A revolução colorida ronda na Geórgia contra a lei sobre a transparência do financiamento estrangeiro de movimentos políticos, meios de comunicação e ONGs aprovada pelo governo de Tbilisi, liderado pelo partido Georgian Dream. O Ocidente e as agencias sorosianas não são estranhos a esta revolução.
Por Francesca de Villasmundo
Um novo Maidan na Geórgia?
Na Geórgia, é o eterno retorno das revoluções coloridas, ou mudança de regime, se preferir, controladas remotamente pelo Ocidente e pelas burocracias sorosianas. Com o risco de um Maidan ao estilo georgiano, porque os Estados Unidos e a União Europeia se alinharam em grande parte com a oposição, exercendo pressão adequada e injustificada para garantir que a lei sobre a transparência do financiamento estrangeiro de movimentos políticos, meios de comunicação e ONG seja anulada. Porque destacaria o financiamento generoso que vem chegando ao país de Washington e Bruxelas há muito tempo.
O blog italiano Inside Over analisa com razão:
«A Geórgia está em turbulência. O confronto entre o governo e a oposição corre o risco de arrastá-lo para o abismo de um novo Maidan. Como na Ucrânia em 2014, de facto, as praças estão lotadas, mesmo que não estejam muito lotadas (os vídeos em questão sempre mostram isso a partir das fotos de baixo). Os protestos foram desencadeados pela Lei de Transparência de Financiamento Estrangeiro, que a oposição chama de "lei russa" porque foi modelada após uma lei semelhante de Moscovo. A lei georgiana recentemente aprovada estipula que ONGs, meios de comunicação e sindicatos que recebem mais de 20% das suas receitas de fontes estrangeiras devem se registar como organizações que servem aos interesses de um país estrangeiro, sob a supervisão do Ministério da Justiça."
Este registo permitirá conhecer todo o financiamento que entra no país desde os Estados Unidos e pela UE até aos cofres de ONG locais, meios de comunicação social, partidos, etc.
A lei sobre a transparência do financiamento estrangeiro de movimentos políticos, dos média e de ONGs destacaria a interferência ocidental
O artigo acima mencionado continua:
«A lei provocou indignação no Ocidente, que adoptou uma postura muito dura em relação ao governo, que descreveu como liberticida. Uma indignação crescente que atingiu o seu clímax com a visita dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Letónia, Estónia, Islândia e Lituânia que, antes de se encontrarem com a presidente cessante da Geórgia, Salomé Zourabichvili, se juntaram aos manifestantes, uma clara interferência num país estrangeiro.
Esta interferência estrangeira denota um desejo ocidental de confronto "que corre o risco de degenerar", escreve o Inside Over. A perspectiva é outra Maidan, desta vez num estilo georgiano, com tudo o que isso implica. Resta saber, no entanto, se a Rússia permitirá outro Maidan na suas fronteiras, dadas as consequências desastrosas do primeiro.
No entanto, lembra o Inside Over, "o partido no poder, Georgian Dream, não é de todo pró-russo. Na verdade, ele buscou ativamente a adesão à UE e (com menos determinação) à OTAN. Tanto que, em Dezembro de 2023, a UE concedeu à Geórgia o status de candidata (...), que condenou a invasão russa da Ucrânia e forneceu ajuda humanitária a Kiev. Mas também teve a clarividência de evitar um confronto com Moscovo, até porque se lembra perfeitamente de como na guerra anterior, em Agosto de 2008, os Estados Unidos, apesar de prometerem ajuda e apoio inabaláveis, não levantaram um dedo, deixando-os sozinhos para confrontar a Rússia.
O "Partido da Guerra Mundial" está a tentar usar os georgianos como "bucha de canhão"
Artin Dersimonian e Anatol Lieven observam como, ansiosos para manter uma relação frutífera com Moscovo, apesar das relações amistosas com a UE e os Estados Unidos, o Georgian Dream evitou aderir a algumas das sanções emitidas contra Moscovo, com as quais intensificou o comércio e também concluiu um acordo comercial de longo alcance com a China em 2023.
Assim escreve o Inside Over: "O partido Georgian Dream é mais realista do que o pró-russo, o apoio muito forte do Ocidente à oposição fortaleceu-o, temendo uma operação de mudança de regime. Tanto que Ivanishvili acusou o "partido da guerra mundial" de tentar usar os georgianos como "bucha de canhão", arrastando-os para outro conflito catastrófico com Moscovo. Um conflito cuja memória está muito presente na memória da população georgiana, que não quer que volte a acontecer, como notam os colunistas do RS. Tanto que até a oposição, ao mesmo tempo em que acusa o governo de ser dependente de Moscovo, tenta por todos os meios tranquilizar nesse ponto."
Sobre a lei que tanto tem recebido reprovação no Ocidente, o comentário mais incisivo do RS permanece:
«Devemos lembrar que a maioria dos americanos consideraria absolutamente inaceitável que instituições estrangeiras, particularmente se estiverem ligadas a Estados estrangeiros, tivessem um papel fundamental no financiamento de grupos políticos que operam nos Estados Unidos."
Há uma lei semelhante nos Estados Unidos, a FARA, que exige que as entidades que recebem subsídios estrangeiros se registrem da mesma forma
Além disso, há uma lei semelhante nos Estados Unidos, a FARA, que exige que as entidades que recebem subsídios estrangeiros se registrem da mesma forma. E, ironicamente, enquanto os EUA se manifestam contra a lei da Geórgia, preparam-se para alterar a sua com mais rigor em preparação para as eleições de 2024 (Politico). Um primeiro projecto de lei nesse sentido foi apresentado em Setembro do ano passado.
Mas o Tio Sam acostumou o mundo ocidental burro, decadente, imoral e sem espinha dorsal a essa hipocrisia fenomenal:
«Faça o que eu não digo, não o que eu faço."
Os georgianos, dos quais apenas uma manifesta minoria, parecem mais realistas em relação ao jogo duplo atlantista.
Fonte: Médias-Presse-Info
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