A VERGONHA DIPLOMÁTICA DO OCIDENTE: QUANDO A LUTA CONTRA O NAZISMO SE TORNA INCONVENIENTE
O República Digital faz todos os esforços para levar até si os melhores artigos de opinião e análise, se gosta de ler o RD considere contribuir para o RD a fim de continuar o seu trabalho de promover a informação alternativa e independente no RD. Apoie o RD porque ele é a alternativa portuguesa aos média corporativos.

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

A VERGONHA DIPLOMÁTICA DO OCIDENTE: QUANDO A LUTA CONTRA O NAZISMO SE TORNA INCONVENIENTE

Dos 193 países da ONU, 114 votaram a favor da resolução. Mais do dobro dos 52 que votaram contra — entre os quais se encontrava, em peso, a União Europeia. Afinal, onde está a tão proclamada “comunidade internacional”? Está, claramente, do lado de quem ainda acredita que combater o nazismo é um dever moral e histórico, não um constrangimento diplomático.


Por República Digital e outras fontes

A votação anual no dia 16 de De­zembro da Assembleia-Geral da ONU sobre o «Combater a glorificação do nazismo, neonazismo e de outras práticas que contribuem para exacerbar formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e formas conexas de intolerância» e proíbe «qualquer homenagem solene» ao regime nazi e seus aliados. Simultaneamente, alerta para o perigo da utilização da tecnologia por grupos extremistas, como os neonazis, em particular para os menores de idade. «Estão a utilizar as tecnologias da informação, a Internet e as redes sociais para recrutar novos membros, especialmente crianças pequenas, para amplificar as suas mensagens de ódio», refere. 

O texto original foi alvo de uma emenda patrocinada pela Albânia, Austrália, Coreia do Sul, Ilhas Marshall, Japão e Noruega, onde se critica Rússia por ter justificado a invasão da Ucrânia com a luta contra o neonazismo, e que vários delegados descreveram como «uma provocação processual»

A votação do texto deveria ser um momento moralmente inequívoco. Um daqueles raros instantes em que o mundo civilizado demonstra, sem hesitações, que a História serviu para alguma coisa. Mas não: este ano, mais uma vez, assistimos à decadência diplomática de vários países ocidentais — entre eles Portugal e praticamente toda a União Europeia — que votaram contra a resolução.

Sim, contra.

Como se não houvesse nazismo para combater, como se o neonazismo fosse uma fantasia distante, como se a discriminação extrema e a violência política fossem meros detalhes. A mensagem transmitida por estes governos é simples e terrível: deixem-nos ser glorificados tranquilamente. Os adoradores de Bandera, os batalhões Azov, os herdeiros da OUN e os militantes do Pravyi Sektor agradecem. Continuarão a desfilar, a recrutar, a celebrar símbolos fascistas — agora com o beneplácito tácito daqueles que se dizem “defensores dos valores europeus”.

E tudo isto enquanto, internamente, as mesmas capitais europeias se entretêm numa caça obsessiva ao “fascismo imaginário”, perseguindo gambozinos políticos, criando fantasmas e combatendo moinhos de vento. Para estes governos, um meme mal formulado pode ser um perigo para a democracia, mas a glorificação real e documentada do nazismo noutros pontos do mundo merece… um voto contra.

Dos 193 países da ONU, 114 votaram a favor da resolução. Mais do dobro dos 52 que votaram contra — entre os quais se encontrava, em peso, a União Europeia. Afinal, onde está a tão proclamada “comunidade internacional”? Está, claramente, do lado de quem ainda acredita que combater o nazismo é um dever moral e histórico, não um constrangimento diplomático.

Os números não deixam margem para dúvidas: a verdadeira comunidade internacional não é o pequeno círculo ocidental que se coloca acima de toda a humanidade e que decide, de forma conveniente, quando é que a luta contra ideologias genocidas é pertinente ou “politicamente inconveniente”. A verdadeira comunidade internacional são os países que mantêm um mínimo de coerência ética, histórica e civilizacional.

Portugal, infelizmente, alinhou com o pior lado da História. Não é preciso dourar a pílula: o voto contra uma resolução destas é uma vergonha. É cobardia diplomática. É submissão a interesses externos. E é um insulto directo à memória das vítimas do nazismo, que não merecem ver os seus algozes históricos branqueados em nome de estratégia geopolítica.

A História julgará esta escolha. E, como sempre, fá-lo-á sem piedade.






Sem comentários :

Enviar um comentário

Apoie o RD

Enter your email address:

Delivered by FeedBurner