Rebeldes sírios liderados por radicais islâmicos anunciaram na televisão pública da Síria a queda do presidente Bashar al-Assad e a “libertação” da capital Damasco, após uma ofensiva fulminante que pôs fim a mais de cinco décadas de regime da família Assad.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia confirmou que Bashar Assad deixou o cargo de presidente sírio e deixou o país após negociações com grupos armados de oposição no meio à queda de Damasco para as forças islâmicas.
Num comunicado divulgado no Telegram na tarde de domingo, as autoridades esclareceram que Moscovo não estava envolvida nas negociações, mas reconheceram a decisão de Assad de transferir o poder "pacificamente".
"As bases militares russas na Síria estão em alerta máximo. No momento, não há ameaça séria à sua segurança", dizia o comunicado. O Ministério dos Negócios Estrangeiros disse que Moscovo permanece em contacto com todas as facções da oposição síria e está a tomar medidas para garantir a segurança dos cidadãos russos na região.
"Pedimos a todos os lados que se abstenham da violência e resolvam questões de governança política por meio do diálogo", disse o comunicado. Também enfatizou a necessidade de respeitar as opiniões de "todos os grupos étnicos e religiosos dentro da sociedade síria".
A Rússia reafirmou o seu apoio a um "processo político inclusivo" baseado na Resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU, que pede uma resolução pacífica para o conflito sírio por meio de eleições livres e uma nova constituição.
Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e outras milícias antigovernamentais assumiram o controlo de Damasco no domingo. O primeiro-ministro sírio disse estar pronto "para cooperar" com "a nova liderança" escolhida pelo povo, precisando que ia estar esta manhã (hora local) na sede do governo para qualquer procedimento "de passagem" do poder. "Este país pode ser um país normal, [pode] construir boas relações com os vizinhos e o mundo (...) mas esta questão caberá à liderança que o povo sírio escolher. Estamos prontos a cooperar" de todas as formas possíveis, indicou Mohamed al-Jalali, num vídeo publicado na rede social Facebook.
Neste momento, celebra-se não a certeza de um futuro, mas a esperança de que ele seja um pouco melhor. Os grupos rebeldes que libertaram Damasco - um verbo que também podemos todos ter de rever, dependendo das leis e regras que os rebeldes imponham - são uma amálgama de credos e objectivos, e parte deles vêm da linha dura do Islão. Dito isto, a comunicação dos rebeldes com o resto do mundo, nestes últimos 10 dias, parece mostrar uma liderança pelo menos consciente que não conseguirá ganhar o aval do resto do mundo sem mostrar que tenciona respeitar os rituais religioso de todos os grupo que compõem a síria, e são muitos: cristãos, curdos, drusos, xiitas, sunitas, ateus e todos as suas derivações.
Mohammed Ghazi al-Jalali, disse ainda numa entrevista à Al-Arabiya, citada pela agência Reuters, que deseja eleições em breve. Esta manhã, a Al-Arabiya citou o primeiro-ministro dizendo que o seu último contacto com Bashar al-Assad foi “ontem à noite” e que não tem qualquer informação sobre o paradeiro actual de Assad.
Citando uma fonte no Kremlin, vários meios de comunicação russos informaram no domingo que o governo russo concedeu asilo a Assad e à sua família.
"O presidente al-Assad da Síria chegou a Moscovo. A Rússia concedeu asilo a eles (ele e a sua família) por motivos humanitários", disse a agência de notícias Interfax citando uma fonte não identificada.
Não houve comentários imediatos da presidência síria sobre o seu paradeiro.
O primeiro-ministro Mohammad Ghazi al-Jalali disse que não falou com Assad desde sábado. Jalali disse que ficaria na Síria e estava pronto para trabalhar com quem o povo sírio escolhesse como o seu líder.
Militantes, liderados pelo Hay'at Tahrir al-Sham (HTS), declararam toque de recolher em Damasco no domingo até a manhã seguinte, depois de tomar a capital após uma ofensiva relâmpago lançada na semana passada.
Abu Mohammad al-Jolani, o comandante do HTS, disse no domingo que as instituições estatais sírias seriam supervisionadas por Jalali até que uma transição de poder ocorresse.
O HTS disse que trabalharia com o primeiro-ministro e pediu às forças militares sírias em Damasco que ficassem longe das instituições públicas.
O presidente Assad teria partido da Síria num avião no início do dia, pondo fim a mais de cinco décadas de governo da sua família sobre a Síria.
Fontes várias
Tradução e revisão: RD
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