A UCRÂNIA E O MÉDIO ORIENTE NA DISPUTA ENTRE OCIDENTE E RÚSSIA
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sábado, 12 de abril de 2014

A UCRÂNIA E O MÉDIO ORIENTE NA DISPUTA ENTRE OCIDENTE E RÚSSIA


Campos de hidrocarbonetos com centros de produção activos

Por Paulo Ramires

Estão-se a reunir condições muito perigosas no sul da Ucrânia, mais concretamente em regiões como Donetsk, Lugansk, Kharkov, Slaviansk e outras, este tipo de caos pode conduzir a uma guerra civil - cenário pouco provável - como simplesmente pode significar a aproximação de eleições e das futuras negociações entre a Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e União Europeia que se irão reunir a 17 de Abril, em Genebra, tão só quanto isso, mas tudo dependerá da atitude dos EUA em aumentar ainda mais o caos na região e das ambições porventura inquietantes da Rússia, note-se, que esta situação não é necessariamente desagradável a Washington, mas os custos para os europeus podem ser astronómicos, quer pela parte da ajuda à Ucrânia que irão suportar, quer em ficarem na posição da dependência de pelo menos duas super potências, os EUA e a Rússia. Chama-se a atenção para a situação caótica que existe na UE, com pontos de vista muitos distintos quer da política económica, quer da política externa, ou ainda na politica interna da União, que vai fomentando graus de elevados índices de descontentamento na população europeia, fazendo ressurgir movimentos e partidos nacionalistas no espaço da UE, muitos deles com posições pouco simpáticas para a integração europeia, mas também não é do interesse dos EUA uma Europa coesa e forte - nunca foi - e mesmo a Rússia se interessa pouco por uma Europa demasiadamente unida e forte, pois isso dificultaria os seus interesses no continente, assim os europeus têm de apostar numa Europa unida, forte e solidária sem austeridade, e manterem-se equidistante das restantes potências, mantendo porém as diversas formas de cooperação no domínio económico e político, em particular para resolver a situação da Ucrânia que só será resolvida com os diverso intervenientes nela. Assim a cimeira que se avizinha poderá ser um importante passo para o princípio da sua resolução que passa pela estabilização política e do seu respectivo estatuto que a meu ver deveria ser neutral e democrática com a participação nos dois blocos económicos, no entanto as expectativas não são muito boas. Seria bom não esquecer que não obstante a dependência da Rússia dos mercados da Europa para o abastecimento do gás, o Kremlin deseja no entanto diversificar estes fornecimentos, ou seja, voltar-se bem mais para a Ásia central e oriental. Mas estas posições das super-potencias envolvem um vasto jogo geopolítico onde estão em  disputas enormes equações ainda por resolver.

Embora o estatuto da Crimeia seja já uma questão consumada, na verdade o resto não o é, existe muito ainda para ser discutido.

Não se trata apenas concretamente da Ucrânia, mas sim do Médio Oriente, Euroásia, Europa e Ásia. O Irão detém as terceiras reservas de petróleo do mundo, com uma estimativa de mais de 560 biliões de barris e com a capacidade em 140 biliões de barris de renovação dessas mesmas reservas, só em Março de 2012 foram descobertas 20 biliões de barris de petróleo. Em relação às reservas de gás, o Irão é o segundo país do mundo com as maiores reservas logo depois da Rússia, mas no entanto foram achadas recentemente colossais jazidas de gás na plataforma marinha síria, estas reservas de gás estendem-se a Israel, este país tem várias reservas de gás também na sua zona marítima, mas também na plataforma do Líbano, a juntar a estes países, estão partes do território palestino, para além do Iraque com reservas de petróleo, mas situado entre a Síria e o Irão. A incluir a estas descobertas junta-se Chipre. Trata-se de um complexo mapa de um jogo de interesses muito vasto. Para a exploração destas reservas de gás serão necessárias a instalação de diversas infraestruturas de exploração bem como os respectivos "pipelines" que terão de passar por diversos locais. Mas também a Crimeia tem reservas de gás natural e no que se refere ao Skifska offshore existem questões muito divergentes entre os diversos países envolvidos. Ora adicionalmente a este facto é justamente na Crimeia que atravessa o gasoduto que se dirige à Europa Ocidental e que é responsável por 25 por cento da saída de gás para a Europa Ocidental. É vital economicamente. É vital militarmente. Assim, a Rússia não desistiu dela. Mas o ocidente não quer desistir também, pois tem os seus próprios interesses também. Nestas disputas não podemos esquecer a China muito interessada no Europa e em particular no leste europeu onde deseja desenvolver a sua politica de "parceria estratégica global" e de "boa-vizinhança".

Com uma possível instabilidade no fornecimento do gás vindo da Rússia [preços do gás], é a própria região da península ibérica que ganha uma nova importância, embora que ainda apenas no longo prazo, através do fornecimento de gás proveniente do norte de África.


Projectos internacionais de gasodutos



Projectos internacionais de gasodutos e oleodutos








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