RICARDO COSTA - TELEGRAMAS DE UM RESGATE
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quarta-feira, 20 de março de 2013

RICARDO COSTA - TELEGRAMAS DE UM RESGATE

RICARDO COSTA - TELEGRAMAS DE UM RESGATE



É natural que qualquer pessoa que tenha dinheiro no banco fique muito preocupada com o que se está a passar em Chipre. A simples ideia de taxar por igual (embora progressivamente) todos os que têm depósitos é absurda. Apesar dos recuos das últimas horas - com os depósitos até 100 mil euros a poder ficar de fora ou ter uma taxa baixa -, a ideia continua a ser absurda e perigosa, pela absoluta quebra de confiança e pelo evidente perigo de contágio.

Mas, apesar de toda esta aparente loucura, há uma "razão" para que tudo isto se tenha abatido sobre Chipre. O pequeno Estado - que entrou na União Europeia por chantagem da Grécia - tem uma economia assente numa praça financeira que esconde uma lavandaria de dinheiro sujo, serve de domicílio fiscal a milhares de empresas que beneficiam de um IRC muito baixo e de uma total ausência de fiscalização. 

A conjugação destes fatores e o facto de pertencer à UE fizeram com que, de repente, os depósitos bancários em Chipre fossem oito vezes maiores que a sua economia. Ter dinheiro em Chipre era ter dinheiro na União Europeia, com baixos impostos e nenhuma fiscalização. Os russos perceberam isso e passaram a usar Chipre como plataforma para tudo, até para fazer chegar armas ilegalmente à Síria.
E o que é que isto tem a ver com Portugal? Pelo lado dos depósitos, nada. Pelo lado da punição, quase tudo. A Alemanha - a seis meses de eleições - mostra que não está disposta a facilitar a vida aos que "prevaricaram". E desta vez Merkel tem o SPD do seu lado. Sim, o candidato social-democrata apoia a punição a Chipre.

E é isso que deve preocupar os portugueses de forma clara e distinta. Não são os nossos depósitos que estão em causa. São as ideias de que vamos ter um caminho mais fácil para o ajustamento. Até às eleições alemãs não haverá sinais disso, como a sétima avaliação da troika mostrou. Depois logo se vê. A hora é ainda de punição. Não vale a pena ir a correr ao banco. Mas vale a pena perceber que quem tomou a decisão sobre Chipre são os mesmos que nos avaliam.


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