maio 2013
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quarta-feira, 29 de maio de 2013

MIA COUTO DISTINGUIDO COM PRÉMIO CAMÕES

MIA COUTO DISTINGUIDO COM PRÉMIO CAMÕES


"A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos."
Mia Couto.

O vencedor do prémio literário mais importante da criação literária da língua portuguesa é o escritor moçambicano autor de livros como Raiz de Orvalho, Terra Sonâmbula e A Confissão da Leoa . É o segundo autor de Moçambique a ser distinguido, depois de José Craveirinha em 1991.
 
O júri justificou a distinção de Mia Couto tendo em conta a “vasta obra ficcional caracterizada pela inovação estilística e a profunda humanidade”, segundo disse à agência Lusa José Carlos Vasconcelos, um dos jurados.

A obra de Mia Couto, “inicialmente, foi muito valorizada pela criação e inovação verbal, mas tem tido uma cada vez maior solidez na estrutura narrativa e capacidade de transportar para a escrita a oralidade”, acrescentou Vasconcelos. Além disso, conseguiu “passar do local para o global”, numa produção que já conta 30 livros, que tem extravasado as suas fronteiras nacionais e tem “tido um grande reconhecimento da crítica”. Os seus livros estão, de resto, traduzidos em duas dezenas de línguas. 


Do júri, que se reuniu durante a tarde desta segunda-feira no Palácio Gustavo Capanema, sede do Centro Internacional do Livro e da Biblioteca Nacional, fizeram também parte, do lado de Portugal, a professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa Clara Crabbé Rocha (filha de Miguel Torga, o primeiro galardoado com o Prémio Camões, em 1989), os brasileiros Alcir Pécora, crítico e professor da Universidade de Campinas, e Alberto da Costa e Silva, embaixador e membro da Academia Brasileira de Letras, o escritor e professor universitário moçambicano João Paulo Borges Coelho e o escritor angolano José Eduardo Agualusa. 

Também em declaração à Lusa, Mia Couto disse-se "surpreendido e muito feliz" por ter sido distinguido com o 25º. Prémio Camões, num dia que, revelou, não lhe estava a correr de feição. “Recebi a notícia há meia hora, num telefonema que me fizeram do Brasil. Logo hoje, que é um daqueles dias em que a gente pensa: vou jantar, vou deitar-me e quero me apagar do mundo. De repente, apareceu esta chamada telefónica e, obviamente, fiquei muito feliz”, comentou o escritor, sem adiantar as razões. 

O editor português de Mia Couto, Zeferino Coelho (Caminho), ficou também “contentíssimo” quando soube da distinção. “Já há muitos anos esperava que lhe dessem o Prémio Camões, finalmente veio”, disse ao PÚBLICO, lembrando que passam agora 30 anos sobre a edição do primeiro livro de Mia Couto em Moçambique, Raiz de Orvalho. 

O escritor não virá à Feira do Livro de Lisboa, actualmente a decorrer no Parque Eduardo VII, porque esteve na Feira do Livro de Bogotá, depois foi para o Canadá e só recentemente voltou a Maputo. Zeferino Coelho espera que o autor regresse a Portugal na rentrée, em Setembro ou Outubro. 

No entanto esta distinção não o vai desviar do seu novo romance, sobre Gungunhana, personagem histórico de Moçambique. "O prémio não me desvia. Estou a escrever uma coisa que já vai há algum tempo, um ano, mais ou menos, e é sobre um personagem histórico da nossa resistência nacionalista, digamos assim, o Gungunhana, que foi preso pelo Mouzinho de Albuquerque, depois foi reconduzido para Portugal e acabou por morrer nos Açores”, disse Mia Couto, à agência Lusa. “Há naquela figura uma espécie de tragédia à volta desse herói, que foi mais inventado do que real, e que me apetece retratar”, sublinhou. 

