COREIA DO NORTE ANUNCIA QUE ESTÁ EM "ESTADO DE GUERRA" COM O SUL
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SEUL — O governo da Coreia do Norte anunciou neste sábado que está em
"estado de guerra" com a Coreia do Sul, em uma nova ameaça que gerou
uma onda de reações críticas e apelos por moderação para evitar uma
catástrofe na problemática península coreana.
"A partir de agora,
as relações intercoreanas estão em estado de guerra e todas as questões
entre as duas Coreias serão tratadas segundo o protocolo adaptado à
guerra", declarou o governo da Coreia do Norte em um comunicado
atribuído a todos os organismos oficiais.
"A situação que
prevalece há muito tempo, segundo a qual a península coreana não está em
guerra e nem em paz, acabou", afirmou o texto divulgado pela agência
oficial de notícias norte-coreana, KCNA.
O comunicado também
adverte que qualquer provocação militar próxima às fronteiras terrestres
ou marítimas entre o Norte e o Sul levará a "um conflito em grande
escala e a uma guerra nuclear".
O governo também ameaçou fechar o
complexo industrial binacional com a Coreia do Sul da localidade de
Kaesong, a 10 quilômetros da fronteira.
O anúncio de Pyongyang é a
mais recente de uma série de ameaças da Coreia do Norte, recebidas com
duras advertências pela Coreia do Sul e pelos Estados Unidos e que
preocupam o mundo.
Na sexta-feira, o líder norte-coreano, Kim
Jong-un, ordenou o início dos preparativos para atacar com mísseis o
território dos Estados Unidos e suas bases no Pacífico e na Coreia do
Sul, em resposta aos voos de treinamento de bombardeiros americanos B-2,
invisíveis a radares.
Em caso de provocação imprudente dos
Estados Unidos, as forças norte-coreanas "deverão atacar sem piedade o
(território) continental americano (...), as bases militares do
Pacífico, incluindo Havaí e Guam, e as que se encontram na Coreia do
Sul", declarou Kim, citado pela agência oficial.
Rússia pede "responsabilidade e moderação"
Em
Seul, o Ministério de Unificação afirmou que as ameaças do Norte não
são novas, e sim "mais um elemento em uma série de ameaças
provocadoras".
Já o Ministério da Defesa sul-coreano indicou que não era observado movimento de tropas norte-coreanas perto da fronteira.
Os Estados Unidos declararam imediatamente após o anúncio que levam a sério estas novas ameaças.
"Vimos
as informações sobre uma nova declaração não construtiva da Coreia do
Norte. Levamos estas ameaças a sério e estamos em contato direto com
nosso aliado sul-coreano", disse Caitlin Hayden, porta-voz do Conselho
Nacional de Segurança, na Casa Branca.
Por sua vez, a Rússia pediu
neste sábado responsabilidade máxima e moderação das partes na
península coreana para evitar que a escalada de tensões se torne um
conflito armado.
"Esperamos que todas as partes mostrem
responsabilidade máxima e moderação, e que ninguém cruze uma linha
depois da qual não seja possível voltar atrás", disse Grigory Logvinov,
responsável pela península coreana na chancelaria russa, citado pela
agência Interfax.
Já a chancelaria francesa emitiu uma nota na
qual pediu encarecidamente à Coreia do Norte que evite "novas
provocações, que cumpra com suas obrigações internacionais, sobretudo no
âmbito das resoluções pertinentes das Nações Unidas, e retome
rapidamente o caminho do diálogo".
E o ministro alemão das
Relações Exteriores, Guido Westerwelle, publicou um artigo no periódico
Bild no qual pediu que a Coreia do Norte pare de brincar com fogo,
reiterando a solidariedade da Alemanha com a Coreia do Sul.
A China já havia pedido na sexta-feira às partes interessadas "que façam esforços coletivos para resolver a situação".
"A
paz e a estabilidade na península coreana são benéficas para todos",
declarou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Hong
Lei.
Tecnicamente, as duas Coreias seguem em guerra desde o fim da
Guerra da Coreia (1950-53), que terminou com um armistício, e não com
um tratado de paz.
A anulação do cessar-fogo abre, teoricamente, o
caminho para uma retomada das hostilidades, mas, segundo os
observadores, esta não é a primeira vez que a Coreia do Norte anuncia o
fim do armistício.
O armistício foi aprovado pela Assembleia Geral
das Nações Unidas, e a ONU e a Coreia do Sul rejeitam uma retirada
unilateral deste acordo por parte do Norte.
Na quinta-feira, em um
contexto de escalada de tensões, dois bombardeiros B-2 sobrevoaram a
Coreia do Sul, em uma forma de os Estados Unidos ressaltarem sua aliança
militar com Seul em caso de agressão do Norte.
Pouco depois, o
secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, disse que os Estados Unidos
estão preparados para enfrentar qualquer eventualidade.
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