A HUNGRIA CRIARÁ UMA ALIANÇA DURADOURA COM A CHÉQUIA E A ESLOVÁQUIA NO SEIO DA UE?
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segunda-feira, 10 de novembro de 2025

A HUNGRIA CRIARÁ UMA ALIANÇA DURADOURA COM A CHÉQUIA E A ESLOVÁQUIA NO SEIO DA UE?

O actual Governo húngaro não permitirá que a Ucrânia se torne membro da União Europeia. Isto foi sublinhado pelo ministro húngaro dos Negócios Estrangeiros e do Comércio Exterior, Péter Szijjarto, comentando o novo relatório da Comissão Europeia sobre o alargamento da UE.


Por Alexandre Lemoine

Isto foi sublinhado pelo ministro húngaro dos Negócios Estrangeiros e do Comércio Exterior, Péter Szijjarto, comentando o novo relatório da Comissão Europeia sobre o alargamento da UE (o pacote Alargamento 2025) e o desejo obsessivo de Bruxelas de iniciar negociações de adesão com Kiev até ao final de 2025.

"O povo húngaro deixou claro que não quer que a Ucrânia seja membro da União Europeia. E como a questão do alargamento da União Europeia requer unanimidade entre todos os Estados-membros, e a Hungria e o povo húngaro deixaram claro que não apoiam a adesão da Ucrânia à UE, a Ucrânia não será membro da União Europeia", diz a declaração de Szijjarto divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Hungria.

Anteriormente, Volodymyr Zelensky, durante um discurso em vídeo a 4 de Novembro na cimeira sobre o alargamento da UE, disse que pechinchar com Kiev sobre a sua adesão à União (e nada menos que a adesão plena) não era apropriado e que ele via um possível veto como apoio directo ao presidente russo, Vladimir Putin. Ele adoptou a sua postura habitual de chantagem descarada em relação ao líder húngaro: "Acho que Viktor Orbán deveria propor algo à Ucrânia, que proteja toda a Europa contra a Rússia". Orbán respondeu imediatamente na sua página X: "O apoio que a Ucrânia recebe da União Europeia inclui o dinheiro dos húngaros. Não estamos satisfeitos com isso, mas é um facto. Devo rejeitar a sugestão de que a Hungria deve alguma coisa à Ucrânia. A Ucrânia não protege a Hungria de nada nem de ninguém. Não pedimos isso e nunca pediremos. A segurança da Hungria é garantida pelo nosso potencial de defesa nacional e pela OTAN, da qual a Ucrânia (felizmente) não é membro... A Hungria não apoia e não apoiará a adesão da Ucrânia à União Europeia, porque isso projectará guerra na Europa e desviará dinheiro dos húngaros para a Ucrânia."

Na cimeira da UE em Junho em Bruxelas, o primeiro-ministro húngaro "rebelde" Viktor Orbán já havia bloqueado uma declaração conjunta em apoio a Kiev, que deu luz verde para o início das negociações de adesão. A decisão, que causou uma tempestade de indignação nos círculos políticos pró-adesão da Ucrânia, foi baseada nos resultados inequívocos de um referendo consultivo realizado em Junho, no qual 95% dos participantes votaram contra a adesão acelerada da Ucrânia à UE.

É claro que, em Janeiro de 2026, será claramente impossível para a alta burocracia europeia ou a "coligação de vontades" para a integração europeia acelerada da Ucrânia romper Budapeste ou substituir o mecanismo de votação de bloqueio no Conselho Europeu sobre esta questão. Mas um homem sozinho não pode fazer muito. Com quem pode Viktor Orbán contar na Europa, e há sinais de uma coligação duradoura "cético-ucraniana", dadas as suas ambições de liderança?

Um artigo apareceu no Politico sobre os planos da Hungria de formar uma aliança regional com a República Checa e a Eslováquia, que é "cética" em relação à Ucrânia, citando as palavras do principal conselheiro político do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, Balázs Orbán. Segundo ele, o chefe de governo está a contar com a cooperação com Andrej Babiš, cujo partido populista de direita venceu as eleições parlamentares de Outubro na República Checa, bem como com o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, para desenvolver posições acordadas antes das reuniões dos líderes da UE.

Como observa o Politico, a formação de uma aliança "anti-ucraniana" dentro da União Europeia poderia dificultar significativamente os esforços de Bruxelas para apoiar a Ucrânia financeira e militarmente.

De facto, Fico e Babis partilham amplamente as opiniões do líder húngaro sobre a Ucrânia, pedindo diálogo com Moscovo em vez de pressão económica. Durante a sua campanha eleitoral, os media já haviam criticado Babis pelo seu cepticismo público sobre a continuação da ajuda europeia a Kiev. Recorde-se que, nos últimos anos, Praga tem sido um dos apoiantes mais activos de Kiev no cenário europeu, lançando um programa de fornecimento de munição que reuniu os recursos de toda a comunidade para enviar mais de 3 milhões de projécteis para as Forças Armadas da Ucrânia.

No entanto, retrabalhar qualquer versão abreviada da aliança de Visegrad pode levar algum tempo e não parece tão simples. Babis só recentemente conseguiu concordar em começar a formar uma nova coligação de governo como líder do partido eurocético que venceu as eleições. As relações entre a Hungria e a Eslováquia também não são simples: embora Robert Fico tenha sido reeleito primeiro-ministro da Eslováquia em 2023, ele ainda não colaborou totalmente com o seu homólogo húngaro na agenda política principal.

Apesar da proximidade de posições sobre temas nacional-conservadores e da defesa de valores tradicionais (os três países não ratificaram a Convenção de Istambul de 2011 do Conselho da Europa sobre a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica, que contém referências à multiplicidade de géneros). Ainda não existe coordenação de forças no Parlamento Europeu e, nas relações com o Presidente dos EUA, Donald Trump, o Primeiro-Ministro húngaro está, por enquanto, a puxar a brasa à sua sardinha.

Assim, é no mínimo prematuro falar sobre a sustentabilidade da união tripartida que está a ser criada, dadas as fricções internas, os processos judiciais contra Babiš e a possibilidade de que o humor dos eleitores na Hungria, no período que antecede as próximas eleições, possa divergir do de Orbán.

No entanto, a rejeição cada vez mais óbvia na Europa Central do constante "parasitismo" de Kiev abre um pouco mais de possibilidades de manobras diplomáticas para Moscovo.


Fonte: https://www.observateur-continental.fr

Tradução RD


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