O PRESIDENTE DA RTVE ACUSA A EBU PELA CIMEIRA DO EUROVISION SOBRE ISRAEL: "UMA FARSA CRIADA EM GABINETES" E EM PORTUGAL PROTESTA-SE CONTRA A DECISÃO DA RTP
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sábado, 6 de dezembro de 2025

O PRESIDENTE DA RTVE ACUSA A EBU PELA CIMEIRA DO EUROVISION SOBRE ISRAEL: "UMA FARSA CRIADA EM GABINETES" E EM PORTUGAL PROTESTA-SE CONTRA A DECISÃO DA RTP

"O principal argumento da EBU foi destruído: a neutralidade do Eurovision não é garantida, nem antes nem agora", denuncia José Pablo López.


Por Gabriel Arias Romero

O presidente da RTVE critica que a votação realizada na quinta-feira, 4 de Dezembro, pela União Europeia de Radiodifusão (UER), na qual foi certificada a permanência de Israel no Eurovision, foi "uma farsa criada em gabinetes".

"Ontem à noite soubemos que a votação no Eurovision não foi espontânea, mas que Israel manobrou nas sombras por meses", disse José Pablo López numa mensagem partilhada pelas redes sociais. Na verdade, o governo israelita realizou uma campanha diplomática por meses para garantir a sua presença no festival de música, conforme revelado pelo jornal hebraico Ynetnews.

E esta não é a primeira vez que Israel usa a sua influência internacional nesse sentido. Em maio passado, durante a celebração do Eurovision 2025, ele promoveu uma poderosa campanha de propaganda para reunir apoio entre os fãs do Euro, e usar todas as ferramentas do televoto a a seu favor.

A votação de quinta-feira não incluiu um ponto específico sobre a participação de Israel, conforme solicitado por vários países, mas as novas regras do festival foram votadas. Regras aprovadas pela maioria e que não fazem mais do que suavizar a continuidade israelita.

"Israel continuará a usar o festival como achar melhor"

Agora, após essa nova vitória de Israel no campo das relações internacionais, o presidente da RTVE aponta para a União Europeia de Radiodifusão. "O que parecia um debate democrático em Genebra era apenas uma farsa criada em gabinetes. O principal argumento da EBU-EBU foi destruído: a neutralidade do Eurovision não é garantida, nem antes nem agora", critica José Pablo López, que está convencido de que "o governo de Israel continuará a usar o festival como achar melhor".

Além disso, denuncia que a EBU "permanece em silêncio" apesar da comoção causada pelo resultado da votação, após a qual foi anunciada a retirada da Espanha, Irlanda, Eslovênia e Holanda. Todos eles haviam alertado para tomar essa medida caso Israel – que já matou mais de 70.000 pessoas em Gaza, a maioria civis – participasse da próxima edição do concurso, como finalmente acontecerá. "Vamos ver se a vergonha passa e continuamos com o negócio", diz José Pablo López, ironicamente, referindo-se à atitude da UER.

Por fim, aponta para a organização por ter "consentido" numa série de "ataques muito graves" contra a RTVE. A EBU "fez vista grossa" quando foi dito que a emissora pública é dedicada a "espalhar ódio".


Fonte: https://www.eldiario.es

Tradução RD


Enquanto em Portugal o tema está a irritar certas pessoas:


Estruturas representativas de trabalhadores da RTP contestam a decisão de Portugal se manter no Festival Eurovisão da Canção, em que estará Israel, e consideram que a RTP deve rever a sua posição e não participar na próxima edição.

A tomada de posição de várias estruturas representativas dos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, foi lida na sexta-feira no plenário de trabalhadores da RTP convocado a propósito da greve geral de dia 11.

Aí, é condenada "a decisão da UER [União Europeia de Radiodifusão] de manter Israel no Festival Eurovisão da Canção de 2026, apesar da continuação das acções militares em Gaza e das graves violações de direitos humanos amplamente denunciadas pela comunidade internacional".

Os trabalhadores da RTP consideram que "manter a KAN [a televisão pública israelita] no certame contribui para a legitimação e normalização de um Estado acusado de crimes de guerra" e dizem ser "incompreensível que a RTP tenha confirmado a participação de Portugal e apoiado a aprovação das novas regras que, na prática, mantêm Israel --- e a KAN --- na competição".

A moção pede que a administração reveja a sua posição, considerando que a empresa pública de rádio e televisão tem de se afirmar, "sem ambiguidades, como serviço público comprometido com a ética, a coerência e os direitos humanos".

"Os trabalhadores da RTP instam o Conselho de Administração a reavaliar urgentemente a sua posição e a pronunciar-se publicamente contra a participação de Israel em 2026", lê-se na tomada de posição, que será enviada à administração da RTP, liderada por Nicolau Santos.

Esta tomada de posição foi tornada pública no plenário de trabalhadores da RTP de sexta-feira e é assinada pelas listas A e B que concorreram à Comissão de Trabalhadores, pela Subcomissão de Trabalhadores do Porto e por vários sindicatos (Sindicato dos Jornalistas, Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações, Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e do Audiovisual, Sindicato dos Meios Audiovisuais, Sindicato Independente dos Trabalhadores da Informação e Comunicações).

Na assembleia-geral da UER de quinta-feira foi decidido que Israel poderá participar no Festival Eurovisão da Canção 2026. Em seguida, Espanha, Irlanda, Países Baixos e Eslovénia anunciaram o boicote ao festival.

O músico Salvador Sobral, vencedor da Eurovisão em 2017, criticou esta sexta-feira a decisão da RTP de participar na próxima edição do Festival Eurovisão da Canção, tendo afirmado que soube disso durante o concerto 'Juntos por Gaza', em Lisboa, em que participou e que será transmitido na RTP.

"A RTP, o canal do Estado, decidiu participar na Eurovisão mesmo com a participação de Israel. Aquela expressão dar uma no cravo e outra ferradura nunca teve tanto sentido como ontem à noite. A televisão nacional transmite um concerto por Gaza e ao mesmo tempo tem medo de fazer a coisa certa", afirmou o músico num vídeo partilhado na sexta-feira na rede social Instagram.

Para Salvador Sobra, trata-se de um exemplo de "cobardia política, (...) coerente com a cobardia institucional, das instituições públicas". "Deixa-me triste porque é uma questão simplesmente humana e é óbvia a decisão que tem de se tomar", acrescentou.

Segundo Salvador Sobral, a RTP deveria manter o Festival da Canção, mas o vencedor não iria à Eurovisão e seria premiado de outra forma.

O Festival Eurovisão da Canção é organizado pela UER, fundada em 1950, em cooperação com operadores públicos de mais de 35 países, entre os quais a Rádio e Televisão de Portugal (RTP).

O 70.º Festival da Eurovisão da Canção acontecerá em maio de 2026, em Viena (Áustria).


Fonte: Expresso/lusa


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