QUEM FALHOU NO CASO DOS CAÇAS F35 AMERICANOS NA BASE DAS LAJES?
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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

QUEM FALHOU NO CASO DOS CAÇAS F35 AMERICANOS NA BASE DAS LAJES?

A passagem de três aviões vendidos pelos Estados Unidos a Israel pela Base das Lajes, nos Açores, sem o conhecimento do Ministério dos Negócios Estrangeiros causou polémica nos últimos dias e levou à chamada dos responsáveis do Governo ao Parlamento, após pedido dos partidos de esquerda. O primeiro-ministro desvaloriza a questão e considera que o mesmo foi apenas um "erro processual".


Por Anabela Góis 

O que é que aconteceu e porquê tanta controvérsia?

O caso foi divulgado na passada segunda-feira pelo El País, que noticiou a escala na Base das Lajes de um conjunto de seis caças furtivos, provenientes de Washington a caminho de Israel.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros começou por desmentir, mas depois - confrontado pelo Expresso que tinha vídeos de três desses aviões na base açoriana - acabou por confirmar a informação, adiantando, no entanto, que não tinha sido informado da situação e que iria, de resto, abrir um processo para apurar responsabilidade pela falha de comunicação.

Mas quem é que falhou? Foi o Ministério da Defesa?

Inicialmente parecia que sim, porque numa primeira nota o gabinete de Paulo Rangel disse que a comunicação sobre os vôos - que não lhe foi transmitida - tinha tido parecer favorável da Autoridade Aeronáutica, que depende do Ministério da Defesa.

Mas mais tarde - já com a polémica instalada -, o ministro esclareceu que a responsabilidade pela falha de informação foi afinal da exclusiva responsabilidade do Ministério dos Negócios Estrangeiros, chamando-lhe “uma falha interna de comunicação”.

Os Estados Unidos não tinham de informar Portugal da passagem dos aviões?

De acordo com Paulo Rangel, aí não houve falhas. Há uma autorização para os vôos dos Estados Unidos, através da Base das Lajes, que é regulada através de um acordo entre os dois países.

Na prática, os norte-americanos "fazem uma comunicação e, num prazo que é até muito curto, se não houver resposta, é considerado que a autorização está dada".

Quando se trata de vendas a Israel, a ordem é para que o Ministro dos Negócios Estrangeiros seja informado, o que não aconteceu neste caso.

Paulo Rangel assume que só soube o que se passou depois das perguntas dos jornalistas.

E se tivesse sido devidamente informado, o que é que aconteceria?

O ministro não diz o que faria. Paulo Rangel limitou-se a dizer que, se fosse material português seria travado.

Sendo estrangeiro, queria que fosse sinalizado, mas como não foi, diz que não pode avaliar "à posteriori" qual teria sido a decisão, ou seja, se Portugal se oporia ou não à escala dos F-35 nas Lajes.

E a oposição pede explicações?

Os partidos PS, PCP e Bloco de Esquerda querem ouvir os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa no Parlamento, mas os bloquistas vão mais longe e pedem a demissão de Nuno Melo.

Argumentam que o ministro autorizou a passagem de aeronaves e material de guerra à revelia do ministro dos Negócios Estrangeiros, mostrando lealdade aos interesses de Israel e não ao Governo português.

O que diz o primeiro-ministro sobre este imbróglio?

O primeiro-ministro desvaloriza a situação, que reduz a um lamentável erro processual no Ministério dos Negócios Estrangeiros e diz que não é caso para demissões de ministros.

Luis Montenegro considera que foi uma decisão normal e não percebe as reações radicalizadas da oposição que atribui ao período de campanha eleitoral.



Fonte RR








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