O EURO NÃO TEM CONDIÇÕES PARA PROSSEGUIR DIZ OSKAR LAFONTAINE, EX-MINISTRO ALEMÃO DO DER LINKE
O Euro não tem condições para prosseguir, diz o ex-ministro Oskar Lafontaine ", adiantando ainda que os países europeus unirem forças para fazer um
ponto de viragem na crise penalizando inevitavelmente as exportações
alemãs”, enquanto que o ministro
das finanças francês Pierre Moscovici proclamou que "a austeridade está concluída. (...) Estamos
a ver o fim do dogma austeridade. É uma vitória do ponto de vista
francês."
Oskar Lafontaine, um dos fundadores do euro quando era ministro das
Finanças da Alemanha, pediu o fim do euro para deixar os países do Sul
recuperarem. E sublinha que "os alemães ainda não perceberam que o sul
da Europa, incluindo a França, será forçado pela sua miséria actual a
lutar, mais cedo ou mais tarde, contra a hegemonia alemã“.
Numa comunicação colocada
no site do Partido de Esquerda do Parlamento alemão, na semana passada,
Lafontaine não deixa de apontar o dedo à Alemanha por ter baixado os
seus salários para proteger as suas empresas exportadoras. Uma crítica
que vários subscrevem, a ponto de a Bélgica ter feito queixa junto da
Comissão Europeia acusando Berlim de “dumping social”, numa alusão à venda de bens abaixo do custo de produção que é proibida na UE.
Na
Alemanha não existe uma política de salário mínimo e é possível aos
trabalhadores com salários mais baixos não pagar impostos nem contribuir
para a segurança social ou outro sistema de pensões. Ou seja, há várias
empresas que pagam aos seus funcionários três a quatro euros por hora.
“Merkel
vai despertar do seu sono hipócrita quando, a sofrer por causa da
política salarial alemã, os países europeus unirem forças para fazer um
ponto de viragem na crise penalizando inevitavelmente as exportações
alemãs”, avisa Lafontaine.
Por estas razões, o espírito do euro
foi minado e não tem condições para prosseguir, diz o ex-ministro,
porque não foi possível nos países do euro ter uma política de salários
coordenada em função da produtividade.
Por isso, deve ser retomado
um sistema como aquele que foi precursor da união monetária, o Sistema
Monetário Europeu, que permite fazer “desvalorizações e valorizações
controladas” das moedas nacionais, defende, o que exigira um controlo
muito apertado sobre os fluxos de capitais. Os países em situação mais
débil cujas moedas seriam necessariamente desvalorizadas teriam, num
período de transição, de ser ajudados pelo Banco Central Europeu, por
exemplo, para evitar o colapso.
Uma condição essencial para o
funcionamento de um sistema monetário europeu seria a reforma do sector
financeiro assim como a sua regulação. "O casino tem de ser encerrado",
escreve. Esta transição teria de ser gradual começando, por exemplo,
pela Grécia e Chipre.
As políticas de austeridade estão a levar ao
desastre, considera, juntado a sua voz às várias que se têm levantado
na Europa contra este "aperto de cintos" e que ele próprio cita, como
Barroso e Enrico Letta, em Itália. Durante o fim-de-semana, o ministro
das Finanças francês Pierre Moscovici proclamou o fim da austeridade e
um triunfo da política francesa.
In Público
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