A GUERRA CONTRA A SÍRIA ALASTRA PARA PAÍSES VIZINHOS: LÍBANO ENFRENTA GRAVE PERIGO
Fotos(em baixo): Síria antes, no governo de Assad, e depois, após a intervenção dos EUA e dos seus cúmplices.
Há 18 meses, o presidente Assad da Síria avisou que a guerra contra a Síria inflamaria também países vizinhos: “Estamos cercados por países que ajudam terroristas e permitem que entrem na Síria” – disse ele ao Ulusal Kanal, da televisão síria. “Todos sabem que, se os tumultos na Síria chegarem a ponto de partir o país, ou se forças terroristas vierem a controlar a Síria (...) nesse caso tudo imediatamente respingará sobre países vizinhos e haverá um efeito dominó que atingirá países por todo o Médio Oriente.”
Desde então, o Estado Islâmico (também chamado ISIS e ISIL) já tomou não só o leste da Síria, mas também a província de Anbar no Iraque, onde se prepara para um ataque ao Aeroporto Internacional de Bagdad e ao governo do Iraque na “Zona Verde” de Bagdad.
Há 18 meses, o presidente Assad da Síria avisou que a guerra contra a Síria inflamaria também países vizinhos: “Estamos cercados por países que ajudam terroristas e permitem que entrem na Síria” – disse ele ao Ulusal Kanal, da televisão síria. “Todos sabem que, se os tumultos na Síria chegarem a ponto de partir o país, ou se forças terroristas vierem a controlar a Síria (...) nesse caso tudo imediatamente respingará sobre países vizinhos e haverá um efeito dominó que atingirá países por todo o Médio Oriente.”
Desde então, o Estado Islâmico (também chamado ISIS e ISIL) já tomou não só o leste da Síria, mas também a província de Anbar no Iraque, onde se prepara para um ataque ao Aeroporto Internacional de Bagdad e ao governo do Iraque na “Zona Verde” de Bagdad.
Em cooperação com a Turquia, o Estado Islâmico sitiou o enclave curdo independente de Kobane no nordeste da Síria. A cidade provavelmente cairá, como o governo turco deseja. O bloqueio turco, que impede que cheguem reforços e suprimentos à resistência, inflama a população de 15 milhões de curdos que vivem na Turquia. A queda de Kobane pode levar ao fim do processo de paz entre turcos e curdos e a uma renovada guerra civil no sudeste da Turquia. Vivem na Turquia muitos refugiados sírios, e o país é um centro logístico do Estado Islâmico. O pessoal da segurança turca já está sob a influência do Estado Islâmico: Há sinais de um revide anti-curdos e pró-islamistas, com a polícia turca a gritar slogans do ISIL quando ataca manifestantes curdos.
As forças de segurança turcas também reviveram o Hizbullah Curdo, que absolutamente nada tem a ver com o Hizbullah xiita no Líbano. A versão turco/curda foi secretamente criada pelos serviços de segurança turcos e é uma coleção de curdos sunitas radicais que querem implementar um Estado Islâmico e que foram usados como esquadrões da morte contra grupos seculares curdos pró independência. Nos últimos dias, esses grupos do Hizbullah revividos, com apoio tácito das forças de segurança, atacaram manifestações pró-curdos organizadas pelo PKK curdo, mais secularista e dominante, e organizações a ele associadas. Ao longo da semana passada, cerca de 30 pessoas foram mortas em várias manifestações contra o apoio da Turquia ao Estado Islâmico. O número de mortos nos primeiros tumultos longamente planeados contra Assad em 2011 é semelhante a esse. A Jordânia, a sul da Síria, é um centro importante de actividades anti-Assad. A CIA está dando andamento a grandes programas de treino na Jordânia, onde refugiados do sul da Síria são treinados para lutar contra o governo sírio. Tão logo esses grupos de “rebeldes moderados” são mandados através da fronteira para lutar contra o exército sírio, muitos deles inevitavelmente desertam para o Estado Islâmico ou para a Frente al-Nusra, afiliada da al-Qaeda. Levam com eles as armas que recebem da CIA e dos estados do Golfo que os apoiam. O sistema chinês FN-6 portátil de defesa aérea fornecido pelo Qatar aos tais “rebeldes moderados”, foi usado recentemente pelo Estado Islâmico, para derrubar pelo menos três helicópteros do exército iraquiano. Por mais que a Jordânia tenha isolado os refugiados sírios em campos no deserto, partes da população jordana têm também simpatia pelo Estado Islâmico.
