EUA PREPARAM-SE PARA A TERCEIRA GUERRA MUNDIAL COM O MAIOR CONTRATO DE DEFESA DA HISTÓRIA
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terça-feira, 18 de junho de 2019

EUA PREPARAM-SE PARA A TERCEIRA GUERRA MUNDIAL COM O MAIOR CONTRATO DE DEFESA DA HISTÓRIA

Mike Pence: “É uma certeza virtual que vós ireis lutar num campo de batalha para os EUA nalgum momento das vossas vidas”, declarou ele. “Alguns de vós ireis juntar-se em combates na península coreana e no Indo-Pacífico, onde a Coreia do Norte continua a ameaçar a paz e uma China cada vez mais militarizada desafia a nossa presença na região. Alguns de vós ireis juntar-se aos combates na Europa, onde uma agressiva Rússia procurará redesenhar as fronteiras internacionais pela força. E alguns de vós podereis até ser chamados para servir neste continente. E quando esse dia chegar”, continuou ele, “sei que vós movereis ao som das armas e cumprirão o seu dever, e vós lutareis, e vós vencereis.”

Por Andre Damon | Publicado originalmente a 13 de Junho de 2019


EUA enviam mais 1000 militares para o Médio Oriente
O Pentágono anunciou na segunda-feira, 10 de Junho, a maior compra de armas da sua história, que envolveu a aquisição de quase 500 caças F-35 a um custo total de US$ 34 mil milhões.

Essa compra é apenas o pagamento inicial da aquisição pelo Pentágono de aeronaves notoriamente dispendiosas e sujeitas a falhas, que tem dois objectivos prioritários: combater uma “grande potência” numa guerra, como a Rússia e a China, e encher os bolsos da Lockheed Martin e a horda de ex-congressistas e generais reformados.

O acordo cobre os 12º, 13º e 14º lotes dos F-35 encomendados pelo Pentágono, que eventualmente envolverá a compra de milhares de outros caças. Anunciado em 2001 como um programa para economizar dinheiro, cada avião acabou por custar quatro vezes mais do que a estimativa inicial.

Com um custo total previsto de US$ 1,5 biliões, apenas a compra dos caças F-35 poderia financiar o Departamento de Educação dos Estados Unidos por 25 anos.

O maior entusiasta dos F-35 é o presidente Donald Trump, que o promove como um de seus campos de golfe. Trump participou numa conferencia de imprensa conjunta na quarta-feira à tarde com o presidente polaco, Andrzej Duda, com o objectivo de promover a aeronave de guerra. Quando um F-35 sobrevoou a Casa Branca a baixa velocidade, ele elogiou a Polónia pelo acordo fechado para comprar 32 desses caças.

Em discursos na presença de militares, Trump rotineiramente gaba-se dos enormes orçamentos militares que ele impôs ao Congresso, destacando em particular os gastos do Pentágono com os F-35. Falando na cerimonia de abertura da Academia da Força Aérea no mês passado, o presidente dos EUA declarou no meio de aplausos retumbantes dos oficiais formandos: “Vocês gostam de todos os novos e belos aviões que estamos a comprar”.

Trump ainda disse: “No ano passado ... nós garantimos US$ 700 mil milhões para apoiar os nossos combatentes de guerra, seguidos por outros US$ 716 mil milhões – não milhões – mil milhões. Isso é com um ‘B’.”

Ambos os orçamentos do Pentágono, envolvendo os maiores aumentos de gastos com a defesa desde o fim da Guerra Fria, foram aprovados com o esmagador apoio bipartidário. 89% dos democratas do Senado votaram para aprovar o mais recente orçamento de defesa, cujo objectivo explícito é preparar os militares dos EUA para um conflito entre “grandes potências” com a Rússia e a China.

Este ano, a Casa Branca quer ainda mais. Na próxima segunda-feira, o governo planeia enviar uma proposta orçamental de US$ 750 mil milhões para o Departamento de Defesa no valor de 18 mil milhões maior do que o solicitado pelo Pentágono.

Um pequeno exército de executivos da indústria de defesa, ex-generais que actuam como “consultores” e congressistas lobistas do complexo militar-industrial, está enlouquecido com a entrada de dinheiro para as forças armadas, que são conhecidas por pagar US$ 7.622 por cafeteiras e US$ 640 por louças sanitárias.

