GAZA ESTÁ A MORRER À FOME, “OS NOSSOS FILHOS CHORAM E GRITAM POR COMIDA”
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domingo, 20 de julho de 2025

GAZA ESTÁ A MORRER À FOME, “OS NOSSOS FILHOS CHORAM E GRITAM POR COMIDA”

Sob bloqueio de Israel, povo da Faixa de Gaza está sujeito à fome que mata, afeta gravidezes e retarda recuperação dos doentes.


A dor mortal da fome fabricada numa Faixa de Gaza sob cerco de Israel continua a crescer e atinge níveis críticos. Com os elevados preços e os ataques israelitas aos centros de ajuda humanitária, a esperança de sobrevivência dos palestinianos diminui a cada minuto.

“Estamos a morrer, os nossos filhos estão a morrer e não podemos fazer nada para o impedir”, contou Ziad Musleh à agência France-Presse (AFP). “Os nossos filhos choram e gritam por comida. Vão dormir com dores, com fome, com o estômago vazio. Não há absolutamente nenhuma comida”, lamentou o pai de 45 anos, deslocado do Norte de Gaza para Nuseirat, no Centro. “E se por acaso aparecer uma pequena quantidade no mercado, os preços serão exorbitantes – ninguém os pode pagar”, frisou.

Na mesma cidade, Umm Sameh Abu Zeina, com as maçãs do rosto protuberantes, disse à AFP que já perdeu 35 quilos. “Não comemos o suficiente. Não como, deixo a comida que recebo para a minha filha”, acrescentou a mãe.

O cruel cenário, em que pais deixam as tendas onde têm vivido para procurar alimentos e evitar as perguntas dos filhos, provoca efeitos devastadores para a saúde da população, principalmente para as mulheres e as crianças, indicou Mohammed Abu Afash ao canal qatari Aljazeera. “Estamos a caminhar em direção ao desconhecido”, alertou o diretor da organização Medical Relief. A inanição vitimou este domingo uma pessoa na Cidade de Gaza, um dia após outras duas, incluindo um bebé de poucas semanas, morrerem.

“Devido à desnutrição generalizada entre as mulheres grávidas e aos baixos níveis de água e saneamento, muitos bebés nascem prematuramente”, destacou à AFP Joanne Perry, dos Médicos sem Fronteiras. A organização informou que os pacientes têm uma recuperação muito mais lenta por causa da deficiência proteica. Infeções duram muito mais tempo.

ONU denuncia proibição

“Tudo fabricado, em total impunidade”, acusou o comissário-geral da UNRWA, a agência da ONU para os refugiados palestinianos. “Só a UNRWA tem stock suficiente fora de Gaza para toda a população durante os próximos três meses. Não nos é permitido trazer ajuda desde 2 de março”, pontuou Philippe Lazzarini, referindo-se ao bloqueio israelita implementado após o fim da trégua. “É necessária vontade política. A inação é cumplicidade e faz-nos perder a humanidade”, completou.

Com o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas a reportar que, no início do mês, o preço da farinha aumentou três mil vezes desde Outubro de 2023, muitos arriscam-se nos centros de distribuição da pouca ajuda humanitária, alvo de ataques dos militares israelitas, que já admitiram ao jornal hebraico “Haaretz” que estão a cumprir ordens. Apenas ontem, 94 pessoas que esperavam pelos alimentos foram mortas, segundo fontes médicas citadas pela agência palestiniana Wafa.

Em Khan Younis, no Sul, a menina de dez anos Amina Wafi relatou à AFP a sua situação. “Estou sempre com fome. Digo sempre ao meu pai: ‘Quero comida’, e ele promete que me traz alguma coisa, mas não há nada, e ele simplesmente não consegue”, afirmou a jovem. 


Fonte JN


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