PAUL KRUGMAN CRITICA LIBERALISMO DA ESCOLA AUSTRÍACA
O República Digital faz todos os esforços para levar até si os melhores artigos de opinião e análise, se gosta de ler o RD considere contribuir para o RD a fim de continuar o seu trabalho de promover a informação alternativa e independente no RD. Apoie o RD porque ele é a alternativa portuguesa aos média corporativos.

domingo, 14 de outubro de 2012

PAUL KRUGMAN CRITICA LIBERALISMO DA ESCOLA AUSTRÍACA

PAUL KRUGMAN CRITICA LIBERALISMO DA ESCOLA AUSTRÍACA


Não me parece que a escola austríaca tenha argumentos fora dos partidos conservadores, aliás o papel moeda pode bem ser o padrão da produtividade resultante do trabalho e não do ouro como a escola austríaca defende.

Vejamos o que diz Paul Krugman na sua critica à Escola Austríaca [Liberal].

Ron] Paul tem se mostrado altamente consistente. Eu aposto que ninguém encontrará vídeos de alguns anos atrás nos quais ele tenha dito o oposto do que está dizendo no momento.

Infelizmente, a forma que ele escolheu para manter a sua consistência foi ignorar a realidade, agarrando-se à sua ideologia, ainda que os fatos demonstrem que tal ideologia é equivocada. E, ainda mais infeliz é o fato de a ideologia de Paul actualmente dominar um Partido Republicano que costumava ser mais sábio.

[...]

Ron Paul se apresenta como um adepto da economia "austríaca" — uma doutrina que rejeita John Maynard Keynes mas que repele com veemência quase igual as ideias de Milton Friedman. Isso porque os seguidores da escola austríaca acreditam que o "papel-moeda fiduciário de curso forçado", o dinheiro que é simplesmente impresso sem ser lastreado por ouro, é a raiz de todos os males. Isso significa que eles se opõem veementemente àquele tipo de expansão monetária que Friedman afirmou que poderia ter prevenido a "Grande Depressão" — e que foi na verdade implementada desta vez por Ben Bernanke.

Bem, uma breve digressão: na verdade o Federal Reserve não imprime dinheiro (quem faz isso é o Tesouro). Mas o Fed controla a "base monetária", a soma das reservas bancárias e da moeda em circulação. Assim, quando as pessoas falam que Bernanke está imprimindo dinheiro, o que elas querem dizer de fato é que o Fed expandiu a base monetária.

E houve, realmente, uma enorme expansão da base monetária. Após a queda do Lehman Brothers, o Fed passou a emprestar somas enormes aos bancos e também a adquirir uma ampla gama de outros activos, em uma tentativa (bem sucedida) de estabilizar os mercados financeiros. E, durante o processo, ele acrescentou vastas quantias às reservas bancárias. No outono norte-americano de 2010, o Fed deu início a uma nova série de aquisições, em uma tentativa menos exitosa de estimular o crescimento económico. O efeito combinado dessas acções foi que a base monetária mais do que triplicou de volume.

Os "austríacos", e na verdade muitos economistas de direita, tinham certeza do que aconteceria como resultado dessas medidas: haveria uma inflação devastadora. Peter Schiff, um analista famoso, que pertence à escola austríaca e que já foi assessor da campanha de Ron Paul em 2008, chegou a advertir (no programa de televisão de Glenn Beck) para a possibilidade de uma hiperinflação de estilo zimbabuano no futuro próximo.

Assim, aqui estamos nós, três anos depois. E como andam as coisas? A inflação flutuou mas, no fim das contas, os preços para o consumidor subiram apenas 4,5%, o que significa uma taxa de inflação média anual de apenas 1,5%. Quem poderia ter previsto que a emissão de tanto dinheiro provocaria tão pouca inflação? Bem, eu poderia. E de fato previ. E também outros economistas que entendem os ataques de Paul à economia keynesiana. Mas os apoiadores de Paul continuam a alegar que, de alguma forma, ele ainda tem razão quanto a tudo.

Mesmo assim, embora os proponentes originais da doutrina sequer admitam que estavam errados — segundo a minha experiência, nenhum integrante do mundo político jamais admite ter cometido um erro em relação a algo —, você poderia achar que o fato de eles terem errado tanto em relação a algo tão fundamental para o seu sistema de crenças teria feito com que os "austríacos" perdessem popularidade, mesmo dentro do Partido Republicano. Afinal, ainda nos anos Bush, muitos republicanos defendiam ferrenhamente a impressão de dinheiro quando a economia sofresse desaquecimento. "Uma política monetária agressiva pode reduzir a gravidade de uma recessão", declarou o Relatório Económico do Presidente de 2004.

Paul Krugman

Sem comentários :

Enviar um comentário

Apoie o RD

Enter your email address:

Delivered by FeedBurner