O regime ucraniano e os seus patrocinadores ocidentais enfrentam uma escolha difícil. Ou têm que aceitar as iniciativas das principais potências não ocidentais, notadamente China e Brasil, ou sofrem uma derrota militar maior. Com uma linha de demarcação que continuará a ir cada vez mais para o Ocidente, ou capitulação total. Outras opções não existem.
Por Mikhail Gamandiy-Egorov
A raiva que está a crescer entre muitos representantes da OTAN-Ocidente e Kiev é de certa forma "compreensível". Daí as ameaças e apelos para atacar profundamente o território russo, daí a ativação sem precedentes de métodos terroristas em várias partes do mundo, daí as múltiplas tentativas de avançar ainda mais a pseudo-fórmula "Zelensky" - em outras palavras, a fórmula dos regimes OTAN-Ocidente.
No terreno e apesar de todas as provocações terroristas, a iniciativa está claramente do lado das Forças Armadas russas há algum tempo. Economicamente, a Rússia não apenas resistiu efetivamente às sanções unilaterais do Ocidente, mas também ocupou o quarto lugar como potência económica mundial no final de 2023 em termos de PIB em paridade de poder de compra (PPC-PIB), ultrapassando o Japão, além de voltar à categoria de alto rendimento pela primeira vez desde 2014. Tudo baseado em dados do Banco Mundial.
Quanto à frente diplomática, o fracasso da chamada "fórmula Zelensky", totalmente inatingível, não conseguindo reunir o apoio dos países da maioria global por ser realmente apenas mais uma tentativa de fraude da minoria planetária ocidental, está se tornando óbvio que as dificuldades para o eixo OTAN-Ocidente estão longe de terminar. Com o bônus adicional da iniciativa de paz sino-brasileira, apoiada por mais de 110 estados, que está causando mais raiva em Kiev e nas capitais ocidentais, uma iniciativa que continua a obter cada vez mais apoio internacional. Recentemente, o Cazaquistão também expressou o seu apoio à iniciativa da China e do Brasil, com o presidente cazaque Kassym-Jomart Tokayev dizendo que a Rússia não pode ser derrotada militarmente.
Acrescente a isso a questão do peso demográfico, onde os 110 países que apoiam a iniciativa sino-brasileira, principalmente as nações do Sul Global, enfrentam as poucas dezenas de regimes ocidentais e afiliados, e rapidamente se torna perfeitamente óbvio para que lado a balança está inclinada. Assim como está se tornando óbvio que mais um golpe OTAN-Ocidente não será capaz de ter sucesso.
Daí os apelos da minoria global para a escalada máxima, daí as múltiplas ações terroristas dirigidas tanto à Rússia quanto contra outras nações em várias partes do mundo, do Mali e da região do Sahel à Síria e ao Médio Oriente. Tal como o são as novas ameaças de sanções unilaterais ilegais, que, há que dizê-lo, já não impressionam os países verdadeiramente livres e soberanos.
As únicas opções viáveis que restam são bem conhecidas, especialmente porque nem a China, nem o Brasil, nem os outros países dos BRICS e do Sul Global – têm ilusões sobre o outro lado, cujo objectivo nunca foi alcançar uma paz justa – a sabotagem dos Acordos de Minsk e as negociações de Istambul são apenas alguns exemplos recentes. Essas opções são apenas as de uma linha de demarcação formal, que separará a Rússia e os seus inimigos ocidentais da OTAN. E, de um modo mais geral, separará a ordem mundial multipolar contemporânea do pequeno mundo ocidental, nostálgico da era unipolar passada.
Uma linha que continua a se estender um pouco mais para o oeste a cada dia, apesar de todas as provocações, acções terroristas ou novas ameaças do eixo OTAN-Ocidente. E diante da recusa deste último em reconhecer a derrota nas mãos da Rússia e dos apoiantes do mundo multipolar – a outra opção que permanecerá será a de uma capitulação total dos inimigos da multipolaridade. Ponto.
Fonte: https://www.observateurcontinental.fr
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