UCRÂNIA: OS EUA QUEREM A GUERRA... EM SOLO EUROPEU
Dez dias depois da assinatura dos Acordos de Minsk, David Cameron anunciou o envio de tropas britânicas
para a Ucrânia. Uma semana mais tarde, John Sawers, o ex-chefe de Mi16
(a CIA britânica) afirmou que "a guerra contra a Rússia está apenas no
início"
Por Boniface Musavuli
Não devemo-nos iludir sobre as intenções dos dirigentes norte-americanos: eles querem a guerra. Uma guerra que deve ocorrer no Velho Continente e deve fazer com que muitos europeus tantos quanto possível se envolvam num confronto militar com a Rússia. Os ucranianos, excepto uma grande revolta das massas devem renunciar ao seu país para servir de campo de batalha necessário ao conflito das grandes potências cujos conflitos lhe são alheios, uma vez que perderam o controle dos acontecimentos na "Praça Maidan", numa noite em Fevereiro de 2014.
Do Maidan à escalada militar
De qualquer forma, os mais recentes desenvolvimentos dos Estados Unidos dificilmente são tranquilizadores. Um ano depois dos acontecimentos de maidan, terrivelmente equivocados por "atlantistas", os Estados Unidos formalizaram a decisão de enviar para a Ucrânia cerca de 600 pára-quedistas pertencentes à 173º brigada aero-transportada. O anúncio foi feito segunda-feira pelo coronel Michael Foster, comandante da brigada, e confirmado por Ben Hodges, o principal comandante dos EUA na Europa. As primeiras unidades de combate da brigada devem ser posicionadas na Ucrânia a 8 de Março. Oficialmente, não irão para lutar, mas para treinar tropas ucranianas (na catástrofe de Donbass) no uso de armas norte-americanas no processo de transporte. [1]
Sobre precisamente o enviou de armas dos EUA para Kiev, é sabido que isso conduziria ao aumento reciproco dos recursos militares nas repúblicas autónomas do Leste (Donetsk e Lugansk) por Moscovo. Porque para a Rússia está fora de questão que as forças da NATO sejam implantadas, junto à fronteira russo-ucraniana, e eles não estão errados. Os russos nunca aceitaram ter sido enganados pelo Ocidente à margem da reunificação alemã. [2] Foi para tentar evitar esse risco de escalada militar que a França e a Alemanha decidiram no início de Fevereiro entrar em contacto directo com Vladimir Putin, sem consultar Washington. Foi para tranquilizar o líder do Kremlin que os franceses e alemães se irão opor ao envio de armas americanas aos ucranianos. [3] O presidente russo manteve-se aberto às propostas franco-alemãs, e concordou com os Acordos de Minsk II[4], de 11 de Fevereiro de 2015. O problema com Minsk II é que houve duas ausências notáveis: a dos britânicos e a dos americanos. Não estão vinculados por tais acordos, assim eles vão continuar a alimentar o conflito.
É necessário que se matem uns aos outros pela América
Dez dias depois da assinatura dos Acordos de Minsk, David Cameron anunciou o envio de tropas britânicas para a Ucrânia. Uma semana mais tarde, John Sawers, o ex-chefe de Mi16 (a CIA britânica) afirmou que "a guerra contra a Rússia está apenas no início" [5]. Com o envio de unidades de combate para a Ucrânia por parte dos EUA, os britânicos juntaram-se aos seus primos americanos, que insistem que a situação continua a deteriorar-se e ela eventualmente se degradou. Obviamente que os exércitos americanos e britânicos não vão participar da linha de frente contra o exército russo. Essa implantação atlantista visa manter de forma sustentável uma atmosfera de ódio entre os povos, um ambiente permanente de violência e desolação.
Uma das estratégias utilizadas pelos maus decisores dos Estados Unidos contra os países a que se dirigem é atingir directamente as populações, quer por violência aleatória, quer por embargos, quer por humilhações em manter sistematicamente essas tragédias colectivas na parte de trás do "inimigo" que escolhem. Nós não devemos nos surpreender se as populações russas / russófonas se tornarem alvo de assassinatos indiscriminados e de fome causada intencionalmente, o que irá levá-los à procura de mais ajuda de Moscovo. A assistência de que Putin não vai negar-lhes sob o risco de alienar os russos a partir do interior. [6] Só que se envolver demais na Ucrânia, ou, quando for o caso, nos países bálticos, o presidente russo se tornará num "agressor". Exactamente a imagem que os média ocidentais e os líderes estrangeiros do Atlântico trabalham para lhe colar à pele. Portanto, as forças europeias, mais ou menos oficialmente, chamadas de "países agressores" por parte da Rússia. O início de uma engrenagem de assassinos no coração da Europa.
Confrontado com estas acções norte-americanas, somos tentados a dizer que eles são loucos, esses americanos! De forma alguma. Na realidade, os Estados Unidos, possuem um poder enorme, confiando que o conflito ucraniano irá envolver os europeus num confronto militar com a Rússia. [7] A esperança é que, não se use as armas estratégicas (cenário de suicídio), o solo americano deve ser preservado da devastação da guerra que começará. Quando tudo isto acabar, os europeus e os russos, independentemente do lado que vier a prevalecer sobre o outro, será arruinado economicamente mesmo que sem derramamento de sangue. Como no final da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, haverá um último poder de ultimo recurso: os Estados Unidos da América.
Biliões de dólares em contratos de reconstrução, um enorme golpe sob a tutela das nações europeias e a preservação dos Estados Unidos, e do seu estatuto como uma «super-potência global».
Boniface Musavuli | 6 de Março de 2015
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