaikovski, Prokofiev, Catarina, Nicolai II, Lénine, Stalin. Todos eles fazem parte da nossa história diversa e comum. A demonização e brutalização da Rússia pelo Ocidente político é parte da propaganda de guerra. 

Muitos comentadores televisivos continuam a alinhar na propaganda e a chocar com os factos. Recordo que a guerra não começou em 2022. Começou em 2014. Ao golpe de Estado patrocinado pelo Ocidente que derrubou o legítimo presidente da Ucrânia para lá meter um aliado dos Estados Unidos e União Europeia sucedeu-se uma revolta com o apoio de Moscovo que teve protagonistas as regiões russófonas que tinham votado maioritariamente em Viktor Yanukovych. 

Foi esse novo regime pró-ocidental que proibiu partidos, associações, jornais, que ilegalizou o uso da língua russa, entre outras, nas instituições e nas televisões, que impediu a celebração da data que derrotou o nazi-fascismo, que promoveu paradas neonazis e que cometer massacres em Odessa e em Mariupol com poucos dias de diferença. 

O Ocidente empurrou a Ucrânia para a guerra civil e dividiu as populações e, posteriormente, aconselhou Kiev a assinar os Acordos de Minsk para evitar que os separatistas ganhassem mais territórios. Angela Merkel e François Hollande assumiram em 2022 que só tinham apoiado esses acordos de paz para dar tempo à Ucrânia para se armar e treinar. Nunca quiseram realmente o fim da guerra. Será desta vez?

Argumentam que a constituição ucraniana não permite a cedência de territórios. Mas por acaso não foram precisamente estes protagonistas que rasgaram a anterior constituição, proibiram partidos e derrubaram um presidente? Quem fez tudo isso não terá certamente dificuldade em imaginar formas de reformar esta constituição.

Termino com uma história bonita. No jardim zoológico que visitei em 2022 em plena guerra, acaba de nascer um urso. Chamaram-lhe Zahar. Como Zaharchenko, o presidente separatista do Donbass, que se sentou à mesa com os ucranianos para negociar a paz. Foi assassinado pelos ucranianos com um atentado terrorista em 2018.


terça-feira, 19 de agosto de 2025

A CIMEIRA DO ALASCA TEVE UM IMPACTO MAIOR DO QUE O SUPOSTO

É por isso que a cimeira ressoa tão fortemente em toda a África, confirmando que um mundo multipolar é possível. Confirma que a dominação ocidental não é inevitável e que um mundo multipolar é possível. Ver a Rússia permanecer firme inspira a esperança de que, um dia, uma África unida e soberana também seja capaz de impor respeito e defender os seus interesses com dignidade. 


Por Egountchi Behanzin* 

Há três anos, Bruxelas e os seus media repetem o mesmo refrão: Vladimir Putin está isolado, marginalizado e enfraquecido pelas sanções. Uma narrativa de propaganda que esconde mal o fracasso da diplomacia de Bruxelas, reduzida a seguir cegamente Washington. No entanto, a imagem que ficará na História não é a de um Putin solitário, mas a de um presidente russo recebido com todas as honras militares nos Estados Unidos, no Alasca, por Donald Trump a 15 de Agosto.

Uma cimeira que, para além do seu simbolismo, marca uma humilhação pungente para a UE e anuncia uma mudança no equilíbrio global de poder.

Rússia isolada?

Desde Fevereiro de 2022, Bruxelas multiplicou as sanções "punitivas" contra Moscovo. Dezassete pacotes sucessivos, muitas vezes absurdos, visando até activistas africanos como Nathalie Yamb e eu, acusados de denunciar a ingerência ocidental e defender a cooperação russo-africana. Entretanto, a Rússia consolidou as suas parcerias com os BRICS, expandiu o seu comércio com a Ásia, fortaleceu a sua presença no Médio Oriente e construiu alianças duradouras em África.

A chegada de Putin ao Alasca destrói definitivamente o mito do "isolamento". O mundo real não é o descrito nos debates europeus. Na realidade, Moscovo está em diálogo com Nova Deli, Pequim, Teerão, Brasília, Pretória e várias capitais africanas. E agora, o Kremlin está de volta ao centro do palco americano, impulsionado por Trump.

Tapete vermelho estendido

A cena permanecerá inesquecível. O Air Force One russo a aterrar em solo americano. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, aparece com um fato de treino estampado com "URSS", um aceno intencional à história e à memória colectiva da Rússia. Em seguida, a imagem mais impressionante: Vladimir Putin, recebido pessoalmente por Donald Trump num tapete vermelho, enquanto os F-22 e um bombardeiro furtivo B-2 Spirit voavam simbolicamente no alto.

Um protocolo de que nem mesmo os aliados tradicionais de Washington desfrutam. Onde Macron, Merz ou Von der Leyen são recebidos com distância, Putin foi tratado como um verdadeiro chefe de Estado, cuja presença impõe respeito e seriedade. No final da conferência de imprensa, a reunião produziu um diálogo que diz muito sobre a atmosfera:

Donald Trump: "Falaremos consigo muito em breve e provavelmente vê-lo-emos novamente muito em breve. Muito obrigado, Vladimir".

Vladimir Putin, em inglês: "Da próxima vez em Moscovo".

"Oh, isso é interessante." respondeu Trump. "Vou levar por isso. Mas eu podia ver isso possivelmente a acontecer."

Este breve diálogo destaca a diferença fundamental com os líderes europeus: aqui, sem condescendência, sem paternalismo, sem ameaças vazias. Apenas dois líderes a assumir as suas responsabilidades, a buscar soluções pragmáticas, conscientes de que o futuro se decide entre grandes potências que não estão nos corredores de Bruxelas.

