O FALATÓRIO FINAL DO FASCISMO SIONISTA
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sábado, 16 de março de 2024

O FALATÓRIO FINAL DO FASCISMO SIONISTA

Aconteça o que acontecer daqui para frente em Israel – com Benny Gantz e não Benyamin Netanyahu – o facto é que o poder israelita, baseado no mito de uma suposta incompatibilidade entre judeus e fascismo, já entrou em colapso. Agora será possível trazer à tona todos os crimes que esse grupo cometeu, durante a Guerra Fria, em nome da CIA dos EUA, no Médio Oriente, em África e na América Latina.


Por Tierry Meyssan


O governo Biden ficou paralisado pela reação de Israel à Operação "Dilúvio de Al-Aqsa", realizada em 7 de Outubro e atribuída exclusivamente ao Hamas, embora envolvesse outras facções palestinianas.

A resposta israelita, apelidada de "Espada de Ferro", começou com intensos bombardeamentos à Cidade de Gaza, bombardeamentos de proporções até então inéditas em qualquer outro lugar do mundo ou em qualquer outro momento da história, incluindo as duas Guerras Mundiais.

A partir de 27 de Outubro, essa resposta israelita intensificou-se, com uma invasão terrestre caracterizada por inúmeros actos de saques, prisões em massa de milhares de civis de Gaza e actos de tortura contra esses detidos. Em 5 meses, 37.534 civis foram mortos ou estão desaparecidos, 13.430 dos palestinianos mortos ou desaparecidos são crianças e 8.900 são mulheres. Durante a ofensiva israelita em Gaza, 364 profissionais de saúde e 132 jornalistas também foram mortos [1].

Num primeiro momento muito prolongado, Washington expressou o seu habitual apoio inabalável ao "direito de Israel a defender-se", ameaçando recorrer a um veto face a qualquer exigência de cessar-fogo e... enviando a Israel a quantidade de bombas e projécteis necessários para lançar a actual campanha de destruição generalizada no enclave palestiniano. Depois das derrotas militares sofridas na Síria e na Ucrânia, era inconcebível que Washington aceitasse uma nova derrota, desta vez na Palestina.

Mas os cidadãos americanos assistiam ao vivo, nos seus telemóveis, aos horrores da matança iniciada contra a população da Faixa de Gaza. Vários funcionários do Departamento de Estado expressaram por escrito o seu constrangimento em ver o seu país, os Estados Unidos, apoiar a carnificina. Petições escritas começaram a aparecer, e personalidades americanas, tanto judias quanto muçulmanas, renunciaram a seus cargos no governo Biden.

Em plena campanha eleitoral, com vista à próxima eleição presidencial, a equipa do Presidente Joe Biden não podia continuar a manchar as mãos de sangue. E começou a pressionar o gabinete de guerra de Israel a negociar a libertação dos reféns e concordar com um cessar-fogo.

Instrumentalizando o trauma sofrido pelos seus concidadãos, a coligação de Benyamin Netanyahu adoptou uma posição de rejeição, garantindo que não haverá paz até que o Hamas seja erradicado.

Só então Washington finalmente entendeu que o que aconteceu em 7 de Outubro foi apenas um pretexto que os actuais discípulos de Jabotinsky estão usando para fazer o que sempre aspiraram: expulsar os árabes da Palestina.

Washington intensificou a pressão, observando que, afinal, os palestinianos também têm o direito de viver, que a colonização de terras palestinianas é, em última análise, ilegal à luz do direito internacional e que a questão israelita-palestiniana deve ser resolvida por meio da "solução de dois Estados" – e não mais pela criação do Estado binacional previsto na resolução 181. adotada em 1947 pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Os sionistas revisionistas – isto é, os discípulos de Jabotinsky [2] – responderam a Washington organizando, em 28 de Janeiro, uma "Conferência para a Vitória de Israel" [3]. E para essa conferência tiveram como convidado principal o rabino Uzi Sharbaf, condenado – em Israel – à prisão perpétua por ter cometido crimes racistas contra cidadãos árabes e depois discretamente libertado por seus amigos no Estado judeu.

