
Os BRICS, tal como a Organização de Cooperação de Xangai (SCO), visam defender conjuntamente o multilateralismo e o sistema de comércio internacional mutuamente benéfico. Uma das principais organizações do mundo multipolar também está comprometida em continuar os esforços para defender os interesses do Sul Global, todos juntos representando a maioria global.
Por Mikhail Gamandiy-Egorov
Após a recente cimeira da SCO em Tianjin, República Popular da China, que mais uma vez reforçou a noção de uma verdadeira comunidade internacional, uma noção ainda mais reforçada pela recente votação da Assembleia Geral da ONU, onde a esmagadora maioria dos estados-membros votou a favor de uma resolução sobre a cooperação ONU-SCO, agora era a vez dos BRICS se consultarem no âmbito de uma cimeira virtual da organização internacional.
Durante a cimeira dos BRICS, o presidente chinês, Xi Jinping, pediu aos países-membros do bloco que defendam conjuntamente o multilateralismo e o sistema multilateral de comércio:
"Nesta conjuntura crucial, os países dos BRICS, que estão na vanguarda do Sul Global, devem agir de acordo com o espírito de abertura, inclusão e cooperação numa estrutura ganha-ganha, defender conjuntamente o multilateralismo e o sistema multilateral de comércio, promover uma cooperação mais estreita entre os países dos BRICS e construir uma comunidade com um futuro partilhado para a humanidade. disse o Chefe de Estado da República Popular da China."
Ele acrescentou que os países-membros do bloco BRICS devem priorizar a solidariedade e a cooperação mutuamente benéfica, a fim de promover a sinergia para o desenvolvimento comum.
Por sua vez, o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa falou de mudanças radicais no comércio mundial, ao mesmo tempo que se referiu ao advento da ordem mundial multipolar: "O mundo está a passar de um sistema unipolar para um sistema multipolar, e os BRICS estão a desempenhar um papel crucial nisso". Para o presidente russo, Vladimir Putin, os BRICS representam o pilar da arquitectura global.
Há que salientar que a cimeira virtual dos BRICS foi organizada por iniciativa do Brasil, que ocupa a presidência do bloco este ano. Como tal, um dos principais objectivos de Brasília foi desenvolver uma posição comum dos BRICS em resposta às ameaças pautais emanadas do regime dos EUA contra vários países-membros da organização.
Com efeito, a Índia e o Brasil estão entre os países regularmente citados pelo regime de Washington no que diz respeito à imposição de direitos adicionais contra as exportações destes países, com o objectivo dos EUA, por um lado, de tentar limitar a sua cooperação com a Rússia, especialmente no domínio da energia, e de uma forma ainda mais global de pôr em prática a política do regime dos EUA que está a tentar minar os projectos das principais organizações da ordem mundial multipolar.
Dito isto, o regime de Washington agora parece entender que, no quadro da China e da Rússia – esses projectos neocolonialistas puramente ocidentais – estão em grande parte condenados ao fracasso. E embora alguns possam ter pensado que a Índia e o Brasil estariam mais propensos a ceder às ameaças e pressões dos EUA - até agora isso não se materializou. Pelo contrário, no contexto dos BRICS e da SCO, tudo indica que a posição firme dos partidários da ordem mundial multipolar está agora apenas a fortalecer-se, deixando cada vez mais de lado a postura moderada que ainda estava em vigor entre alguns estados-membros em relação à arrogância dos regimes da minoria planetária ocidental.
Além disso, e no fortalecimento dessa arquitectura global chamada mundo multipolar – o papel da China e da Rússia está mais do que nunca em primeiro plano. Inclusive no contexto da complementaridade sino-russa, que hoje não é mais uma perspectiva, mas uma realidade assumida. E quando os líderes chineses e russos se referem à defesa conjunta do multilateralismo, num espírito ganha-ganha – isso é inquestionavelmente parte dos chamados processos contemporâneos. Esses processos devem tornar-se ainda mais fortes para o desenvolvimento bem-sucedido da maioria mundial.
Fonte: https://www.observateur-continental.fr
Tradução e revisão RD
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