Mesmo com os padrões normais de lucro dos negócios de guerra dos EUA, o programa dos F-35 é um acto da mais pura corrupção – tanto que o belicista e militar John McCain o chamou de “caso exemplar de negligência na aquisição”, um “escândalo” e uma “tragédia”.

De acordo com o Projecto de Supervisão Governamental, “Por definição, os serviços [militares dos EUA] não podem desempenhar independentemente muitas das funções mais básicas necessárias para empregar adequadamente o sistema de armas mais caro da história”, acrescentando que a Lockheed Martin “impede que o governo conheça os custos de qualquer uma das peças de reposição que tem que comprar da empresa.”

As centenas de aeronaves já entregues estão cheias de falhas que as tornam inutilizáveis. Como o site Defense News informou recentemente, “os pilotos dos F-35B e F-35C são obrigados a observar limitações na velocidade aerodinâmica para evitar danos na fuselagem ou no sistema anti-radar dos F-35”, enquanto a aeronave permanece propensa a “picos de pressão na cabine” que causam “intensa dor de ouvidos e sinusite”.

Mas a fraude, a incompetência e a corrupção que marcam o programa dos F-35 não devem desviar a atenção do seu propósito fundamental: combater os seus concorrentes “quase iguais” da Rússia ou da China.

No início deste mês, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, falando ao grupo de formandos em West Point, previu que uma guerra no Pacífico, na Europa e nas Américas aconteceria durante a vida deles.

“É uma certeza virtual que vós ireis lutar num campo de batalha para os EUA nalgum momento das vossas vidas”, declarou ele. “Alguns de vós ireis juntar-se em combates na península coreana e no Indo-Pacífico, onde a Coreia do Norte continua a ameaçar a paz e uma China cada vez mais militarizada desafia a nossa presença na região. Alguns de vós ireis juntar-se aos combates na Europa, onde uma agressiva Rússia procurará redesenhar as fronteiras internacionais pela força. E alguns de vós podereis até ser chamados para servir neste continente.”

“E quando esse dia chegar”, continuou ele, “sei que vós movereis ao som das armas e cumprirão o seu dever, e vós lutareis, e vós vencereis.”


Discurso do Vice Presidente Mike Pence


Esses sentimentos assustadores, longe de serem exclusivos da administração Trump, são amplamente partilhados também pelo Partido Democrata. Falando em Iowa na terça-feira, o ex-oficial de inteligência da Marinha e pré-candidato à presidência do Partido Democrata, Pete Buttigieg, disse: “As nossas capacidades militares existem por uma razão ... estamos prontos para usar a força”. Ele ainda acrescentou que os EUA devem preparar-se para as “guerras do futuro”.

Mesmo enquanto Trump derruba protecções constitucionais fundamentais, aprisionando crianças imigrantes em bases militares e governando por decreto executivo, os democratas saúdam o valor de um inimigo externo para reforçar a unidade política em casa, com Buttigieg tendo declarado: “O novo desafio oferecido pela China fornece-nos uma oportunidade de nos unirmos mesmo com a divisão política.” Isso é essencial, sugere ele, já que “pelo menos metade da batalha é em casa”.

Cerca de três décadas após a dissolução da União Soviética e a proclamação de um “momento unipolar” de dominação dos EUA, os esforços norte-americanos para preservar a sua hegemonia global por meios militares têm produzido um total desastre. No principal artigo da edição actual da revista Foreign Affairs, Fareed Zakaria escreve sobre “A autodestruição do poder dos EUA”, concluindo que “nalgum momento nos últimos dois anos, a hegemonia norte-americana morreu”.

Mas todo o fracasso, retrocesso e desastre tem apenas levado os Estados Unidos a intensificarem a sua provocação económica e agressão militar. Depois dos desastres da “guerra ao terror”, incluindo as invasões do Afeganistão e do Iraque e as guerras na Líbia e na Síria, Washington tem como objectivo realizar um conflito com a Rússia e a China. Os resultados de tais guerras serão um desastre a uma escala incomparavelmente maior do que o banho de sangue no Médio Oriente, ameaçando uma Terceira Guerra Mundial nuclear.

A erupção homicida do militarismo norte-americano, que começou com a primeira Guerra do Golfo e coincidiu com a dissolução da União Soviética pelo regime Estalinista, não vai simplesmente acabar. A menos que seja detido pelo surgimento de um movimento socialista em massa da classe trabalhadora, essa tendência homicida só se intensificará.

Fonte: wsws.org

Este artigo não representa necessariamente a visão do República Digital.

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