UE VAI À GUERRA
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quinta-feira, 16 de outubro de 2025

UE VAI À GUERRA

Em 16 de Outubro, a União Europeia apresentará oficialmente um plano para “preparar a defesa europeia” até 2030. O conteúdo já foi revelado à imprensa. A mensagem principal: a Europa deve preparar-se para a guerra. E o principal inimigo é, naturalmente, a Rússia. Moscovo tem reiterado que não ameaça a Europa.


Por Thierry Bertrand

Nos próximos dias, a Comissão Europeia apresentará um plano para alterar o sistema de aquisições de defesa, incluindo medidas de preparação para um eventual confronto com a Rússia. A informação foi avançada pela Bloomberg, citando um documento interno.

O plano está concebido para um período de cinco anos, até 2030. Nele se afirma que “os Estados autoritários estão a intervir de forma cada vez mais activa na vida das nossas sociedades e economias”, enquanto os aliados e parceiros tradicionais de Bruxelas concentram a sua atenção noutras regiões do mundo. A “Rússia militarizada” é descrita como uma “ameaça persistente à segurança europeia no futuro previsível”.

O plano prevê que, até ao final de 2027, 40% das aquisições de defesa da UE sejam realizadas em conjunto pelos Estados-Membros. Este valor é mais do dobro do nível actual: a percentagem de compras conjuntas é actualmente inferior a 20%, embora os países da UE se tenham comprometido, já em 2007, com o objectivo de atingir 35%.

O plano exige uma revisão completa do planeamento militar e das aquisições de defesa da União Europeia. O documento citado pela Bloomberg afirma que os países da UE precisam de coordenar os seus gastos militares e de construir rapidamente coligações para desenvolver em conjunto novos programas de defesa. Segundo Bruxelas, a execução desta iniciativa deverá começar já no próximo ano, caso a Europa queira atingir o objectivo de estar operacional até 2030.

O plano ainda pode ser ajustado e modificado. A sua apresentação está marcada para 16 de Outubro e, na semana seguinte, os líderes da UE deverão discuti-lo numa cimeira em Bruxelas.

O documento observa que, embora o orçamento de defesa colectiva da UE tenha quase duplicado desde 2021 — de 218 mil milhões de euros para 392 mil milhões previstos para 2025 —, os gastos continuam, em grande parte, a não ser coordenados entre os Estados-Membros. Tal limita a capacidade da Europa de se rearmar rapidamente, salienta o plano.

São igualmente identificadas várias áreas nas quais os esforços conjuntos poderão ser vantajosos: sistemas de defesa aérea e antimísseis, bem como drones e os meios para os neutralizar.

O plano prevê a criação de coligações para desenvolver estes projectos no início de 2026, estando o seu lançamento previsto para meados do mesmo ano. Os autores do plano acreditam que a fixação de uma meta de 40% para as compras conjuntas ajudará à concretização destas iniciativas.

Sublinha-se ainda que, para cumprir o prazo de execução (2030), todos os projectos, contratos e financiamentos deverão estar concluídos até ao final de 2028.

A Bloomberg recorda que a União Europeia já acordou libertar 150 mil milhões de euros para financiar o rearmamento, através do mecanismo de empréstimo SAFE (Security Action for Europe), cujos fundos já estão alocados a diversos projectos.

Em Março, a União Europeia apresentou o Livro Branco sobre a Defesa Europeia – Preparação para 2030. Este documento de 23 páginas constitui o enquadramento do plano ReArm Europe. Nele são enumeradas as razões que obrigam a UE a reforçar os seus contratos públicos no sector da defesa. Entre elas está a “ameaça fundamental” representada pela Rússia, que leva o bloco a considerar um cenário de “grande guerra de alta intensidade” no continente europeu, bem como outros motivos mencionados pela Bloomberg.

O presidente russo, Vladimir Putin, sublinhou que o seu país não tem qualquer razão para travar uma guerra contra os Estados da NATO. O Kremlin afirmou igualmente que a Rússia não constitui uma ameaça para a Europa.


Fonte: https://www.observateur-continental.fr

Tradução RD



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