
Israel ameaçou retaliar depois de a França ter anunciado que reconheceria formalmente um Estado palestiniano, na segunda-feira, na Assembleia Geral das Nações Unidas.
As medidas israelitas em discussão incluem acelerar a anexação da Cisjordânia ocupada, encerrar o consulado francês em Jerusalém e confiscar propriedades pertencentes a França em Jerusalém Oriental, incluindo o Santuário de Eleona, um local histórico de peregrinação cristã.
O consulado francês, estabelecido antes da criação de Israel em 1948, simboliza há muito o papel de Paris na região e a sua recusa em aceitar as reivindicações unilaterais de Israel sobre Jerusalém.
No início deste mês, a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros de Israel, Sharren Haskel, declarou à rádio francesa que o encerramento do consulado estava “em cima da mesa” para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Macron desafia a pressão israelita
Um diplomata europeu afirmou ao Politico que as relações entre Paris e Telavive podem “deteriorar-se enormemente”, observando que Emmanuel Macron tem sido a força motriz por detrás do reconhecimento do Estado palestiniano, apesar da hostilidade de Netanyahu.
A decisão da França torna o país o Estado ocidental mais proeminente a endossar oficialmente a causa palestiniana.
A medida já encorajou outros aliados: o Reino Unido prepara-se para anunciar o reconhecimento no domingo, enquanto o Canadá e a Austrália sinalizaram intenções semelhantes numa conferência sobre a solução de dois Estados, em Nova Iorque.
Macron enquadrou o reconhecimento como uma forma de “isolar o Hamas”, advertindo, porém, Israel contra a confusão entre o movimento islamita e o povo palestiniano.
Falando ao Canal 12 de Israel, na semana passada, Macron criticou a expansão dos colonatos como “injusta e irresponsável”, sublinhando que a Cisjordânia ocupada “nada tem a ver com o Hamas”.
A iniciativa, amadurecida ao longo de meses, deu a Macron uma rara vitória política, tanto interna como externa, mas colocou a França directamente na mira de Israel.
Diplomatas israelitas acusaram Macron de pressionar outros governos a reconhecer a Palestina e apontaram-no como o principal arquitecto do esforço de reconhecimento.
Europa aumenta pressão sobre Gaza
O movimento francês coincide com a crescente pressão de Bruxelas. Na quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou planos para tarifas e sanções sem precedentes contra Israel, após conclusões da União Europeia sobre graves violações dos direitos humanos em Gaza.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Sa’ar, reagiu acusando von der Leyen de “dar força a grupos terroristas”. Diplomatas da União Europeia, no entanto, insistem que as sanções constituem uma resposta directa ao devastador ataque militar israelita contra Gaza, que já matou mais de 65.000[680 000 segundo especialistas] palestinianos e deixou o enclave em ruínas.
A França prepara também contramedidas caso Israel atinja os seus activos diplomáticos. Segundo a imprensa francesa, as possíveis respostas incluem o encerramento de um consulado israelita em território francês ou a expulsão de agentes de inteligência israelitas a operar no país.
Fonte: The New Arabe
Tradução RD
Sem comentários :
Enviar um comentário