O FALHANÇO DE ISRAEL TENTAR PROVOCAR A III GUERRA MUNDIAL SERÁ O INÍCIO DO FIM DA SÍRIA
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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

O FALHANÇO DE ISRAEL TENTAR PROVOCAR A III GUERRA MUNDIAL SERÁ O INÍCIO DO FIM DA SÍRIA

O FALHANÇO DE ISRAEL TENTAR PROVOCAR A III GUERRA MUNDIAL SERÁ O INÍCIO DO FIM DA SÍRIA
A operação é bem clara. Israel e a França coordenaram um ataque a múltiplos alvos dentro da Síria sem o envolvimento dos EUA, mas com o conhecimento absoluto dos EUA sobre a operação para provocar a Rússia e a fazê-la atacar a inconsequente fragata francesa que ajudou no ataque aéreo de Israel.


Por Tom Luongo* | 19.09.2018 |


Há uma coisa que Israel teme mais do que qualquer outra coisa na Síria. A perda de sua capacidade de fazer voar os seus F-16 com impunidade e atingir quaisquer alvos que queira, reivindicando medidas defensivas para deter o Irão, o seu inimigo existencial.

Israel finalmente admitiu ter realizado mais de 200 missões desse tipo nos últimos 18 meses, das
quais apenas algumas poucas, fizeram recentemente algum tipo de manchete na media internacional.

E com o ataque furtivo a Latakia, que envolveu o uso de um avião de guerra russo EL-IL-ELINT como cobertura de radar, Israel agora não só elevou as tensões a um nível inaceitável, como também assegurou que este poderia ser o último assalto aéreo a poder ser capaz de executar.

A operação é bem clara. Israel e a França coordenaram um ataque a múltiplos alvos dentro da Síria sem o envolvimento dos EUA, mas com o conhecimento absoluto dos EUA sobre a operação para provocar a Rússia e a fazê-la atacar a inconsequente fragata francesa que ajudou no ataque aéreo de Israel.


Isso constituiria um ataque a um estado membro da OTAN e exigiria uma resposta da OTAN, obtendo assim a escalada exacta necessária para continuar indefinidamente a guerra na Síria e iniciar a Terceira Guerra Mundial.

Isso evitaria qualquer objecção a um conflito mais amplo do presidente Trump, que teria que responder militarmente a um ataque russo a um aliado da OTAN. Também reafirmaria a necessidade da a OTAN fazer um diálogo público, marginalizando ainda mais os ataques de Trump à Síria e qualquer acção tencionada por ele para a paz

Que isso tenha ocorrido dentro de um intervalo de 60 dias antes das eleições intercalares também não deve ser desvalorizado.

Este ataque ocorreu a poucas horas depois de os presidentes Erdogan e Putin negociaram um acordo "pacífico" para a província de Idlib declarando uma zona desmilitarizada (DMZ) de 15 a 20 quilómetros de largura para todos, incluindo os animais da Jabhat al-Nusra de Erdogan, que teriam de a cumprir. 

A paz começava a surgir na Síria mas Israel e os falcões de guerra em D.C. não tinham esse objectivo em mente.

Ao conduzir um ataque como este, Israel e o pessoal da OTAN perceberam que seria uma vitória para eles.

Se a Rússia atacasse a França, então a OTAN invocaria o Artigo 5 e eles teriam uma guerra mais ampla.

Se a Rússia não atacar, Putin perderá a face dentro da Rússia, a sua popularidade cairá 5 pontos e John Bolton começa a salivar perante a perspectiva de mudança de regime na Rússia. Sim, eles são tão insanos.

Foi uma manobra nitidamente de geopolítica, quase ao estilo judoca. A Rússia e a Síria pareciam estar à beira da vitória, estendendo-se eles próprios a um grande conflito que poderia resultar em meses de má imprensa. Estávamos já à espera de um possível ataque de armas químicas perfeitamente encenado, gritos de crise humanitária e tudo o mais da já cansada sinalização de virtude que podemos esperar dos funcionários diplomáticos dos EUA, que têm sido demasiado ordinários mesmo sob a administração de Trump.

O que obtivemos foi o oposto, um ataque cuidadosamente planeado contra as forças militares russas, onde os sistemas de defesa aérea da Rússia seriam culpados pela morte do próprio pessoal e um contra-ataque equivocado que justificaria a narrativa de Putin como um mau guerreiro. Para justificar uma invasão norte-americana da Síria, suspensa desde 2013, e a habilidade de Putin de neutralizar essa situação por meios diplomáticos.
Pela primeira vez, o sucedido quase parecia um plano bem pensado. Não houve as crueldades habituais de punhos presos nos quais fomos assistindo nos últimos anos. Mas aqui está o problema.

Não funcionou.

Ao nomear nomes e imediatamente não responder militarmente durante o "nevoeiro de guerra", a Rússia e Putin voltam a ser mais habilidosos do que os seus adversários.

Porque nada do que acabei de descrever acontecerá. E a França, Israel e os EUA foram os únicos a perder a face nesta situação. E com Israel traindo a paciência de Putin após os ataques aéreos de Abril em Damasco, ele não terá escolha a não ser actualizar os sistemas de defesa aérea da Síria dos S-200 para os S-300 e possivelmente para os S-400.

Este é o pior pesadelo para Israel. Uma situação em que qualquer ataque aéreo a alvos dentro da Síria seria uma missão suicida, perfurando o mito da superioridade das força aérea israelitas e mudando decididamente o delicado equilíbrio de poder na Síria.

É por isso que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu trabalhou tanto com Putin nos últimos dois anos. Mas este incidente pôs tudo em causa. Isto foi uma traição cínica da confiança e paciência de Putin. E Israel pagará agora o preço pelo seu erro de cálculo.

Dar à Síria os S-300 não vingará os quinze soldados russos mortos. Putin terá que responder a isso de uma maneira mais concreta para apaziguar os radicais no seu governo e na sua casa. A sua paciência e aparente passividade está a ser levada ao limite politicamente. Afinal de contas, esse é um benefício colateral para todos os falcões neo-conservadores e globalistas na DC, na Europa e em Tel Aviv.

Mas, a perda real aqui para Israel será a Rússia instituir uma zona de exclusão aérea sobre o oeste da Síria. Qualquer menor resposta de Putin será aproveitada e a situação se intensificará aqui. Assim, Putin terá que fornecer os S-300 à Síria. E quando isso acontecer, a solução real para a Síria começará a sério.

Porque nesse momento será a altura dos EUA invadirem a todo o vapor a Síria sem provocação, agora que uma solução está em vigor na Síria entre a Rússia e um membro da OTAN, a Turquia.

A única boa notícia em tudo isto é que as forças dos EUA não estavam envolvidas. Isso ainda me diz que Trump e Mattis ainda estão no comando da sua cadeia de comando e que outras forças estão conspirando para arrastá-los para um conflito que ninguém em suas mentes certas quer.

*Tom Luongo é analista político e económico independente baseado no Norte da Florida, EUA.
strategic-culture.org

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