O procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional disse que está buscando mandados de prisão para líderes israelitas e do Hamas, incluindo o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Há "motivos razoáveis para acreditar" que as pessoas procuradas são responsáveis por "crimes de guerra e crimes contra a humanidade" em Gaza e em Israel, destacou Karim Khan num comunicado na segunda-feira.
Junto com Netanyahu, o promotor busca prender o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant. Entre os responsáveis procurados pelo Hamas estão o líder do grupo armado palestiniano, Yahya Sinwar, o comandante da sua ala militar - as Brigadas al-Qassam -, Mohammed Diab Ibrahim al-Masri, e o chefe do Bureau Político do Hamas, Ismail Haniyeh, lê-se no comunicado do procurador.
Segundo Khan, Netanyahu e Gallant são suspeitos de crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza, como ataques intencionais contra uma população civil, assassinato intencional e causa de sofrimento, uso da fome como método de guerra, "extermínio e/ou assassinato", além de outros "actos desumanos".
Os líderes do Hamas procurados supostamente "têm responsabilidade criminal" por assassinato, violação e outros actos de violência sexual, e por fazer reféns, tortura e outros "actos desumanos", disse o promotor.
Em 7 de Outubro, combatentes do Hamas realizaram uma incursão em Israel, que resultou em cerca de 1.200 pessoas mortas e 250 feitas reféns. O governo israelita respondeu ao ataque lançando uma operação militar em larga escala em Gaza que ainda está em andamento. De acordo com dados do Ministério da Saúde do enclave palestiniano, 35.456 pessoas morreram e outras 79.476 ficaram feridas como resultado dos ataques aéreos e da ofensiva terrestre de Israel.
Israel não é membro do TPI e não reconhece a jurisdição do tribunal da ONU, mas o Estado da Palestina aderiu à organização em 2015. Assim que os mandados contra Netanyahu e os líderes do Hamas forem emitidos, qualquer um dos 124 Estados-membros do tribunal será obrigado a prendê-los se pisar em seu território.
Benny Gantz, membro centrista do gabinete de guerra de três pessoas de Israel, classificou a decisão de Khan de pedir mandados de prisão contra Netanyahu e Gallant como "um crime de proporções históricas". Israel está travando "uma das guerras justas travadas na história moderna" e traçar paralelos entre seus principais funcionários e os líderes do Hamas é "uma profunda distorção da justiça e uma flagrante falência moral", afirmou ele em um comunicado.
O ministro das Finanças do país, de extrema direita, Bezalel Smotrich, disse que "não vimos uma demonstração tão grande de hipocrisia e ódio aos judeus como a exibida pelo tribunal em Haia desde a propaganda nazista". Outro membro do gabinete de direita, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, pediu ao primeiro-ministro israelita e ao ministro da Defesa que "ignorem o promotor antissemita e ordenem um ataque intensificado contra o Hamas até que sejam completamente destruídos".
Em Abril, quando surgiram relatos de um possível mandado de prisão contra Netanyahu, o primeiro-ministro culpou o TPI por tentar "paralisar a própria capacidade de Israel de se defender", enquanto atiçava o "fogo do antissemitismo".
O site Axios noticiou no início deste mês que um grupo de legisladores republicanos na Câmara dos Representantes dos EUA estava elaborando sanções contra o TPI numa tentativa de dissuadi-lo de processar os líderes israelitas. Os EUA, principal aliado de Israel, não são um Estado parte do Estatuto de Roma, que fundou o TPI em 2002.
Fonte: RT
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