A DESTRUIÇÃO FINANCEIRA DA UNRWA POR ISRAEL, EUA E ALIADOS RESULTA NA FOME DE TODOS OS PALESTINOS
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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

A DESTRUIÇÃO FINANCEIRA DA UNRWA POR ISRAEL, EUA E ALIADOS RESULTA NA FOME DE TODOS OS PALESTINOS

Israel afirma que cerca de 1.200 dos 12.000 funcionários da UNRWA em Gaza são aliados do Hamas. Não, bem: hoje em dia qualquer palestiniano é apoiante do Hamas


Por Alfredo Jalife-Rahme*

O governo de Netanyahu prossegue inelutavelmente a sua "doutrina Amaleque (bit.ly/47piOzc)" que valeu a Israel uma condenação desfavorável pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) da ONU, na Haia, cuja decisão foi absurda, pois não determinou a injunção hierárquica de um imperativo cessar-fogo imediato em Gaza, antes que se dê a extinção dos seus habitantes palestinianos.

E tão incoerentemente absurda foi a actuação do TIJ que, no dia da sua simbólica decisão, Israel catalisou, em retaliação, o cruel desfinanciamento por 15 países (mega sic!) da UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente). A UNRWA é o principal fornecedor de água (sic), abrigo, alimentação, saúde, educação e serviços de proteção social a civis que sofrem um quase genocídio (segundo o TIJ, que não se atreveu a definir a trágica realidade); ajuda também cerca de 6 (sic) milhões de refugiados palestinianos no Líbano, Síria e Jordânia, dos quais quase 2 milhões vivem em campos de refugiados geridos pela UNRWA (bit.ly/47WivLP).

O orçamento da UNRWA em 2023 era de 1630 milhões de dólares. O seu financiamento provém, assustadoramente, quase exclusivamente de contribuições voluntárias, com um subsídio muito limitado (sic) das despesas regulares da ONU, utilizado apenas para custos administrativos (mega sic!).

Já em 2022, 94,9 por cento das contribuições provinham de países e governos regionais. Do orçamento total de 1,17 mil milhões de dólares em 2022, 61,4 por cento vieram dos EUA, da Alemanha, da União Europeia (UE) e da Suécia, os seus maiores doadores individuais. Os membros da UE contribuíram com 520,3 milhões: 44,3 por cento (bit.ly/3vSfD57). Migalhas!

Os dez maiores doadores das migalhas são: UE (344 milhões de dólares), Alemanha (202 milhões), UE (114,2 milhões), Suécia (61 milhões), Noruega (34,2 milhões), Japão (30 milhões), França (29 milhões), Arábia Saudita (27 milhões), Suíça (25,5 milhões) e Turquia (25,2 milhões).

Israel, potência ocupante e expulsora de palestinianos desde 1947, não contribui com um único cêntimo, o que deveria ser a sua obrigação, de acordo com as leis internacionais que espezinha.

De acordo com o analista Elijah J. Magnier, "o desfinanciamento do 'clube ocidental' pode ter consequências assustadoras. Expõe cerca de 5,5 milhões de palestinianos no Médio Oriente a uma punição colectiva que os priva de serviços básicos e de direitos essenciais à sua sobrevivência" e "desestabiliza também os países vizinhos de Israel, onde vivem os refugiados palestinianos, podendo fazer escalar as tensões numa região já de si volátil (bit.ly/49gd0IM)". Acrescenta ainda que pode desencadear uma crise humanitária com o aumento da pobreza, a falta de educação e de acesso à saúde e a insegurança alimentar.

Magnier conclui que esta medida compromete simbolicamente o direito dos palestinianos a regressarem às suas terras ancestrais, em conformidade com a resolução 194 da ONU.

Até à data, 15 países (em primeiro lugar os EUA) suspenderam o financiamento (quase 70%), com base nas alegações de Israel de que 13 funcionários da UNRWA estavam implicados em ataques do Hamas em 7 de Outubro (bit.ly/49cdbEV), sem provas públicas credíveis e apenas vistas secretamente pelos EUA!

Israel afirma que cerca de 1.200 dos 12.000 (na verdade 30.000) funcionários da UNRWA em Gaza são aliados do Hamas (bit.ly/48ZLLmk). Não, bem: hoje em dia qualquer palestiniano é apoiante do Hamas.

A anomalia mais aberrante é que os cázares (bit.ly/3QqemJr) em Israel proíbem o regresso dos palestinianos quando encorajam o falso regresso dos cázares, que nunca estiveram na "terra de Israel/'grande Israel' também falsa", como demonstra Shlomo Sand, historiador israelita da Universidade de Telavive, no segundo livro da sua enorme trilogia: A Invenção da Terra de Israel (amzn.to/3OoKDQV)".



*Médico, autor e analista de política internacional. Escreve para a Sputnik e La Jornada, do México.




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