A FÚRIA DOS ANGLO-AMERICANOS E A PACIÊNCIA ESTRATÉGICA DO IRÃO
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terça-feira, 16 de janeiro de 2024

A FÚRIA DOS ANGLO-AMERICANOS E A PACIÊNCIA ESTRATÉGICA DO IRÃO

Washington e Londres buscam uma escalada em escala internacional. Encontrando-se em dificuldades óbvias em todas as frentes, os dois regimes estão agora desesperadamente tentando encontrar maneiras de quebrar a paciência estratégica dos seus principais adversários na escala internacional, entre eles, é claro, o Irão.


Por Mikhail Gamandiy-Egorov

Os ataques britânico-americanos no Iémen não são, mais uma vez, qualquer demonstração de força por parte do eixo anglo-saxónico, mas sim um sinal desesperado de que os seus cenários desejados não estão a correr como planeado. Há muitas razões para isso. O fracasso da famosa contraofensiva OTAN-Kiev do Verão passado, em que estratégas britânicos e americanos desempenharam um papel fundamental, é também um fracasso no Médio Oriente, onde, apesar das inúmeras baixas civis palestinianas, Washington, Londres e Telavive são incapazes de atingir os seus objectivos. Tudo isto numa altura em que as forças de resistência regionais – no Líbano, no Iraque, na Síria e no Iémen mostraram a sua determinação ao levar a cabo ataques limitados e eficazes contra os saudosistas da unipolaridade – sem ainda utilizarem todo o seu potencial.

Obviamente, e nesta configuração regional explosiva, os inimigos da paz internacional procuram por todos os meios envolver directamente o Irão. No momento em que ficou definitivamente claro que o Estado sionista, o grande aliado regional dos anglo-americanos, certamente não é a principal potência regional. E que, já sofrendo muitas dificuldades no terreno face à resistência palestiniana, se encontra ao mesmo tempo numa situação económica muito complicada.

O Irão, no entanto, continua a mostrar paciência estratégica, apoiando os seus aliados regionais, que estão mostrando-se eficazes com gastos incomparavelmente menores do que os do eixo Washington-Londres-Tel Aviv. Possíveis novas sanções da minoria global ocidental contra o Irão também não mudarão nada, porque a nação persa, sendo um dos dois países, junto com a Rússia, mais visados por essas sanções unilaterais ilegais, demonstrou perfeitamente que é capaz de superá-las. E isso antes mesmo das novas oportunidades que se abriram para Teerão por meio do fortalecimento ainda maior dos laços com Moscovo e Pequim, da adesão oficial aos BRICS, da normalização das relações com a Arábia Saudita, da desdolarização em curso e dos novos grandes projectos no espaço euroasiático.

É precisamente isso que incomoda o eixo ocidental da OTAN e todos aqueles que têm tanta saudade de uma época passada. Não mais capazes de ditar o seu domínio selvagem ao mundo, eles também percebem que o tempo está do lado dos defensores da ordem mundial multipolar contemporânea. E isso – em todas as frentes. De facto, essa impotência enfurece os anglo-americanos, que esperam, através de seus crimes, forçar o adversário a cometer um erro. Só que eles devem ter em mente que apenas uma agressão directa contra o território iraniano levará Teerão a retaliar com muito mais firmeza do que é o caso hoje, com todas as consequências tanto para as dezenas de milhares de soldados americanos presentes na região, quanto para a existência futura do regime israelita.

Uma coisa é certa: o caos, que constitui a própria base dos regimes norte-americano e britânico, está a sair pela culatra contra os seus instigadores. Dito isto, as chamas que recebem em troca já hoje estão longe de representar o verdadeiro potencial de retaliação que pode atingir os piores criminosos da história da humanidade.


Fonte: https://www.observateurcontinental.fr



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