Nascido em 1955, na Beira, no seio de uma família de emigrantes portugueses, Mia Couto começou por estudar Medicina na Universidade de Lourenço Marques (actual Maputo). Integrou, na sua juventude, o movimento pela independência de Moçambique do colonialismo português. A seguir à independência, na sequência do 25 de Abril de 1974, interrompe os estudos e vira-se para o jornalismo, trabalhando em publicações como A Tribuna, Tempo e Notícias, e também a Agência de Informação de Moçambique (AIM), de que foi director. 

Em meados da década de 1980, regressa à universidade para se formar em Biologia. Nessa altura, tinha já publicado, em 1983, o seu primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho. 

"O livro surgiu em 1983, numa altura em que a revolução de Moçambique estava em plena pujança e todos nós tínhamos, de uma forma ou de outra, aderido à causa da independência. E a escrita era muito dominada por essa urgência política de mudar o mundo, de criar um homem e uma sociedade nova, tornou-se uma escrita muito panfletária”, comentou Mia Couto em entrevista ao PÚBLICO (20/11/1999), aquando da reedição daquele título pela Caminho. 

Em 1986 edita o seu primeiro livro de crónicas, Vozes Anoitecidas, que lhe valeu o prémio da Associação de Escritores Moçambicanos. Mas é com o romance, e nomeadamente com o seu título de estreia neste género, Terra Sonâmbula (1992), que Mia Couto manifesta os primeiros sinais de “desobediência” ao padrão da língua portuguesa, criando fórmulas vocabulares inspiradas da língua oral que irão marcar a sua escrita e impor o seu estilo muito próprio. 

“Só quando quis contar histórias é que se me colocou este desafio de deixar entrar a vida e a maneira como o português era remoldado em Moçambique para lhes dar maior força poética. A oralidade não é aquela coisa que se resolve mandando por aí umas brigadas a recolher histórias tradicionais, é muito mais que isso”, disse, na citada entrevista. E acrescentou: “Temos sempre a ideia de que a língua é a grande dama, tem que se falar e escrever bem. A criação poética nasce do erro, da desobediência.” 

Foi nesse registo que se sucederam romances, sempre na Caminho, como A Varanda do Frangipani (1996), Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra (2002 – que o realizador José Carlos Oliveira haveria de adaptar ao grande ecrã), O Outro Pé da Sereia (2006), Jesusalém (2009), ou A Confissão da Leoa (2012). A propósito dos seus últimos livros, o escritor confessou algum cansaço por a sua obra ser muitas vezes confundida com a de um jogo de linguagem, por causa da quantidade de palavras e expressões “novas” que neles aparecem. 

Paralelamente aos romances, Mia Couto continuou a escrever e a editar crónicas e poesia – “Eu sou da poesia”, justificou, numa referência às suas origens literárias. 

Na sua carreira, foi também acumulando distinções, como os prémios Vergílio Ferreira (1999, pelo conjunto da obra), Mário António/Fundação Gulbenkian (2001), União Latina de Literaturas Românicas (2007) ou Eduardo Lourenço (2012). 

O escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro, Prémio Camões 2008, disse à Lusa, no Rio de Janeiro, que “Mia Couto é, sem dúvida, um dos escritores mais importantes da língua portuguesa, e esse prémio é o reconhecimento que sua obra já há tempo faz por merecer”. E congratulou-se “festivamente com Mia Couto e com a literatura moçambicana, que ele honra com sua arte e exemplo”. 

E o escritor português Vasco Graça Moura considerou também ser esta uma atribuição perfeitamente merecida. “Mia Couto é um grande escritor, parece-me perfeitamente justificado”, disse à Lusa. Mia Couto é um “grande autor de língua portuguesa” e tem “uma capacidade de invenção verbal surpreendente. Por isso, na perspectiva do escritor português, a obra de Mia Couto “ultrapassa, de algum modo, os limites normais da prosa escrita em português”. 

