UE-NATO: JOGANDO À DEFESA
Julian Lindley-French, Bruxelas, Bélgica.
A UE e a NATO estão numa crise profunda. A UE, porque é a) organizada em torno da Alemanha, que por razões históricas compreensíveis desvaloriza o poder militar, ao mesmo tempo que valoriza a influência económica e política; b) A Grã-Bretanha, uma das duas grandes potências militares, está agora tão marginalizada que está a considerar sair; e c) A zona euro não pode olhar para além do Euro. A NATO está em crise porque o seu principal ipulsionador está aos poucos a estendendo-se por todo o mundo. Goste-se ou não, a cada vez maior extensão pelo mundo de uma América incerta que em breve será incapaz de ter uma credibilidade eficaz na Ásia e no Médio Oriente ao mesmo tempo. China e Rússia estão a certificar-se de que assim o é. Ambos estão em crise, porque é frequente os políticos europeus confundir estratégia com política.
Esta manhã, tive a honra de dirigir a conferência da Associação do Tratado do Atlântico sobre o pós-2014 NATO. Na conferência pediram-me para abordar quatro questões relativas ao papel da UE no Conceito Estratégico da NATO, as acções da UE e da NATO devem levar ao aumentar da cooperação e as preocupações que tal cooperação criam para ambas as instituições. Isto foi esclarecedor porque era o mais próximo que a conferência veio a abordar na questão real que a Europa enfrenta - como podem os europeus encerrar a falta de estratégia de "hard power" que cresce de dia para dia e que está a destruir a capacidade dos europeus para influenciar, assegurar e, se for necessário defender até mesmo os seus interesses vitais?
A necessidade é premente. Primeiro, de acordo com a Autoridade Internacional de Energia, os Estados Unidos vão ser auto-suficiente em petróleo e gás a partir de 2025. Em segundo lugar, de acordo com um relatório de 2010 do Citigroup, enquanto a Europa Ocidental representaram 48% do comércio mundial em 1990, em 2013 foi de 34%, e está previsto cair para 19% em 2030 e 15% até 2050. A Rússia pretende injectar cerca de 775.000 milhões dólares americanos em 2022 para novos armamentos e para um exercito mais profissional. Pequim aumentou o orçamento da defesa chinesa para 11,2% em 2012, o mais recente aumento de dois dígitos cresce desde 1989.
Por outras palavras, (1) os europeus terão de fazer muito mais e terão de ser muito mais credível, no futuro, como promotores de segurança 'dentro e na vizinhança da Europa, (2) se a Europa como um todo fornecer as ferramentas de influência - a diplomacia, a ajuda e desenvolvimento e o "hard military power" sobre o qual é construída a influência, ela vai precisar de investir colectivamente em recursos e capacidades e em seguida, re-organizar-se radicalmente. Infelizmente, a 19-20 Dezembro [2013] a cimeira de SCPD (Segurança comum e Politica de Defesa) da UE será mais uma oportunidade perdida, em que muito pouco será apresentado como muito.
A Parceria Estratégica UE-NATO deve ser estabelecido num princípio estratégico euro-atlântico simples: manter a América forte na Ásia, preenchendo a lacuna estratégia emergente dentro e na vizinhança da Europa. Isso resultará numa melhor informação na gestão de crises, capacidades de desenvolvimento e consultas políticas. O abandono deste princípio tem permitido Moscovo sentir uma oportunidade de interferir nas grandes implicações estratégicas e Euro-estratégicas das quais são por demais evidente na Ucrânia.
O que está a acontecer em vez disso é a paralisia do grande poder político e institucional que vai ficando de fora das decisões institucionais. Por outras palavras, tanto a UE como a NATO precisam de um "grande poder" para funcionar e uma "grande potência" para funcionar correctamente em conjunto.
As minhas receitas para a cooperação UE-NATO são, portanto, radicais. A estrutura deve se submeter ao poder. Primeiro, o Serviço Europeu para a Acção Externa da UE deve ser devidamente configurado para que ele se posicione para além da gestão da crise diária entre o Conselho Europeu e a Comissão Europeia (para não mencionar os Estados-membros).
Em segundo lugar, tanto a UE como a NATO devem ser vistos pelo aquilo que são; meios para um objectivo estratégico para os estados envolvidos. A cooperação deve, portanto, ser estabelecida numa base pragmática de agregação eficiente e eficaz de poder e influência. Isso significa olhar para bem mais do que a moribunda Parceria Estratégica UE-NATO (que não é nem estratégica nem parceria) para concentrar-se num plano de cooperação para o desenvolvimento entre agora e 2020, estabelecido em vários programas.
Os programas devem incluir (inter alia [entre outros]) exercícios conjuntos e treino com base nas lições de mais de uma década de operações; a promoção de clusters de aquisição; ensaio civil-militar (Abordagem Integral), procurando maneiras de repartição do custo de modernização militar, o investimento em capital humano através educação na defesa e segurança harmonizada, e para os países europeus mais pequenos o início da integração na defesa pela repartição dos gastos de administração de funções para a investigação. Para essa integração ocorrer seria necessário preencher a lacuna da estratégia da Europa, independentemente de qualquer uma outra da UE ou da NATO. Na verdade, todo o debate sem sentido sobre um super-estado europeu está realmente impedindo a integração da defesa e não a promovê-la.
Em Novembro o secretário-geral da NATO Otan, Rasmussen disse: "Precisamos desenvolver capacidades, não burocracias ..." Na Europa de hoje, ninguém fala mais em poder, agora só se fala em instituições.
