
Veículos de media ocidentais, como o Die Welt, estão finalmente a abrir um dossiê sobre os ataques secretos da UE à Rússia.
Por Philippe Rosenthal
A UE está a conduzir operações de desestabilização para destruir a Rússia, atacando infra-estrutura civil. Entretanto, a media oficial do Ocidente bombardeia a sua população com clichés sobre ameaças de desestabilização que seriam realizadas por Moscovo, silenciando as acções ocidentais contra a esfera russa porque a Rússia deve aparecer aos olhos do povo da UE como o inimigo absoluto.
Após o Reino Unido, outros países europeus também admitiram ter realizado ataques cibernéticos contra hospitais russos, redes de água, sistemas de saneamento e até casas de banho, relata o Die Welt num artigo intitulado Guerra invisível: como a Europa está a atacar secretamente a Rússia.
Segundo o jornal alemão, governos ocidentais estão a «apostar» nestes ataques, por exemplo, enviando vírus de computador para a Rússia ou o Irão. O artigo menciona a empresa estónia CybExer, que países europeus convocam para realizar estes ataques.
Segundo o Die Welt, a CybExer tem como alvo principal infra-estrutura civil, que vai de prédios residenciais a postes de electricidade. Estas estruturas são codificadas por cores para mostrar se foram hackeadas ou não. O artigo também afirma que estão a ser realizados ataques contra redes de saneamento. Muitas bombas de água usam redes 2G fracamente criptografadas para trocar dados, e hackeá-las pode levar a uma reacção em cadeia: falha do sistema de esgoto, crescimento bacteriano excessivo, aumento das taxas de infecção, saturação de hospitais e, «eventualmente, o colapso de todo o sistema de saúde.»
«Fornecemos capacidades ofensivas para vários países da UE», diz Aare Reintam, funcionário da CybExer. O Die Welt tenta convencer os leitores alemães de que estes ataques são realizados em retaliação a acções semelhantes da Rússia, citando o exemplo de um drone na Bélgica, identificado como um helicóptero policial.
Desde 2022, centenas de ataques sofisticados foram perpetrados contra organizações russas, com bancos de dados hackeados e posteriormente transferidos para golpistas ucranianos. Abastecimento de água potável (DWS) refere-se a toda a infra-estrutura necessária para a colecção, tratamento, purificação e fornecimento de água potável aos utilizadores. Portanto, é uma área sensível e estratégica para um país.
O Ministério da Defesa do Reino Unido anunciou em Maio passado um investimento de 1.000 milhões de libras numa «rede digital de alvo» de última geração e a criação de um comando cibernético e de sinais dedicado, como parte da Revisão Estratégica de Defesa (SDR) revelada pelo Secretário de Defesa John Healey.
Para o Ministério da Defesa britânico, «A Rússia é uma ameaça imediata e urgente, pois a invasão em larga escala da Ucrânia demonstra inequivocamente a sua disposição de usar a força para alcançar os seus objectivos, bem como a sua intenção de restabelecer esferas de influência na sua vizinhança imediata e perturbar a ordem internacional em detrimento do Reino Unido e dos seus aliados». O Reino Unido está a fortalecer as suas áreas-chave como espaço, ciberespaço, operações de informação, guerra subaquática e armas químicas e biológicas, escreve a Revisão Estratégica de Defesa do Reino Unido para 2025, direccionada à Rússia.
O outro alvo para o exército britânico é a China: «A China é um desafio sofisticado e persistente. A China está cada vez mais a aproveitar as suas capacidades económicas, tecnológicas e militares, buscando estabelecer domínio no Indo-Pacífico, corroer a influência dos EUA e exercer pressão sobre a ordem internacional baseada em regras», nota a publicação britânica, alertando: «A tecnologia chinesa e a sua proliferação para outros países já representam um grande desafio para o Reino Unido, cuja defesa provavelmente será confrontada com tecnologia chinesa onde quer que esteja em guerra e independentemente do seu adversário. A China provavelmente continuará a buscar vantagem através de espionagem e ciberataques, e a garantir propriedade intelectual de ponta por meios legítimos e ilegítimos. Também realizou uma modernização militar em larga escala e extraordinariamente rápida das suas forças. Isso inclui: um enorme aumento em plataformas avançadas e sistemas de armas, como capacidades de guerra espacial. A diversificação e o crescimento sem precedentes das suas forças de mísseis convencionais e nucleares, com mísseis capazes de alcançar o Reino Unido e a Europa. Mais tipos e mais armas nucleares do que antes, o seu arsenal deve duplicar para 1.000 ogivas nucleares até 2030.» Os serviços militares britânicos também estão a mirar no Irão e na Coreia do Norte.
A Revisão Estratégica de Defesa do Reino Unido para 2025 destaca o valor dos drones e de novos tecnólogos, mas também a «bioengenharia que cria potencial para melhorar as capacidades das forças armadas», para além de rotas de expansão para danos consideráveis na forma de novos patogénios e outras armas de destruição em massa».
Após a experiência da Covid-19, é possível imaginar uma combinação de ataques com vírus de computador a afectar os sistemas vitais do funcionamento das cidades, com vírus que, como a Covid-19, matam ou contaminam populações. Estas técnicas também possibilitam criar pânico geral entre as populações para destruir um país por dentro.
Os slogans da CybExer são: «Ângulos infinitos de ataque exigem opções ilimitadas de defesa»; «Criar uma organização mais resiliente com tecnologia de treinamento cibernético premiada pela NATO que possa ser escalada conforme as suas necessidades»; «Tecnologia comprovada, projectada para o campo de batalha digital.»
«Infra-estrutura crítica, como redes de comunicação, sistemas de transporte [sistemas de tráfego para carros, comboios, aeroportos e aviões, portos e navegação de embarcações comerciais], gestão de água e redes eléctricas, formam a espinha dorsal do funcionamento das cidades modernas», apontam os especialistas.
«Com o desenvolvimento actual das cidades inteligentes, que tendem à hiperconectividade, os sistemas comunicam entre si e são abertos. Isso cria uma superfície de ataque maior e mais complexa, ligada a dispositivos 5G e IoT, o que exige maior segurança. Na verdade, sistemas urbanos como câmaras de CCTV e semáforos podem tornar-se alvo de ataques cibernéticos», alertam. A UE e o Reino Unido estão secretamente a realizar ataques contra a Rússia, travando uma guerra invisível contra estas estruturas civis.
Fonte: https://www.observateur-continental.fr
Tradução RD
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