Bruxelas e Kiev como espectadores

A mensagem é cristalina. Embora a União Europeia se considerasse indispensável na gestão da crise ucraniana, nem sequer foi convidada. A cimeira do Alasca ocorreu sem ela, sem os seus diplomatas, sem os seus comissários arrogantes, sem as suas iniciativas de pseudo-paz que nunca foram credíveis.

A UE está em declínio: diplomaticamente, economicamente, estrategicamente. Apega-se a um papel subordinado, acumulando sanções e retórica belicista, na esperança de existir através de guerras sem fim. Mas, na realidade, Washington nunca considerou Bruxelas um parceiro estratégico, apenas um executor dócil. A reunião Trump-Putin é uma prova flagrante disso.

Esta mudança diplomática coloca agora a Ucrânia num canto. Trump foi claro: quer acabar com a guerra lançada pelo governo Biden, que transformou Kiev num representante contra Moscovo. Os Estados Unidos não têm interesse em prolongar uma guerra longa e cara que mina a sua economia e alimenta divisões internas.

A imagem de Zelensky desmoronou em meio a escândalos e crescente fadiga internacional. Apesar do verniz de respeito e celebridade que lhe foi dado por figuras públicas ocidentais, ele se encontra com pouco poder real para decidir coisa alguma, mesmo quando se trata do seu próprio país, agora que até Washington se prepara para se afastar dele. Trump sabe perfeitamente bem que a Ucrânia de Zelensky é apenas um peão e que a conta terá de ser acertada.

A diplomacia de Putin

Outra lição importante desta cimeira é a estatura diplomática de Vladimir Putin. Em plena operação militar na Ucrânia, apesar das implacáveis campanhas de demonização, ele impôs-se como o homem com quem as grandes potências têm de contar.

A sua estratégia é clara: estender a mão a Trump para construir uma estrutura de cooperação, enfatizar a vizinhança natural entre a Rússia e os Estados Unidos via Alasca e propor uma saída honrosa para a crise ucraniana. Putin joga a carta do pragmatismo, investindo tempo e paciência, enquanto a UE persiste na ideologia, na russofobia e em posturas moralizantes.

Sem surpresa, a CNN e outros media atlantistas tentaram distorcer a realidade. Segundo eles, Trump foi "humilhado" por Putin. Mas as imagens que circulam nas redes sociais falam por si: dois homens a sorrir, a apertar as mãos, visivelmente satisfeitos com o encontro.

A propaganda ocidental tenta transformar cada gesto em conflito, cada aperto de mão em confronto. Mas a verdade é simples: a Rússia e os Estados Unidos, a um nível estratégico, estão mais próximos de um acordo do que os propagandistas alinhados com a NATO estão dispostos a admitir.

Bruxelas faria bem em meditar sobre esta lição. Washington nunca salvou os seus aliados. De Cabul a Bagdade, de Saigão a Kiev, a Casa Branca abandona sempre aqueles que acreditam poder confiar nela. Os americanos sabem que não se podem dar ao luxo de uma guerra directa contra o exército russo, apoiado por um povo endurecido e temperado pela história.

A cimeira do Alasca marca um ponto de viragem. Revela uma verdade inegável: a diplomacia global está agora a ser moldada sem a Europa. Sob Trump, os Estados Unidos podem muito bem restabelecer laços com Moscovo para acabar com uma guerra inútil e ruinosa. Putin sai desta reunião mais forte do que nunca, provando que nunca esteve isolado e continuando a ser o chefe de Estado mais respeitado e formidável no cenário mundial.

Quanto à UE, encontra-se exposta numa postura de mero espectador, humilhada pelas suas próprias ilusões. A sua obediência cega a Washington levou-a a um beco sem saída. A Rússia, entretanto, continua a avançar. E a História recordará que, no Alasca, dois homens abriram um caminho para a paz, deixando para trás os belicistas europeus.

Como os africanos veem isto

A cimeira do Alasca foi percebida por muitos africanos como um momento revelador sobre a verdadeira natureza das relações de poder globais. O que emerge é uma verdade fundamental: no cenário mundial, o poder só reconhece e respeita o poder.

A Rússia, através da sua soberania, capacidade militar e firmeza da sua liderança, obrigou Washington a tratá-la como igual. Normalmente, os Estados Unidos impõem a sua vontade através de ameaças, ingerências ou força militar. Mas no caso da Rússia, uma grande potência nuclear liderada por um patriota, Washington contém-se e não ousa empregar os seus métodos habituais.

Para os africanos, este evento é mais do que um simples episódio diplomático: ele incorpora uma vitória moral e uma lição política. Mostra que apenas a independência genuína, apoiada pela força económica, política e militar, pode impor respeito nos assuntos internacionais.

É por isso que a cimeira ressoa tão fortemente em toda a África. Confirma que a dominação ocidental não é inevitável e que um mundo multipolar é possível. Ver a Rússia permanecer firme inspira a esperança de que, um dia, uma África unida e soberana também seja capaz de impor respeito e defender os seus interesses com dignidade.


Egountchi Behanzin é um ativista político, palestrante e analista geopolítico conhecido por seu compromisso com os direitos dos negros e africanos. Ele é o presidente fundador da Liga Africana de Defesa Negra (Ligue de défense noire africaine, LDNA) e porta-voz da Irmandade dos Irmãos Pan-Africanos.