Nessa conferência, o rabino Sharbaf não hesitou em apresentar-se como herdeiro da Leí e do Grupo Stern... que durante a Segunda Guerra Mundial lutou contra os Aliados ao lado do Duce Benito Mussolini.

Em Washington e Londres, a mensagem foi recebida com absoluta clareza: os sionistas revisionistas pretendem impor a sua vontade aos anglo-saxónicos e não hesitarão em recorrer ao terrorismo contra eles, como fizeram imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, se tentarem impedir a já planeada limpeza étnica.

A Casa Branca proibiu imediatamente, por decreto presidencial, toda a arrecadação de fundos para os sionistas revisionistas israelitas, bem como todas as remessas de financiamento para esses elementos. Essa proibição emitida pelos EUA se estende a todos os bancos ocidentais sob o Foreign Account Tax Compliance Act (FATCA).

Em 8 de Fevereiro, o presidente Biden também assinou um memorando sobre as condições para a entrega de armas dos EUA [5]. De acordo com esse documento, Israel tem até 25 de Março para garantir por escrito que não viola o Direito Internacional Humanitário – mas não há menção ao direito internacional em si – ou aos direitos humanos – no sentido da Constituição dos Estados Unidos da América. Por seu lado, os parlamentos dos Países Baixos e do Reino Unido começaram a discutir a possibilidade de pôr termo ao comércio de armas com Israel.

Em Israel, a oposição democrática judaica organizou, com pouco sucesso, manifestações antissionistas. Nessas manifestações, os oradores denunciaram a traição do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que na verdade está a usar a acção armada palestiniana de 7 de Outubro para realizar o seu sonho colonial.

Os sionistas revisionistas chegaram a lançar uma ofensiva midiática contra a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA).

Desde 1949, a UNRWA forneceu educação, alimentação, saúde e certos serviços sociais a 5,8 milhões de palestinianos sem nacionalidade (apátridas) na Palestina, Jordânia, Líbano e Síria. O seu orçamento anual foi de mais de US$ mil milhões e tem mais de 30.000 funcionários.

Em 2018, o presidente dos EUA, Donald Trump, já questionava a assistência aos palestinianos, chegando a suspender o financiamento dos EUA à agência da ONU. O objectivo de Trump era forçar as facções palestinianas de volta à mesa de negociações. Agora, 5 anos depois, o objectivo dos sionistas revisionistas israelitas é muito diferente.

Ao atacar a UNRWA, os sionistas revisionistas querem que a Jordânia, o Líbano e a Síria também expulsem os refugiados palestinianos. Para isso, a propaganda israelita acusa 12 funcionários da UNRWA – que representam 0,04% do pessoal da agência da ONU – de terem participado da Operação "Dilúvio de Al-Aqsa".

Com base nessa alegação não comprovada, o governo israelita bloqueou as contas da UNRWA em Israel. O diretor da UNRWA, Philippe Lazzarini, suspendeu imediatamente os 12 funcionários acusados por Israel e ordenou uma investigação interna. É claro que Israel não entregou ao chefe da UNRWA as provas que dizia possuir. Mas todos os doadores da UNRWA, a começar pelos Estados Unidos e pela União Europeia, suspenderam imediatamente o seu financiamento, causando, em poucos dias, o colapso de todo o sistema de ajuda da UNRWA em Gaza. O mesmo aconteceu desde então na Jordânia, no Líbano e na Síria.