Nas anteriores 24 edições do Prémio Camões, Portugal e Brasil foram distinguidos dez vezes cada, a última das quais, respectivamente, nas figuras de Manuel António Pina (2011) e de Dalton Trevisan (2012). Angola teve, até ao momento, dois escritores citados: Pepetela, em 1997, e José Luandino Vieira, que, em 2006, recusou o prémio. De Moçambique fora já premiado José Craveirinha (1991) e de Cabo Verde Arménio Vieira (2009). 

Criado por Portugal e pelo Brasil em 1989, e actualmente com o valor monetário de cem mil euros, este é o principal prémio destinado à literatura em língua portuguesa e consagra anualmente um autor que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum. 

Com Isabel Coutinho 
Público




terça-feira, 28 de maio de 2013

PAUL KRUGMAN - PORTUGAL VIVE UM PESADELO


PAUL KRUGMAN - PORTUGAL VIVE UM PESADELO



O economista Paul Krugman abordou o tema Portugal no seu blog do jornal The New York Times para se referir à situação do país como um pesadelo. O Nobel da Economia pega no exemplo português para mandar um recado aos decisores da União Europeia: ou o euro desaparece ou se faz alguma coisa para que resulte. O que não pode acontecer – sustenta Krugman – é que se permita a destruição das unidades familiares de negócio, “o núcleo da economia e da estrutura social”, condenando “um extenso número de trabalhadores ao desemprego”.



Não é a primeira vez que Paul Krugman se refere à situação portuguesa. Há um ano manifestava fortes dúvidas de que Portugal conseguisse pagar a sua dívida por inteiro.

Desta vez vai mais longe e fala do pesadelo económico-financeiro que o país vive, para se lançar na defesa de soluções que não passam pelas políticas de austeridade a que tem deitado mão a liderança da União Europeia.


Não me digam que Portugal tem tido más políticas no passado e que tem profundos problemas estruturais. Claro que tem: como todos os outros têm, mas, sendo a situação portuguesa mais grave do que noutros países, como é que pode fazer sentido lidar com esses problemas condenando ao desemprego um grande número de trabalhadores disponíveis?” - é a questão deixada por Krugman. 

Salvar as empresas familiares 


Devemos tentar perceber "como e porque é que estamos a permitir que este pesadelo aconteça de novo, três gerações depois da Grande Depressão".

Paul Krugman

Logo de entrada, o Nobel da Economia de 2008 aponta a degradação dos negócios familiares - que vê como o núcleo quer económico quer social do país – para pintar um quadro “profundamente deprimente” do Portugal destes tempos. Mas não se trata de um mero exemplo ilustrativo. Para Paul Krugman, “[contrariar isto] é o que de facto interessa” 

A solução, sustenta, está numa política monetária e orçamental expansionista que Portugal não pode colocar em marcha, já que “deixou de ter moeda própria”. E é neste ponto que o economista norte-americano advoga uma decisão: ou o euro acaba ou se faz alguma coisa para o pôr a funcionar. 

“Porque aquilo a que estamos a assistir (aquilo por que os portugueses estão a passar) é inaceitável”, acrescenta Krugman, defendendo que a solução deve passar por “uma expansão mais forte na zona do euro como um todo e uma inflação mais elevada no núcleo europeu”. Para o conseguir, uma política monetária menos apertada seria uma ajuda, “tendo em mente que o BCE (Banco Central Europeu), tal como a Fed (Reserva Federal Norte-Americana), são contra taxas de juro próximas de zero”. Neste sentido, acrescenta, são desejáveis “políticas não convencionais (…) e uma ajuda ao nível da política orçamental”. 

O que Paul Krugman rejeita liminarmente é a solução na continuidade do que vêm sendo os últimos três anos de uma política europeia “focada quase inteiramente nos supostos perigos da dívida pública”, com “a austeridade na periferia a ser reforçada pela austeridade no centro”. 

É uma visão que o Nobel norte-americano teme venha a ser comentada como a de um anti-europeu. Nada disso – garante. Num segundo texto colocado logo após no seu blog “Consciência de Um Liberal”, Paul Krugman afirma que por vezes encontra europeus que vêem nas suas críticas à troika a opinião de “um anti-europeu”.