Fonte: RT

Tradução e revisão: RD




segunda-feira, 18 de agosto de 2025

A RUSSÓFOBA ALEMÃ URSULA VON DER LEYEN ABANDONA A EUROPA FACE A TRUMP E FAVORECE ISRAEL

Em Junho de 2022, Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, causou surpresa, indo sem um mandato europeu e de imprevisto à Universidade Ben-Gurion, em Israel. Aí, ela proclamou que «a Europa incorpora os valores do Talmude». Desde então, ela vai defendendo Israel, apesar do genocídio a que este Estado se dedica, massacrando e matando à fome os civis palestinianos. Alfredo Jalife revela-nos tudo o que ignoramos sobre a «Imperatriz europeia».


Por Alfredo Jalife-Rahme

Chocante: a alemã Ursula von der Leyen capitulou nas suas negociações com Trump e deixou a União Europeia indefesa – como sublinhei na minha entrevista à NegociosTV em Espanha («von der Leyen humilhada : ela entregou a alma da União Europeia a Trump ! [1] –, o que provocou uma onda de choque entre os Europeus, humilhados também por sua vez.

A falta de defesa da União Europeia por Von der Leyen contrasta fortemente com a sua defesa encarniçada de Netanyahu, assim como o seu silêncio sobre o genocídio e projecto escatológico em curso do Grande Israel.

A Alemanha perde metaforicamente a sua terceira guerra mundial, desta vez no plano geo-económico : ela desindustrializa-se para reindustrializar os Estados Unidos.

Preferiu então Von der Leyen o Grande Israel à magnificência da União Europeia? Para aqueles que ignoram a sua geopsicobiografia, pode parecer ultrajante qualificar de russófoba e de filotalmúdica esta Alemã (nascida na Bélgica) de origem aristocrática, von der Leyen, a Presidente controversa da Comissão Europeia.

De forma perturbadora, Von der Leyen, durante a cerimónia que lhe conferia um doutoramento honoris causa [2] na Universidade Ben-Gurion do Neguev (Israel), declarou sem corar que «a Europa encarna os valores do Talmude» [3]. Mas que aberração! O Talmude é «uma colecção de ensinamentos antigos considerados sagrados e normativos pelos Judeus».

A civilização humanista da Renascença da verdadeira Europa está em radical oposição com o Talmude, no qual repousam tanto o irredentismo do Grande Israel como o seu genocídio flagrante em Gaza, que começa finalmente a ser condenado pela maioria dos países europeus.

Os laços da combativa Von der Leyen, de 66 anos, com os círculos israelitas vão do fétido escândalo farmacêutico “Pfizergate” [4] até à sua doutrinação ambiental falhada, em aliança com o Partido Verde alemão.

O “Pfizergate” é o mega-escândalo de uma compra opaca, sem concurso prévio, por Von der Leyen de vacinas contra a Covid-19 à companhia farmacêutica Pfizer, cujo patrão é o veterinário israelo-americano, nascido em Tessalónica (Grécia), Albert Bourla, que recebeu o Prémio Génesis das mãos do Presidente israelita, Isaac Herzog, e rejeita a alegação de genocídio dos palestinianos em Gaza [5].

Bourla admitiu que o Primeiro-Ministro israelita, Netanyahu, o convencera que Israel era o local ideal para estudar a eficácia da vacina da Pfizer na população [6].

Entretanto, o Politico expõe a tomada de poder absoluto por parte de Von der Leyen na Comunidade Europeia [7].

Desde 2023, as capitais da União Europeia tem fustigado Von der Leyen quando «os diplomatas acusaram a Presidente da Comunidade Europeia de ter excedido os limites do seu mandato com a viagem relâmpago a Israel, sem aviso, provocando uma fúria generalizada [8]». Os Palestinianos qualificaram os seus comentários apologéticos em relação a Israel de clichés racistas, «inapropriados, falsos e discriminatórios [9]».

Na mesma ordem de ideias, Leyen tomou abertamente partido por Israel na guerra deste contra o Irão [10], ao mesmo tempo que foi severamente criticada pela Amnistia Internacional (Irlanda) por não ter ousado condenar o genocídio em Gaza [11].

Não foi por acaso que ela adoptou a falaciosa agenda verde — na sua cruzada climática secreta (mega-sic!) [12] com o seu grande aliado Netanyahu, o qual confessou há 14 anos (sic) que a sua segunda missão — depois do desmantelamento nuclear do Irão e do Paquistão — era «encontrar um substituto para o petróleo (mega-sic ! [13]) —».

Também não é uma coincidência que os quatro cavaleiros khazares, Rothschild /Larry Fink/ Soros /Bloomberg, tenham adoptado a agenda verde como condição sine qua non da sua política financeira, que se afundou com a chegada do magnata “petroleiro” Trump.

Além disso, o “petroleiro” Trump criticou severamente a agenda verde e a energia eólica face à ambientalista Von der Leyen [14], a qual guardou um silêncio sepulcral.



Fonte: La Jornada (México)
Le plus important quotidien en langue espagnole au monde.



[1]  «Totalmente HUMILLADA Von der Leyen: ¡Entregó el alma de la Unión Europea a Trump!», Alfredo Jalife, YouTube, 28 de julio de 2025.

[2«Speech by President von der Leyen at the Ben-Gurion University of the Negev», European Union External Action, June 14, 2022.

[3«Ursula von der Leyen: "Europe has the values of the Talmud"», Timothy Rudolph, Instagram, April 2025.

[4«EU Commission loses on all counts in Pfizergate legal case», Marta Iraola Iribarren & Gerardo Fortuna, Euronews, May 14, 2025.

[7«From queen to empress: Inside Ursula von der Leyen’s power grab», Barbara Moens, Max Griera & Jacopo Barigazzi, Politico, September 19, 2024.

