THINK TANK SIONISTA PUBLICA PLANO PARA GENOCÍDIO PALESTINIANO
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quinta-feira, 26 de outubro de 2023

THINK TANK SIONISTA PUBLICA PLANO PARA GENOCÍDIO PALESTINIANO



Uma cidade de tendas em Khan Younis, Gaza, para palestinianos forçados a fugir das áreas do norte da faixa sitiada

Enquanto o bombardeamento israelita contra Gaza entrava na sua terceira semana, deixando mais de 5.000 mortos e pelo menos um milhão de moradores deslocados, um think tank com sede em Tel Aviv publicou um plano para a solução final do autoproclamado Estado judeu.


Por Kit Klarenberg*

Num documento divulgado mais de uma semana após o ataque surpresa liderado pelo Hamas às bases militares e kibutzes israelenses, o Instituto de Segurança Nacional e Estratégia Sionista delineou ‘um plano para o realojamento e reabilitação final de toda a população de Gaza no Egipto’, com base na ‘oportunidade única e rara de evacuar toda a Faixa de Gaza’ proporcionada pelo último ataque de Israel ao enclave costeiro sitiado.

Publicado em hebraico no site da organização, o artigo tem a autoria de Amir Weitman, ‘um gestor de investimentos e investigador visitante’ do Instituto que também lidera a bancada do Partido Likud, no poder em Israel. O documento começa por mencionar que há 10 milhões de unidades habitacionais vagas no vizinho Egipto que poderiam ser ‘imediatamente’ preenchidas por palestinos. Weitman garante que o ‘plano sustentável…alinha-se bem com os interesses económicos e geopolíticos do Estado de Israel, do Egipto, dos EUA e da Arábia Saudita’

A proposta de limpeza étnica de Weitman reflete os planos de transferência forçada avançados nos últimos dias por antigos responsáveis ​​israelenses, ao mesmo tempo que capitaliza as ordens de evacuação entregues a toda a população civil do norte de Gaza pelos militares israelenses.

O sinistro plano de Weitman imagina que Israel compre estas propriedades a um custo de 5 a 8 mil milhões de dólares, um preço colossal que reflete apenas 1 a 1,5 por cento do PIB de Israel. ‘Estas somas de dinheiro [necessárias para limpar Gaza] em relação à economia israelense são mínimas’, afirma Weitman. ‘Investir milhares de milhões de dólares para resolver esta difícil questão é uma solução inovadora, barata e sustentável’. 

Weitman reconhece que o seu plano equivale virtualmente a Israel ‘comprar a Faixa de Gaza’, argumentando que a medida será ‘um investimento muito valioso’ para os sionistas porque ‘acrescenta muito valor ao longo do tempo’. Ele acrescenta que as ‘condições de terra’ locais na área poderão proporcar a ‘muitos’ colonos israelentes um elevado padrão de vida, permitindo assim uma expansão dos colonatos em Gush Dan, perto da fronteira egípcia, dando ‘um tremendo impulso à colonização no Negev’. Refira-se que Tel Aviv aprovou planos para estabelecer quatro povoamentos no Negev para abrigar 3.000 famílias de colonos em dezembro de 2021.

Uma guerra genocida para acabar com todas as guerras

Embora o Egipto tenha até agora rejeitado a pressão israelense para um êxodo em massa de residentes de Gaza através da passagem sul de Rafah, Weitman argumenta que o Cairo acolherá o êxodo em massa de refugiados palestinos como ‘um estímulo imediato’ que ‘proporcionará um benefício tremendo e imediato ao regime de al-Sisi.’

Weitman afirma que os principais credores do Cairo – incluindo a França, a Alemanha e a Arábia Saudita – provavelmente acolherão com agrado uma economia egípcia revitalizada, cortesia do ‘investimento israelense’ na remoção permanente dos palestinos. Ele acredita que a Europa Ocidental acolherá com satisfação ‘a transferência de toda a população de Gaza para o Egipto’, porque isso irá ‘reduzir significativamente o risco de imigração ilegal… uma vantagem tremenda’. Entretanto, ele espera que Riade adote a medida porque a ‘evacuação da Faixa de Gaza significa a eliminação de um aliado significativo do Irão’.

A limpeza étnica de Gaza significá o fim de ‘rondas incessantes e repetidas de combates, que inflamam o fogo do ódio contra Israel’. Além disso, ‘encerrar a questão de Gaza garantirá um fornecimento estável e aumentado de gás israelense ao Egipto e a sua liquefação’, a partir das vastas reservas confiscadas por Israel perto da costa de Gaza.

Espera-se que os palestinos, por sua vez, aproveitem a oportunidade de serem transferidos à força das suas casas, em vez de ‘viverem na pobreza sob o domínio do Hamas’. É, portanto, necessário que Israel ‘crie as condições adequadas’ para que ‘emigrem’ de Gaza para o Cairo. Weitman observa que os dois milhões de habitantes de Gaza ‘constituem menos de 2% da população total do Egito, que hoje já inclui 9 milhões de refugiados. Uma gota de água no oceano.’

O documento concluiu de forma ameaçadora: ‘Não há dúvida de que, para que este plano se concretize, muitas condições devem existir ao mesmo tempo. Atualmente, estas condições estão reunidas e não está claro quando tal oportunidade surgirá novamente, se é que alguma vez surgirá. Esta é a hora de agir. Já.’

‘Se quisermos mantermo-nos vivos, temos que matar, matar e matar’

Por mais bárbaras que possam parecer, estas propostas refletem o que muitas autoridades israelenses parecem estar a murmurar em privado, e o que pelo menos um ex-funcionário do governo defendeu abertamente como uma solução altruísta para o ‘problema’ palestino.

‘Há uma extensão enorme, um espaço quase infinito no Deserto do Sinai, do outro lado de Gaza’, o ex-vice-ministro das Relações Exteriores de Israel, Danny Ayalon, repetiu a lógica genocida sionista por trás da proposta de Weitman numa entrevista a Marc Lamont Hill, da Al Jazeera. “A ideia é – e esta não é a primeira vez que se faz isso – que eles vão para as áreas abertas onde nós e a comunidade internacional vamos preparar a infraestrutura – quero dizer, 10 cidades com alimentação e água – assim como para os refugiados da Síria.’

Em 2004, o demógrafo sionista Arnon Sofer, da Universidade de Haifa, apresentou planos detalhados para o isolamento de Gaza diretamente ao governo de Ariel Sharon. Isto implicava a retirada total das forças israelitas da área e a construção de um sistema rigoroso de vigilância e segurança para garantir que nada nem ninguém entrasse ou saísse sem o acordo sionista. Ele previa um banho de sangue perpétuo:

“Quando 2,5 milhões de pessoas viverem numa Gaza bloqueada, será uma catástrofe humana. Essas pessoas tornar-se-ão animais ainda piores do que são hoje… A pressão na fronteira será terrível. Será uma guerra terrível. Então, se quisermos continuar vivos, teremos que matar, matar e matar. O dia todo, todos os dias... a única coisa que me preocupa é como garantir que os meninos e homens que terão de cometer o assassinato possam voltar para casa, para suas famílias, e serem seres humanos normais.”

O Instituto acaba de apresentar uma fantasia clara e fácil de alcançar o mesmo objetivo apresentado por Sofer. Para que tenha êxito, tudo o que os palestinos têm de fazer é depor as armas e dirigir-se para o deserto do exílio permanente.’


*Kit Klarenberg é um jornalista de investigação que explora o papel dos serviços de inteligência na formação da política e das percepções.

Fonte: thegrayzone.com

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