“Pelo contrário: o projecto europeu, a construção da paz, democracia, e a prosperidade através da união, é uma das melhores coisas que aconteceu à Humanidade. É por isso que estas políticas erradas, que estão a rasgar a Europa em bocados, são uma tragédia tão grande”, explica nesse texto que aborda a sua passagem por Portugal no período pós-revolução (1975) enquanto conselheiro do MIT (Massachusetts Institute of Technology), a pedido do então governador do Banco de Portugal José da Silva Lopes. 

Ainda Reinhart & Rogoff 

Os dois economistas formados em Harvard foram acusados de erros de tratamento estatístico e ocultação de dados que comprometiam a tese central da obra - problemas detetados por um estudante de doutoramento da Universidade Amherst de Massachusetts. 

O estudo inteiramente focado no trabalho de Reinhart e Rogoff, "É verdade que a elevada dívida pública sufoca de forma sistemática o crescimento económico?" (Does High Public Debt Consistently Stifle economic Growth?), de Thomas Herndon, Michael Ash e Robert Pollin, veio apontar três fraquezas na análise de R&R: duas de natureza metodológica e uma de erro de codificação estatística.


O economista lembra com ironia que entre os especialistas que se deslocaram a Portugal nesse período que se seguiu ao derrube da ditadura de Marcello Caetano estaria um ano depois Ken Rogoff, um colega com quem tem mantido um diferendo académico, depois da polémica acesa a propósito de uma certa teoria da austeridade alegadamente sustentada numa folha de Excel suspeita. 

Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff, economistas da Universidade de Harvard e com ligações ao FMI (Fundo Monetário Internacional), têm estado no centro de todas as discussões sobre as políticas da austeridade devido a Crescimento em Tempos de Dívida, obra de 2010 sobre o impacto da dívida pública no crescimento económico que tem sido vista como uma espécie de cartilha para neoliberais. 

Há mês e meio o estudo seria posto em causa por um estudante de doutoramento. Problemas que obrigaram os autores a publicar uma correção desse estudo, mas cuja tese central – a ideia de que é impossível crescer com dívidas superiores a 90% do PIB - não mais foi vista da mesma forma. 

A controvérsia em torno do estudo Crescimento em Tempos de Dívida abriu em definitivo a porta à contestação das políticas de austeridade.

Krugman foi igualmente crítico desse estudo e questionou, de forma retórica, se terão Keneth Rogoff e Carmen Reinhart “destruído por completo a economia do Ocidente?”. 

“De facto, Reinhart-Rogoff poderão ter tido uma enorme influência, imediata, no debate público do que qualquer outro estudo na área da Economia”, insistiu Krugman, palavras que lhe mereceram um contra-ataque duríssimo numa carta publicada há dois dias pelos dois economistas. 

Paul Krugman, acrescentam os dois autores, teve um comportamento pouco civilizado ao querer transformá-los em bodes expiatórios da situação que se vive em boa parte do Ocidente, com a implementação a toda a força de políticas de austeridade. Mas não apenas nesse departamento, também quando lançou acusações de que não partilhavam os seus dados ou ignorando estudo que vão ao encontro das suas conclusões em Crescimento em Tempos de Dívida

R&R voltaram a repetir argumentos que têm esgrimido nos últimos tempos, procurando, em termos genéricos, desmentir a ideia de que a sua teoria estabeleça uma relação de causalidade entre forte dívida e baixo crescimento. Explicam que o que fica demonstrado é a relação (association, no original) entre uma coisa e outra. 

