A CAMINHO DE UMA GUERRA COM A RÚSSIA
Por Brad Cabana
É tão triste e doloroso, contemplar, e não menos falar, parece que o
Ocidente está a caminhar para uma guerra com a Rússia. Sim com a Rússia. A
demissão do assessor de segurança nacional dos EUA, McMaster, hoje, e mais
significativamente a sua substituição por John Bolton, aponta para um confronto
directo com o Irão. Bolton sempre defendeu a guerra com o Irão, mas nunca esteve
em condições de cumprir essa ameaça. Agora ele foi convidado para se juntar ao
gabinete do presidente Trump - um gabinete já dominado pelos generais
americanos (na sua maioria aposentados). Trump agora tem o que qualquer analista
claramente apontaria - um gabinete de guerra.
Em um jogo de mostrar quem é o melhor, o ministro dos negócio
estrangeiros do Reino Unido, Boris Johnson, tem explodido as pontes proverbiais
entre a Rússia e o mundo ocidental nas últimas semanas, com comentários que
realmente foram além do esperado. Ele sugeriu que o presidente russo Putin foi
a pessoa que deu o passo em frente para a tentativa de assassinato de um
ex-espião russo em Inglaterra. Ele bradou ontem como peixe fora da água que a
realização do Mundial de Futebol na Rússia seria semelhante aos Jogos Olímpicos
de 1936 de Hitler. Este último ponto que eu pessoalmente tive uma grande excepção,
porque o facto é que os 25 milhões de soviéticos que morreram lutando contra
Hitler salvaram a Inglaterra da invasão alemã - uma invasão que a Inglaterra
teria perdido. Na verdade, Johnson também poderia acusar nos dias de hoje, de Israel
ser um estado nazista. E assim foi o bizarro ataque de Johnson à Rússia. E
talvez mais importante no esquema da situação, referir o quão incendiário foi o
ataque.
O que está a ficar claro é que os EUA e os seus aliados ocidentais
estão a preparar as bases para uma guerra massiva, talvez uma guerra mundial
com a Eurásia e os seus aliados no Médio Oriente. Com a nomeação de Bolton no
mesmo dia em que Trump assinou a primeira acção comercial contra a China (e ele
enfatizou que foi a primeiro de muitas), os sinais são muito claros. O Ocidente
está a caminho de uma guerra com o Oriente. Os alvos iniciais prováveis são a
Síria e o Irão. Qualquer ataque ao Irão é uma declaração de guerra contra a
Rússia. Afinal, o Irão não é apenas um importante aliado para a Rússia, mas
fica justamente na fronteira com a Rússia. Por outras palavras, a Rússia seria
arrastada para tal guerra em autodefesa, se não por outro motivo.
Tendo em mente a posição da Rússia, pense na semana passada, quando a
Rússia anunciou uma série de novas armas que foram declaradas intocáveis
pelas capacidades antimísseis ocidentais. É bastante óbvio que a Rússia está a
tentar dissuadir o Ocidente da sua intenção de atacar um dos interesses mais
estratégicos da Rússia - o Irão. Também é evidente a partir dos gestos de Trump
que ele está completamente indiferente à mensagem da Rússia. Isso só pode
significar uma coisa - estamos a caminho para a guerra. Quando eu digo nós, eu
quero dizer o Ocidente. Como alguém que serviu e é um veterano da Segunda
Guerra Mundial, estou revoltado com a agressão ocidental à Eurásia. Sim, eu
disse agressão ocidental. Veja os conflitos que estão a acontecer. Eles estão a
acontecer à volta do quintal da Rússia ou da China - não tanto no Ocidente ...
Ninguém sabe ao certo como isto vai acabar. Uma coisa é certa, o
desmantelamento do Acordo Nuclear do Irão parece iminente. Além disso, uma
reedição do conflito saudita / iraniano certamente se seguirá. O Ocidente
precisará de uma desculpa facilmente compreensível para atacar o Irão, e isso
só pode acontecer com uma das três coisas: um ataque a Israel; indo em auxílio
dos sauditas; ou uma acção ao estilo da Coreia do Norte contra o Irão ter uma
arma nuclear quando o acordo mencionado acima seria cancelado unilateralmente.
Isto não será no entanto fácil para o Ocidente. Deixar um conflito
directo com a Rússia e a China fora da equação por agora. Considere que um
conflito entre a Arábia Saudita e o Irão, ou um conflito entre Israel e o Irão,
teria o efeito de triplicar os preços do petróleo do dia para a noite. Em
seguida, considere uma venda massiva no mercado de acções. O factor nas
reservas federais dos EUA aumentaria as suas taxas sobre os empréstimos [night
lending]. Todas essas coisas, e mais alguns problemas económicos não
mencionados aqui, afundariam as economias ocidentais numa espiral cataclísmica.
Os mercados já estão muito agitados como a actual situação, sentindo que as
coisas já estão fora dos trilhos. Muitas pessoas disseram que tal colapso económico
levaria a Eurásia a cair também, mas eu sempre respondo a essa afirmação:
"Lembra-se em 2008, quando o mercado entrou em colapso? A China enviou 250
milhões de pessoas para as suas vilas sem emprego. Não houve revolta, nem
tumultos sociais, se isso acontecesse nos EUA ou em qualquer economia
ocidental, haveria uma insurreição civil quase de imediato. Ai reside a
diferença. Se a China for ferida poderá sustentar o golpe. O mundo ocidental
não pode, em outras palavras, uma guerra de atrito económico".
Não sei se há algo que o cidadão comum possa fazer para evitar essa
loucura - como um americano recentemente me disse: "tudo o que posso fazer
é votar". Mas sugiro que, se você gosta do mundo inteiro e esteja preocupado
com o fim da humanidade, saia e diga alguma coisa. Seja responsável consigo
mesmo, com a humanidade e com o mundo. Não seja uma ovelha.
Canada
Cientista político
Tradução Paulo Ramires
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