A Jordânia agora fechou as fronteiras para todos os refugiados, para isolar-se ainda mais contra a infiltração do Estado Islâmico. É possível que demore um pouco mais, para que a grande onda chegue às suas principais cidades. Da Jordânia, “rebeldes moderados” e islamistas da Frente al-Nusra avançaram na direcção noroeste, ao longo da zona de demarcação dos Montes Golan com Israel, contra forças do governo sírio e rumo ao sul do Líbano. Esses grupos são protegidos contra contra-ataques sírios pela artilharia de Israel e recebem parte do apoio com que contam, inclusive serviços médicos, directamente do lado israelita. A sua tarefa é infiltrar-se por áreas habitadas pelos drusos próximas das Quintas de Sheba rumo ao sul do Líbano e atacar posições do Hizhullah libanês que hoje protegem o Líbano contra ataque dos israelitas. Israel também provoca continuamente aquelas posições, por reconhecimento pela força. O Hizbullah reconheceu recentemente que tem respondido àquelas provocações, demonstrando assim que as suas capacidades não foram reduzidas, apesar de estarem comprometidos também noutras áreas. Outros grupos de “rebeldes moderados” que apoiam a Frente al-Nusra andaram para o norte a partir da Jordânia e tomaram a importante montanha síria de Tar Harrah, entre os Montes Golan e Damasco. Algumas forças do exército sírio estão agora apertadas entre os insurgentes nos Montes Golan e os que estão em torno de Tal Harrah. Esses dois bandos de “rebeldes moderados” avançaram graças ao emprego massivo de mísseis anti-tanques TOW fornecidos pelos EUA.
Essas forças no sudeste da Síria não são o único perigo no Líbano. Na fronteira leste, milhares de combatentes da Frente al Nusra, aqui em cooperação directa com os combatentes do Estado Islâmico, ocupam a faixa de 80km de comprimento por 10 de largura, de norte para o sul nas montanhas Qalamoun libanesas. O exército sírio e forças do Hizbullah libanês atacaram aquelas forças durante o verão. Mas o terreno é muito difícil, com cavernas e vales muito estreitos é uma zona ideal para a defensiva, e o progresso tem sido lento.
Os islamistas nas montanhas obtêm apoio e reforços através dos campos de refugiados sírios no leste do Líbano, como na cidade libanesa de Arsal. As Forças Armadas Libanesas, com o apoio do Hizbullah, tentaram afastar os guerrilheiros para fora dessas cidades, mas, com o inverno que se aproxima espera-se que mais guerrilheiros cheguem lá, e se infiltrem directamente no próprio Líbano. Sunitas libaneses nativos, especialmente na cidade de Tripoli, no norte, também se radicalizaram. Nos últimos dias houve vários ataques contra postos do exército libanês, em Tripoli e noutros pontos. Também têm havido ataques massivos contra pontos de controle, isolados, do Hizbullah, em várias áreas do leste do Líbano. Apesar do inverno que está a chegar, no Líbano o calor aumenta de modo preocupante.
Tripoli e alguns pontos importantes no leste do Líbano têm forte e aberta presença de combatentes islâmicos. Também estão presentes noutras áreas, mas menos abertamente. Só nos subúrbios de Beirute, cerca de 30 mil combatentes sunitas refugiados da Síria em idade para combater ocupam campos de barracas, onde combatentes da Frente al-Nusra e do Estado Islâmico recrutam novos soldados, que usam para infiltrar-se ainda mais no Líbano.
As Forças Armadas Libanesas (FAL) estão sob controle do governo de unidade, mas, como a facção sunita daquele governo não quer atacar outros sunitas, as FAL estão a ser impedidas de ter qualquer acção mais forte contra as actividades dos sunitas radicais. Elementos das FAL também têm simpatias pelos combatentes do Estado Islâmico, e há notícias de soldados individuais das FAL que apoiam directamente as suas actividades.
Um ataque coordenado de forças radicais islamistas vindas pelo sul, com o apoio de Israel, das montanhas no leste e de dentro de cidades libanesas, pode surpreender as FAL e até o Hizbullah. Esse tipo de grande ataque poderia ser coordenado num cenário maior com um ataque contra Bagdad e outros pontos dentro da Síria e possivelmente também na Turquia. Ataques desse tipo superariam não só as forças dos respectivos governos locais, mas também todas as capacidades internacionais de resposta.
O presidente Assad previu que os ataques contra a Síria respingariam sobre países vizinhos. Essa extensão ocorreu no Iraque, e está actualmente a ocorrer na Turquia, e o Líbano aparece como um alvo frágil, que poderia ser tomado da noite para o dia. Só a Jordânia ainda parece de algum modo estável, por hora, mas, com combatentes do Estado Islâmico ali ao norte e leste do país, além de simpatizantes do Estado Islâmico dentro das cidades, é só uma questão de tempo, antes que a Jordânia também seja incendiada.
In Marcha Verde
Moon of Alabama – Tradução: Vila Vudu
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