Lusa

Paul Krugman - New York Times Blog


sexta-feira, 17 de maio de 2013

A TRANSFORMAÇÃO DO MÉDIO ORIENTE E A DECADÊNCIA DO OCIDENTE POLITICO POR PAULO RAMIRES

A TRANSFORMAÇÃO DO MÉDIO ORIENTE E A DECADÊNCIA DO OCIDENTE POLITICO POR PAULO RAMIRES


Os vários interesses estratégicos na região são disputados por dois cartéis antagónicos que desejam o controlo dos recursos energéticos do petróleo cada vez mais escassos e novas explorações do gás nomeadamente a partir do irão e que irá para a Europa ou para outras zonas como Paquistão e China. A aumentar a estes problemas também há a outra disputa - a água - com Israel no topo. A alteração do mapa do Médio Oriente em função desses interesses energéticos mas também da geopolítica dos "players" que não é de modo alguma pacífica. A descoberta no campo de gás da bacia Levanthine no oriente mediterrânico, que afinal tinha mais 70% de gás do que inicialmente previsto, só veio piorar a situação. Só na síria já morreram cerca de 80 000 pessoas.

Por Paulo Ramires

Quando os EUA e aliados invadiram o Iraque, sobre o pretexto de Saddan Hussein possuir armamento químico que ameaçava o mundo, no mesmo dia da invasão esse mesmo pretexto mudou imediatamente para outro, a implementação da "democracia" e da "freedom" no estado iraquiano, 8 anos depois, o Iraque transformou-se num território semi-anarquico onde as potencias ocidentais [e não só] recrutam e treinam elementos terroristas que depois se vão juntar aos mais diversos grupos terroristas da Al-Qaeda ou de outras organizações similares para cumprir os mais diversos objectivos de acordo com as ambições de potencias e "players" do Médio Oriente como é o caso da guerra da Síria - uma guerra por proxies - que se faz pelo uso destes grupos terroristas, o problema é que esta situação está indo para uma situação sem controlo, havendo outros estados como a Arábia Saudita, Qatar a fazer o mesmo e muitas vezes com objectivos divergentes dos do ocidente, como é o caso dos movimentos salafistas do Paquistão ou sunitas radicais da Arábia Saudita que enviam jihadistas para o Mali e norte de África - um problema ainda para ser revelado em toda a sua dimensão. Muitos especialistas em defesa europeia temem esta situação. A situação é de tal forma confusa e assustadora que o próprio numero dois, agora numero um da Al-qaeda, Ayman Al Zawahiri está a sustentar, e a financiar também o Jahbat al-Nusra, em paralelo com os EUA e Israel. Ou seja a politica dos EUA e Reino Unido é convergente com os objectivos políticos da Al-Qaeda [se bem que a Al-Qaeda se tornou nos últimos anos numa coisa extraordinariamente monstruosa em que todos participam - Ayman Al Zawahiri foi o homem para lidar esta federação de organizações terroristas - um autentico politico que faz as pontes entre vários interesses]. Mas toda a zona está a ferro e fogo, toda a região está envolvida dirigindo-se também para a Turquia. E porquê tudo isto ? Pelos vários interesses estratégicos na região onde está em disputa o controlo dos recursos energéticos do petróleo cada vez mais escassos e novas explorações do gás nomeadamente a partir do irão e que irá para a Europa ou para outras zonas como Paquistão e China. A aumentar estes problemas também há a outra disputa pela água com Israel no topo. Assim tudo vale, não há lei, valores. princípios, apenas a ambição de poder e controlo de uma parte significativa da economia mundial através desses mesmos recursos energéticos mas também uma região altamente geopolítica e com interesse paras as potencias interessadas em explorar esta região. O que está agora a acontecer, na verdade resulta de uma planificação continuada que se tem vindo a evoluir em termos de ajustamento da geografia, que se vem fazendo há muito tempo e que a administração Bush Jr. acelerou, isto não é nem mais nem menos que a alteração do mapa do Médio Oriente em função desses interesses energéticos mas também da geopolítica dos "players" que não é de modo alguma pacífica. Está em causa muita coisa como por exemplo a existência de vários países que arrastarão outros numa infernal espiral de terror e caos, a Síria é um deles - já morreram cerca de 80 mil pessoas [o número poderá ser mais elevado]. A questão da Síria é a