BREVE HISTÓRIA DA CRIMEIA
Ilustração mostrando o "Cerco de Sevastopol", durante a Guerra de Crimeia, entre 1854 e 1855, uma Guerra em que a Rússia se envolveu para "proteger"os lugares santos dos cristãos - wikipedia.
Por Paulo Ramires
Guerra da Crimeia 1853 -1956 |
Durante a segunda Grande Guerra Mundial, os alemães invadira a Crimeia em 1941, onde ai aconteceu uma das batalhas mais sangrenta, os alemães tomaram conta de todo o território com a excepção da cidade de Sebastopol, que resistiu até os alemães capturarem a cidade em 1942. Em 1944 as tropas soviéticas tomam conta de todo o território. A Crimeia era então integrada como parte da República Socialista Federada Soviética da Rússia, no entanto, em 1954, foi transferida por Nikita Khrushchov para a República Socialista Soviética Ucraniana como presente de comemoração do 300° aniversário da unificação da Rússia e da Ucrânia.
Com o colapso da União Soviética a Crimeia permaneceu integrada na Ucrânia, mesmo com a independência desta, mas os problemas começaram a surgir com o cada vez maior ressentimento da população de maioria russa ou russófono causadora de tensões crescente entre a Rússia e a Ucrânia. A agravar esta situação foi a crescente instabilidade da Frota do Mar Negro sob o controlo dos russos baseada na península.
Tropas russas na Crimeia, Ucrânia
A actual situação na Ucrânia não pode ser vista apenas por vários acontecimentos ocorridos no território deste país localizado entre a Euroásia e a Europa, de facto a situação é apenas um ponto de tensão entre muitos entre Washington e Moscovo, tais como a Síria e outras regiões do Médio Oriente, Paquistão ou a Gronelândia ou ainda outros assuntos tais como as armas estratégicas onde as duas super-potencias têm grandes divergências.
Sevastopol - base naval russa situada na Crimeia, Ucrânea
Sevastopol - base naval russa situada Crimeia, Ucrânia |
A decisão politica de invadir a Crimeia é tão ilegítima como a subida ao poder do actual governo da Ucrânia. Mas o que se está aqui a desenhar não tem apenas a ver com a base naval russa na Ucrânia, a NATO tem seguido uma politica de provocar o isolamento da Rússia, afastando-a cada vez mais da UE e do Médio Oriente, isto é claro nas palavras de conselheiros para a politica externo e de segurança dos EUA como Zbigniew Brzezinski, dai a insistência e a pretensão de Washington de colocar um sistema de defesa anti-misseis na Polónia desenvolvido por um conjunto de empresas, a companhia francesa Thales, o consórcio italo-americano-alemão MEADS, a companhia americana Raytheon e o grupo MBDA. Trata-se de o regresso das armas estratégicas à Europa depois do chanceler alemão Helmut Kohl e o antigo presidente francês Miterran terem acabado com elas na Alemanha.
A Rússia com outras antigas republicas da União Soviética também pretende desenvolver uma União Económica com um mercado comum semelhante à CEE - um integração económica das repúblicas da Euroásia - algo que desagradou aos EUA e à UE, mas a UE depende bastante do fornecimento do gás Russo, assim como a Rússia depende das vendas de energia à UE, o ideal seria um espaço comum como o previsto após o fim da guerra fria em todo o continente, mas não parece ser esse o caminho desejado. De facto perspectivas várias guerras comerciais entre um espaço que está a ser criado entre a UE e os EUA - apesar de os europeus não serem tidos nem achados nessa questão - e o espaço BRICS formado pela China, Rússia, Índia, Brasil e África do Sul. Mas a tentativa de conter a futura União Económica da Euroásia por parte dos EUA mostrou bastantes fragilidades na Europa, desde logo que foi a NATO a substituir as iniciativas da UE e com tudo isto é a própria UE que arrisca também bastante com um foco de nacionalismo "pró europeu" e anti-europeu, sendo que os nacionalistas ucranianos não serão assim tão pró-europeus como se possa pensar, aumentando ainda mais a enorme dependência da super-potencia americana. No entanto há que se saber agora quem irá colocar os enormes montantes de dinheiro que a Ucrânia necessita para evitar a falência e em que moldes isso acontecerá, uma coisa é certa a Ucrânia continuará a depender bastante do gás russo, e uma boa parte da economia ucraniana é feita com a Rússia e não com a UE, o mais sensato nesta questão volto a dizê-lo seria a Ucrânia integrar os dois espaços de alguma forma.