[8«EU capitals fume at ‘Queen’ von der Leyen», Nicholas Vinocur, Barbara Moens, Jacopo Barigazzi & Suzanne Lynch, Politico, October 17, 2023.

[9«Palestinians condemn EU’s von der Leyen for ’racist trope’», Yolande Knell, BBC, April 27, 2023.

[11«President von der Leyen: You must call out Israel’s Genocide», Amnesty International, July 29, 2025.

[12voir «Inside von der Leyen’s secret climate crusade», Karl Mathiesen, Politico, June 4, 2024.

[13« Depuis 14 ans, Netanyahou cherche à démanteler nucléairement l’Iran et le Pakistan », par Alfredo Jalife-Rahme , Traduction Maria Poumier, La Jornada (Mexique) , Réseau Voltaire, 8 juillet 2025.

sábado, 16 de agosto de 2025

CIMEIRA TRUMP-PUTIN NO ALASCA: DONALD TRUMP SAÚDA O ENCONTRO, MAS NÃO DÁ DETALHES SOBRE A UCRÂNIA



ANCHORAGE / Alasca /, 16 de Agosto. /TASS/. O Presidente Vladimir Putin, da Rússia, e o Presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, fizeram declarações numa conferência de imprensa conjunta após as conversas no Alasca, mas saíram sem responder a perguntas dos repórteres.

A conferência de imprensa durou pouco mais de 12 minutos. Putin foi o primeiro a fazer uma declaração, destacando a determinação de Moscovo em resolver o conflito na Ucrânia e melhorar as relações com os EUA, um dos vizinhos mais próximos da Rússia. A declaração do líder russo durou oito minutos e meio.

Trump fez uma breve declaração de quatro minutos, elogiando o trabalho da delegação da Rússia e o processo de negociação, mas acrescentou, no entanto, que Washington e Moscovo não conseguiram chegar a acordo sobre todas as questões.

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

UE TRAMA 'MUDANÇA DE REGIME' EM ESTADO-MEMBRO - MOSCOVO

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, "está a estudar seriamente os cenários de mudança de regime" na Hungria, disse o serviço de imprensa do SVR num comunicado na quarta-feira.


De acordo com o Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia (SVR), a Comissão Europeia está a planear ajudar a derrubar o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, devido ao que considera a sua política excessivamente independente.

O líder húngaro entrou em conflito repetidamente com Bruxelas nos últimos anos, opondo-se à ajuda militar da UE à Ucrânia e à tentativa de Kiev de ingressar no bloco.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, "está a estudar seriamente os cenários de mudança de regime" na Hungria, disse o serviço de imprensa do SVR num comunicado na quarta-feira.

Bruxelas pretende levar Peter Magyar, líder do partido da oposição húngara Tisza – visto como "leal às elites globalistas" e "o principal candidato ao cargo de primeiro-ministro" – ao poder nas eleições parlamentares de 2026, "se não antes", segundo o SVR.

"Recursos administrativos, dos média e do lobby" significativos estão a ser empregues para apoiar Magyar por intermédio de "fundos partidários alemães, o Partido Popular Europeu e várias ONGs norueguesas", disse o serviço de inteligência russo.

Kiev, que ficou "ofendida" com a oposição de Orbán à tentativa de adesão da Ucrânia à UE, está a fazer o "trabalho sujo" e a desestabilizar a situação interna na Hungria por intermédio dos seus serviços de inteligência e da diáspora ucraniana local, acrescentou. No mês passado, Orbán acusou Kiev de estar a trabalhar para influenciar as próximas eleições parlamentares da Hungria.

A Comissão Europeia está "indignada" com as tentativas de Orbán de "procurar uma política independente" e os seus esforços para influenciar a tomada de decisões da UE, afirmou o SVR.

"A recente decisão da Hungria de vetar o novo projecto de orçamento da UE de sete anos, que Budapeste acredita ser concebido para a militarização da Europa e a preparação para a guerra com Moscovo, tornou-se a gota de água que fez os eurobureaucratas perderem a paciência."

Orbán anunciou no mês passado que estava a rejeitar a proposta de orçamento, chamando-a de "construída sobre a lógica da guerra".

"Mil milhões para a Ucrânia, migalhas para os agricultores e o desenvolvimento. O seu objectivo: derrotar a Rússia, instalar aliados liberais e expandir o seu domínio de influência", escreveu ele no X.

Moscovo negou repetidamente as alegações de que pretende atacar países da NATO ou da UE e acusou os líderes da Europa Ocidental de procurarem a "militarização descontrolada" para se prepararem para a guerra com a Rússia.

Fonte: RT

A TRISTE TRAJECTÓRIA DA EUROPA: DA PAZ E DO BEM-ESTAR AO PROJECTO DE GUERRA E ESCASSEZ?

Outrora um farol de paz e prosperidade, a União Europeia está agora marchando para uma nova era de militarização e escassez. Por trás da retórica da segurança está um projecto cada vez mais moldado pela pressão dos EUA, gastos com defesa e uma traição silenciosa dos seus cidadãos.


Por José Ricardo Martins

Outrora um farol de paz e prosperidade, a União Europeia está agora a marchar para uma nova era de militarização e escassez. Por trás da retórica da segurança está um projecto cada vez mais moldado pela pressão dos EUA, gastos com defesa e uma traição silenciosa dos seus cidadãos.