Quando o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Cameron, viajou a Israel num esforço para ver como salvar pelo menos parte da ajuda que os palestinianos estavam recebendo, o ministro da diáspora israelita, Amichai Chikli, comparou essa iniciativa à assinatura dos Acordos de Munique entre o primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain, e Adolf Hitler. "Bom dia a David Cameron, que quer trazer 'Paz ao Nosso Tempo' e dar aos nazistas que cometeram as atrocidades de 7 de Outubro um prémio na forma de um Estado palestiniano em reconhecimento aos assassinatos de bebês nos seus berços, ás violações e ao sequestro de mães com os seus filhos", escreveu o ministro israelita. Como na "Conferência para a Vitória de Israel", os sionistas revisionistas ameaçaram os anglo-saxões.

Não demorou muito para que a coligação de supremacistas judeus de Benyamin Netanyahu começasse a falar sobre uma nova fase da sua operação "Espada de Ferro", agora visando a cidade de Rafa, no sul da Faixa de Gaza. Isso significa que os civis, que já tinham que fugir do norte do enclave palestiniano, teriam que fugir novamente.

Mas o exército israelita construiu uma estrada que corta a Faixa de Gaza em duas, para que os civis não possam mais retornar ao norte da Faixa de Gaza. Preparando-se para o pior, o Egipto fechou uma vasta área do Sinai para acolher temporariamente os habitantes de Gaza, cuja expulsão parece inevitável.

Cientes de que só conseguiram se manter no poder graças ao trauma causado pela operação palestina de 7 de Outubro, os sionistas revisionistas impuseram a adopção de uma lei que considera qualquer reflexão sobre aquela operação palestiniana como uma negação da Solução Final dos nazistas.

Essa lei proíbe uma investigação sobre os eventos de 7 de Outubro – aqueles que tentarem fazê-lo podem ser condenados a 5 anos de prisão. Isso permite que os sionistas revisionistas continuem a atribuir o ataque de 7 de Outubro apenas ao Hamas, ignorando o facto de que outras facções palestinianas – Jihad Islâmica e Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) – também estavam envolvidas. E também lhes permite interpretar o que aconteceu em 7 de Outubro como uma explosão antissemita, como um pogrom gigantesco e, assim, negar o seu verdadeiro objectivo de libertação nacional.

Sabendo que muitos Estados começaram a questionar a suspensão do financiamento à UNRWA, os sionistas revisionistas intensificam a sua propaganda contra essa agência da ONU, alegando que a sede do Hamas estava num porão localizado abaixo da sede da UNRWA. O diretor da agência, Philippe Lazzarini, expressou imediatamente a sua perplexidade, lembrando que as autoridades israelitas vinham de tempos em tempos inspecionar as instalações da UNRWA.

De Nova York, o representante permanente de Israel na ONU, publicou na rede social X: "Não é que você não saiba, mas que você não quer saber. Mostrámos os túneis dos terroristas sob as escolas da UNRWA e apresentámos provas de que o Hamas explora a UNRWA. Implorámos-lhe que realizasse uma busca geral em todas as instalações da UNRWA em Gaza. Mas você não só recusou, como escolheu enfiar a cabeça na areia. Assuma as suas responsabilidades e renuncie agora mesmo. A cada dia encontramos mais evidências de que, em Gaza, Hamas = ONU e vice-versa. Você não pode confiar em tudo o que a ONU diz ou em tudo o que você diz sobre Gaza.»

Os supremacistas judeus criaram uma organização chamada Tzav 9 (uma alusão à ordem de mobilização geral, Tsav 8) para impedir que a UNRWA continuasse o seu trabalho para ajudar o povo de Gaza. Membros dessa organização foram mobilizados nos dois pontos de entrada na Faixa de Gaza para bloquear a passagem de camiões carregados com ajuda humanitária. Um motorista de camião da UNRWA foi morto em Gaza durante um incidente não esclarecido, forçando a agência a suspender os seus comboios.

A entrada dos comboios foi então retomada, mas apenas escoltada por soldados israelitas. E a partir desse momento aconteceram os primeiros ataques da multidão faminta. Samantha Power, diretora da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), anunciou que viajará a Gaza para ver em primeira mão o que está acontecendo por lá. Washington acreditava que os "ataques" não eram espontâneos, mas que os sionistas revisionistas poderiam estar orquestrando-os sub-repticiamente. Depois, houve o massacre na rotunda de Nabulsi, no sul da Cidade de Gaza.

