UE DEBATE ENVIO DE TROPAS EUROPEIAS PARA A UCRÂNIA
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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

UE DEBATE ENVIO DE TROPAS EUROPEIAS PARA A UCRÂNIA

Numa cimeira informal de emergência sobre a Ucrânia, convocada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, os líderes da UE apoiaram o aumento dos gastos com a defesa, mas não conseguiram chegar a um acordo sobre um possível envio das suas tropas para a Ucrânia. 


Por Alexandre Lemoine

Este assunto deu origem a sérias divergências, escreve o jornal britânico Financial Times (FT). 

O Reino Unido e a Dinamarca mostraram-se prontos para discutir o envio de tropas, enquanto pelo menos quatro países se opuseram à presença dos seus soldados em território ucraniano: Alemanha, Itália, Polónia e Espanha. Especificamente, de acordo com o FT, o chanceler alemão Olaf Scholz disse que a mera discussão sobre o envio de tropas era "extremamente inadequada" e prematura. "Estou até um pouco irritado com esses debates, quero dizer isso com muita franqueza", disse Scholz após a cimeira de líderes da UE em Paris.

Há também vários países descontentes por não terem sido convidados para Paris.

Os líderes não apresentaram novas ideias comuns, discutiram sobre o envio de tropas para a Ucrânia e repetiram banalidades sobre ajudar a Ucrânia e aumentar os gastos com a defesa.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, acrescentou que duvidava da sabedoria de enviar tropas europeias para a Ucrânia, chamando-a de "a mais complexa e menos eficaz" de todas as opções possíveis.

Em contraste, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse que era hora de "começar a agir" em relação ao envio de forças de manutenção da paz para a Ucrânia. Ele justificou a sua opinião pelas garantias dos Estados Unidos e pelo "apoio inequívoco de Washington".

"Entendemos que essas reuniões não levam a decisões", disse o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, após a reunião.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, publicaram o mesmo texto nas suas redes sociais: "Hoje, em Paris, confirmamos que a Ucrânia merece a paz pela força. Uma paz que respeite a sua independência, a sua soberania, a sua integridade territorial, com fortes garantias de segurança. A Europa está a assumir plenamente a sua parcela de ajuda militar à Ucrânia. Ao mesmo tempo, precisamos de um reforço da defesa na Europa.»

O Financial Times e o Wall Street Journal relatam que também está a ser discutida uma opção proposta pela França, segundo a qual as tropas europeias poderiam estar estacionadas longe da linha de demarcação em território ucraniano, em vez de estarem presentes nesta linha.

A França ofereceu-se para enviar tropas europeias não para a futura linha de cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia, mas para longe dela, escreve o FT citando autoridades.

O lado dos EUA insiste que a Europa envie um contingente de manutenção da paz para a linha de contacto, mas nos bastidores, dúvidas estão a ser expressas sobre os riscos potenciais desse cenário, escreve o Wall Street Journal. Segundo as suas fontes, propõe-se o envio de militares numa função diferente, como forças de apoio que ficarão estacionadas longe da futura fronteira ou que cuidarão do treino das forças armadas ucranianas, por exemplo.

Nenhum país europeu quer enviar as suas tropas para a Ucrânia hoje, a questão da presença de um contingente militar ocidental será discutida após o fim das hostilidades, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Jean-Noël Barrot.

Um dia depois de uma reunião sobre a Ucrânia com uma dúzia de líderes europeus em Paris, Jean-Noël Barrot disse que o envio de tropas terrestres para apoiar Kiev não está na agenda. "Não é uma questão que surge hoje", diz Jean-Noël Barrot.

"Hoje, ninguém quer enviar tropas para a Ucrânia", disse ele. "Enviando tropas europeias? Teremos de dar garantias para que a agressão não volte a acontecer. Qual será a forma dessas garantias?", disse Jean-Noël Barrot, acrescentando que "é muito cedo para falar sobre isso".

Após a cimeira de emergência, Macron anunciou que continuaria as consultas com os parceiros europeus nos próximos dias, tanto sobre a ajuda à Ucrânia quanto sobre o fortalecimento das suas forças armadas.



Fonte: https://www.observateur-continental.fr

Tradução e revisão: RD


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