Durante sete décadas, o projecto europeu foi apresentado como um farol de paz, prosperidade e bem-estar social. Concebida nas cinzas da Segunda Guerra Mundial, a União Europeia (UE) surgiu como um mecanismo para unir antigos inimigos por meio do comércio, instituições partilhadas e a promessa de que a interdependência económica evitaria guerras futuras. Durante grande parte da sua história, essa narrativa manteve-se verdadeira: a UE incorporou a ideia de que a Europa poderia reinventar-se como uma comunidade moral, ancorada nos direitos sociais e na segurança colectiva.

Hoje, essa imagem está corroída. A Europa está a rearmar-se numa escala nunca vista desde a Guerra Fria. O outrora orgulhoso modelo de bem-estar social da UE está a ser silenciosamente sacrificado no altar da militarização, enquanto os Estados-membros contemplam dedicar até 5% do PIB aos gastos com defesa. Essa transformação não está a ser impulsionada por uma visão estratégica europeia soberana, mas sim por pressão externa, principalmente dos Estados Unidos, cujo complexo militar-industrial é o que mais beneficia.

Do projecto de paz à economia de guerra
A metamorfose da UE no que os críticos chamam de projecto de “guerra e escassez” é evidente tanto na política quanto na retórica. Os líderes europeus, em vez de articular uma doutrina de segurança independente, parecem cada vez mais subordinados às prioridades de Washington. O recém-nomeado Secretário-Geral da NATO e ex-primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, tornou-se o rosto dessa transformação.

Durante a chamada “Cimeira Trump” em Haia, Rutte orquestrou um evento menos sobre estratégia e mais sobre apaziguar o presidente dos EUA, Donald Trump. Tapetes vermelhos e jantares cerimoniais substituíram o debate substantivo. A cimeira, observam os críticos, projectou unidade apenas evitando questões difíceis, como as consequências a longo prazo da escalada do conflito na Ucrânia ou a viabilidade de uma meta de 5% de gastos com defesa.

Rutte até ecoou alegações de inteligência não verificadas de que a Rússia poderia atacar um membro da NATO, sem oferecer evidências, um acto que alguns observadores europeus descreveram como “teatro perigoso”.

Quando o chefe da NATO se torna um canal para ameaças especulativas que espalham o medo e tornam o projecto de militarização palatável para a população, a aliança corre o risco de perder credibilidade e reforçar a percepção de que a Europa é menos um actor soberano e mais um vassalo do poder dos EUA.

Os custos da militarização
O impulso para 5% do PIB em gastos com defesa tem profundas implicações para as sociedades europeias. O membro búlgaro do Parlamento Europeu Petar Volgin, numa entrevista, alertou que tal política não aumentaria a segurança nem promoveria a estabilidade. A história mostra que o acúmulo de armas muitas vezes aumenta o risco em vez de prevenir conflitos. Volgin invocou a famosa máxima de Anton Chekhov: se uma pistola estiver pendurada na parede no primeiro acto, ela será inevitavelmente disparada pelo final.

Além dos riscos estratégicos, os trade-offs económicos são gritantes. A canalização de recursos públicos para armamentos drenará investimentos de sectores sociais como saúde, educação e bem-estar, que são os próprios fundamentos do modelo social europeu. “Isso transformará a Europa num monstro militarizado desprovido de compaixão social”, alertou Volgin.

Os cidadãos, enfrentando cortes nos serviços e custos crescentes, pagarão o preço por uma estratégia que, em última análise, beneficia a indústria de armas dos EUA muito mais do que a segurança europeia, após a decisão de Trump.

Russofobia e a lógica da guerra
Subjacente a essa mudança está o que pode ser descrito como russofobia institucionalizada. A russofobia tornou-se não apenas a opinião pública, mas uma ideologia estruturada que molda a política, as narrativas da media e as estratégias diplomáticas.

Embora a agressão russa na Ucrânia seja real, a resposta estratégica da UE foi filtrada por uma lente de russofobia histórica que muitas vezes substitui o pragmatismo por emoção e preconceito.

Durante séculos, a Rússia fez parte e separou-se da Europa, contribuindo profundamente para a sua literatura, música e herança intelectual, mas frequentemente tratada como uma civilização alienígena.

A guerra na Ucrânia proporcionou um momento oportunista para as elites europeias transformarem a russofobia latente em política. Em vez de buscar uma estrutura de segurança equilibrada que pudesse eventualmente integrar a Rússia numa ordem europeia estável, a UE dobrou o confronto, as sanções e a militarização.

Essa abordagem carrega uma profunda ironia: uma união nascida da determinação de superar os ódios do passado está agora a entrincheirar novas linhas de falha no continente. Os apelos à diplomacia, ao diálogo ou a um projecto de paz europeu mais amplo, social e moral, não meramente militar, foram marginalizados ou descartados como ingénuos.

Desconexão democrática e deriva estratégica
Talvez o aspecto mais preocupante da nova trajectória da Europa seja o fosso cada vez maior entre a sua classe política e os seus cidadãos. Pesquisas realizadas no primeiro ano da guerra na Ucrânia mostraram que mais de 70% dos europeus preferiam uma paz negociada ao prolongamento indefinido do conflito. No entanto, no Parlamento Europeu, 80% dos eurodeputados rejeitaram emendas que pediam diplomacia e apenas 5% votaram a favor.

Essa dissonância reflecte um mal-estar estrutural: a política externa e de segurança da UE é cada vez mais moldada não pelo debate democrático, mas por lobbies, inércia burocrática e pressões transatlânticas.

A mudança de um projecto orientado para o bem-estar para uma agenda voltada para a guerra aconteceu sem o consentimento público significativo. Como Clare Daly e Mick Wallace, ex-eurodeputados irlandeses, argumentaram, a “máscara liberal da UE caiu”, revelando uma arquitectura política que prioriza a geopolítica sobre as pessoas.

