EUA ENVIAM FORÇA NAVAL PARA O MÉDIO ORIENTE AUMENTANDO A TENSÃO NA REGIÃO
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terça-feira, 7 de maio de 2019

EUA ENVIAM FORÇA NAVAL PARA O MÉDIO ORIENTE AUMENTANDO A TENSÃO NA REGIÃO

A decisão do envio desta frota naval dos EUA para o Médio Oriente veio subir ainda mais a tensão na região, já muito instável provocada pela acção de dois grandes actores do Médio Oriente -- Israel e a Arábia Saudita -- mas também depois dos EUA terem colocado a Guarda Revolucionária Iraniana na lista de organizações terroristas, e o Irão em resposta ter declarado os EUA como "país patrocinador do terrorismo".



Por Paulo Ramires

Patrick Shananhan, Secretário Interino da Defesa dos EUA
Vários porta-aviões norte americanos incluídos no Carrier Strike Group de que faz parte o porta-aviões USS Abraham Lincoln e uma força de bombardeiros estão a caminho do Médio Oriente para "enviar uma mensagem clara e inequívoca ao regime iraniano", isto num contexto onde os EUA estão com dificuldades em formar a chamada OTAN árabe e dificuldades em obter resultados com as sanções impostas ao Irão, assim o presidente Donald Trump decidiu recorrer à marinha dos EUA para apoiar a sua diplomacia musculada e garantir o domínio militar na região em simultâneo que dá apoio aos rivais do Irão, Israel e a Arábia Saudita.

Estas sanções resultaram após a decisão do presidente Donald Trump ter rasgado o acordo nuclear de 2015 em que Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China terem também feito parte do acordo. A decisão desta força naval foi tomada horas depois de Teerão ter prometido ignorar as sanções dos EUA e vender o seu petróleo no "Grey Market"[mercado onde as matérias primas são vendidas aos clientes em termos não oficiais e abaixo do preço de mercado oficial]. A reacção do Irão a este comportamento dos EUA foi o de responsabilizar os EUA por qualquer conflito que possa surgir no Médio Oriente com o envio desta força naval americana e classifica a decisão como "guerra  psicológica" através do porta-voz do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irão.

A decisão do envio desta frota naval dos EUA para o Médio Oriente veio subir ainda mais a tensão na região, já muito instável provocada pela acção de dois grandes actores do Médio Oriente -- Israel e a Arábia Saudita -- mas também depois dos EUA terem colocado a Guarda Revolucionária Iraniana na lista de organizações terroristas, e o Irão em resposta ter declarado os EUA como "país patrocinador do terrorismo".

Patrick Shananhan, Secretário Interino da Defesa dos EUA, disse na segunda-feira que aprovou o envio da força por causa de indícios de uma "ameaça credível das forças do regime iraniano", não tendo porém especificado de que ameaça se tratava. "Apelamos ao regime iraniano para que cesse toda a provocação.Vamos responsabilizar o regime iraniano por qualquer ataque às forças dos EUA ou aos nossos interesses", disse  Shananhan no Twitter.

No mês passado, o presidente Donald Trump anunciou que os EUA não mais isentariam os países das sanções dos EUA se continuassem a comprar petróleo iraniano, uma decisão que irá colocar em causa os interesses dos cinco maiores importadores de petróleo: China, Índia, Japão, Coreia do Sul e Turquia.

Mas os inspectores da ONU já afirmaram que o Irão está a cumprir com o acordo nuclear que continua a ser apoiado por potências europeias e por democratas rivais de Donald Trump que o procuram derrubar nos próximos tempos. Por outro lado é esperado o anuncio de "medidas de retaliação" da parte do presidente iraniano, Hassan Rouhani na quarta-feira assegurou a agência de noticias semi-oficial ISNA.

Também na quarta-feira, o presidente Donald Trump deverá falar, porque é o primeiro aniversário da retirada dos EUA do acordo nuclear de 2015, podendo todavia anunciar mais sanções sobre o Irão e referir-se à situação que entretanto se gerou recentemente.

Mike Pompeo também veio a público afirmar que se os ataques vierem de "alguma procuração de terceiros, seja uma milícia Xiita ou Houthis ou o Hezbullah, nós manteremos a ... liderança iraniana directamente responsável por isso".

Entretanto a CNN noticiou que havia informações "específicas e credíveis" de que forças e proxies iranianos estavam a atacar as forças dos EUA na Síria, no Iraque e no mar, com "múltiplas linhas de inteligência sobre vários locais".

Existe também informações de que os falcões na casa branca procuram pressionar para uma nova guerra, como é o caso de Bolton que deseja um postura mais dura dos EUA em relação ao Irão, Venezuela e Coreia do Norte. Estas movimentações na casa branca podem ter subido de intensidade na sequência da pressão de Israel e Arábia Saudita sobre a administração Trump para que os EUA comecem um novo conflito armado com o Irão. "Não acreditamos que o presidente Trump queira o confronto. Mas sabemos que há pessoas que pressionam nesse sentido", disse Zarif ao programa da CBS, Face The Nation. "Eu acho que a administração dos EUA está a colocar as coisas em prática para que os acidentes aconteçam. E tem de haver extrema vigilância, para que as pessoas que planeiam esse tipo de acidente não tenham o que querem" -- disse.

No Irão os média têm dito que o Irão não se sente mais limitado por elementos do JCPOA, tendo Rouhani anunciado mais pesquisas e trabalhos de desenvolvimento em centrifugadoras enriquecedoras de urânio. Esta decisão irá colocar os estados europeus numa posição difícil dado que o Reino Unido, a França e a Alemanha são partes do JCPOA e o qual insistem mante-lo.

Especialistas do Irão, os três estados europeus, Rússia e China devem reunir-se hoje em Bruxelas.

RD



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