De acordo com a versão do exército israelita, 112 pessoas foram esmagadas e pisoteadas até à morte durante uma distribuição de alimentos e os soldados israelitas tiveram que usar as suas armas para se proteger. De acordo com a equipe médica e a Igreja Unida de Cristo, 95% das vítimas fatais tiveram ferimentos fatais por arma de fogo. Washington emitiu uma declaração apoiando a posição de Israel, mas, segundo o Haaretz, "é difícil para a comunidade internacional engolir tais explicações" [7].

Washington respondeu autorizando a Jordânia e a França a saltar de paraquedas carregamentos de rações alimentares para as praias de Gaza – os Estados Unidos mais tarde juntaram-se a essas operações aéreas. Os EUA também consideraram o envio de recursos logísticos das suas forças armadas para criar uma espécie de ilha capaz de servir de doca para receber ajuda internacional para Gaza – as águas da costa da Faixa de Gaza são rasas e não podem receber navios de grande calado.

O Pentágono está assim a implementar uma ideia enunciada em 2017 por Israel Katz, actual ministro dos Negócios Estrangeiros israelita. A criação de um corredor naval humanitário a partir de Chipre já foi decidida. Esse corredor será utilizado pelos Emirados Árabes Unidos e pela União Europeia.

Enquanto Israel continuava a lançar acusações contra a UNRWA, mas sem apresentar a sombra de um teste, essa agência coletou os testemunhos de uma centena de civis de Gaza que haviam sido detidos por soldados israelitas para "interrogatório". A UNRWA está actualmente a preparar um relatório, baseado nos testemunhos destes civis, sobre a tortura sistemática que sofreram durante o seu cativeiro.

Para começar, o mundo inteiro já viu as imagens desses civis e o tratamento humilhante que receberam – soldados israelitas mantiveram-os de joelhos, seminus, descalços e com os olhos vendados, antes de levá-los em caminhões para os locais onde foram interrogados.

Numa demonstração de desprezo pelos anglo-saxões, os sionistas revisionistas chegam a reativar o seu projecto de colonização. Numerosos colonos entraram na Faixa de Gaza, através da travessia Eretz/Beit Hanune, para construir os primeiros edifícios de um novo colonato que chamaram de New Nisanit. Depois de terem erguido pelo menos duas estruturas de madeira, os colonos acabaram por ser expulsos de lá por soldados israelitas.

Uma Carta do Comité para a Protecção dos Jornalistas também foi divulgada. Assinada por 36 editores-chefes dos principais meios de comunicação anglo-saxões, a carta denuncia a morte de muitos de seus funcionários em Gaza e lembra ao governo israelita que os jornalistas são civis cuja segurança é obrigada a garantir [8].

Enquanto o governo israelita fingia desconhecer a morte dos jornalistas, a maioria dos oficiais do Departamento de Informação do exército israelita renunciou em massa. Antes, em 12 de Outubro de 2023, o ministro da Informação, Galit Distel-Etebaryan, havia renunciado em protesto contra a censura militar. Mas a nova crise foi mais grave, pois os responsáveis directos pela desinformação, censura e propaganda militar recusaram-se a mentir mais.

Até agora, a única concessão de Benjamin Netanyahu foi recuar na proibição de celebrar o Ramadão na mesquita de Al-Aqsa. Depois de uma reunião de deputados árabes do parlamento israelita com o rei Abdullah II da Jordânia, a única pessoa internacionalmente reconhecida responsável pela segurança daquele local sagrado muçulmano localizado em Jerusalém, Netanyahu finalmente autorizou os muçulmanos a se reunirem lá durante a primeira semana do Ramadão, uma autorização que teria que ser renovada a cada 7 dias.

