O ACORDO ORTOGRÁFICO TAL COMO ESTÁ NÃO É SOLUÇÃO PARA A AFIRMAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA
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quinta-feira, 12 de junho de 2014

O ACORDO ORTOGRÁFICO TAL COMO ESTÁ NÃO É SOLUÇÃO PARA A AFIRMAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA



O ACORDO ORTOGRÁFICO TAL COMO ESTÁ NÃO É SOLUÇÃO PARA A AFIRMAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA POR PAULO RAMIRES




O ACORDO ORTOGRÁFICO TAL COMO ESTÁ NÃO É SOLUÇÃO PARA A AFIRMAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA











Por Paulo Ramires

Inicialmente unir a ortografia tinha por fim destacar a língua portuguesa nos fóruns internacionais, era uma preocupação importante do ponto de vista geopolítico sobretudo da parte do Brasil - que participa em vários fóruns e organizações internacionais e é candidato a outros - mas também da parte de Portugal. A língua portuguesa é uma das mais faladas do mundo, ou seja, a quinta mais falada com um total de 273 milhões de falantes [e a 6ª língua do mundo mais utilizada nos negócios, segundo o ranking da Bloomberg incluído num estudo intitulado], sendo falada amplamente nos vários continentes.

Apesar desta importante evidencia, o português não é por exemplo a língua oficial das Nações Unidas [Árabe, Chinês, Espanhol, Russo, Francês e Inglês, as duas últimas são consideradas línguas de trabalho] apesar de outras línguas como o russo ou o francês serem menos faladas que o português. 


O português teve sempre dificuldade para se afirmar, mesmo perante outras línguas muito menos faladas, embora no passado sempre se teve o cuidado de se procurar a unificação da língua portuguesa, foi porém na década de 80 que surgiu a tese da unificação ortográfica da língua portuguesa para resolver o problema da viabilidade do português como língua unificada e mais bem posicionada para ser aceite nos fóruns internacionais e para possibilitar uma maior cooperação educacional e formativa entre os países lusófonos e a aplicação de politicas no âmbito da CPLP e do Instituto Internacional da Língua Portuguesa - IILP com cede em Cabo Verde e integrado na CPLP a partir de 2005, esta tese defendida por alguns até parecia fazer sentido, mas estamos a falar da década de 80, onde ainda não havia discussão sequer e a realidade era outra. A língua portuguesa tinha e tem dificuldade em se afirmar como língua internacional, com vista a isso surgiu um acordo que pretendia dar resposta a esse problema após tentativa falhada em 1986, o AO90, mas não resolveu o problema, agravou-o, inclusive no plano Internacional, porém desistir do AO90 ficou a ter certas implicações geopolítica em negócios e protocolos criados no âmbito da CPLP, assim o AO90 teria de continuar para evitar certos cataclismos políticos de grande dimensão, e como não houve coragem principalmente em Portugal para o revogar, apesar da sua suspensão em 2012 no Brasil, ele continua a ser aplicado mesmo contra a vontade dos portugueses. 

O AO90 representa um documento tecnicamente muito mal feito - um documento-tratado em que a ortografia é feita à la carte ou por opção e com excepções incompreensíveis - que não obstante os sismos geopolíticos que poderiam ocorrer, deveria ser revogado, mas não o é, talvez queiram encontrar uma situação intermédia. Da parte do Brasil existem sinais de se desejar uma nova versão do acordo [sem confirmação]. O pior de tudo é que Portugal parece não ter tido a força - e a habilidade - suficiente para negociar perante o peso do Brasil e o fantasma de o país ficar isolado perante os restantes países lusófonos que devem ter em mente que o português não deve se afastar da mesma base latina comum a outros países latinos, incluindo os de língua oficial inglesa. Quem tem de mudar é exactamente o Brasil, que deveria ter adoptado o acordo de 1945 e não o fez, mas como é o maior país lusófono e cheio de contradições políticas isso não é possível, mas deveria ser.

























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