O INÍCIO DE UMA NOVA ORDEM MUNDIAL
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sexta-feira, 29 de setembro de 2023

O INÍCIO DE UMA NOVA ORDEM MUNDIAL


É o fim desta ordem mundial e o início nos próximos tempos de uma nova ordem que surgirá com dois alinhamentos de países, os que querem manter o Status Quo com os EUA à cabeça mas também o Reino Unido, a maioria dos países europeus, o Japão, a Coreia do Sul e a Austrália e que querem um mundo unipolar e regulado com base numa «ordem mundial baseada em regras» e os que como a Rússia, a China ou o Sul Global querem um mundo multipolar com base no Direito Internacional

Por Paulo Ramires 

 A velha ordem mundial saída do fim da segunda guerra mundial está a aproximar-se do seu termo, nesta ordem os EUA eram a potência dominante rivalizando com a União Soviética o controlo do mundo que só acabou com a queda da União Soviética a 26 de Dezembro de 1991 constituindo-se depois os EUA como potência imperial única estando agora a chegar ao fim esse estatuto com o desfio imposto pela China e pela Rússia no seio dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que decidiram para o próximo ano a adesão da Argentina, Arábia Saudita, Egipto Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irão. 

Os BRICS fazem concorrência ao Ocidente Alargado tendo criado o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) que evita o uso do Dólar no seu modo de funcionamento e entre os países associados, é um duro golpe para os EUA pois estes assentam em boa parte o seu poder no Dólar que armado impõe sanções contra aqueles países que não querem seguir as regras que os EUA impõe aos outros. 

É o fim desta ordem mundial e o início nos próximos tempos de uma nova ordem que surgirá com dois alinhamentos de países, os que querem manter o Status Quo com os EUA à cabeça mas também o Reino Unido, a maioria dos países europeus, o Japão, a Coreia do Sul e a Austrália e que querem um mundo unipolar e regulado com base numa «ordem mundial baseada em regras» e os que como a Rússia, a China ou o Sul Global querem um mundo multipolar com base no Direito Internacional em que outros países, nomeadamente o Sul Global tenham uma palavra a dizer nas Instituições Internacionais, trata-se de um mundo mais democrático nas decisões das Instituições Internacionais em oposição à velha ordem dominada e decidida pelos EUA. 

Toda esta adversidade joga-se em boa parte na guerra da Ucrânia que opõe a OTAN à Rússia e na respectiva rivalidade entre China e EUA no que respeita ao diferendo de Taiwan. 

A OTAN e o Ocidente não podem perder esta guerra da Ucrânia sob pena de ficarem  marginalizados face ao poder do Sul Global, Ásia e Eurásia como são o caso dos BRICS, a Organização para a Cooperação de Xangai, ASEAN, União Económica da Eurásia, União Africana entre outras, este jogo de relações internacionais é importante para uma nova ONU que entretanto será alvo de mudanças com a entrada de novos países para o Conselho de Segurança com o estatuto de membros permanentes.

A guerra da Ucrânia decidirá muita coisa com os europeus a terem de injustificadamente dar um apoio substancial à Ucrânia, pois não é claro que os EUA continuem a dar o seu apoio como de costume devido às presidenciais de 2024 e ao surgimento de uma possível guerra com a China no mar do sul da China por volta de 2025, assim falam analistas e militares americanos, isto levaria sem duvidas a um terceira guerra mundial eventualmente com o emprego de armas nucleares, por outro lado os europeus teriam de entrar em conflito directo com a Rússia ficando na dependência e nos critérios decididos por Washington como já ocorre actualmente. Isto não seria bom para a Europa porque a União Europeia ficaria em risco e poderia dissolver-se. 

Seria importante que a União Europeia conseguisse influenciar Volodymyr Zelensky e os EUA a negociar uma paz duradoura com Putin, mas isto passa pelo não fornecimento de armamento à Ucrânia, é preciso notar que os europeus também estão a sofrer com esta guerra e os responsáveis europeus deveriam procurar uma mediação responsável como a da China, a do Brasil ou a da Índia, mas parece que aguardam os desenvolvimentos do conflito e as presidenciais americanas que acabam por ter impacto nas negociações russo-ucranianas. 

Seria positivo que Victoria Nuland, Antony Blinken, Joe Biden e outros falcões abandonassem a Casa Branca e a ala Republicana pressionasse um acordo de paz na Ucrânia uma vez que a força que os europeus têm neste sentido é inexistente talvez também pela falta de vontade dos lideres europeus.


Fonte: República Digital



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