Mas aqui está a esfregona, na próxima semana, a "Cimeira Europeia de Defesa" muito anunciada na UE está agendada para se realizar. Parte de sua missão era preparar o caminho para as relações UE-NATO mais construtivas na Cimeira da NATO em Setembro de 2014. Fontes bem colocadas agora dizem-me que a defesa não será discutida pelos líderes europeus até ao almoço no segundo dia, assim apenas 90 minutos e mais 45 serão dedicados a assuntos de defesa-industrial.
Julian Lindley-French, Bruxelas, Bélgica.
A UE e a NATO estão numa crise profunda. A UE, porque é a) organizada em torno da Alemanha, que por razões históricas compreensíveis desvaloriza o poder militar, ao mesmo tempo que valoriza a influência económica e política; b) A Grã-Bretanha, uma das duas grandes potências militares, está agora tão marginalizada que está a considerar sair; e c) A zona euro não pode olhar para além do Euro. A NATO está em crise porque o seu principal ipulsionador está aos poucos a estendendo-se por todo o mundo. Goste-se ou não, a cada vez maior extensão pelo mundo de uma América incerta que em breve será incapaz de ter uma credibilidade eficaz na Ásia e no Médio Oriente ao mesmo tempo. China e Rússia estão a certificar-se de que assim o é. Ambos estão em crise, porque é frequente os políticos europeus confundir estratégia com política.
Esta manhã, tive a honra de dirigir a conferência da Associação do Tratado do Atlântico sobre o pós-2014 NATO. Na conferência pediram-me para abordar quatro questões relativas ao papel da UE no Conceito Estratégico da NATO, as acções da UE e da NATO devem levar ao aumentar da cooperação e as preocupações que tal cooperação criam para ambas as instituições. Isto foi esclarecedor porque era o mais próximo que a conferência veio a abordar na questão real que a Europa enfrenta - como podem os europeus encerrar a falta de estratégia de "hard power" que cresce de dia para dia e que está a destruir a capacidade dos europeus para influenciar, assegurar e, se for necessário defender até mesmo os seus interesses vitais?
A necessidade é premente. Primeiro, de acordo com a Autoridade Internacional de Energia, os Estados Unidos vão ser auto-suficiente em petróleo e gás a partir de 2025. Em segundo lugar, de acordo com um relatório de 2010 do Citigroup, enquanto a Europa Ocidental representaram 48% do comércio mundial em 1990, em 2013 foi de 34%, e está previsto cair para 19% em 2030 e 15% até 2050. A Rússia pretende injectar cerca de 775.000 milhões dólares americanos em 2022 para novos armamentos e para um exercito mais profissional. Pequim aumentou o orçamento da defesa chinesa para 11,2% em 2012, o mais recente aumento de dois dígitos cresce desde 1989.
Por outras palavras, (1) os europeus terão de fazer muito mais e terão de ser muito mais credível, no futuro, como promotores de segurança 'dentro e na vizinhança da Europa, (2) se a Europa como um todo fornecer as ferramentas de influência - a diplomacia, a ajuda e desenvolvimento e o "hard military power" sobre o qual é construída a influência, ela vai precisar de investir colectivamente em recursos e capacidades e em seguida, re-organizar-se radicalmente. Infelizmente, a 19-20 Dezembro [2013] a cimeira de SCPD (Segurança comum e Politica de Defesa) da UE será mais uma oportunidade perdida, em que muito pouco será apresentado como muito.
A Parceria Estratégica UE-NATO deve ser estabelecido num princípio estratégico euro-atlântico simples: manter a América forte na Ásia, preenchendo a lacuna estratégia emergente dentro e na vizinhança da Europa. Isso resultará numa melhor informação na gestão de crises, capacidades de desenvolvimento e consultas políticas. O abandono deste princípio tem permitido Moscovo sentir uma oportunidade de interferir nas grandes implicações estratégicas e Euro-estratégicas das quais são por demais evidente na Ucrânia.
O que está a acontecer em vez disso é a paralisia do grande poder político e institucional que vai ficando de fora das decisões institucionais. Por outras palavras, tanto a UE como a NATO precisam de um "grande poder" para funcionar e uma "grande potência" para funcionar correctamente em conjunto.
As minhas receitas para a cooperação UE-NATO são, portanto, radicais. A estrutura deve se submeter ao poder. Primeiro, o Serviço Europeu para a Acção Externa da UE deve ser devidamente configurado para que ele se posicione para além da gestão da crise diária entre o Conselho Europeu e a Comissão Europeia (para não mencionar os Estados-membros).
Em segundo lugar, tanto a UE como a NATO devem ser vistos pelo aquilo que são; meios para um objectivo estratégico para os estados envolvidos. A cooperação deve, portanto, ser estabelecida numa base pragmática de agregação eficiente e eficaz de poder e influência. Isso significa olhar para bem mais do que a moribunda Parceria Estratégica UE-NATO (que não é nem estratégica nem parceria) para concentrar-se num plano de cooperação para o desenvolvimento entre agora e 2020, estabelecido em vários programas.
Em Novembro o secretário-geral da NATO Otan, Rasmussen disse: "Precisamos desenvolver capacidades, não burocracias ..." Na Europa de hoje, ninguém fala mais em poder, agora só se fala em instituições.
[Dezembro 2013]
It's difficult to find educated people on this topic, however, you seem like you know what you're talking about!
ResponderEliminarThanks
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