ambição do controlo do espaço geográfico terrestre, marítimo (também tem acesso ao mar) e aéreo, por lá passam muitas das condutas de petróleo e gás altamente estratégico e vital para muitos países, assim é pretendida a dissolução deste estado em vários pequenos estados (segundo o desenho decidido por Israel e EUA serão 4 estados) sem qualquer independência ou autonomia, apenas controlados pelos "players", (EUA e Israel) para melhor se lidar com estes interesses no Médio Oriente, e ainda há o corredor curdo proposto também por Israel e EUA que está a desnortear por completo Erdogan envolvido em teias de interesses complexas[ a favor: PKK-PYD, Barzani, o presidente Gül e FM Davutoğlu do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), o primeiro ministro da Turquia, Tayyip Erdoğan do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), Syrian Opposition (instável), Free Syrian Army(FSA) / Plunderers e Saudi Arabia / Qatar. Mas em oposição a este projecto liderado pelos EUA e Israel, está Bashar Hafez al-Assad e que é apoiado pelo Irão, Rússia, China, Libano, Iraque e Forças Nacionais da Turquia (que participam em manifestações anti-AKP) com visões completamente diferentes[o que aqui está também em causa é a criação de um segundo Israel por intermédio da criação de estados fantoches estendidos pelo Médio Oriente, e o domínio sobre a Turquia que se arisca a ser desmembrada pela NATO [o PKK teria um importante papel nisto tudo]], assim o que os primeiros estados decidiram ?  Simplesmente fabricar justamente conflitos sectários e a destruição do estado laico representado na pessoa de Bashar Hafez al-Assad. O ideal até seria um governo islâmico que pudesse fazer uma ponte com o Egipto e isolar mais o Irão. Mas isto é muito perigoso, o que se está a produzir são estados islâmicos profundamente radicais e sectários com base na Sharia islâmica, ora será para ai que vai o Iraque ? O Iraque está fora de controlo, e este vídeo não aparece por acaso, é também uma mensagem. Pelas imagens do vídeo abaixo parece que já é factual o aparente controlo do islamismo xiita radical, o que é surpreendente pois é a credibilidade ocidental que já não existe há muito tempo. [Na verdade se não houver surpresas e golpes de rins, isto poderá ser um duro golpe para os EUA]. Algumas pessoas na Europa ligadas à segurança, têm receio desta situação e com razão pois o islamismo radical tem capacidade para se expandir e irá se expandir. Se isto está acontecer muito se deve aos EUA e RU e Israel, afinal não era a democracia que eles criam ? Claro que não. Ora como é que eles poderiam crer a democracia em estados falhados não sendo eles próprios países democráticos como muita gente pensa que são ? Mas eles não criam a democracia para o Iraque, na verdade eles querem retalhar o Iraque em pedaços, consciente disto o governo iraquiano afastou-se de Washington, ora isto poderá estar relacionado com o fim do Conselho Nacional Sírio. No vídeo vemos o resultado das politicas do ocidente lideradas pelos EUA e o modelo que estes países criaram no Iraque e que agora exportam para a Líbia e todo lado. Um festim para a Al-Qaeda. Mas há mais gente envolvida nesta politica de alteração do Médio Oriente que tem causado centenas de milhares de mortos e milhões de pessoas feridas afectadas das mais diversas formas, aliás armas químicas têm sido usadas por todo o lado, particularmente por Israel na Palestina, e EUA no Iraque e Afeganistão e Paquistão (?), isto não esquecendo os drones americanos e israelitas que são responsáveis pela morte de milhares de pessoas inocentes.  Kadafi era um estadista mais democrático que muitos estadistas europeus, e deu provas disso para os que quisessem ver estas questões com seriedade. Hoje a Líbia está na mão de terroristas com interesses petrolíferos, e o seu sistema bancário nas mãos de grandes grupos financeiros, a população está a sofrer quando antes tinha carros e apartamentos oferecidos pelo estado e era um pais em desenvolvimento a par do Brasil por exemplo. O plano é de tal forma visionário e de loucura sem limites que 10 anos antes Wesley Clark e o Departamento de Defesa dos EUA discutiram planos de guerra a partir da "Primavera Árabe"[uma fabricação dos EUA].