Em suma, Washington decidiu mudar radicalmente a sua política. Até agora, ele sentia que não podia permitir que Israel fosse derrotado, então apoiou a matança que Israel está perpetrando em Gaza. Mas agora Washington considera que também não pode permitir uma vitória para os fascistas judeus. Dito isso, é importante entender o seguinte: o que motivou a mudança de opinião de Washington não foi o sofrimento dos palestinianos, nem um antifascismo repentino.

A razão para a mudança na posição americana está nas ameaças dos sionistas revisionistas. As novas posições de Washington são ditadas por sua vontade de manter a sua posição predominante no mundo. Enquanto os EUA não podiam se dar ao luxo de uma nova derrota – depois das que já sofreram na Síria e na Ucrânia – muito menos poderiam se dar ao luxo de perder a sua posição de superioridade em relação aos sionistas revisionistas israelitas.

É por isso que o governo Biden convidou o general Benny Gantz, líder da oposição israelita, primeiro-ministro alternativo do governo anterior e – desde 12 de Outubro – ministro sem pasta no gabinete de guerra israelita, para viajar a Washington, apesar da raiva que essa viagem despertou por parte do primeiro-ministro Netanyahu.

De certa forma, Biden faz Netanyahu "pagar a conta", que em 2015 conseguiu que o Congresso dos EUA o convidasse para fazer um discurso a todos os congressistas... contra o conselho do então presidente Barack Obama. Simplificando, o governo Biden quer que todos saibam que as ordens sempre, sempre, vêm de Washington.

Os Estados Unidos sentem-se obrigados a agir, num contexto em que a Rússia acaba de reunir as 60 organizações políticas palestinianas em Moscovo, convidou-as a aderir e até conseguiu convencer o Hamas a aceitar a Carta da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), documento que reconhece o Estado de Israel.

O general Benny Gantz viajou a Washington para assegurar a seus interlocutores americanos que ainda há uma oportunidade de salvar Israel e obter garantias de que os seus aliados não lhe virarão as costas. Para sua grande surpresa, ele não apareceu para eles como uma alternativa estratégica a Benjamin Netanyahu, mas simplesmente como um general preocupado em não massacrar pessoas inocentes.

Em 5 de Março, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, recebeu o general Gantz e, antes dele, denunciou claramente o massacre desencadeado pela coligação de Benyamin Netanyahu – segundo a imprensa americana, a versão inicial do discurso de Kamala Harris foi escrita em termos ainda mais duros.

O importante, de qualquer forma, é que a vice-presidente desempenhou o papel de "policial mau", enquanto o Departamento de Estado e o Pentágono assumiram o papel de "policial bom". Durante o seu encontro com Gantz, o secretário de Estado, Antony Blinken, praticamente deu sinal verde aos Estados Unidos como futuro primeiro-ministro de Israel. Foi precisamente durante a visita de Gantz que foi anunciada em Washington a "demissão" da vice-secretária de Estado Victoria Nuland.

Victoria Nuland não é estranha à Europa desde que supervisionou o golpe de estado do presidente ucraniano eleito Viktor Yanukovych em 2014. Foi também Victoria Nulad quem convenceu a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, François Hollande, a assinarem os Acordos de Minsk como garantes. Hoje sabe-se que os líderes ocidentais não estavam interessados em impedir o massacre dos habitantes de língua russa do Donbass, mas apenas em ganhar tempo para armar a Ucrânia.

Victoria Nuland também é esposa do historiador americano Robert Kagan, que presidiu o Projecto para um Novo Século Americano (PNAC), de onde os atentados de 11 de Setembro de 2021 foram anunciados como o "Novo Pearl Harbor" que despertaria o "Império Americano" [9].

Victoria Nuland e o seu marido Robert Kagan são discípulos do filósofo alemão Leo Strauss, que por sua vez foi discípulo de Vladimir "Zeev" Jabotinsky, anos antes de se tornar uma figura de destaque no movimento neoconservador [10].

