O FUTURO DA ÁSIA: TURBULENTO MAS GERALMENTE FAVORÁVEL
Os analistas prevêem grandes mudanças na Ásia em 2014. Os EUA perdem a sua liderança incontestável na região, se tornando em apenas "primus inter pares" (primeiro entre iguais). Uma consequência directa da saída das forças aliadas do Afeganistão será a ameaça do surgimento de confrontos armados localizados. A região da Ásia-Pacífico e o Sudeste Asiático estão-se transformando num grande centro de negócios a nível mundial.
O ano que terminou quase se tornou num ponto de partida para novas operações militares de grande envergadura na região do Médio Oriente. A manobra diplomática atempada da Rússia para a destruição do arsenal de armas químicas da Síria neutralizou a base ideológica dos adeptos de uma intervenção militar nesse país. Os passos moderados da nova direcção do Irão resultaram numa redução da tensão existente nas relações entre Teerão e o Ocidente. Contudo, a situação na Ásia continua extremamente explosiva e os centros dessa instabilidade não se encontram apenas no Médio Oriente, refere o perito orientalista do Instituto de Análise Estratégica Serguei Demidenko:
“Eu penso que, por comparação com 2013, os EUA não irão perder a sua influência. A sua estratégia para o ano de 2014 define uma transferência das suas atenções para a Ásia – tanto no plano económico, como no plano militar. Isso abrange a localização dos grupos de porta-aviões e o desenvolvimento das relações militares com os países asiáticos. Os EUA planeiam proceder a tudo isso e é completamente evidente que eles não tencionam abandonar essa área. Os EUA continuarão a representar um dos factores fundamentais na política, no comércio e na segurança dos países asiáticos”.
Os interesses dos Estados Unidos estão se deslocando cada vez mais do Médio Oriente para a Região da Ásia-Pacífico (RAP). Já a Rússia, pelo contrário, participa cada vez mais activamente nos assuntos da “reserva de petróleo” do planeta, aproveitando as circunstâncias de a situação na Ásia Central, esse eterno ponto vulnerável para Moscovo, ser por enquanto relativamente estável. Também o terceiro protagonista global, que é a China, não desdenha se aproveitar do comportamento de “um elefante em loja de porcelana”, que foi longamente o papel desempenhado por Washington no Médio Oriente. Os EUA, ocupados com a chamada revolução de xisto no seu próprio país, já não sentem a antiga forte necessidade de manter parceiros tão problemáticos como a Arábia Saudita e o Qatar. Estes, por seu turno, começam a procurar garantias para a sua segurança nas capitais de outros países.
O interveniente regional menos previsível, a Coreia do Norte, está em certa medida sob controle do seu “grande irmão” que é a China. Assim, por enquanto não devemos esperar um agravamento sério da situação. Pequim irá paulatinamente reforçar o seu potencial económico e militar para manter a sua liderança na RAP. Já os Estados Unidos, se aliando aos seus adversários, irão tentar conter esse processo. A Rússia, na opinião dos analistas, deverá seguir uma política mais flexível. Por um lado, na maior parte das questões geopolíticas Pequim alinha como aliado de Moscovo. Por outro lado, um reforço exagerado das posições da China na Região da Ásia-Pacífico poderia, hipoteticamente, representar uma ameaça para o Extremo Oriente da Rússia.
Em geral, de acordo com a opinião de uma série de politólogos, neste momento está-se processando a primeira grande reformatação do mapa asiático desde o desmembramento da URSS. Nas actuais condições, os EUA terão cada vez mais dificuldade em marcar pontos. Isso mesmo foi comprovado por todo o mundo com o exemplo das últimas rondas diplomáticas em que os norte-americanos participaram sobre a Síria, o Irão e o Afeganistão.
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