 O mesmo general na página do seu livro "Vencendo Guerras Modernas" escrevia o seguinte na página 130 do livro: "Quando eu regressei ao Pentágono em Novembro de 2001, um oficial sénior do staff militar, teve tempo para falar. Sim, estamos a caminho para ir contra o Iraque, disse ele. Mas havia mais. Isto tinha sido discutido como parte de um plano de uma campanha de cinco anos, disse ele, e eram um total de sete países, começando pelo Iraque, então Síria, Líbano, Líbia, Irão, Somália e Sudão.
 ... ele disse isto com descrédito - com quase descrença - num suspiro de uma visão. Afastei-me da conversa, por isto ser algo que não me agradaria ouvir. E isto não era algo que eu queria que também fosse para a frente ...Deixei o Pentágono naquela tarde profundamente perturbado."

Mas em 2007 o quadro estratégico do Médio Oriente ganha uma nova relevância, era nem mais nem menos do que descobertas no campo de gás da bacia Levanthine no oriente mediterrânico, afinal tinha mais 70% de gás do que inicialmente previsto. As implicações geopolíticas e a segurança energética para estas descobertas de recursos energéticos, levaram à competição de cartéis que estão na origem e causa do conflito sírio. Mas isto revela-se muito mais complicado do que possa parecer, o controlo destas reservas por parte do cartel apoiado pela Rússia e Irão é de facto uma séria ameaça ao já bastante contestado acordo de Bretton Woods que criou o actual sistema monetário com base no dólar, e que agora estará já praticamente perto do seu fim.

Para continuar...

E como ficará a Europa neste quadro de um novo cenário bastante diferente ? Vai ser afectada ? Já está a ser afectada ? E o problema de politica económica ?


No caso de os estados Unidos e aliados imporem uma zona de exclusão aérea á Síria responderá com os mísseis Yakhont de defesa de fabrico russo, agora com um "upgrade". Os misseis Yakhont têm a capacidade de atacar o seu alvo a uma velocidade supersónica, voando a um baixo nível, deixando pouca margem de reacção ao adversário para reagir, mesmo assim as defesas da frota naval têm vindo a fazer um longo percurso desde os sistemas da guerra electrónica.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

MANIFESTANTES DA QUE SE LIXE A TROIKA INTERROMPEM VITOR GASPAR

MANIFESTANTES DA QUE SE LIXE A TROIKA INTERROMPEM VITOR GASPAR



O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, foi na tarde desta quarta-feira interrompido por cerca de duas dezenas de pessoas quando se preparava para falar na apresentação de um livro em Lisboa.

Os manifestantes gritaram “Demissão!” e interromperam Gaspar na apresentação da obra Desta vez é diferente. Oito séculos de loucura financeira, de Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff, economistas que conceberam o polémico estudo sobre o impacto da dívida pública no crescimento económico.
O título centra-se na análise de “diversos episódios de vários tipos de crises financeiras” ao longo dos séculos, revela a editora Almedina.

Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff, economistas formados em Harvard, foram recentemente notícia por terem publicado uma correcção ao controverso estudo que fizeram sobre o impacto da dívida pública no crescimento económico.

domingo, 12 de maio de 2013

TRAGÉDIA DO BANGLADESH, FOTOS IMPRESSIONANTES

TRAGÉDIA DO BANGLADESH, FOTOS IMPRESSIONANTES



A fotografia mostra o dramatismo de duas vitimas que acabariam por morrer pressionadas por um monte de escombros de uma fábrica alemã que colapsou em Savar perto de Dhaka em Bangladesh. A fotografia é estremecedora com o corpo feminino completamente dobrado e o corpo masculino quiçá persentindo a morte agarrando-se àquele num enlaço deficil de descrever com uma gota de sangue como se fosse uma lágrima.