O número 2 do Projecto para um Novo Século Americano foi Elliott Abrams, que no ano passado financiou primeiro a campanha eleitoral e depois o golpe de Estado de Benyamin Netanyahu em Israel [11]. Em 2006, Victoria Nuland, então embaixadora dos EUA na OTAN, interrompeu a guerra entre Israel e o Líbano, salvando Israel de uma derrota embaraçosa para o Hezbollah. É claro que Nuland conhece muito bem Benyamin Netanyahu e a sua saída do Departamento de Estado pode ser interpretada como um desejo do governo Biden de "limpar" a sua própria casa antes de fazer o mesmo em Israel.

Em 6 de Março, no seu retorno de Washington, o general Benny Gantz fez uma escalada em Londres. Lá, ele foi recebido por Tim Barrow, conselheiro de segurança do primeiro-ministro Rishi Sunak, e pelo secretário dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron. Gantz enfatizou, é claro, que Israel "tem o direito de se defender", mas acrescentou que deve fazê-lo de acordo com o direito internacional.

Esta escala em Londres era uma escala obrigatória para Gantz porque o Hamas é o braço palestiniano da Irmandade Muçulmana, a seita política secreta promovida pelo MI6 britânico e supervisionada por décadas pelo actual rei Carlos III.

No seu discurso sobre o Estado da União em 7 de Março, o presidente Biden declarou: "Aos líderes de Israel, digo o seguinte: a ajuda humanitária não pode ser uma consideração secundária ou trocada por algo. Proteger e salvar vidas humanas tem de ser uma prioridade. Quanto ao futuro, a única solução real é uma solução de dois Estados. Digo isso como um aliado de longa data de Israel e como o único presidente dos EUA a ter visitado Israel em tempos de guerra. Não há outra maneira de garantir a segurança e a democracia de Israel. Não há outra forma de garantir que os palestinianos possam viver em paz e com dignidade. Não há outra maneira de garantir a paz entre Israel e todos os países vizinhos, incluindo a Arábia Saudita. [12].

Durante o massacre israelita do povo de Gaza, muitos líderes no Médio Oriente, outrora simpáticos à Irmandade Muçulmana, começaram a questionar o Hamas.

Se em algum momento poderia parecer compreensível que, em nome do Islão, a Irmandade Muçulmana lutasse contra os soviéticos no Afeganistão e depois contra os secularistas de Muammar al-Gaddafi e Bashar al-Assad na Líbia e na Síria, como explicar que tenha sido capaz de realizar uma operação que só poderia custar inúmeras vidas a um povo muçulmano?

O primeiro a reagir foi o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que revogou a nacionalidade turca concedida há apenas 2 anos ao Guia Supremo da Irmandade Muçulmana, o egípcio Mahmoud Huseyin. Isso não quer dizer que o presidente Erdogan tenha renunciado à ideologia do Islão político, mas que ele está tentando dissociá-la do colonialismo anglo-saxão, como proposto por outro membro da Irmandade Muçulmana, Mahmoud Fathi.

Durante 75 anos, as potências ocidentais impuseram a sua vontade às suas antigas colónias no "Grande Médio Oriente" (ou no Médio Oriente mais vasto), e fizeram-no através de jihadistas ou usando diretamente os seus exércitos. Ao apoiar durante 4 meses o massacre de palestinianos empreendido pelos fascistas judeus do grupo Jabotinsky-Netanyahu, as potências ocidentais deixaram o seu prestígio para trás.

Aconteça o que acontecer daqui para a frente em Israel – com Benny Gantz e Yair Lapid em vez de Benyamin Netanyahu e Itamar Ben-Gvir – o facto é que o poder israelita, baseado no mito de uma suposta incompatibilidade entre judeus e fascismo, já entrou em colapso. Agora será possível trazer à tona todos os crimes que esse grupo cometeu, durante a Guerra Fria, em nome da CIA americana, no Médio Oriente, bem como em África e na América Latina

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