COMO O MUNDO ESTÁ A RESPONDER À INTERCEPÇÃO DA FLOTILHA DE GAZA POR ISRAEL
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quinta-feira, 2 de outubro de 2025

COMO O MUNDO ESTÁ A RESPONDER À INTERCEPÇÃO DA FLOTILHA DE GAZA POR ISRAEL

Sindicatos italianos convocam greve geral enquanto protestos globais crescem em vários países incluindo Portugal e vários governos criticam Israel.

Por Erin Hale , Faisal Ali e agências de notícias

Israel interceptou a Flotilha Global Sumud (GSF) enquanto esta se dirigia para Gaza, o que gerou críticas rápidas de líderes globais, enquanto manifestantes se reuniam em cidades ao redor do mundo, incluindo Istambul, Atenas, Buenos Aires, Roma, Berlim e Madrid, para condenar o ataque.

Pelo menos 44 países estavam representados na flotilha de 500 pessoas, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Bélgica, Espanha, Malásia, Turquia e Colômbia.

As reacções dos líderes mundiais variaram entre condenações directas e apelos para que Israel forneça aos seus cidadãos detidos acesso a serviços consulares.

Palestina

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Palestina afirmou que «condena o ataque e a agressão de Israel contra a Flotilha Global Sumud» numa publicação na rede X. «A Flotilha Global Sumud tem o direito de livre passagem em águas internacionais, e Israel não deve interferir na sua liberdade de navegação, há muito reconhecida pelo direito internacional», acrescentou.

Turquia

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia classificou a intervenção de Israel como «um acto de terrorismo» que violou o direito internacional e colocou em risco a vida de civis inocentes.

O ministério declarou ainda que as acções de Israel demonstraram que «as políticas fascistas e militaristas adoptadas pelo governo genocida de Netanyahu — que condenou Gaza à fome — não se limitam aos palestinianos».

Mais tarde, o presidente Recep Tayyip Erdoğan afirmou que Israel estava envolvido em «banditismo» por ter como alvo a flotilha, acrescentando: «A Türkiye apoia todos os passageiros esperançosos a bordo da flotilha. Estamos a tomar medidas para proteger os activistas e os nossos cidadãos a bordo da flotilha.»

Malásia

O primeiro-ministro Anwar Ibrahim pediu a libertação imediata dos cidadãos malaios. Numa declaração publicada na rede X, afirmou que tomaria «todas as medidas legais e fundamentadas para responsabilizar Israel».

Israel não só desconsiderou «os direitos básicos do povo palestiniano, mas também pisoteou a consciência da comunidade global», disse.

África do Sul

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, apelou à libertação imediata dos participantes da flotilha e confirmou que entre os detidos se encontra o neto de Nelson Mandela, Nkosi Zwelivelile «Mandla» Mandela.

A declaração acrescentou: «A África do Sul apela a Israel para garantir que a carga vital transportada por esta flotilha chegue ao povo de Gaza, pois a flotilha representa solidariedade com Gaza, não confronto com Israel.»

Colômbia

O presidente Gustavo Petro anunciou na rede X que o seu governo estava a expulsar diplomatas israelitas e a cancelar o acordo de comércio livre da Colômbia em consequência das acções de Israel.

Acrescentou que a Colômbia «deve procurar todas as medidas adequadas, inclusive através dos tribunais israelitas», para garantir o regresso dos seus cidadãos.


Pessoas protestam para condenar a interceptação de navios da GSF, em frente à embaixada
dos EUA em Ancara, Turquia, 1 de Outubro de 2025 [Efekan Akyuz/Reuters]


O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, disse à imprensa local que Israel lhe garantiu que não haveria «acções violentas» contra a flotilha.

Sindicatos italianos convocaram separadamente uma greve geral para sexta-feira, a fim de demonstrar solidariedade com a GSF e Gaza, após uma greve em Setembro da Unione Sindacale di Base e outros protestos em portos italianos.