OUTRAS FOTOS DA MESMA TRAGÉDIA:                                                                                                               


terça-feira, 7 de maio de 2013

O EURO NÃO TEM CONDIÇÕES PARA PROSSEGUIR DIZ OSKAR LAFONTAINE, EX-MINISTRO ALEMÃO DO DER LINKE

O EURO NÃO TEM CONDIÇÕES PARA PROSSEGUIR DIZ OSKAR LAFONTAINE, EX-MINISTRO ALEMÃO DO DER LINKE


O Euro não tem condições para prosseguir, diz o ex-ministro Oskar Lafontaine ", adiantando ainda que os países europeus unirem forças para fazer um ponto de viragem na crise penalizando inevitavelmente as exportações alemãs”, enquanto que o ministro das finanças francês Pierre Moscovici proclamou que "a austeridade está concluída. (...) Estamos a ver o fim do dogma austeridade. É uma vitória do ponto de vista francês."

Oskar Lafontaine, um dos fundadores do euro quando era ministro das Finanças da Alemanha, pediu o fim do euro para deixar os países do Sul recuperarem. E sublinha que "os alemães ainda não perceberam que o sul da Europa, incluindo a França, será forçado pela sua miséria actual a lutar, mais cedo ou mais tarde, contra a hegemonia alemã“.

Numa comunicação colocada no site do Partido de Esquerda do Parlamento alemão, na semana passada, Lafontaine não deixa de apontar o dedo à Alemanha por ter baixado os seus salários para proteger as suas empresas exportadoras. Uma crítica que vários subscrevem, a ponto de a Bélgica ter feito queixa junto da Comissão Europeia acusando Berlim de “dumping social”, numa alusão à venda de bens abaixo do custo de produção que é proibida na UE.

Na Alemanha não existe uma política de salário mínimo e é possível aos trabalhadores com salários mais baixos não pagar impostos nem contribuir para a segurança social ou outro sistema de pensões. Ou seja, há várias empresas que pagam aos seus funcionários três a quatro euros por hora.

“Merkel vai despertar do seu sono hipócrita quando, a sofrer por causa da política salarial alemã, os países europeus unirem forças para fazer um ponto de viragem na crise penalizando inevitavelmente as exportações alemãs”, avisa Lafontaine.

Por estas razões, o espírito do euro foi minado e não tem condições para prosseguir, diz o ex-ministro, porque não foi possível nos países do euro ter uma política de salários coordenada em função da produtividade.

Por isso, deve ser retomado um sistema como aquele que foi precursor da união monetária, o Sistema Monetário Europeu, que permite fazer “desvalorizações e valorizações controladas” das moedas nacionais, defende, o que exigira um controlo muito apertado sobre os fluxos de capitais. Os países em situação mais débil cujas moedas seriam necessariamente desvalorizadas teriam, num período de transição, de ser ajudados pelo Banco Central Europeu, por exemplo, para evitar o colapso.

Uma condição essencial para o funcionamento de um sistema monetário europeu seria a reforma do sector financeiro assim como a sua regulação. "O casino tem de ser encerrado", escreve.  Esta transição teria de ser gradual começando, por exemplo, pela Grécia e Chipre.

As políticas de austeridade estão a levar ao desastre, considera, juntado a sua voz às várias que se têm levantado na Europa contra este "aperto de cintos" e que ele próprio cita, como Barroso e Enrico Letta, em Itália. Durante o fim-de-semana, o ministro das Finanças francês Pierre Moscovici proclamou o fim da austeridade e um triunfo da política francesa.

"A austeridade está concluída. Esta é uma viragem decisiva na história do projecto europeu desde o euro", disse Moscovici à TV francesa. "Estamos a ver o fim do dogma austeridade. É uma vitória do ponto de vista francês." Descartando a hipótese de cortes adicionais, Paris vai, no entanto, manter as políticas de corte de despesa pública.

In Público

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