CONSIDERAÇÕES FINAIS DO ARTIGO
Segundo a discussão que se tem gerado sobre a ocupação das forças russos no território da Crimeia, não é verdade que a Rússia esteja a violar a soberania da Ucrânia ou a legalidade internacional, a Ucrânia e a Rússia têm um acordo desde 28 de Maio de 1997, em que ambos partilham a frota do Mar Negro e as instalações da respectiva base naval situada em Sevastopol, situada Crimeia. Mas isto não quer dizer que ensaiar operações militares no território da Crimeia, e tomar o controlo do território, inclusivo bases ucranianas e as telecomunicações o seja.
No entanto o problema é tão complicado que o poder que se encontra em Kiev é ilegítimo, qualquer poder ou governo que derrube um outro legitimamente eleito será sempre um golpe de estado, e logo este é ilegítimo. O presidente legítimo para todos os efeitos parece ser Víktor Yanukóvych, que por sua vez pediu para que a Rússia intervenha no território da Ucrânia, para manter a ordem:
"Sob a influência dos países ocidentais, ex actos abertos de terror e violência", Churkin citou a carta de Yanukovich a Putin na terceira reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.
"As pessoas estão a ser perseguidos por razões linguísticas e políticas". "Assim, por esta razão venho solicitai ao Presidente da Rússia, Sr. Putin, pedindo-lhe para usar as forças armadas da Federação Russa para estabelecer a legitimidade, a paz, a lei e a ordem, a estabilidade e defender o povo da Ucrânia."
O mesmo fizeram diversos deputados ucranianos que apelaram domingo ao presidente russo, Vladimir Putin para reconsiderar a implantação de tropas adicionais na Crimeia, a fim de evitar a escalada militar da actual crise política no país, refere o site da marinha russa.
Segundo o acordo da Ucrânia com a Rússia sobre a frota do Mar Negro e a presença na base Naval refere o seguinte:
Em 1997, a Rússia e a Ucrânia assinaram o Tratado de partição, estabelecendo duas frotas nacionais independentes e dividindo armamentos e bases entre eles. A Ucrânia também concordou em arrendar partes importantes das suas novas bases em Sevastopol na Crimeia - cerca de 18 240 ha de terra na Crimeia e Sevastopol para as necessidades de sua frota do Mar Negro que faz 0,03% da área total da Ucrânia (603 700 km quadrados - para a Frota russa do Mar Negro até 2017.
Um novo acordo foi assinado a 21 de Abril de 2010, em Kharkiv, na Ucrânia, pelo presidente ucraniano, Viktor Yanukovych e o presidente russo, Dimitry Medvedev e que consistia na extensão do contrato de arrendamento da base naval do Mar Negra por mais 25 anos após o seu termo em 2017, ou seja até 2042 e com uma opção de renovação cinco anos adicionais até 2047.
Segundo o acordo da Ucrânia com a Rússia sobre a frota do Mar Negro e a presença na base Naval refere o seguinte:
Em 1997, a Rússia e a Ucrânia assinaram o Tratado de partição, estabelecendo duas frotas nacionais independentes e dividindo armamentos e bases entre eles. A Ucrânia também concordou em arrendar partes importantes das suas novas bases em Sevastopol na Crimeia - cerca de 18 240 ha de terra na Crimeia e Sevastopol para as necessidades de sua frota do Mar Negro que faz 0,03% da área total da Ucrânia (603 700 km quadrados - para a Frota russa do Mar Negro até 2017.
Um novo acordo foi assinado a 21 de Abril de 2010, em Kharkiv, na Ucrânia, pelo presidente ucraniano, Viktor Yanukovych e o presidente russo, Dimitry Medvedev e que consistia na extensão do contrato de arrendamento da base naval do Mar Negra por mais 25 anos após o seu termo em 2017, ou seja até 2042 e com uma opção de renovação cinco anos adicionais até 2047.
Em troca a Ucrânia obteria descontos no preço do gás russo, bem como receber em receitas pelo arrendamento da base naval da Crimeia a Moscovo um montante de 98 milhões dólares americanos por ano entre outros investimentos directos e gastos na compra de vários produtos ou serviços. Assim, as despesas totais da Rússia com a Frota do Mar Negro totalizam mais de $ 350 milhões por ano.
Uma outra análise para a compreensão geopolítica da Crimeia e da base naval:
Uma outra análise para a compreensão geopolítica da Crimeia e da base naval:
Fonte: República Digital
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