Guerra e escassez: um ciclo vicioso
As consequências económicas dessa transformação já são visíveis. As sanções à Rússia, embora politicamente simbólicas, contribuíram para crises energéticas, inflação e desaceleração industrial, principalmente em países como Alemanha e Itália. Simultaneamente, os Estados da UE estão a pagar preços muito mais altos pelo GNL americano e pelas armas fabricadas nos EUA, efectivamente transferindo riqueza através do Atlântico, enquanto as suas próprias populações enfrentam custos crescentes e salários estagnados.

Esta é a essência da viragem de escassez da Europa: ao abraçar uma economia de guerra, a UE sacrifica o seu modelo de bem-estar social, mina a resiliência económica e alimenta o descontentamento interno e os partidos de extrema-direita. Em vez de projectar estabilidade, importa volatilidade: económica, política e social.

A questão do propósito
A União Europeia encontra-se agora num momento decisivo da sua evolução. Se o seu objectivo é ser um bloco militar subordinado dentro de um “Grande Oeste” liderado pelos EUA, pode conseguir isso ao custo da sua identidade original como um projecto de paz e bem-estar.

No entanto, se busca recuperar a autonomia estratégica e a credibilidade moral – deteriorada pelo seu fracasso em condenar o genocídio em Gaza –, deve enfrentar questões incómodas: a Europa pode imaginar a segurança além da lógica da militarização e da vassalagem? A Europa está apenas a ganhar tempo, à espera de um governo não-Trump, enquanto reforça a sua submissão? Vai reconstruir um projecto de paz que aborde a justiça social e a legitimidade democrática, não apenas a dissuasão? E pode redescobrir a ambição moral que uma vez o tornou um farol para um mundo marcado por conflitos?

Por enquanto, a triste trajectória da UE parece clara: uma união que antes prometia prosperidade e paz está a tornar-se uma fortaleza de medo e incerteza social, definida por gastos de guerra, escassez e submissão. Os seus cidadãos receberam a promessa de um futuro partilhado. O que eles estão a receber, em vez disso, é um presente militarizado e um amanhã incerto.


Fonte: SCF














terça-feira, 12 de agosto de 2025

‘FUTEBOL LIVRE DO GENOCÍDIO’: RELATORA DA ONU INSTA UEFA A EXPULSAR ISRAEL

Estima-se que, desde Outubro de 2023, Israel tenha morto pelo menos 800 atletas palestinianos em Gaza. Apesar disso, a Federação Internacional de Futebol (FIFA) continua a adiar a suspensão de Israel das suas competições.


A relatora especial da ONU para os direitos humanos nos territórios palestinianos ocupados, a francesa Francesca Albanese, reiterou o apelo para que a União das Associações Europeias de Futebol (UEFA) expulse Israel das suas competições, invocando crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos em Gaza.

As declarações foram divulgadas pela agência noticiosa Anadolu.

«Vamos tornar o desporto livre do genocídio e do apartheid», escreveu Albanese na rede social X (antigo Twitter). «Um chute de cada vez, um golo de cada vez.»

A relatora acrescentou: «É hora de expulsar os assassinos das suas competições», assinalando na publicação a conta oficial da UEFA.

Os comentários coincidiram com a homenagem da UEFA ao ex-jogador palestiniano Suleiman al-Obeid, conhecido como o «Pelé da Palestina». Contudo, a entidade não mencionou as circunstâncias da sua morte: foi morto por disparos israelitas enquanto procurava alimento.

Obeid faleceu na quarta-feira (6) num posto assistencial militarizado criado pela denominada Fundação Humanitária de Gaza (GHF) — uma estrutura israelo-americana que substituiu mecanismos da ONU, denunciada como uma «armadilha mortal».

Segundo dados das Nações Unidas, desde 27 de Maio — quando a GHF foi implementada em pleno cerco e crise de fome — pelo menos 1.373 palestinianos foram mortos, incluindo centenas de crianças.

Estima-se que, desde Outubro de 2023, Israel tenha morto pelo menos 800 atletas palestinianos em Gaza. Apesar disso, a Federação Internacional de Futebol (FIFA) continua a adiar a suspensão de Israel das suas competições.

Al-Obeid, de 41 anos, natural de Gaza e pai de cinco filhos, era uma das maiores figuras do futebol palestiniano. Representou a selecção nacional em 24 jogos, conquistando enorme popularidade entre os adeptos.

Desde Outubro de 2023, Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza, causando mais de 62 mil mortos e dois milhões de desalojados, sob condições de cerco, destruição e fome.

O Estado israelita responde, no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) em Haia, a um processo por genocídio movido pela África do Sul, cuja denúncia foi aceite em Janeiro de 2024.
















segunda-feira, 11 de agosto de 2025

A MAIOR FROTA QUE JÁ NAVEGOU PARA GAZA ACABA DE SER ANUNCIADA

A Global Sumud Flotilla verá dezenas de barcos, desde pequenas embarcações de pesca até barcos de passageiros maiores, zarpando no final de Agosto e início de Setembro. O comboio principal está programado para partir de portos em Espanha a 31 de Agosto, com partidas sucessivas planeadas da Tunísia e de outros portos em todo o mundo a 4 de Setembro.


 Por Charlie Jaay


No que os organizadores estão a chamar de um ato histórico de resistência civil internacional, a coligação Global Sumud Flotilla anunciou planos para a maior missão marítima civil coordenada já realizada em Gaza.