A primeira-ministra do país, Giorgia Meloni, afirmou que o seu governo «fará tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que essas pessoas possam regressar a Itália o mais depressa possível», mas criticou a flotilha e os protestos subsequentes organizados pelo maior sindicato italiano em solidariedade com os activistas, declarando que não trazem qualquer benefício ao povo palestiniano.

Reino Unido

O governo britânico declarou estar «muito preocupado» com a intercepção da flotilha por Israel e acrescentou que está em «contacto com as famílias de vários cidadãos britânicos envolvidos».

«A ajuda transportada pela flotilha deve ser entregue às organizações humanitárias no terreno para ser distribuída em segurança em Gaza.»

Alemanha

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros apelou a Israel para «cumprir as suas obrigações ao abrigo do direito internacional e agir com proporcionalidade». Berlim acrescentou: «Também pedimos que seja garantida a protecção de todos os que se encontram a bordo; até onde sabemos, isso já foi assegurado.»

Espanha

Madrid divulgou um comunicado na quarta-feira exigindo que «a integridade física e os direitos dos cidadãos espanhóis sejam respeitados» e informou que as suas equipas consulares estavam a acompanhar a situação a partir de Nicósia e Jerusalém. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, declarou a jornalistas, à margem da Cimeira da União Europeia, que o seu governo estava a estender protecção diplomática a todos os cidadãos espanhóis a bordo da flotilha.

Grécia

A Grécia emitiu uma declaração conjunta com a Itália no início da semana, pedindo a Israel que «garanta a segurança dos participantes e permita todas as medidas de protecção consular».

Irlanda

O presidente irlandês, Michael D. Higgins, afirmou que Israel estava a impedir que ajuda essencial chegasse a Gaza. «A segurança e a protecção dos envolvidos neste exercício humanitário são uma preocupação para todos nós e para todas as nações de onde essas pessoas provêm», declarou num comunicado.

Paquistão

O primeiro-ministro Shehbaz Sharif condenou o que classificou de «ataque cobarde» das forças israelitas contra a flotilha, afirmando rezar pela libertação em segurança dos detidos. Sharif declarou: «Esta barbárie precisa de terminar. A paz precisa de uma oportunidade e a ajuda humanitária precisa de chegar a quem dela necessita.»

Bélgica

O ministro dos Negócios Estrangeiros belga, Maxime Prévot, pediu ao governo israelita que respeitasse o direito internacional, numa declaração publicada na rede X. Sublinhou que a sua prioridade principal era garantir que «os direitos dos nossos compatriotas fossem respeitados, que a sua segurança fosse assegurada e que pudessem regressar a casa o mais rapidamente possível».

França

O Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros pediu a Israel que concedesse aos cidadãos franceses que participam na flotilha acesso a serviços consulares e que «lhes fosse permitido regressar a França sem atrasos indevidos».

O partido França Insubmissa, que contou com a participação de quase meia dúzia de deputados, acusou Israel de ter praticado um acto de «pirataria contra a Flotilha Global Sumud». Jean-Luc Mélenchon, líder do partido, chamou o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, de «tolo incompetente», acusando-o de se alinhar com Netanyahu. «Ele envergonha o nosso país», escreveu na rede X.

Estados Unidos

No início da semana, vinte legisladores democratas pediram à Casa Branca que tomasse medidas para proteger a flotilha.

O Conselho de Relações Americano-Islâmicas (CAIR), o maior grupo de defesa dos muçulmanos nos EUA, afirmou que a acção de Israel contra a flotilha demonstra que o país «sequestraria activistas humanitários e se envolveria em pirataria em águas internacionais».

O vice-director executivo da organização, Edward Ahmed Mitchell, declarou: «Toda a nação que respeita o direito internacional deve condenar este ataque ilegal à Flotilha Global Sumud e tomar as suas próprias medidas para quebrar à força o cerco a Gaza.»


Fonte: Al Jazeera

Tradução RD















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