PAÍSES AFRICANOS SUBSTITUEM A REDE BANCÁRIA SWIFT PELA REDE CHINESA
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sexta-feira, 31 de outubro de 2025

PAÍSES AFRICANOS SUBSTITUEM A REDE BANCÁRIA SWIFT PELA REDE CHINESA

No mês passado, a China conseguiu reunir 53 países africanos em torno de um novo esquema de pagamentos bancários internacionais. As exportações africanas beneficiarão de pleno acesso ao mercado chinês. A consequência é o abandono do dólar americano e do euro nas transações.


Os países africanos acabaram de abandonar a rede bancária Swift, o sistema financeiro ocidental, em favor da China. 53 dos 54 países africanos assinaram um acordo histórico com o governo de Pequim.

No mês passado, a China conseguiu reunir 53 países africanos em torno de um novo esquema de pagamentos bancários internacionais. As exportações africanas beneficiarão de pleno acesso ao mercado chinês. A consequência é o abandono do dólar americano e do euro nas transações. Agora, os pagamentos serão feitos em yuans.

Actualmente, uma empresa africana que vende uma mercadoria na Europa não pode utilizar a sua moeda local. Primeiro, deve convertê-la em dólares e, depois, em euros. Estas duas conversões cambiais resultam num custo duplo, atrasos e uma dependência total dos bancos estrangeiros. As conversões são realizadas através da Swift, propriedade dos Estados Unidos e da Europa. São eles que decidem quais os países que podem aceder ao sistema financeiro internacional.

As sanções contra a Rússia serviram de aviso aos países africanos. Os países ocidentais congelaram 300 mil milhões de dólares das reservas russas, um precedente preocupante para muitos países do mundo. Se os Estados Unidos podem bloquear uma potência como a Rússia, o que não poderão fazer com os países africanos?

A China oferece o CIPS:  o sistema interbancário chinês transfronteiriço. Mais de 4 900 instituições financeiras em 187 países utilizam-no. Em África, o Egipto foi o primeiro a adoptá-lo. Os bancos centrais da China e do Egipto estão autorizados a facilitar trocas comerciais exclusivas em yuans. Mas o Egipto não está sozinho: África do Sul, Nigéria, Angola, entre outros, aderiram à iniciativa. A Nigéria planeia realizar um pagamento de troca de 15 milhões de yuans com a China.

Aqueles que pretendiam isolar estão a ficar isolados. Entre 2017 e 2020, os investimentos americanos em África diminuíram 12%. Ao contrário das potências ocidentais, que mantêm uma presença significativa em África como fonte de matérias-primas, a China adoptou uma abordagem diferente. Trata cada país de acordo com as suas necessidades específicas, construindo alianças bilaterais centradas no benefício mútuo. Enquanto Washington ergue barreiras, Pequim abre os seus mercados. Trinta e três dos países africanos menos desenvolvidos beneficiam agora do livre acesso ao mercado chinês.

Por exemplo, Angola, um país que depende do fornecimento de petróleo. A gasolina representa 50% do PIB, 77% das receitas públicas e 90% das exportações. Devido à difícil situação que enfrenta, a China investiu 350 milhões de dólares na agricultura angolana. O objectivo é diversificar a economia e fortalecer a segurança alimentar. Grandes empresas públicas chinesas adquiriram fundos para acumular dezenas de milhões de hectares.

Em Junho passado, a África do Sul estabeleceu um precedente. O Standard Bank tornou-se o primeiro banco africano a permitir pagamentos interbancários directos em yuans com a China. Um marco histórico, e isso é apenas o começo. O Egipto e a África do Sul representam as maiores economias da África. A Etiópia, sétima economia, e Uganda, décima terceira, seguem os seus passos. A Argélia e a Nigéria, terceira e quarta economias do continente, respectivamente, receberam convites oficiais para se juntar aos BRICS. Se aceitarem, as quatro principais economias africanas farão parte do bloco.

A revolução financeira chinesa

Durante décadas, as nações africanas operaram dentro de um sistema onde não tinham voz. Graças ao comércio baseado no yuan, aos investimentos em infraestrutura e a alternativas financeiras como o CIPS, a China oferece à África um lugar pleno e em igualdade de condições na mesa de negociações.

Com o auge das economias africanas, o continente poderia tornar-se o principal impulsionador deste novo sistema financeiro mundial.

Segundo a Reuters, as transações Swift envolvendo países africanos caíram 23% no primeiro semestre do ano passado. O FMI reconhece no seu último relatório que o surgimento de alternativas ao Swift representa um desafio sistémico para a arquitetura financeira internacional. Os líderes do G7 realizam inúmeras reuniões de emergência, debatendo contramedidas e novas estratégias de cooperação.

É apenas o começo. A revolução financeira chinesa pode desencadear um efeito dominó no mundo. A América do Sul já está de olho no sistema chinês. Em plena crise económica, a Argentina negocia secretamente pagamentos em yuans. O Brasil intensifica o seu comércio bilateral com Pequim. 127 países já comercializam mais com a China do que com os Estados Unidos:   mais da metade dos países do mundo. De acordo com a Goldman Sachs, até 2030 mais de 40% do comércio internacional poderá contornar o sistema Swift.



Fonte: https://mpr21.info via resistir.info

Tradução RD 




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