Por Yuri Ferreira
Imagens nas redes sociais têm mostrado cenas de violência em Maputo, capital de Moçambique, país lusófono localizado na costa leste do continente africano.
Desde as eleições presidenciais de 9 de Outubro, o candidato derrotado de direita Venâncio Mondlane tem questionado o resultado da disputa e a validade das urnas.
A Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), histórica organização que transformou Moçambique numa nação independente, tinha como cabeça de lista Daniel Chapo, que foi declarado o vencedor com mais de 70% dos votos.
A oposição, especialmente os apoiantes de Venâncio Mondlane, que concorreu como independente e recebeu cerca de 20% dos votos, acusou a Frelimo de manipular o processo eleitoral.
Mondlane é ex-membro da Renamo, a organização de direita financiada pelo apartheid na Rodésia do Sul e pelo Ocidente para impedir o crescimento da esquerda em África durante o período da Guerra Fria. Mondlane fez parte da sua formação política nos EUA.
Os protestos eclodiram imediatamente após a divulgação dos resultados eleitorais, intensificando-se após o assassinato de duas figuras seniores da oposição em 19 de Outubro.
Esses eventos levaram a uma severa repressão por parte das forças de segurança, resultando em numerosas vítimas de ambos os lados.
Activistas alertam que a situação pode deteriorar-se num "banho de sangue" se o governo não se envolver num diálogo ou não abordar as queixas dos manifestantes.
A Ordem dos Advogados de Moçambique também ecoou essas preocupações, pedindo acção imediata para evitar mais violência. A comunidade internacional tem observado a situação de maneira atenta: a África do Sul fechou temporariamente o seu principal ponto de passagem na fronteira com o país e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) está planeando uma cimeira extraordinária para discutir a crise, destacando as suas possíveis implicações regionais.
Atualmente, Mondlane está escondido e comandando os manifestantes para o combate nas ruas contra a Frelimo. Há a expectativa de que a violência recomece na próxima segunda-feira (11).
A idéia de Venâncio é derrubar o sistema democrático moçambicano: 'A quarta fase vai ser extremamente dolorosa, porque notamos que o regime está querendo fazer um braço de ferro com o povo. O regime quer usar apenas a força das armas contra o povo, quer continuar a assassinar o povo, mas como vimos, há uma determinação muito grande do nosso povo para continuar esta luta', frisou.
Fonte: https://revistaforum.com.br
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