Uma missão civil sem precedentes para romper o cerco e expor a cumplicidade global

Realizando uma conferência de imprensa no Sindicato Geral dos Trabalhadores da Tunísia em Túnis, representantes de mais de 44 países revelaram um plano ambicioso para enviar dezenas de barcos civis para Gaza, que terá como objectivo quebrar o bloqueio naval ilegal de Israel e responsabilizar os governos cúmplices por perpetuar o genocídio de Israel contra o povo palestiniano.

Já se passaram 18 anos desde que Israel impôs pela primeira vez um bloqueio a Gaza - restringindo severamente a entrada de bens, medicamentos, combustível e pessoas - por terra, mar e ar, limitando severamente os direitos humanos básicos e as linhas de vida essenciais para a sobrevivência diária.

Isso devastou a vida de aproximadamente dois milhões de palestinianos, a maioria dos quais são refugiados ou descendentes de refugiados.

A Global Sumud Flotilla visa não apenas fornecer ajuda humanitária crítica, mas também afirmar os direitos dos palestinos à liberdade, dignidade e autodeterminação. A missão segue uma série de frotas menores e tentativas de grupos da sociedade civil nos últimos anos de desafiar o bloqueio, incluindo as frotas Madaleen e Handala deste ano, mas visa aumentar drasticamente a escala e a visibilidade internacional.

Escala e solidariedade internacional da Global Sumud Flotilla

A Global Sumud Flotilla verá dezenas de barcos, desde pequenas embarcações de pesca até barcos de passageiros maiores, zarpando no final de Agosto e início de Setembro. O comboio principal está programado para partir de portos em Espanha a 31 de Agosto, com partidas sucessivas planeadas da Tunísia e de outros portos em todo o mundo a 4 de Setembro.

Os países confirmados incluem Malásia, Estados Unidos, Brasil, Itália, Marrocos, Sri Lanka, Tunísia, Holanda, Colômbia e muitos outros. Notavelmente, a coligação do Sudeste Asiático Sumud Nusantara confirmou a participação e o endosso do primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, como patrono oficial, que deve sinalizar o seu comboio regional da Malásia a 23 de Agosto.

Essa cooperação global liga quatro grandes coligações organizadoras: a Frota Sumud do Magrebe, o Movimento Global para Gaza, a Coligação Frota da Liberdade e Sumud Nusantara – coletivos que trazem décadas de experiência em apoio aos direitos palestinianos. Mais de 6.000 activistas, incluindo médicos, advogados, jornalistas, artistas e defensores dos direitos humanos, também se inscreveram para participar ou apoiar em terra.

Um desafio moral e legal ao cerco

Numa conferência de imprensa, Maria Elena Delia, da Global Sumud Flotilla, descreveu a missão como uma resposta aos apelos palestinianos por justiça:

O povo palestiniano não precisa ser salvo – ele pode salvar-se a si mesmo. Estamos respondendo ao seu apelo por justiça: o direito de viver, comer, circular livremente, ser livre com dignidade.

Yasemin Acar, da liderança da coligação, expressou a determinação global de base que sustenta o esforço:

Nós, pessoas de todo o mundo, estamos com a Palestina. Nós vemos você. Nós ouvimos você. E voltaremos mais fortes.

Enquanto Saif Abukeshek condenou o silêncio internacional:

O silêncio hoje é cumplicidade no genocídio. Aqueles que não tomam medidas diretas e ativas para acabar com o cerco e o genocídio são cúmplices desses crimes.

A Global Sumud Flotilla baseia a sua resistência no direito internacional. O bloqueio naval imposto por Israel a Gaza é amplamente considerado por especialistas jurídicos e organizações de direitos humanos como ilegal sob o direito internacional humanitário, equivalendo a uma punição colectiva proibida pela Quarta Convenção de Genebra. Os organizadores alertam Israel de que qualquer tentativa de interceptar ou parar à força a frota violaria essas leis e constituiria um acto de pirataria.

Solidariedade e mobilizações em massa por Gaza da Global Sumud Flotilla

Há um legado de missões marítimas em Gaza, que começou com a frota do Movimento Gaza Livre em 2008 e a Frota da Liberdade de 2010 – que incluía o navio turco Mavi Marmara, e foi violentamente interceptada pelas forças israelitas, resultando na morte de nove ativistas.

O incidente resultou em condenação mundial e expôs a aplicação brutal do bloqueio, que os órgãos jurídicos internacionais condenaram repetidamente. As frotas subsequentes, incluindo a Frota da Liberdade de 2018, continuaram os esforços para transportar ajuda e aumentar a conscientização, apesar do assédio naval israelita e dos obstáculos legais.

Além do esforço de navegação, a Global Sumud Flotilla é apoiada por esforços de mobilização global. Em 9 de Agosto, a coligação coordenará comícios em massa em dezenas de cidades em todo o mundo, com novas manifestações planeadas em torno das datas de lançamento e chegada da frota.

Esses eventos visam pressionar os governos cúmplices na manutenção do cerco - tanto as potências ocidentais fornecendo cobertura diplomática quanto os estados árabes que normalizaram as relações com Israel sem acabar com o bloqueio. Os activistas realizarão acampamentos públicos e organizarão oficinas nas principais cidades portuárias como Barcelona, Túnis e Kuala Lumpur, criando espaços de educação, solidariedade e preparação logística.

A Global Sumud Flotilla também representa uma plataforma para elevar outras vozes importantes, que muitas vezes não são ouvidas – médicos palestinianos trazendo conhecimentos médicos vitais, advogados preparando desafios legais, jornalistas documentando histórias não contadas e artistas partilhando resiliência cultural.

