SERÁ QUE A RÚSSIA E A CHINA ESTÃO A ALTERAR A ORDEM MUNDIAL ?
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sábado, 11 de outubro de 2014

SERÁ QUE A RÚSSIA E A CHINA ESTÃO A ALTERAR A ORDEM MUNDIAL ?


SERÁ QUE A RÚSSIA E A CHINA ESTÃO A ALTERAR A ORDEM MUNDIAL ?

Os média americanos haviam declarado repetidas vezes que a aproximação de Moscovo e Pequim é pior que uma guerra fria para Washington. Conjugando os seus esforços, os dois países podem ultrapassar militarmente os EUA, não deixando para a América um lugar na Ásia.


Por Leonid Kovachich

A Rússia e a China pretendem rever a ordem mundial, formada nos últimos 70 anos, declarou o vice-ministro da Defesa dos EUA, Robert O´Work, ao intervir no Conselho Americano para as Relações Internacionais.



Nas suas palavras, a tarefa de Washington consiste em convencer-se de que Pequim e Moscovo não irão usar a força para garantir os seus interesses.

O vice-ministro da Defesa dos EUA está preocupado com o facto de os dois países reforçarem as suas posições ao lado das suas fronteiras – a Rússia no oeste e a China – em mares adjacentes. “Devemos dispensar atenção especial a essa circunstância. Temos de determinar ao nível estratégico como iremos trabalhar agora com duas potências regionais muito fortes”, assinalou O´Work.

“A Rússia e a China gostariam de alterar alguns aspectos da ordem mundial, formada após a guerra. Mas esses países devem reconhecer que os EUA podem responder com métodos militares à ameaça aoa seus aliados”, apontou o vice-ministro.

O que subentendia o funcionário americano referindo-se à alteração da ordem mundial? A América havia utilizado o seu domínio económico após a Segunda Guerra Mundial para reforçar a sua influência no mundo. Ao mesmo tempo, até finais dos anos 80, a situação no mundo esteve em equilíbrio graças a um outro sistema socio-político, a União Soviética, que se encontrava num estado de guerra fria com os Estados Unidos. Mas, em resultado da desintegração da URSS, a América livrou-se do seu único rival.

Sob a cobertura da garantia da segurança colectiva e da contraposição com métodos da força ao terrorismo, os EUA começaram a entrar em territórios de outros países, instaurando por lá regimes pró-americanos. Tais métodos, contudo, não sempre levaram aos fins marcados. Isso, em parte, explica a preocupação dos Estados Unidos, considera o vice-director do Instituto dos EUA e do Canadá, Pavel Zolotarev:

“Ainda em 2008, o então presidente da Ucrânia, Viktor Yuschenko, pretendia concretizar o programa da entrada do país na NATO. Os Estados Unidos tentavam também arrastar a Geórgia para a aliança militar com a ajuda de Mikheil Saakashvili. Destaque-se que os líderes ucranianos e georgianos coordenavam entre si esses esforços. Assim, grupos militares e meios de defesa antiaérea ucranianas foram instalados no território da Geórgia. Esta foi a primeira tentativa de alterar radicalmente a situação na região”.

A segunda tentativa havia sido preparada durante muitos anos, aponta o vice-director do Instituto dos EUA e do Canadá. Forças pró-americanas chegaram ao poder na Ucrânia através de um golpe de Estado. Previa-se que a Rússia teria o acesso limitado ao mar Negro e, afinal das contas, perderia a base naval na Crimeia.

Esta operação também fracassou. Em resultado de um referendo, a Crimeia anunciou a independência e posteriormente aderiu à Rússia. O malogro do cenário do afastamento da Rússia da Crimeia provocou uma onda de descontentamento no Ocidente. Pelos vistos, é nisso que se encerra a ameaça que a Rússia representa para os aliados dos EUA, da qual falou o vice-ministro da Defesa americano, Robert O´Work.

Mas qual é a culpa da China? Com o crescimento da sua potência económica, a China não quer mais ficar na sombra no palco de política externa. O país tenta alargar a sua influência na Ásia. Em parte, essa postura manifesta-se no facto de a China ter começado a declarar mais rigidamente os seus interesses em disputas territoriais, o que irrita muito os Estados Unidos, diz o dirigente do Centro de Segurança Internacional, Alexei Arbatov:

“A China, por exemplo, reclama direitos à ilha de Spratly, pretendendo monopolizar nesse território a extracção de hidrocarbonetos. Esse facto preocupa muito o Vietname, tal como Indonésia, Tailândia e Malásia. Os receios daqueles países não são em vão. Obama tentará conseguir que a China não crie ameaças para os aliados americanos mais próximos, como o Japão, Coreia do Sul, países do Sudeste Asiático”.

Na realidade, a América não quer simplesmente perder as suas esferas de influência, nas quais assenta a nova ordem mundial. Por isso, o crescimento da influência da China classifica-se como "ameaça a aliados" e a integração voluntária da Crimeia na Federação da Rússia considera-se como "anexamento".

O problema não consiste em que outros países alteram artificialmente a distribuição das forças que se formou há 70 anos. O mundo não é imóvel, aparecem novas potências capazes de competir económica e geopoliticamente com o antigo líder. Ao mesmo tempo, a possível aproximação de concorrentes é o aspecto mais desagradável para os Estados Unidos.

Assim, por exemplo, os média americanos haviam declarado repetidas vezes que a aproximação de Moscovo e Pequim é pior que uma guerra fria para Washington. Conjugando os seus esforços, os dois países podem ultrapassar militarmente os EUA, não deixando para a América um lugar na Ásia.

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