O espírito do sumud: firmeza e resistência

'Sumud' significa firmeza em árabe e é um aspecto central da identidade e resistência palestiniana. A Global Sumud Flotilla visa incorporar esse espírito e vincular a resiliência do povo de Gaza a um movimento global para exigir justiça.

Esta missão marítima colectiva visa ser um farol de esperança e desafio, confrontando não apenas as cercas físicas que confinam Gaza, mas também as cercas políticas de silêncio e cumplicidade, para romper o cerco não apenas com mercadorias, mas com um poderoso símbolo da sociedade civil global que se recusa a aceitar a crise humanitária em curso como inevitável.

Quando a frota zarpa, ela carrega mais do que ajuda. Ele carrega a mensagem de que a responsabilidade da justiça pertence a todos nós, e é hora de libertar a Palestina.


Fonte: thecanary.co


terça-feira, 5 de agosto de 2025

PENSAMENTO CRÍTICO: O QUE ESTÁ POR TRÁS DA AVALANCHE DE RECONHECIMENTOS DO ESTADO DA PALESTINA?

Estamos diante de uma tentativa de reorganizar a liderança palestiniana de fora, excluindo movimentos de resistência como o Hamas ou a Jihad Islâmica? Estamos a tentar criar um estado artificial e obediente que administre a ocupação sem a questionar?


Por Ricardo Mohrez Muvdi

Nas últimas semanas, uma onda de países – Espanha, Noruega, Irlanda, Eslovênia, entre outros – anunciaram o seu reconhecimento do Estado da Palestina. Para alguns, este é um passo histórico. Para outros, foi uma vitória moral após décadas de ocupação e sofrimento. Mas por trás desses gestos diplomáticos está uma estratégia muito mais complexa. A questão é inevitável: quais são os reais interesses por trás dessa súbita avalanche de reconhecimento?

Um Estado palestiniano ou uma saída para o Ocidente?

Em primeiro lugar, é importante entender que esses reconhecimentos não surgem do nada. Eles estão a ocorrer no meio de uma guerra genocida em Gaza, onde Israel falhou na sua tentativa de eliminar a resistência palestiniana, particularmente a do Hamas. Nem com bombas, nem com fome, nem com deslocamento forçado, conseguiu subjugar um povo que resiste com dignidade.

Diante desse fracasso, o Ocidente – e em particular os Estados Unidos e a Europa – estão a procurar um plano B. Eles não podem mais sustentar a narrativa de que Israel está "se defendendo". Eles precisam oferecer uma alternativa que mantenha o controle político, desative a resistência e alivie as pressões sociais internas. É aqui que entra o reconhecimento do "Estado palestiniano".

Mas há um truque. Porque o estado reconhecido não tem fronteiras, nem exército, nem soberania sobre o seu território. Não controla o seu espaço aéreo nem o seu espaço marítimo. Não pode garantir a segurança dos seus cidadãos e não tem unidade política. Em essência, é um fantasma administrativo sob ocupação. E não é um estado real.

Branqueamento da imagem da Europa

Estes reconhecimentos servem também para limpar a consciência da Europa. Depois de meses de cumplicidade no genocídio, seja por meio do silêncio, do apoio militar ou de sanções direcionadas contra a resistência, eles agora tentam equilibrar a balança com um gesto simbólico. Eles falam sobre "dois estados" – como se ainda fosse uma opção viável quando, na realidade, Israel fragmentou e colonizou o território a tal ponto que essa fórmula se tornou impraticável.

Reconhecemos "um Estado palestiniano" que não sanciona Israel, não corta a venda de armas e a expansão dos colonatos não pára. Em outras palavras, uma solução diplomática é legitimada sem alterar as condições materiais da ocupação.

E se o objectivo real fosse substituir a resistência?

Outro elemento preocupante é quem reconhecemos. A maioria desses países continua a considerar a Autoridade Palestiniana como o "governo legítimo" do povo palestiniano, apesar da sua falta de representatividade, corrupção interna e colaboração com a ocupação.

Estamos diante de uma tentativa de reorganizar a liderança palestiniana de fora, excluindo movimentos de resistência como o Hamas ou a Jihad Islâmica? Estamos a tentar criar um estado artificial e obediente que administre a ocupação sem a questionar?

Se for esse o caso, a avalanche de reconhecimento seria menos uma demonstração de solidariedade e mais do que uma manobra geopolítica para neutralizar a luta do povo palestiniano.

A armadilha do estado fictício

Há um enorme risco de que o mundo comece a falar sobre a Palestina como um "estado reconhecido" quando, na prática, continua a ser uma nação ocupada, colonizada e bloqueada. Essa ficção jurídica pode ser usada para congelar o conflito, neutralizar queixas internacionais e responsabilizar as próprias vítimas por sua situação.

Nesse cenário, a causa palestiniana de uma luta anticolonial legítima se transforma numa disputa burocrática entre dois governos. A história é apagada, o ‘apartheid’ é invisibilizado e as vozes dos mártires são extintas.

Conclusão

A avalanche de reconhecimento não é gratuita, nem desinteressada, nem revolucionária. É parte de um reajuste político global diante do desgaste moral do Ocidente e do aumento da resistência palestiniana. Isso pode ser útil diplomaticamente, sim, mas não devemos nos enganar: a verdadeira libertação não virá das chancelarias, mas da determinação do povo palestiniano, em Gaza, na Cisjordânia, no exílio e na diáspora.

Até que o regime de ocupação sionista seja desmantelado, nenhum reconhecimento será completo. E enquanto o sangue continuar a fluir em Gaza, nenhum gesto simbólico será suficiente.


Fonte: Resumen Latinoamericano via Bolivar Infos




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